segunda-feira, janeiro 22, 2018

Pela primeira vez a rede Globo repete a vinheta Globeleza, descartando a nudez e dando lugar à diversidade cultural

 

Por Diógenes Brandão

Segundo o Wikipédia, "a mulata Globeleza é uma personagem promovida pelo canal brasileiro de televisão Rede Globo no período de carnaval, durante a cobertura conhecida pelo nome de Carnaval Globeleza. A "mulata globeleza" surgiu no início da década de 1990 e consiste numa passista sambando nua com o corpo parcialmente pintado com purpurina, ao som da música-tema da emissora para o carnaval, numa vinheta exibida ao longo da programação diária. Tais vinhetas, criadas pelo designer Hans Donner, também consagraram a música-tema da Globeleza, composta pelo sambista Jorge Aragão e conhecida pelo refrão "Na tela da TV, no meio desse povo, a gente vai se ver na Globo". Inicialmente, durante mais de uma década, a mulata Globeleza foi interpretada por Valéria Valenssa, mulher do próprio diretor de arte Hans Donner. A partir de 2004, contudo, após a primeira gravidez de Valéria, outras mulatas assumiram o posto de Globeleza".

Ao notarmos que com apenas uma leve alteração digital, a Globo resolveu - pela primeira vez - repetir a vinheta de 2017, no carnaval Globeleza 2018, podemos também perceber a diferença destas duas, para as demais que historicamente vem sendo exibidas pela emissora, onde a "mulata globeleza" era apresentada semi-nua e agora está vestida, além de que diversas manifestações culturais são reveladas através de personagens que a acompanham dançando ritmos que são característicos de outros estados, como o Frevo, o Maracatu, o Boi-bumbá ou Bumba-meu-boi, entre outros.

Assista:


Note a diferença da vinheta de 2016:


Agora veja a vinheta de 2015:



Agora leia o artigo da poetiza Débora Garcia, publicado originalmente no lamparinascope.com, em Janeiro do ano passado, onde pela primeira vez, a mulata Globeleza aparecia vestida e outros ritmos, de outros carnavais, além do carioca, eram exibidos pela emissora.

Mulata Globeleza 2017: um avanço na pauta das mulheres negras

No início da década de 1990, os telespectadores brasileiros pararam perplexos em frente a televisão para ver , na emissora mais assistida do país, uma bela passiva negra, carismática e sorridente, de corpo escultural coberto apenas por pinturas e purpurinas, dançando graciosamente ao som da Vinheta que anunciava o início das festividades do Carnaval. Nascia assim, uma Mulata Globeleza, um dos mais símbolos do Carnaval brasileiro. A personagem foi inicialmente interpretada pela Dançarina Valéria Valenssa entre os anos de 1991 a 2004, sendo então substituída por Giane Carvalho (2005), Aline Prado (2006), Nayara Justino (2014) ea atual Érika Moura (2015).     

Ano após ano, como vinhetas são aguardadas com grande expectativa, representando um momento de apotexia (sic), os cinco minutos de fama para as mulheres negras, que depois de um mês de exposição, são novamente relegadas ao ostracismo midiático, das representações previsíveis e secundárias nas novelas Programas de televisão e comerciais. Sendo assim, para uma sociedade de modo geral, uma Mulata Globeleza passou um ser o grande conto de fadas para as jovens meninas negras, uma referência de beleza, uma possibilidade de ascensão social, enfim, um espaço de fato a ser ocupado por nós, Nos negando a oportunidade de sonhar em alçar outros vôos. Não tenho intenção de crítica como artistas que assumiram esse papel ao longo da história. Elas são profissionais gabaritadas e o usam com maestria. Um problema que é problematizado e de que forma essa personagem é reforçado por uma espécie de estereotipagem e sexualização da mulher negra, construído a partir de uma ótica racista e machista. Para tanto, seja preciso revisitar como páginas da história.     

Uma personagem Mulata Globeleza caiu instantaneamente sem gosto popular, pois veio sem sedimento Sem imaginário social O Show de Mulatas criado por Oswaldo Sargentelli, na década de 1970. Apresentador de televisão e empresário da noite carioca produziu, não Brasil e no exterior, mostra o samba, apenas com passistas negras seminuas, ou denominados mulatas, reforçando estereótipos de objeção e erotização da mulher negra, atrelando ao Carnaval brasileiro um forte apelo sexual. A exploração dessa imagem fez com que Sargentelli, de forma jocosa, se auto intitulasse "mulatólogro" colocando-se na condição de especialista em mulatas, como se estas fossem uma espécie diferenciada de mulher.     

O termo mulata é amplamente utilizado por Rede Globo, assim como, por demais meios de comunicação para se referir às mulheres negras, principalmente sem contexto do carnaval, mas o termo também é bastante usual no cotidiano dos brasileiros. A palavra mulata é originária do vocábulo espanhol mulo, que é um animal híbrido, fruto do cruzamento de jumentos com éguas ou cavalos com jumentas. Esse cruzamento entre espécies diferentes gera um animal mestiço, estéril e considerando impuro. Sendo assim, durante o período colonial brasileiro, os negros de pele clara, nascidos devido a estupros de escravas por senhores de engenho, passaram a ser chamados de mulatos, em clara alusão ao processo de mestiçagem entre brancos e negros.     

A maioria das pessoas que estão no mercado, bem como a uma conotação turística, no Brasil, mulheres negras consideradas mulatas tem maior trânsito social, pois apresentam características socialmente atribuídas às mulheres negras como positivas (nádegas e genitália "grandes", corpo curvilíneo e uma "predisposição sexual") e características socialmente atribuídas a brancos como positivas (pele clara, lábios e nariz finos, cabelos lisos ou cacheados) não são bem-sucedidos, exótica e objeto de desejo sexual. É esse padrão de biotipo que a mídia brasileira recorre para representar uma beleza negra, que é diversificada em seus tons e formas. As mulheres negras que não se enquadram nesse padrão, são rechaçadas, como aconteceu com a dançarina Nayara Justino, que representam uma Mulata Globeleza em 2014 e foi rejeitada por ter uma pele mais retinta que como o Japão para a interpretação de uma personagem. Infelizmente, esse não é um caso isolado. Não cotidiano, como mulheres negras que não são enquadram no padrão Globeleza passam por diversos processos de rejeição social.         

Nesse sentido, o uso da palavra mulata para designar uma personagem que se apresenta nua, erotizada e que é apontada como símbolo, não apenas no Carnaval, mas de beleza das mulheres negras, não corrobora com uma mudança de paradigmas que nós tanto ansiamos. Essas e outras questões sobre, vêm sendo pautadas de maneira assertiva pelo movimento feminista e de mulheres negras ao longo de trinta anos. A grande mídia tem sido convocada a rever seus conceitos, paradigmas e repensar como formas de representação e diálogo com as mulheres, população negra e LGBT, enfim, com como minorias de modo geral.   

Diante desse contexto social e histórico, uma vinheta do Carnaval Globeleza 2017, causou tanto impacto quanto a primeira exibição em 1991. Esta, pela nudez, aquela pela ausência de nudez.  

Pela primeira vez na história, uma personagem Mulata Globeleza interpretada actualmente por Dançarina Érika Moura aparece vestida, e esse é, sem sombra de dúvidas, um avanço. Essa afirmação não é bem-vinda na perspectiva puritana e conservadora de demonização da nudez. Esta faz parte da natureza humana e deve ser tratada como tal. Mas quando é condicionante para uma ocupação de espaços reservados, torna-se um problema. Ou seja,quando pensamos em Globeleza ou no Carnaval, automaticamente, os associados a imagem da mulher negra nua, e esta associação, cristalizada no imaginário popular, gera o condicionamento social deste segmento da população .     

Outra novidade da vinheta do Carnaval Globeleza 2017, é que uma representação hegemônica das grandes escolas de samba dá lugar à diversidade e à pluralidade cultural do Carnaval brasileiro. Acompanhada por demais personagens, homens e mulheres, brancos e negros, Mulata Globeleza, dança maracatu, axé, frevo, bumba-meu-boi e samba, vestida com como respectivas roupas. O vídeo evidencia que o foco não está mais em um corpo nu, mas na festa em si.   

Foi uma mudança importante e significativa, uma sinalização de que como demandas dos movimentos são o repercutindo . Foi um avanço no universo de frentes que atuamos e pautamos. Uma personagem continua se chamando Mulata Globeleza, porém, agora está vestida. Desejamos que essa mudança permaneça e que não tenhamos que esperar mais trinta anos para que ela deixe de ser chamada de Mulata . Seguimos a apresentação e representatividade das mulheres negras, no Carnaval e ambientes espaçosos.   

* Débora Garcia é poetisa e produtora idealizadora cultural do Sarau das Pretas - SP. Possui ampla experiência na área de livros, com enfoque nas temáticas voltadas à literatura negra, feminina e periférica. É formada em serviço social pela Universidade Estadual Paulista - UNESP. E uma amiga querida das Lamparinas :).





Quase metade dos presidentes dos EUA tinha doença mental

Abraham Lincoln tinha depressão grave e surtos psicóticos. 


Abraham Lincoln tinha depressão grave e surtos psicóticos. Lyndon Johnson era bipolar. Richard Nixon sofria de alcoolismo. Mas nem por isso eles eram incapacitados para ser presidentes dos EUA, diz Marvin Swartz, professor do Departamento de Psiquiatria da Universidade Duke.  

"Quase metade dos presidentes americanos tinha algum tipo de doença mental, mas isso não significa que eles não pudessem governar", afirma à Folha Swartz, coautor do estudo "Doenças Mentais em Presidentes dos EUA entre 1776 e 1974". O estudo analisa possíveis doenças psiquiátricas dos presidentes, com base em pesquisa biográfica, e voltou a ficar em evidência com a discussão sobre o estado mental do atual mandatário, Donald Trump. Abaixo, trechos da entrevista que Swartz concedeu por telefone. 

Folha - Presidentes são mais predispostos a doenças mentais que a população em geral? Marvin Swartz - Não. Concluímos em nosso estudo que as taxas são similares, de 49%. Mas muitos não tiveram episódio de doença mental enquanto estavam na Presidência. Tiveram depressão em algum momento da vida, mas não voltaram a ter durante o mandato.  

Qual era a doença psiquiátrica mais comum entre os presidentes? 
Depressão, atingindo nove presidentes, seguida de ansiedade, com três, e alcoolismo, com três.  

É legítimo que o público e a imprensa discutam o estado de saúde mental de Trump? 
A discussão é legítima. O problema é que é muito difícil diagnosticar pessoas à distância, sem examiná-las. Para nosso estudo, lemos todo o material biográfico disponível e analisamos o que se encaixava de alguma forma nos critérios estabelecidos para diagnóstico de cada doença mental. E mesmo assim foi bem difícil.  

O sr. acha que os médicos devem respeitar a Regra de Goldwater (segundo a qual só se pode diagnosticar pessoas públicas após examiná-las e só se deve divulgar o diagnóstico com autorização delas)? 
Algumas vezes essa regra não se aplica. Por exemplo, um psiquiatra foi convocado pelo governo para fazer um perfil psiquiátrico do ditador Saddam Hussein, e ele não se negou, estava ajudando a reunir informações para a inteligência americana. Mas acredito que psiquiatras simplesmente saírem falando que tal pessoa tem tal diagnóstico é muito problemático, pois na maioria das vezes eles estão fazendo isso por motivos políticos. Na realidade, acham que o sujeito é um imbecil e não deveria ser presidente.  

Uma pessoa pode ter uma doença mental e ser presidente? 
Claro. Quase metade dos presidentes americanos tinha algum tipo de doença mental, mas isso não significa que eles não pudessem governar, não está diretamente relacionado à capacidade de cumprir suas obrigações no mandato presidencial. E é preciso evitar a estigmatização das pessoas. O melhor exemplo é Lincoln. Apesar de ter depressão severa e surtos psicóticos, ele cumpriu todas as tarefas necessárias durante sua passagem pela Presidência.  

Que tipo de doença mental seria suficiente para afastar um presidente? Woodrow Wilson é o melhor exemplo. Ele sofreu um derrame e ficou seriamente incapacitado. Sua mulher desempenhou as funções da Presidência durante um período, sem que isso fosse público. Ainda não existia a 25ª Emenda [que permite afastar um presidente que for considerado incapaz]. E, de qualquer maneira, quem decide se a 25ª Emenda será invocada é o gabinete do próprio presidente. O chefe de gabinete de Ronald Reagan suspeitava que ele estivesse com demência, mas resolveu não fazer nada a respeito. Em retrospecto, se um grupo de especialistas tivesse examinado Reagan, certamente teria chegado à conclusão que ele já estava em algum estágio de Alzheimer.  

No início da semana, um médico da Casa Branca afirmou que Trump teve um resultado perfeito no teste cognitivo e que isso prova que ele não sofre de nenhuma doença mental que o impeça de governar. É possível tirar essa conclusão de um teste de cognição? 
Não. Esse teste avalia apenas se há algum problema cognitivo, detecta demência, por exemplo. Não tem nada a ver com impulsividade, discernimento, doenças mentais. 

Rodrigo Maia, o otimista

Rodrigo Maia: “Tenho 1% na pesquisa e o dia que eu tiver 7% as coisas melhoram muito”.

Por Milton Hatoum, em sua fanpage

Muitos políticos são apenas cínicos e ignorantes; outros, repugnantes e cruéis. E não são poucos os que reúnem outras tantas “qualidades”, que o leitor pode intuir num piscar de olhos.  

Li em vários jornais que Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, afirmou em Washington que o programa bolsa família escraviza as pessoas. “Criar um programa para escravizar as pessoas não é um bom programa social. O programa bom é onde você inclui a pessoa e dá condições para que ela volte à sociedade e possa, com suas próprias pernas, conseguir um emprego.”  

Hoje, Washington talvez seja mesmo a cidade ideal para esse tipo de político anunciar sua candidatura à presidência do Brasil. O programa bolsa família foi criado no governo FHC e ampliado no governo Lula. Nas duas últimas décadas, esse programa social tirou da miséria absoluta milhões de famílias brasileiras.  

O deputado Rodrigo Maia, mais um cínico profissional, esconde a taxa de desemprego do atual governo. Ele defende a reforma da previdência, como se fosse um elixir mágico, capaz de gerar milhões de empregos. A magia consiste em enxugar o Estado e implementar uma política de desenvolvimento. Mas ele não diz nada sobre o Refis para as grandes empresas. Nenhuma palavra sobre a corrupção na Caixa Econômica e no ministério desse governo que ajudou a colocar no poder naquela noite memorável do impeachment. Nenhuma palavrinha sobre o aumento da taxação de impostos dos mais ricos. E que silêncio sepulcral sobre as regalias afrontosas dos membros do alto escalão dos três poderes! E que silêncio de campo-santo sobre as dívidas (INSS) das grandes empresas. E nadinha, nenhuma sílaba ou oração (coordenada ou subordinada) sobre a imunidade tributária a templos religiosos, mesmo sabendo que muitos deles cobram dízimos dos desvalidos.  

Maia (filho de um ex-esquerdista possuído por uma piração folclórica enquanto prefeito do Rio) sonha com a presidência. “Tenho 1% na pesquisa e o dia que eu tiver 7% as coisas melhoram muito”, declarou ao Valor Econômico (17/01/2018).  

Ele consegue ser mais otimista que o mais ridículo dos otimistas da literatura: Pangloss, do “Candide” de Voltaire. Será que Rodrigo Maia, o otimista, esqueceu os inquéritos contra ele e seu pai? São inquéritos que investigam crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro. Este é o presidente da Câmara dos deputados e futuro candidato ao palácio do planalto (se chegar a 7% e Pangloss ajudar).

Crise: Edmilson Rodrigues perde seu braço esquerdo no PSOL

Luiz Araújo deixou o PT para fundar o PSOL, onde viveu até então organizando a corrente interna "Primavera Socialista" e supostame...