Um dos ditados populares mais conhecidos pelo povo brasileiro é o que diz que o ano novo só começa de fato depois do carnaval. Como 2018 é um ano de eleições gerais no Brasil, nesta quarta-feira de cinzas podemos dizer que tirando o alto índice de votos nulos que as pesquisas projetam para Outubro, estamos novamente diante das expectativas de renovação e a esperança que as urnas nos trazem.
No entanto, não se pode dizer que a classe política será ainda este ano tomada por um processo moralizante, como muito esperam por conta do apelo midiático, resultante das expectativas do desfecho das investigações da Operação Lava Jato, hoje estancadas, tal como Romero Jucá previu em conversa com o ex-diretor da Transpetro, onde planejaram um acordo nacional, com supremo e tudo para tirar Dilma da presidência, colocar Michel Temer em seu lugar e delimitar as investigações da Lava Jato onde estavam. Como podemos ver, o plano deu certo: o chefe da polícia federal foi trocado, Temer indicou uma nova Procuradora-geral da República e a Lava Jato estancou.
Digo isso por considerar que os critérios utilizados para investigar, julgar e condenar alguns políticos e executivos de empresas envolvidas em esquemas de corrupção, investigados e revelados nos últimos anos, trouxe a falsa impressão de que tudo que está aí não presta e que por isso, tudo e todos precisam ser destruídos, aniquilados, para que algo de bom surja mais à frente, como se num passo de mágica, uma nova geração de políticos bem-intencionados fosse surgir e tornasse tudo diferente, com a honestidade tornando-se predominante na política e na gestão pública.
Apesar de ser belo e utópico, tal pensamento se assemelha a um delírio infanto-juvenil, daqueles em que a pessoa se imagina capaz de mudar o mundo, apenas com uma frase de efeito ou um desejo pré-concebido pela falta de uma vivência com a realpolitik e sem a devida perspectiva histórica, que moldou o sistema político do nosso país, até outro dia, escravocrata e colonial.
Com milhares de pessoas interconectadas através das redes sociais, muita gente hoje reproduz conteúdos com a narrativa de que só um salvador da pátria poderá executar a tão esperada reforma do sistema político, onde agentes corruptos serão extintos e uma nova sociedade emergirá com a eleição deste herói nacional.
Com o famoso caldo de mocotó com jerimum e em sua 17ª edição, o bloco Chulé de Pato se prepara para encerrar em grande estilo mais um carnaval das antigas, em Belém do Pará.
Por Diógenes Brandão
"Quem já conhece, com certeza não perde e quem ainda não participou, não sabe o que está perdendo". Foi com essa frase estimulante que fui convidado para brincar pela primeira vez do arrastão do bloco Chulé de Pato, que esse ano completa 17 anos levando alegria, na despedida do carnaval pelas ruas de Belém, mais precisamente pelo bairro do Guamá.
A ideia de iniciar a brincadeira de momo, se deu no carnaval de 2001, quando o atual presidente do bloco assistia a transmissão do carnaval pelas ruas da capital Pernambucana, onde blocos como o Bacalhau do Batata e o Galo da Madrugada arrastando uma multidão de foliões na quarta-feira de cinzas, pelas ladeiras de Olinda e recife, respectivamente.
A concentração inicia ao meio dia desta quarta-feira de cinzas e a saída do bloco está programada para as 15:30h, com direito ao tradicional caldo de mocotó com jerimum, que será servido aos primeiros 1.500 brincantes que chegarem à concentração.
"Temos convidados até de outros países que estão visitando o nosso Estado e que participarão da festa conosco", revela o compositor, músico e presidente do bloco, Paulinho Mururé, que solicitou a isenção das taxas cobradas pela prefeitura de Belém e o governo do Estado, mas infelizmente teve seu pedido negado.
A diretoria do bloco Chulé de Pato estima a participação de 5 mil brincantes no arrastão pelas ruas do bairro do Guamá
Diante disso, foi preciso que a diretoria e amigos do bloco metessem a mão no bolso para pagar quase R$1.500 reais de taxas cobradas pelos órgãos públicos municipais e estaduais, que nem se quer aparecem no dia do evento, a exemplo da SEMOB, SEMA, Polícia Militar e o Departamento de Polícia Administrativa da Polícia Civil do Pará. Mesmo assim, Paulinho Mururé não se amofina e diz que espera que esse ano o bloco bata recorde de público, no carnaval de rua à moda antiga, onde uma banda de fanfarra toca os grandes sucessos dos antigos carnavais, com marchinhas, muitas fantasias e as batalhas de confete e serpentina. Tudo sem fins lucrativos ou venda de abadás.
Para o carnaval de 2019, a diretoria do bloco já planeja realizar eventos que ajudem a arrecadar recursos financeiros ainda esse ano, como o "Chulé de Pato na Roça" em junho e o "1º Grito de Pré-réveillon do Chulé de Pato", em novembro. "Depois disso vamos correr atrás do nosso CNPJ e com ele elaborar projetos que viabilizem patrocínios e incentivos de entidades públicas e empresas interessadas em nos ajudar a manter a festa e até projetos sociais junto à comunidade guamaense, finaliza a entrevista de Paulinho Mururé ao blog AS FALAS DA PÓLIS.
A imagem da nova passarela do samba em Belém, revela o que muita gente já sabia: O prefeito quer acabar com o desfile das escolas de samba durante o carnaval e está prestes a conseguir.
Por Diógenes Brandão
Desde que soube das mudanças propostas pela prefeitura de Belém para o local e a dinâmica do carnaval da cidade, diversas pessoas passaram a se contrapor ao projeto. Um destes foi o advogado e carnavalesco Cláudio Bordalo, que vem usando seu perfil no Facebook para mostrar o quanto a equipe da FUMBEL e demais assessores do prefeito Zenaldo Coutinho (PSDB) estavam ajudando a acabar com alegria da festa de momo, ainda mantida graça aos esforços de carnavalescos como ele, assim como de brincantes que sempre esperam pelo desfile das escolas de samba e blocos de carnaval em nossa cidade.
Com o fiasco na abertura do Desfile Oficial do Carnaval 2018, na noite desta sexta-feira (02), as escolas de samba e blocos puderam confirmar o erro de terem aceito que a prefeitura tenha levado o evento para a Avenida Marechal Hermes, um local isolado e sem a infraestrutura necessária para abrigar a festa carnavalesca.
O Bloco Colibri, da Pedreira, abriu a noite de desfile fazendo uma homenagem pela vida e um protesto pela morte do carnavalesco Alex Meireles, assassinado há dois meses em Belém, cidade que amarga um caos administrativo em diversas áreas, sobretudo na segurança pública.
"Alex foi o fundador do bloco e era ex-presidente da Escola de Samba Embaixada Pedreirense. O bloco Colibri desfilou com um casal de mestre sala e porta bandeira e uma bateria, além de brincantes com camisas homenageando o fundador. No meio da avenida eles clamaram por justiça para o caso de Alex", informou o portal da prefeitura de Belém.
O Carnaval Oficial de Belém segue neste sábado (03) a partir das 20h, com o desfile das escolas do primeiro grupo, as quais deveram enfrentar diversos problemas, tal como aconteceu ontem.
Até os mais céticos chegaram a acreditar que as mudanças poderiam melhorar o já combalido Carnaval de Belém, que sofre pelo ínfimo investimento feito pela prefeitura, mas veja o que disse o carnavalesco Claúdio Bordalo, diretor do bloco Chupicopico:
"Fui ontem na Marechal Hermes e desfilei nos Colibris na Homenagem ao amigo Alex Meireles. Em relação ao local do evento continuo considerando ter sido uma insanidade a mudança. Taparam os buracos mas não retiraram as inúmeras falhas existentes no asfalto. Lá, diferente do bairro da Pedreira, não existe um público cativo. E ontem não tivessem liberado não teria ninguém nas arquibancadas e camarotes. As escolas de samba e Blocos, pelo espetáculo que apresentam, salvo as do grupo 1 (leia-se Rancho e Quem São Eles ) não conseguem vender ingressos. E olhem que as arquibancadas de "desfile infantil" tem a capacidade limitada a mil lugares. Outro absurdo foi a podagem agressiva realizada na mangueira que fica ao final da pista de desfile. Outro inconveniente para o uso do local é o trânsito. Ontem no desfile de escolas médias foi grande o transtorno causado em uma das vias mais movimentadas da cidade, a av. Pedro Álvares Cabral, por onde trafegam dezenas de linhas de ônibus e grande número de outros veículos. Foi apenas um anúncio de como será hoje no desfile das grandes escolas. Lá tomei conhecimento de que os moradores milionários dos apartamentos da Pedro Álvares Cabral entraram na justiça para tentar impedir o desfile naquele local. Hoje de madrugada deu para ver a dificuldade do carro do Habitat do Boto para fazer a curva fechada para sair da área de dispersão. Fiquei imaginando como será hoje com os carros das grandes escolas. A pista de desfile não chega a 300 metros. Na Aldeia são 400. Ah! me surpreendi em constatar que as propagandas e cervejas vendidas são da CERPA e não dá AMBEV conforme havia sido fartamente divulgado. Aí fiquei em dúvida. Será que a AMBEV foi comprada pela CERPA ou viu a "CAGADA" onde estava se metendo e deu o fora? Fiquei me perguntando será que a CERPA manteve o acerto que a AMBEV havia feito de pagar a estrutura de arquibancadas e o som ou está sendo usado o dinheiro que o governo repassou do qual uma parte era para ser repassado para os blocos e escolas menores conforme promessa do prefeito o que não ocorreu."
Também pelo Facebook, o médico e brincante Márcio Maúes ironiza com uma foto que mostra a passarela do samba, alagada.
Segundo o Wikipédia, "a mulata Globeleza é uma personagem promovida pelo canal brasileiro de televisão Rede Globo no período de carnaval, durante a cobertura conhecida pelo nome de Carnaval Globeleza. A "mulata globeleza" surgiu no início da década de 1990 e consiste numa passista sambando nua com o corpo parcialmente pintado com purpurina, ao som da música-tema da emissora para o carnaval, numa vinheta exibida ao longo da programação diária. Tais vinhetas, criadas pelo designer Hans Donner, também consagraram a música-tema da Globeleza, composta pelo sambista Jorge Aragão e conhecida pelo refrão "Na tela da TV, no meio desse povo, a gente vai se ver na Globo". Inicialmente, durante mais de uma década, a mulata Globeleza foi interpretada por Valéria Valenssa, mulher do próprio diretor de arte Hans Donner. A partir de 2004, contudo, após a primeira gravidez de Valéria, outras mulatas assumiram o posto de Globeleza".
Ao notarmos que com apenas uma leve alteração digital, a Globo resolveu - pela primeira vez - repetir a vinheta de 2017, no carnaval Globeleza 2018, podemos também perceber a diferença destas duas, para as demais que historicamente vem sendo exibidas pela emissora, onde a "mulata globeleza" era apresentada semi-nua e agora está vestida, além de que diversas manifestações culturais são reveladas através de personagens que a acompanham dançando ritmos que são característicos de outros estados, como o Frevo, o Maracatu, o Boi-bumbá ou Bumba-meu-boi, entre outros.
Assista:
Note a diferença da vinheta de 2016:
Agora veja a vinheta de 2015:
Agora leia o artigo da poetiza Débora Garcia, publicado originalmente no lamparinascope.com, em Janeiro do ano passado, onde pela primeira vez, a mulata Globeleza aparecia vestida e outros ritmos, de outros carnavais, além do carioca, eram exibidos pela emissora.
Mulata Globeleza 2017: um avanço na pauta das mulheres negras
No início da década de 1990, os telespectadores brasileiros pararam perplexos em frente a televisão para ver , na emissora mais assistida do país, uma bela passiva negra, carismática e sorridente, de corpo escultural coberto apenas por pinturas e purpurinas, dançando graciosamente ao som da Vinheta que anunciava o início das festividades do Carnaval. Nascia assim, uma Mulata Globeleza, um dos mais símbolos do Carnaval brasileiro. A personagem foi inicialmente interpretada pela Dançarina Valéria Valenssa entre os anos de 1991 a 2004, sendo então substituída por Giane Carvalho (2005), Aline Prado (2006), Nayara Justino (2014) ea atual Érika Moura (2015).
Ano após ano, como vinhetas são aguardadas com grande expectativa, representando um momento de apotexia (sic), os cinco minutos de fama para as mulheres negras, que depois de um mês de exposição, são novamente relegadas ao ostracismo midiático, das representações previsíveis e secundárias nas novelas Programas de televisão e comerciais. Sendo assim, para uma sociedade de modo geral, uma Mulata Globeleza passou um ser o grande conto de fadas para as jovens meninas negras, uma referência de beleza, uma possibilidade de ascensão social, enfim, um espaço de fato a ser ocupado por nós, Nos negando a oportunidade de sonhar em alçar outros vôos. Não tenho intenção de crítica como artistas que assumiram esse papel ao longo da história. Elas são profissionais gabaritadas e o usam com maestria. Um problema que é problematizado e de que forma essa personagem é reforçado por uma espécie de estereotipagem e sexualização da mulher negra, construído a partir de uma ótica racista e machista. Para tanto, seja preciso revisitar como páginas da história.
Uma personagem Mulata Globeleza caiu instantaneamente sem gosto popular, pois veio sem sedimento Sem imaginário social O Show de Mulatas criado por Oswaldo Sargentelli, na década de 1970. Apresentador de televisão e empresário da noite carioca produziu, não Brasil e no exterior, mostra o samba, apenas com passistas negras seminuas, ou denominados mulatas, reforçando estereótipos de objeção e erotização da mulher negra, atrelando ao Carnaval brasileiro um forte apelo sexual. A exploração dessa imagem fez com que Sargentelli, de forma jocosa, se auto intitulasse "mulatólogro" colocando-se na condição de especialista em mulatas, como se estas fossem uma espécie diferenciada de mulher.
O termo mulata é amplamente utilizado por Rede Globo, assim como, por demais meios de comunicação para se referir às mulheres negras, principalmente sem contexto do carnaval, mas o termo também é bastante usual no cotidiano dos brasileiros. A palavra mulata é originária do vocábulo espanhol mulo, que é um animal híbrido, fruto do cruzamento de jumentos com éguas ou cavalos com jumentas. Esse cruzamento entre espécies diferentes gera um animal mestiço, estéril e considerando impuro. Sendo assim, durante o período colonial brasileiro, os negros de pele clara, nascidos devido a estupros de escravas por senhores de engenho, passaram a ser chamados de mulatos, em clara alusão ao processo de mestiçagem entre brancos e negros.
A maioria das pessoas que estão no mercado, bem como a uma conotação turística, no Brasil, mulheres negras consideradas mulatas tem maior trânsito social, pois apresentam características socialmente atribuídas às mulheres negras como positivas (nádegas e genitália "grandes", corpo curvilíneo e uma "predisposição sexual") e características socialmente atribuídas a brancos como positivas (pele clara, lábios e nariz finos, cabelos lisos ou cacheados) não são bem-sucedidos, exótica e objeto de desejo sexual. É esse padrão de biotipo que a mídia brasileira recorre para representar uma beleza negra, que é diversificada em seus tons e formas. As mulheres negras que não se enquadram nesse padrão, são rechaçadas, como aconteceu com a dançarina Nayara Justino, que representam uma Mulata Globeleza em 2014 e foi rejeitada por ter uma pele mais retinta que como o Japão para a interpretação de uma personagem. Infelizmente, esse não é um caso isolado. Não cotidiano, como mulheres negras que não são enquadram no padrão Globeleza passam por diversos processos de rejeição social.
Nesse sentido, o uso da palavra mulata para designar uma personagem que se apresenta nua, erotizada e que é apontada como símbolo, não apenas no Carnaval, mas de beleza das mulheres negras, não corrobora com uma mudança de paradigmas que nós tanto ansiamos. Essas e outras questões sobre, vêm sendo pautadas de maneira assertiva pelo movimento feminista e de mulheres negras ao longo de trinta anos. A grande mídia tem sido convocada a rever seus conceitos, paradigmas e repensar como formas de representação e diálogo com as mulheres, população negra e LGBT, enfim, com como minorias de modo geral.
Diante desse contexto social e histórico, uma vinheta do Carnaval Globeleza 2017, causou tanto impacto quanto a primeira exibição em 1991. Esta, pela nudez, aquela pela ausência de nudez.
Pela primeira vez na história, uma personagem Mulata Globeleza interpretada actualmente por Dançarina Érika Moura aparece vestida, e esse é, sem sombra de dúvidas, um avanço. Essa afirmação não é bem-vinda na perspectiva puritana e conservadora de demonização da nudez. Esta faz parte da natureza humana e deve ser tratada como tal. Mas quando é condicionante para uma ocupação de espaços reservados, torna-se um problema. Ou seja,quando pensamos em Globeleza ou no Carnaval, automaticamente, os associados a imagem da mulher negra nua, e esta associação, cristalizada no imaginário popular, gera o condicionamento social deste segmento da população .
Outra novidade da vinheta do Carnaval Globeleza 2017, é que uma representação hegemônica das grandes escolas de samba dá lugar à diversidade e à pluralidade cultural do Carnaval brasileiro. Acompanhada por demais personagens, homens e mulheres, brancos e negros, Mulata Globeleza, dança maracatu, axé, frevo, bumba-meu-boi e samba, vestida com como respectivas roupas. O vídeo evidencia que o foco não está mais em um corpo nu, mas na festa em si.
Foi uma mudança importante e significativa, uma sinalização de que como demandas dos movimentos são o repercutindo . Foi um avanço no universo de frentes que atuamos e pautamos. Uma personagem continua se chamando Mulata Globeleza, porém, agora está vestida. Desejamos que essa mudança permaneça e que não tenhamos que esperar mais trinta anos para que ela deixe de ser chamada de Mulata . Seguimos a apresentação e representatividade das mulheres negras, no Carnaval e ambientes espaçosos.
* Débora Garcia é poetisa e produtora idealizadora cultural do Sarau das Pretas - SP. Possui ampla experiência na área de livros, com enfoque nas temáticas voltadas à literatura negra, feminina e periférica. É formada em serviço social pela Universidade Estadual Paulista - UNESP. E uma amiga querida das Lamparinas :).
Chico e Monalisa ficaram sem saber o que dizer após a reação do carnavalesco.
Por Diógenes Brandão
Faltando apenas duas escolas se apresentarem para o fim do desfile das escolas de samba de São Paulo, uma grande confusão levou mais de uma hora para ser resolvida. Sentindo-se prejudicado pela pista molhada no desfile da Vai-vai, após a escola ter jogado água do alto de um carro alegórico, Mantega, presidente da Nenê de Vila Matilde, não permitiu que sua escola entrasse na avenida do samba, antes da LIGA enxugá-la e deixá-la em plenas condições de receber os brincantes.
Ocorre que ao ser provocado por uma repórter que repassou de forma insistente a pergunta da jornalista Monalisa Ferrone, que apresentou o carnaval Globeleza ao lado do jornalista Chico Pinheiro, do alto do estúdio da Globo, na dispersão do sambódromo, o presidente da Nenê de Vila Matilde "pagou o sapo" e mandou Monalisa descer do estúdio da Rede Globo para ir ver como a pista estava escorregadia.
O “climão” deixou todos de saia justa, enquanto os repórteres de chão se esforçavam para buscar informações sobre quanto tempo demoraria para o reinício do desfile da escola, que calou a boca de um time inteiro de jornalistas globais.
O desfile então seguiu sob o amanhecer de um novo dia e nos mostrou que quem sabe faz ao vivo e não permite que a toda poderosa mídia se meta no trabalho alheio.
É claro que a chamada para a postagem é mais uma mentira, assim como são mentirosas as afirmações de que o sítio, o triplex, o jatinho, a Friboi e tudo que tem sido noticiado ou insinuado pela imprensa e nas redes sociais sobre o patrimônio de Lula, nos últimos dias.
Se este blog fosse mentiroso e manipulador como são os veículos de comunicação dos barões da mídia brasileira, iriamos nos esforçar para que você pudesse acreditar, ou pelo menos desconfiar da veracidade da manchete, mas como não somos e respeitamos nossos leitores, preferimos falar a verdade, por mais que seja revelando a forma com que a mentira é repassada para milhões de brasileiros, que se deixam levar por tudo que leem, ouvem ou assistem.
Belém perdeu o carisma e a alegria de Elida Braz e André Lobato (Kaveira) para o carnaval do Rio de Janeiro, onde participam de vários desfiles nos blocos da maior capital da folia de momo. No último sábado, a paraense foi escolhida como “Musa do Blocão de Copacabana”, uma agremiação tradicional que já anima o carnaval carioca há 12 anos.
O motivo da ausência do casal de foliões que há 22 anos promoviam no centro de Belém o carnaval do "Jambú do Kaveira", foi a falta de apoio cultural para a festa popular na capital paraense, que completou 400 anos mês passado de forma deprimente.
Curiosamente, tanto a prefeitura de Belém, quanto o governo do Estado estão nas mãos do PSDB, quem diz que tudo que falta por aqui é culpa da Dilma, de Lula e do PT.
O hit que "bombou" em 2014, foi de um artísta que praticamente não emplacou outro "sucesso".
"Quinze minutos de fama Mais um pros comerciais Quinze minutos de fama Depois descanse em paz A melhor banda de todos os tempos da última semana O melhor disco brasileiro de música americana O melhor disco dos últimos anos de sucessos do passado O maior sucesso de todos os tempos entre os dez maiores fracassos"
A melhor banda de todos os tempos da última semana - Titãs.
Todo ano é a mesma coisa: A indústria cultural elege um hit musical para martelar nas rádios e demais veículos de comunicação. Esse ano foi diferente. Acredite: Você vai se divertir.
2010 - PARANGOLÉ- "Rebolation".
2011 - AVIÕES DO FORRÓ – Minha mulher não deixa não.
O fato deste carnaval que viralizou e inspira novas manifestações contra o Impeachment, veio do carnaval de Fortaleza-CE.
Desde que foi ao ar, a matéria da Rede Globo/Fortaleza, onde brincantes de um bloco carnavalesco aproveitaram a inserção ao vivo da emissora para trollar o impeachment de Dilma, a zoeira virou febre nas mídias sociais, sendo repetida em várias cidades brasileiras e do mundo.
A zoeira começou lá no nordeste, terra de gente bem humorada e inteligente, a qual o colonista da Globo Diogo Mainardi chamou de bovinos e que por isso foi criticado, processado e pediu desculpas.
Seria um dia comum, ou não. Talvez, mais um sábado de carnaval no Brasil com a mídia revezando o noticiário com flashs da folia e requentando as matérias sobre os vazamentos seletivos da operação "Lava Jato", enquanto um exército de zumbis compartilhariam e comentariam nas redes sociais, que a corrupção na Petrobras é filha do PT e por isso, Dilma mereceria o Impeachment. #SQN
Por volta das 15h, um amigo filiado ao PSDB, pasmem!, me envia uma mensagem in box, com uma foto, me indagando, já vistes?
Abri e dei de cara com a imagem publicada no topo desta postagem e poucos minutos depois, ao publicar na página deste blog no Facebook, ví que ela já havia viralizado de forma rápida e vários memes passaram a ser criados e compartilhados em várias mídias sociais, do WhatsApp, passando pelo Twitter, Instagram e claro, o Facebook.
Até o início da madrugada deste domingo (15), umas das principais ferramentas de métricas, o tweetreach.com, registrava que a hastag#ImpitimanÉmeuZovo alcançava 271,348 contas individuais e mais de 1 milhão e meio de impressões, no twitter.
Como a frase sofre variações no decorrer de sua distribuição, seja levando acentos, perdendo ou ganhando letras e outras mudanças, deixarei para outro momento a análise precisa do impacto da tag, tanto no twitter, quanto nas demais mídias, mas de antemão já prevejo que o vídeo da reportagem feito pela afiliada da Rede Globo em Fortaleza-CE, deverá influenciar muita gente mundo afora, a se manifestar contra o movimento pró-impeachment da presidenta Dilma, desencadeado por seus opositores, mas evidentemente incentivado por uma avalanche midiática, capitaneada pelas maiores empresas de comunicação do Brasil, entre elas a Rede Globo, a revista Veja, jornais Folha de São Paulo, Estadão, O Globo e suas raízes e braços no rádio e na internet.
Veja o vídeo (1 minuto e 45 segundos).
Veja alguns memes que circulam pelas redes sociais com a tag #ImpitimanÉmeuZovo.
Texto construído a partir das
perguntas de Diógenes Brandão para uma entrevista para o blog "As Falas
da Pólis", uma entrevista em que ele me pediu para comentar o
financiamento do enredo da imperatriz Leopoldinense por parte do
governo do Estado do Pará.
Quem cria filhos dos outros é japiim....
Esse 'negócio' de
patrocinar escolas de samba do Rio de Janerio me parece muito mais uma
forma de corrupção – desvio de dinheiro público que perversamente sai
dos cofres paraenses como financiamento cultural –, do que política
cultural eficiente, e eu concordo plenamente com a opinião dos
carnavalescos de Belém de que há equívocos na política que se utiliza
de dinheiro dos contribuintes de estados e municípios amazônidas para
financiar a industria cultural carioca.
Vamos pensar um pouco, em
1970 a Portela desfilou com o enredo “Lendas e mistérios da Amazônia”,
em 1974 Joãozinho Trinta veio com o Salgueiro apresentando o enredo “O
rei de França na ilha da assombração” (falando de São Luís), no mesmo
ano o Império Serrano fez a “Aquarela do Brasil” e fez um passeio pelos
estados de norte a sul do país, em 1975 a Estácio de Sá apresentou o
enredo “Festa do Círio de Nazaré”. São exemplos de carnavais memoráveis
que tiveram todo o apoio na colaboração dos intelectuais e artistas de
cada um dos lugares homenageados, mas que não precisaram de
financiamento público vindo dos paupérrimos estados amazônicos e
nordestinos e foram realizados apenas com a subvenção anual do Município
e do Estado do Rio de Janeiro.
Então o que mudou de lá pra cá?
Houve
uma época em que as escolas de samba cariocas representavam a voz do
morro e a voz do povo oprimido, e nessa época o que a gente via no
carnaval? A gente via crítica à política e aos governantes, via o
deboche com a situação financeira, via a afirmação de identidade negra, e
via esses enredos sobre as diversas regiões brasileiras como uma
demonstração de multiplas identidades. Esses eram enredos que eram
provocadas pro grupos migrantes dessas regiões que se tornavam parte das
comunidades de samba cariocas e acabavam por despertar a curiosidade
sobre seus lugares de origem e provocar enredos sobre eles.
A
presença do sambista paraense 'Dominguinhos do Estácio' foi fundamental
para que a escola apresentasse o Círio de Nazaré no desfile do Rio,
assim como a presença do carnavalesco maranhense Joãozinho Trinta no
Salgueiro gerou o enredo sobre São Luís, e usar esses lugares de origem
era uma forma de homenageá-los também.
E o que se vê hoje? Ao invés
dessa integração personalidade/comunidade/enredo, nós assistimos
ano-após-ano, pelo menos uma escola de samba que apresenta apenas uma
propaganda política, por um lado justificada pelo financiamento, e por
outro justificada pela provável visibilidade que o estado/município terá
com uma hora e pouco ininterruptas de transmissão televisiva na
apresentação do enredo...
Para as comunidades das escolas de samba
esse processo também se tornou sofrível. A diretoria das escolas passam
longe das personalidades que construíram cada uma delas, da mesma forma
como passam longe das comunidades que defendem as bandeiras das escolas,
e não se vê personalidades das comunidades a propor enredos com
ressonância social, mas “produtores culturais” e “lobbystas políticos” a
negociar montantes de dinheiro com articulação de financiamento de
corporações econômicas ou de verba pública de estados distantes. É
visivel que as pessoas que desfilam nessas escolas não tem envolvimento
nenhum com a defesa do discurso que o enredo apresenta....
Enquanto
escrevo aqui minhas considerações escutei o também paraense Milton Cunha
comentar que uma alegoria do Salgueiro só existe por imposição do
patrocinador, e me veio uma outra questão.... Mesmo que não venhamos a
fazer isso aqui, num espaço pequeno para respostas, mas não podemos
desvincular esse processo de venda de enredos do processo de
desterritorialização das escolas de samba como espaço resistência negra e
resistência popular – e a perda do território chegou com a absorção da
manifestação popular pela indústria cultural. Em 1982 com o enredo
“Bumbum paticumbum prugurundum” o Império Serrano cantou num refrão a
denúncia do que acontece hoje, “Super Escolas de Samba S/A/
Super-alegorias/ Escondendo gente bamba/ Que covardia!” Enfim, é isso –
atualmente vivemos uma covardia! Tanto covardia com as comunidades das
escolas de samba quanto com o desejo dos povos amazônidas de se verem em
transmissão de televisão – mas um desejo que não se concretiza...
E essa propaganda dá certo?
Eu
me lembro quando Macapá fez 250 anos e, seguindo essa mesma linha que
eu considero equivocada, de propaganda e visibilidade através do
carnaval carioca, o prefeito João Henrique (eleito pelo PSB e que depois
migrou pro PT), e o ex-governador do Amapá Waldez Góes (PDT), também
enviaram zilhões do povo amapaense pra financiar o desfile da Beija-Flor
em troca de hora e meia de visibilidade na globo (ou era isso que
diziam), e a primeira coisa que o comentarista dessa emissora disse
quando a escola entrou na avenida foi algo como "é importante esse
trabalho que as escolas de samba fazem de trazer a história dessas
cidades pra gente conhecer. É! Porque pra nós Macapá é mais longe que
marte....
Ou seja, a primeira propaganda foi negativa e pagar pra
falarem bem da gente não diminui o preconceito que o "sul maravilha"
dispensa pra Amazônia e vemos os comentaristas dizerem essas pérolas.
Porém,
dando créditos pra esse equivoco, acho que para mensurar os efeitos
disso precisaria de uma pesquisa mais aprofundada do que o empirismo da
minha análise. Penso assim, se o governo é sério no tratamento do
dinheiro público, e financiou uma escola de samba de outro estado como
forma de propaganda turística, esse mesmo governo tem por obrigação
apresentar para a população o resultado desse investimento e nos mostrar
como foi que o desfile da Beija-flor em 98, da Viradouro em 2004, e da
Imperatriz em 2013, influenciou positivamente o turismo em Belém e no
Estado do Pará.
Mas, pra termos dados para fazer comparações sobre a
relação custo benefício e dissipar qualquer dúvida de desvio de dinheiro
público para interesses particulares que possa pairar sobre esses
negócios, faço coro com a proposta dos carnavalescos e digo ao governo
do Estado do Pará que em 2014 invista no carnaval de Belém o mesmo valor
que em 2013 foi desviado para financiar uma escola carioca. Proponho
que o façam como uma experiência, que usem a mesma quantidade de verba
pública para estruturar a Aldeia Cabana de Cultura Popular David Miguel
para que a população tenha mais conforto para assistir o espetáculo, e
que também financie o espetáculo que cada uma das oito escolas do grupo
especial apresenta, assim como as oito escolas do grupo de acesso, e,
mais, que se faça propaganda do desfile das escolas de samba de Belém
nos estados vizinhos e até nos países do Caribe e naqueles que nos fazem
fronteira no platô das Guianas, pois na minha opinião, e creio que na
dos carnavalescos também, isso sim será uma política cultural que trará
dividendos turísticos para o estado do Pará.
Isso sim trará turistas
para Belém, turistas que virão para ver um espetáculo de 5 dias (que
envolve quase cem mil pessoas) e que depois poderão circular para
conhecer as cidades paraenses que guardam tesouros culturais/naturais.
Arthur Leandro é Artista ou coisa parecida. Benemérito da Embaixada de Samba do Império Pedreirense Professor da Faculdade de Artes Visuais e Museologia/UFPA. Membro do Colegiado Setorial de Culturas Afro-brasileiras/ Ministério da Cultura Representante titular das culturas afro-brasileiras no Conselho Nacional de Políticas Culturais/ Ministério da Cultura.
Prestes a completar 53 anos de fundação, a escola de samba do Rio de Janeiro, Imperatriz Leopoldinense desfilará no carnaval deste ano, tendo como tema de seu samba-enredo: “Pará - O Muiraquitã do Brasil” e assim espera ter sorte para conquistar seu 9º título,
sendo que o último que conquistou foi em 2001.
Conta-se nas terras do Muiraquitã*, que o patrocínio do
governo do Estado do Pará através de uma parceria em nada transparente, fez a
escola embolsar cerca de 6 milhões de reais para repetir, quem sabe, mais um
esquema de lavagem de dinheiro público, igual como ocorreu quando em plena crise, com escolas desmoronando, os servidores sem reajustes salariais e a falta de segurança assolando o Estado, o 2º governo de Almir Gabril, quando Simão Jatene era seu principal secretário e juntos injetaram milhões de reais na escola Beija Flor, para que esta levasse à Marquês de Sapucaía no
carnaval de 1998, o tema: “Pará - O Mundo Místico dos Caruanas nas Águas do
Patu-Anu”.
A escola conseguiu vencer o carnaval daquele ano, mas o investimento
feito com o dinheiro público do Estado do Pará, com a alegação de que serviria para
promover o turismo na Ilha do Marajó, não trouxe nenhum resultado positivo para
seu povo, que continua no abandono e com os piores índices sociais do Estado e um dos piores IDH do Brasil.
Por mais que a conta recaia sobre a PARATUR, ironicamente, o eterno, egocêntrico e megalomâniaco Secretário
de Cultura do Pará, o tucano Paulo Chaves, é apontado como um dos principais responsáveis pelo desaparecimento de um Muiraquitã com mais de 2,5 milhões de anos, do Museu das Gemas do Estado.
Tido como mentor deste tipo de investimento na cultura alheia afim de promover
a nossa, a alegação de Paulo Chaves é chula e segue a tese vira-lata de que precisamos nos
vender, ou continuar trocando nosso ouro por espelhos, à fim da colônia ser reconhecida
e visitada pela corte.
Ao conversar com um amigo carnavalesco de Belém, que há duras penas dá conta de manter o carnaval sem a ajuda amiga do governo do Estado, ele declarou uma frase que me marcou:
- Se para cada real
desviado para o Estado do RJ, tivesse um mesmo real para dividir pelas 16
escolas do grupo especial e o de acesso, o carnaval de Belém estaria em glórias.
*Muiraquitã é o nome que os índios davam a pequenos objetos,
geralmente representando uma rã, trabalhados em pedra de cor verde, jadeíta ou
nefrita, podendo existir em outros minerais e de outras cores. Conhecidos desde
os tempos da descoberta, foi entre os séculos XVII e XIX que se tornaram mais
procurados, sendo atribuídas qualidades de amuleto ou talismã e ainda virtudes
terapêuticas. O muiraquitã atraía sorte para os seus possuidores e também
curava quase todas as doenças.
Conforme o livro Macunaíma,
de Mário de Andrade, as índias amazonas presenteavam
seus amantes, que só se encontravam com elas uma vez ao ano, com um Muiraquitã,
para que servisse de recordação e encorajasse sua fieldade a elas.