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quinta-feira, julho 27, 2017

TÔ DECIDIDO: VOU VOTAR NO BOLSONARO!

Em segundo lugar nas pesquisas, Bolsonaro segue com sua popularidade e apoio crescendo.  

Por Diógenes Brandão

A sociedade brasileira experimentou uma ditadura de mais de 20 anos que tatuou a alma do nosso povo e de nossas instituições.

A polícia é um bom exemplo disso: Métodos de tortura importados da Alemanha nazista ou da Itália fascista, eram exercitados por militares e civis, seja nos porões do DOI-Codi, quarteis, delegacias ou fazendas usadas pelos braços clandestinos da repressão.

Os "bandidos" da época eram na maioria das vezes, jovens acadêmicos, artistas e jornalistas, que chamados de "comunistas" e "terroristas", sentiam o ódio e o delirante masoquismo nas mãos, cacetetes e fios-elétricos daqueles que diziam estar "mantendo a ordem" no país, afim de livrá-lo de ideias subversivas.

Hoje vemos os herdeiros da ditadura alcançando o topo das pesquisas eleitorais e poucos reagem. A ingenuidade dos jovens que morreram lutando pelo restabelecimento da democracia, parece não ter servido para nada às gerações que os sucederam.

Os revolucionários envelheceram, criaram seus filhos com tudo de bom que poderiam lhes dar e hoje assistem a tudo - merecidamente - em suas casas confortáveis e nada falam quando ouvem - ou leem - jovens dizendo que vão votar em policiais justiceiros, ou naqueles que defendem a pena de morte aos "vagabundos".

Assim, como se não tivessem mais nada a fazer, estes homens e mulheres que viveram o período acima retratado, hoje se omitem da tarefa de esclarecer e repassar seus conhecimentos aos néscios e boçais que vociferam contra tudo que não for o que eles dizem ser a "verdade". É mais fácil chamá-lo de "coxinhas", "manipulados" e "direitosos" e bloqueá-los de suas vista.

A única coisa que ainda podemos ler é os "esquerdopatas" indagando no Facebook, mais ou menos assim: "Cadê os patos amarelos que batiam panelas e saíam às ruas, com o uniforme da CBF, supostamente pelo fim da corrupção e que agora estão sumidos?".

Tal pergunta além de não contribuir em absolutamente em nada, ao invés de mobilizar, acirra ainda mais a polarização burra e vazia entre gente que pensa que é direita por ser anti-petista e aqueles que poderiam, mas já não conseguem reinventar métodos de mobilização e conscientização popular.

Diante disso, fica a pergunta: Sem o povo nas ruas, quem vai derrubar os golpistas e evitar um futuro governo reacionário? Só o pessoal das centrais sindicais pró-Lula, que hoje já não convencem nem mesmo os antigos revolucionários e seus filhos a participarem de uma manifestação?

quarta-feira, março 18, 2015

O antipolítico tem a ver com ditadura

Políticos da oposição colocam em risco a democracia ao apoiar aventuras golpistas. A história já mostrou como pode acabar mal.

Um número considerável de cidadãos tem comemorado o tratamento agressivo recebido pelos políticos que comparecem aos protestos de domingo.

É um sinal preocupante e condenável. O silêncio dos políticos e a perseguição das liberdades é uma herança do fascismo e das piores tradições autoritárias.

Vamos aos fatos. No domingo, em São Paulo, o senador Aloysio Nunes Ferreira, um dos líderes mais importantes do PSDB, foi hostilizado quando se encontrava nas proximidades de um caminhão de som do Vem prá Rua, movimento que tem ligações com os tucanos: “sem partido, sem partido,” gritavam.

Nenhum político foi tratado de forma tão humilhante como o deputado Paulinho (SD-SP), presidente da Força Sindical. Paulinho tinha motivos para imaginar que iria sentir-se em casa no domingo.
Afinal, foi ele quem levantou o braço de Aécio no 1º de maio do ano passado, quando o futuro candidato do PSDB disse que estaria de volta no ano seguinte como “Presidente da República.” Naquele mesmo dia, Paulinho chegou a dizer que o lugar de Dilma “era na Papuda.”

No domingo passado, Paulinho não só foi impedido por vaias de abrir a boca quando chegou perto do microfone num caminhão de som que ele próprio levou a manifestação. Também ouviu gritos de “oportunista” e o célebre coro “Um, dois, três, quatro, cinco mil, queremos que o Paulinho vá para a …..” descreve a repórter Aline Ribeiro, da Época, que acompanhou a cena de perto. O esforço de Paulinho para ajudar nos protestos incluiu, ainda, garantir a presença de duas celebridades no caminhão de som, a cantora Vanessa Camargo e Ronaldo, fenômeno do oportunismo. Nada mais injusto, portanto, que chamar Paulinho da Força de oportunista, como se gritava em volta do caminhão de som.

Em vários pontos do país, outros políticos, inclusive os tucanos Carlos Sampaio e Marcos Pestana, sem falar no senador Ronaldo Caiado, do DEM, preferiram participar dos protestos como cidadãos anônimos.

Os protestos são uma força contra o governo Dilma e a oposição, após uma quarta derrota nas urnas, acredita que podem servir de atalho para chegar a um poder de qualquer maneira — como se compreende por faixas que pedem impeachment e/ou golpe militar. O alvo dos protestos é este, como disse aqui ontem. O resto — mesmo a corrupção — é perfumaria do ponto de vista da prioridade das manifestações.

Do ponto de vista histórico, o tratamento agressivo contra os políticos — inclusive aliados — é uma herança do fascismo, aprende-se pela leitura de Hannah Arendt.

Em “Origens do totalitarismo”, ela explica o nascimento das ditaduras do século XX a partir do colapso das organizações de classe — como os sindicatos de trabalhadores – e dos partidos políticos, que sustentavam o cotidiano de uma vida democrática.

“A queda das paredes protetores das classes transformou as maiorias adormecidas, que existiam por trás de todos os partidos, numa grande massa desorganizada e desestruturada de indivíduos furiosos que nada tinham em comum exceto a vaga noção de que as esperanças partidárias eram vãs.”

A desilusão com o sistema partidário — conceito é a matriz da “deslegitimação” do sistema político de que fala o juiz Sérgio Moro em seu texto sobre a Operação Mãos Limpas — é parte necessária desse processo.

Como explica Arendt, até “os mais respeitados, eloquentes e representativos membros da comunidade” passam a ser apontados como “uns néscios”, enquanto as autoridades constituídas se tornam “não apenas perniciosas mas também obtusas e desonestas.”

Quem acha que essa opinião faz sentido com sua própria visão sobre os políticos do Brasil de hoje, precisa repensar seus conceitos. Hannah Arendt está falando sobre a base ideológica do cidadão comum que, na Alemanha, deu a base social para o nazismo e, na Itália, forneceu o cimento para o nazismo.

A construção das ditaduras em sociedades divididas em classes sociais — um traço típico dos regimes capitalistas — envolve, em primeiro lugar, reprimir e desorganizar os partidos que, pela simples existência, demonstram a presença de interesses divergentes e contraditórios em cada sociedade e afirmam o direito dos cidadãos optar por um lado e outro, por um interesse e outro.

Na Alemanha da década de 1930, esses partidos eram a Social Democracia e o Partido Comunista. Na Itália, era o PS, que mais tarde se transformou-se no PCI.

Eles eram os baluartes da democracia, não porque tivessem grandes amores pelas democracia — PC alemão era stalinista até a medula — mas porque eram a garantia da divergência, a proteção ao confronto de ideias e interesses. O ataque a esses partidos abriu as portas para o ataque aos demais, ao fim da divisão de poderes, ao colapso da liberdade.

Em suas campanhas eleitorais, Hitler se recusava a apresentar um programa de governo, dizendo que o mais importante é a “vontade humana,” recorda o professor Jean Touchard, em sua “Histoire des Idees Politiques. Mussolini consolidou-se no poder dizendo que os “fascistas têm a coragem de rejeitar todas as teorias políticas tradicionais: somos aristocratas e democratas, revolucionários e reacionários, proletários e anti proletários, pacifistas e anti pacifistas.”

Numa definição essencial para eliminar a diferença, o conflito, a alternância, a democracia, enfim, Mussolini sintetizou: “É suficiente possuir um ponto fixo: a nação.” O horror de Hitler a políticos e às eleições o levou a copiar uma frase bíblica: “É mais fácil um camelo passar por uma agulha do que descobrir um grande homem através de uma eleição.”

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