quinta-feira, setembro 30, 2010

Dicionário Papa Xibé

Ao conhecer uma paraense que passou muito tempo distante do Pará (Bahia e Itália) e apresentando-lhe algumas coisas que parimos no tempo em que esteve ausente, fui atrás de um site/blog que pudesse mostrar-lhe um pouco da obra literária genuinamente paraense e encontrei esta síntese do Dicionário Papa Xibé.

Por demais porrêta!

Eu falo Ééégua!

O dicionário Papa Xibé tenta reunir uma parte deste porrudo vocabulário que é um registro do jeito paraense de falar que encanta a quem chega nesta terra…

Aqui no Pará, dizemos tu em vez de você, falamos eras, que já foi Ebe e hoje é égua, que é usado em 99% das frases ditas pelo paraense, seja de admiração, insatisfação, raiva espanto, na alegria e na tristeza… até que a morte nos cale!

Aqui quando alguma coisa é muito boa, bacana, excelente, legal… é por que ela é Pai d’égua!!!.

As crianças daqui não fazem travessuras e sim estripulias; não quebram os brinquedos e sim esbandalham, não brincam de pic e sim de pira pira-alta, pira-pega, pira-maromba, pira se esconde, as meninas brincam de macaca ao invés de amarelinha, os meninos brincam de peteca ao invés de bola de gude… também empinam papagaio, curica, rabiola, mas desde que a linha tenha bastante cerol para poder gritar _Au vaiêêê!!!.

Viagem de barco ou lancha?… preferimos ir de pô-pô-pô, rabeta ou vuadeira… é mais emocionante!

Aqui os insetos têm muitos nomes diferentes: é carapanã, maruim, mucuim, mutuca, muriçoca… e muitos outros M.

Preferimos a maniçoba ao invés de feijoada, jerimum ao invés de abóbora, macaxeira ao invés de aipim, mingau de milho ao invés de canjica, e canjica é como chamamos para o curau.

Paraense quando adoece, não fica fraco, fica despombalecido, pode até baldear… mas só um caribé para dar uma reanimada.

Aqui Tomamos suco de taperebá e não de cajá… tomamos açaí e não Jussara, mas com farinha d’água, camarão, peixe ou charque, nada de granola e banana…isso não! Misturar qualquer fruta com açaí pode ser fatal!

Aqui não contamos anedota, contamos causos de verdade… é Matinta-perera, Boto, Curupira, Mapinguari, Quem-te-dera e muita história de visagem! Nada de lorota ou potoca!

Antão… depois do almoço vem aquela chuvinha da tarde… aí dá aquela murrinha… ficamos até mufinos!

Enfim, existem palavras e expressões que só mesmo o paraense para entender e usar com tanta propriedade em todas as situações do dia-a-dia. E se você faz ou já fez alguma destas coisas em riba, é porque com certeza é um verdadeiro Papa Chibé!!!

Divirta-se!

Por Gisele Lopes Moreira. Turismóloga e apaixonada pelo Pará.

letra_a

Acesa: assanhada, fogosa Acesume: assanhamento, fogo Acocar-se: abaixar-se

Abicorar: ficar por perto, só “manjando”. Também usado por quem joga peteca (bola de gude) como a estratégia para ficar perto da peteca do adversário. Alembrar: lembrar Antão: então Apresentado: atrevido, enxerido Arapuca: armadilha para pegar passarinho em forma de pirâmide, feita com gravetos amarrados Areia gulosa: areia movediça Arisco: danado, ágil, ligeiro, difícil, esquivo, desconfiado Arredar: afastar Arreparar: reparar, observar, tomar conta Arremedar: imitar Assanhado: bagunçado, mal arrumado, não penteado Avoado: distraído, aquele que anda com a cabeça no ar Axí: interjeição depreciativa; significa desdém, nojo, repulsa Azucrinar: exasperar, apoquentar, irritar, enfurecer, aborrecer

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letra_b

Bafo: mau hálito Baladeira: atiradeira, objeto feito com uma forquilha de madeira com uma borracha que serve para atirar pedras Baldear: vomitar Baque: pancada, machucado Barranco: ribanceira Beiju: bolo feito de massa de mandioca ou de tapioca Beirada: cercania, arredores, nome genérico dado às margens dos igarapés, dos rios, dos lagos, das calçadas Bença: benção Benjamin: adaptador de tomadas Benzimento: ato de benzer Bichinho: forma de tratamento que traduz afeto e carinho Bilha: pequena moringa de barro com gargalo estreito destinada a guardar água a ser consumida Bocada: mordida Boiúna: cobra-grande, sucuri Bolo podre: bolo feito com farinha de tapioca Boró: dinheiro trocado Bombom: balinha Breguesso: coisa sem maior valor Breúme ou Breu: escuro, negro Bubuiar ou de bubuia: flutuar na superfície d’água Buiado: Endinheirado Burridade: burrice Bustela: meleca

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letra_c

Caboclo ou Caboco: mistura de branco com índio, interiorano, analfabeto, semi-analfabeto Cabaço: pessoa virgem, que nunca teve relações sexuais Caboquice: adjetivo que diminui algo/fato; palhaçada Cacuri ou Curral ou Caiçara: armadilha para pegar peixes Cagoeta: fofoqueiro, aquele que não sabe guardar segredo, dedo-duro Calango: lagarto verde Calombo: inchaço, tumefação, elevação na pele Camapu: Fruto comestível de pouco valor, de formato arredondado, de cor verde ou amarelo, envolvido em capa protetora. Physalis angulata L. da família das Solonáceas Candinha: faladora, fofoqueira Candiru: Peixe miúdo muito conhecido, e até mesmo temido, por penetrar em qualquer orifício do corpo humano, quando imerso em água Vandellia cirrhosa Cangote ou Cogote: pescoço Caninga: má sorte, azar Carambela: cambalhota Carapanã: pernilongo, mosquito Caribé: mingau feito com farinha d’água bem fininha. Diz a crença ser alimento forte, que levanta as forças, quando tomado, em especial, em jejum Casco: canoa pequena, feita de uma só peça de tronco cavado, sendo que o tripulante ou canoeiro senta na popa Catiroba: menina fácil, que “fica” com qualquer um Catinga ou Inhaca: fedor, mau-cheiro, odor forte e desagradável, normalmente proveniente das axilas de quem não toma banho Causo: caso, fato, anedota Cemitério ou jogo de cemitério: queimada Cerol: mistura de vidro moído com cola de sapateiro, cuja finalidade é encerar linha de papagaio Charque: carne seca, jabá Chibé: alimentação que consiste na mistura de água e farinha d’água. Constitui um tipo de alimentação no meio da gente pobre. Aquele que se alimenta desta mistura é Papa-Chibé. Também este é o apelido dado aos naturais do Pará e do Amazonas. Chope: Suco de frutas congelado que vem dentro de um saco plástico Cisma: desconfiança, inquietação, preocupação Cocorote ou coque: Um leve soco com a falange dos dedos na cabeça; o mesmo que cascudo. Coivara: amontoado de paus velhos, de galhos e de folhas secas; restos de queimadas, sujeitos a uma nova queimada, servindo posteriormente, para adubar o terreno em que se cultiva a lavoura Consumição: lida, inquietação, preocupação Cuí: farinha fina, peneirada; resto de alguma coisa em forma de pequenos grãos; pouco. Cuia: Casca do fruto da cuieira. Quando seca e sem miolo é usada como utensílio doméstico, servindo de farinheira, de tigela para mingau; vasilhame para tomar tacacá Cuíra: inquieto, traquino, curiosidade, desejo, inquietação, gastura, impaciência. Cumbuca: vaso feito de cabaça na parte superior da qual se fez uma abertura circular. É destinado a conter água e outros líquidos. Cunhã: moça, mulher jovem Curica: papagaio pequeno feito de papel, e, raramente, com pequenas talas de miriti; geralmente feito com folhas de jornal ou revista. Curupira: ente fantástico que habita as matas, cuja característica é ter os calcanhares para frente e os dedos voltados para trás. É o protetor das matas Cuscuz: iguaria que se faz com farinha de milho e é cozida à vapor. Por cima salpica-se coco ralado e ainda derrama-se algumas colheradas do leite do coco Cusparada: cuspir repetidamente

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letra_d

Danação: diabrura, travessura de criança Disque: o mesmo que “diz que” ou “dizem que” Diacho: expressão de desapontamento, raiva Derrubar: cagoetar, entregar, dedurar Despombalecido: estado de moleza e cansaço,fraqueza, enfermidade

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letra_e

Embrabecer: enfurecer-se, ficar brabo, aborrecido Encafifar: encabular-se, envergonhar-se, intrigar-se Empiriquitada: faceira, moça bem arrumada Esbandalhar ou escangalhar: quebrar, destruir Esmigalhar: amassar, desmanchar, dividir em vário pedaços pequenos Espeta-caju: cabelo liso e pontiagudo que nem o pente abaixa Espiar: olhar, ver Espinha: coluna vertebral Estirão: caminhada longa; longo trecho de riacho, sem curvas Estiva: ponte feita de um só pau, sobre forquilhas em terrenos alagadiços ou pantanosos Estripulia: travessura, traquinice

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letra_f

Facada: algo muito caro Farinhar: Fazer ou vender farinha Feridento: cheio de feridas Forquilha: vara aforquilhada para impulsionar a canoa Frito: estar em dificuldade, ferrado, com problemas Furdunço: festança popular; muita gente reunida; bagunça

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letra_g

Gambiarra: coisa mal feita, improvisada Gastura: mal-estar, inquietação, angústia Gazeteiro: aquele que falta às aulas Gito ou Gitito: pequeno, miúdo Gororoba: comida mal feita ou de má qualidade Guariba: tosse forte e violenta, às vezes sufocante

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letra_i

Igaçaba: pote de barro, de boca larga, servindo para depósito de água e de farinha Igapó ou Gapó: alagado; área que fica alagada por um determinado período do ano Igarapé: canal, córrego ou estreito natural situado entre duas ilhas, ou ainda, entre ilha e terra firme Igarité: embarcação grande, de madeira, impulsionada a remo ou motor Ilharga: ao lado, próximo Inhambu ou Nambu: designação comum às aves tinamiformes da família dos Tinamídeos, parecem com galinhas

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letra_j

Jamaxi: grande paneiro, tecido de cipó, formando malhas fechado ou aberto. É apoiado na testa e serve para carregar alimentos ou crianças Jararaca: cobra venenosa, porém mansa; pessoa de gênio forte; Jerimum ou Jurumum: abóbora; fruto da aboboreira Jia: tipo de anfíbio pequeno e de pele fria Jirau: estrado de madeira, preso ao chão, cuja finalidade é para lavar ou guardar utensílios domésticos, principalmente panelas e pratos. É comum nos interiores Joça: porcaria; coisa sem valor; interjeição exclamativa de aborrecimento Jururu: triste, melancólico, quieto, adoentado, abatido Juta-irica ou jutaicica: árvore de grande porte, resinosa. Quando o seu tronco é ferido, escorre um óleo, adicionado a uma solução, serve para preparar vernizes.Muito usado para envernizar o interior de panelas de barro

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letra_l

Leso: idiota, maluco, doido Lombriguento: cheio de lombrigas Lorota: mentira, conversa fiada

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letra_m

Macaxeira: o mesmo que aipim. Não é venenosa como a mandioca Macaca: mesmo que brincadeira de amarelinha Maciota: sem esforço, na tranqüilidade Maldar: fazer mal juízo, pensar mal de alguém Malinar: irritar, fazer travessuras, judiar, fazer maldade com alguém Mandioca: Planta leitosa, com tubérculos em amido. Algumas espécies são venenosas e servem para fazer farinha de mesa Manemolência: moleza, indisposição, fraqueza Mangal: terreno cheio de mangues Manicuera: bebida doce feita a partir da fermentação da mandioca Maninhu ou Maninho: colega, amigo, companheiro Maniva: planta da família euforbiáceas que depois de moída, serve para fazer a maniçoba, que é um prato típico da região Mapinguari: gigante lendário semelhante ao homem, coberto de pêlos, com um olho na testa e uma boca na barriga Maracá: chocalho artesanal feito de cuia, sementes e madeira Marajoara: aquele que é natural da ilha do Marajó; Sociedade ceramista que habitou a ilha do Marajó no passado Marimbondo: inseto dotado de ferrão da espécie menóptero. É um tipo de caba, vespa Maromba: jirau onde se põe o gado por ocasião das cheias. Brincadeira de criança onde se usa uma bola para acertar em outra pessoa Maruim: inseto de picada dolorosa Matapi: armadilha artesanal feita de talas de palmeira, utilizada para a pesca do camarão de água doce Matuto: desconfiado, acaboclado, acanhado, tímido; aquele que vive no mato Mucuim ou Micuim: inseto cuja picada provoca forte coceira Miriti: Palmeira muito alta própria de lugares alagados. Suas folhas servem para construção de telhados e também é usado na confecção de brinquedos de miriti, que fazem muito sucesso no período do Círio de Nazaré Mofino ou Mufino: adoentado, enfraquecido, mole, abatido, cansado, sem ânimo, triste Molongó: adoentado, fraco, abatido Montaria: canoa pequena feita de toco escavado e ateado fogo Moquear: secar a carne ou peixe ao moquém para serem conservados Moquém: grelha de vara para assar e secar o peixe ou a carne Mocegar ou amorcegar: subir ou descer de um transporte terrestre em movimento Moroçoca ou Muriçoca: mosquito de picada dolorida Morrinha ou Murrinha: quebreira, preguiça, tédio, indisposição, moleza Muiraquitã: amuleto indígena, símbolo de sorte e fertilidade. Normalmente têm a forma zoomórfica de uma rã e são feitos de jadeíte. Segundo à lenda, eram feitos pelas guerreiras Amazonas Mundiar: encantar, atrair, seduzir Mutá: espécie de escada tosca usada pelos seringueiros para subir nas árvores Mutuca: nome dado a um inseto de picada forte, da família Tabanídeos

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letra_o

Ovada: mulher grávida, estado de gestação

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letra_p

Pai-d’égua: algo excelente, ótimo, muito bom Panela: dente acariado, estragado Panema: infeliz, azarado, sem sorte na caça, na pesca e na vida Papa-chibé ou Papa Xibé: paraense autêntico; aquele que se alimenta de chibé (água e farinha) Papeira: o mesmo que caxumba ou parotidite. Doença causada pela inflamação das glândulas parótidas Pareceiro: parceiro; qualquer um Paresque: parece que Parideira: mulher que tem muitos filhos Pão careca: nome dado ao pão francês de massa grossa Paúra: gastura, aflição, irritação Pavulage: faceirice, convencimento, metidez, frescura, pedante, pretensioso Pávulo: vaidoso, gabola, convencido, metido Peconha: laço de corda ou de cipó que se prende aos pés das pessoas para auxiliar a subida em árvores sem ramo, em especial, palmeiras de açaí Penico: urinol, bacio, mijador Pequena: menina, moça, namorada, mulher. Termo muito usado na cidade de Cametá Pereba: ferida; lesão na pele Peteca: o mesmo que bolinha de gude Pipira: mulher que dá em cima do homem alheio Piquixito: pequeno, pequenino Pira: sarna, ferida. Brincadeira de criança, tipo pira-alta, pira esconde…; o mesmo que pic Piracema: época em que os grandes cardumes de peixes vão para as nascentes dos rios para desovar Piracuí: farinha feita a partir de restos de peixe Pirão: Papa grossa de farinha de mandioca escaldada. Qualquer mistura de caldo de carne, galinha ou peixe com farinha Pirento: aquele que possui muitas feridas Pissica: má sorte; desejar o azar do outro; torcer contra Pitar: fumar, cachimbar, tragar Pitinga: branca. Diz-se da cuia depois de seca, sem pintura Pitiú: Cheiro característico de peixe; cheiro de maré, de maresia Pitó: arranjo feito com os cabelos, puxados para trás em forma de círculo, com abertura no centro, preso por pente-travessa; o mesmo que coque Ploc: garota de programa; prostituta; meretriz Pô-Pô-Pô: Embarcação típica ribeirinha, composta por um a canoa coberta, movida a motor de 2 tempos. Possui esse nome devido ao barulho produzido pelo motor quando está navegando pelo rio Poronga: lamparina usada por ocasião da pesca do camarão; refletor. Espécie de lanterna artesanal usada para iluminação Pororoca: encontro das águas do rio com as águas do mar, formando grandes ondas nos rios, causando turbulência e forte estrondo Potoca: mentira, conversa fiada, papo furado Prenha: grávida, buchuda Priprioca: planta herbácea cujas raízes têm forma de botão e o caroço tem aroma especial; muito usada para fazer perfumes Puçá: pequena rede para pescar camarão Puxada: construção que prolonga o corpo central da casa

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letra_q

Quebranto: mal-olhado Quem-te-dera: ser lendário que costuma encantar homens e usá-los como montaria a noite inteira

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letra_r

Rabiola: um tipo de pipa feita com papel de seda e talas de miriti Ranzinza: birrento, teimoso, rabugento Rasga-mortalha: espécie de coruja (suindara) que vive nas cidades e, segundo a crença popular, é agourenta Refastelar: descansar, distrair-se Reinar: malinar, irritar, provocar Remanso: correnteza na margem oposta à do canal do rio, formando um verdadeiro funil. É também chamado de redemoinho Remendo: conserto ou costura de uma roupa Restinga: faixa de mato às margens do rio, que surge por ocasião das grandes marés ou cheias de inverno, aflora enquanto o terreno aparece submerso Riba: acima de, em cima de

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letra_s

Sabrecar ou Saprecar: chamuscar, queimar superficialmente Saído: esperto, saliente, enxerido, intrometido Sairé: dança e canto dos tapuios. Manifestação popular que ocorre na cidade de Santarém Sagica: rijo, duro Sapecar: jogar fora, atirar para longe Sapopema: raiz que cerca a base do tronco de muitas árvores, como a Samaumeira. Índios usavam sua raiz como abrigo Sarará: mestiço, arruivado; pequeno caranguejo Sassariqueira: assanhada, alegre Sereno: brisa fria após a chuva Seboso: sujo, porcalhão, sem higiene

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letra_t

Tabatinga: argila sedimentar mole e untosa Tabefe: tapa estalado; bofete Tacacá: bebida de herança indígena servida em cuia, feita de goma de mandioca fervida, tucupi, camarão seco e jambu. Faz parte da culinária típica do Pará Tapagem: barragem de terra para represar rios e igarapés Tapera: habitação pobre e simples, sítio abandonado, pobreza Tapioca: farinha em grãos maiores e bem alva que se extrai da mandioca; espécie de beiju seco consumido com manteiga ou coco Tapuru: bicho de fruta; qualquer larva branca venenosa ou não Taquari: cachimbo feito de bambu Tarubá: bebida fermentada feita da massa de mandioca Teba: grande, forte, avantajado Teso: parte elevada de um terreno alagado; duro Tijuco: pântano, atoleiro, lama preta Tipiti: instrumento de palha usado para separar a massa de mandioca do tucupi Tipitinga: água esbranquiçada, barrenta Tiquira: aguardente de mandioca Topada: tropeço, pancada no pé Toró: chuva muito forte Trapiche: construção, na maioria das vezes, de madeira que adentra os limites do rio ou do mar, utilizada para embarque e desembarque de passageiros ou mercadorias, bem como o pescado. Conhecida popularmente em outros estados como: Porto; dique; ponte Travessa: tiara; arco usado para enfeitar os cabelos Tucandeira: tipo de formiga cuja ferrada é muito dolorida; sinônimo de calça pescador Tucupi: líquido amarelo extraído da mandioca, depois de ralada e espremida. Muito usado em pratos da culinária paraense. Se não for fervido, torna-se venenoso Tuíra: sujo, ressequido (pelo sol e pela lama) Turú: molusco que se alimenta de troncos submersos, cavando buracos e causando prejuízos em embarcações. O Turu é um alimento muito consumido em comunidades pesqueiras

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letra_u

Ubá: embarcação indígena sem quilha e sem banco, construída de um só lenho, escavado a fogo ou de uma casca inteiriça de árvore cujas extremidades são amarradas com cipó Urupema: espécie de peneira de fibra vegetal usada na culinária

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letra_v

Visagem: espírito, alma penada, assombração Visgo: rastro Varejeira: mulher safada, que namora com vários homens Voadeira: lancha, embarcação aquática veloz movida a motor

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letra_x

Xarão: tabuleiro de alumínio; fôrma de alumínio retangular Xirí: vagina, órgão genital feminino

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letra_z

Zinho: pequeno, inferior

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E você? Conhece alguma palavra paraense que não está aqui? Então nos envie a sua palavra com o significado para aumentarmos ainda mais nosso vocabulário!

Por Gisele L. Moreira

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Fontes de Pesquisa:

Vocabulário Popular em Dalcídio Jurandir, por Rosa Assis. Belém, UFPA, 1992.

Dicionário Aurélio, por Aurélio Buarque de Holanda, edição digital, 2009.

Blogs:

http://recantodasletras.uol.com.br

http://acaidasletras.blogspot.com

http://forum.brfoto.com.br

http://equilibriodistante.blogspot.com

Sites:

www.bregapop.com

A Música do Momento

Pensando em uma música que representasse este período que antecede as eleições do próximo domingo, um bom anjo me fez lembrar dessa linda canção do nosso grande Beto Guedes em parceria com o Ronaldo Bastos.

O sal da Terra

Roupa Nova

Composição: Beto Guedes - Ronaldo Bastos

Anda, quero te dizer nenhum segredo

Falo nesse chão da nossa casa

Vem que tá na hora de arrumar

Tempo, quero viver mais duzentos anos

Quero não ferir meu semelhante

Nem por isso quero me ferir

Vamos precisar de todo mundo

Pra banir do mundo a opressão

Para construir a vida nova

Vamos precisar de muito amor

A felicidade mora ao lado

E quem não é tolo pode ver

A paz na Terra, amor

O pé na terra

A paz na Terra, amor

O sal da Terra

És o mais bonito dos planetas

Tão te maltratando por dinheiro

Tu que és a nave nossa irmã

Canta, leva tua vida em harmonia

E nos alimenta com teus frutos

Tu que és do homem a maçã

Vamos precisar de todo mundo

Um mais um é sempre mais que dois

Pra melhor juntar as nossas forças

É só repartir melhor o pão

Recriar o paraíso agora

Para merecer quem vem depois

Deixa nascer o amor

Deixa fluir o amor

Deixa crescer o amor

Deixa viver o amor

(O sal da terra)

Somos todos grupelhos



     Somos Todos Grupelhos - Análise da conjuntura libertária pós-68

Por Felix Guatarri*
 
Militar é agir. Pouco importam as palavras, o que interessa são os atos. É fácil falar, sobretudo em países onde as forças materiais estão cada vez mais na dependência das máquinas técnicas e do desen­volvimento das ciências. 
 
Derrubar o czarismo implicava na ação em massa de dezenas de milhares de explorados e sua mobilização contra a atroz máquina repressiva da sociedade e do Estado russo, era fazer as massas tomarem consciência da sua força irresistível face à fragilidade do inimigo de classe; fragilidade a ser revelada, a ser demonstrada pela prova de forças. 
 
Para nós, nos países "ricos", as coisas se passam de outro jeito; não é tão óbvio que tenhamos que enfrentar apenas um tigre de papel. O inimigo se infiltrou por toda parte, ele secretou uma imensa in­terzona pequeno‑burguesa para atenuar o quanto for possível os con­tornos de classe. A própria classe operária está profundamente infil­trada. Não apenas por meio dos sindicatos pelegos, dos partidos trai­dores, social‑democratas ou revisionistas… Mas infiltrada também por sua participação material e inconsciente nos sistemas dominantes do capitalismo monopolista de estado e do socialismo burocrático. Pri­meiro, participação material em escala planetária: as classes operárias dos países economicamente desenvolvidos estão implicadas objetiva­mente, mesmo que seja só pela diferença crescente de níveis de vida relativos, na exploração internacional dos antigos países coloniais. De­pois, participação inconsciente e de tudo quanto é jeito: os trabalha­dores reendossam mais ou menos passivamente os modelos sociais dominantes, as atitudes e os sistemas de valor mistificadores da bur­guesia ‑ maldição do roubo, da preguiça, da doença, etc. Eles reproduzem, por conta própria, objetos institucionais alienantes, tais como a família conjugal e o que ela implica de repressão intrafamiliar entre os sexos e as faixas etárias, ou então se ligando à pátria com seu gostinho inevitável de racismo (sem falar do regionalismo ou dos particularismos de toda espécie: profissionais, sindicais, esportivos, etc., e de todas as outras barreiras imaginárias que são erguidas artificialmente entre os trabalhadores. Isto fica bastante claro, por exemplo, na organização, em grande escala, do mercado da competição esportiva).

Desde sua mais tenra idade, e mesmo que seja apenas em função daquilo que elas aprendem a ler no rosto de seus pais, as vítimas do capitalismo e do "socialismo" burocrático são corroídas por uma an­gustia e uma culpabilidade inconscientes que constituem uma das engrenagens essenciais para o bom funcionamento do sistema de auto­sujeição dos indivíduos à produção. O tira e o juiz internos são talvez mais eficazes do que aqueles dos ministérios do Interior e da Justiça. A obtenção deste resultado repousa sobre o desenvolvimento de um anta­gonismo reforçado entre um ideal imaginário, que inculcamos nos indivíduos por sugestão coletiva, e uma realidade totalmente outra que os espera na esquina. A sugestão audiovisual, os meios de comunicação de massa, fazem milagres! Obtém‑se assim uma valorização fervorosa de um mundo imaginário maternal e familiar, entrecortado por valores pretensamente viris, que tendem à negação e ao rebaixamento do sexo feminino, e ainda por cima à promoção de um ideal de amor mítico, uma mágica do conforto e da saúde que mascara urna negação da finitude e da morte. No final das contas, todo um sistema de demanda que perpetua a dependência inconsciente em relação ao sistema de produção; é a técnica do intéressement.

O resultado deste trabalho é a produção em série de um indivíduo que será o mais despreparado possível para enfrentar as provas importantes de sua vida. É completamente desarmado que ele enfrentara a realidade, sozinho, sem recursos, emperrado por toda esta moral e este ideal babaca que lhe foi colado e do qual ele é incapaz de se desfazer. Ele foi, de certo modo, fragilizado, vulnerabilizado, ele está prontinho para se agarrar a todas as merdas institucionais organizadas para o acolher: a escola, a hierarquia, o exército, o aprendizado da fidelidade, da submissão, da modéstia, o gosto pelo trabalho, pela família, pela pátria, pelo sindicato, sem falar no resto… Agora, toda a sua vida ficará envenenada em maior ou menor grau pela incerteza de sua condição em relação aos processos de produção, de distribuição e de consumo, pela preocupação com seu lugar na sociedade, e o de seus próximos. Tudo passa a ser motivo de grilo: um novo nascimento, ou então "a criança não vai muito bem na escola", ou ainda "os mais grandinhos se enchem e aprontam mil loucuras"; as doenças, os casa­mentos, a casa, as férias, tudo é motivo de aborrecimento…
Assim, tornou‑se inevitável um mínimo de ascensão nos escalões da pirâmide das relações de produção. Não precisa nem fazer um desenho ou uma lição. Diferentemente dos jovens trabalhadores, os mili­tantes de origem estudantil que vão trabalhar na fábrica estão seguros de se virar caso sejam despedidos; queiram ou não, eles não podem escapar à potencialidade que os marca de uma inserção hierárquica "que poderia ser bem melhor". A verdade dos trabalhadores é uma dependência de fato e quase absoluta em relação à máquina de pro­dução; é o esmagamento do desejo, com exceção de suas formas resi­duais e "normalizadas", o desejo bem pensante ou bem militante; ou, então, o refúgio numa droga ou em outra, se não for a piração ou o suicídio! Quem estabelecerá a porcentagem de "acidentes de trabalho" que, em realidade, não eram senão suicídios inconscientes?

O capitalismo pode sempre dar um jeito nas coisas, retocá‑las aqui e ali, mas no conjunto e no essencial tudo vai cada vez pior. Daqui a 20 anos alguns dentre nós terão 20 anos a mais, mas a humanidade terá quase duplicado. Se os cálculos dos especialistas no assunto se revelam exatos, a Terra atingirá pelo menos 5 bilhões de habitantes em 1990. Isto deveria colocar no decorrer do processo alguns problemas suplementares! E como nada nem ninguém está em condições de prever ou organizar alguma coisa para acolher estes recém‑chegados ‑ à parte alguns porra‑loucas nos organismos internacionais, que aliás não resolveram um só problema político importante durante os 25 anos em que estiveram aí instalados ‑, podemos imaginar que seguramente acontecerá muita coisa nos próximos anos. E de tudo quanto é tipo, revoluções, mas também, sem sombra de dúvida. umas merdas do tipo fascismo e companhia. E dai o que é que se deve fazer? Esperar e deixar andar? Passar à ação? Tudo bem, mas onde, o quê, como? Mergulhar com tudo, no que der e vier. Mas não é tão simples assim, a resposta a muitos golpes está prevista, organizada, calculada pelas máquinas dos poderes de Estado. Estou convencido de que todas as variações possíveis de um outro Maio de 1968 já foram programadas em IBM. Talvez não na França, porque eles estão fodidos, e ao mesmo tempo bem pagos para saber que este tipo de baboseira não constitui garantia alguma e que não se encontrou ainda nada de sério para substituir os exércitos de tiras e de burocratas. Seja o que for, já está mais do que na hora de os revolucionários reexaminarem seus pro­gramas, pois há alguns que começam a caducar. Já está mais do que na hora de abandonar todo e qualquer triunfalismo ‑ note‑se o falismo‑ ‑ para se dar conta de que não só estamos na merda até o pescoço, mas que a merda penetra em cada um de nós mesmos, em cada uma de nossas "organizações".

A luta de classes não passa mais simplesmente por um front delimitado entre os proletários e os burgueses, facilmente detectável nas cidades e nos vilarejos; ela está igualmente inscrita através de numerosos estigmas na pele e na vida dos explorado: autoridade, de posição, de nível de vida; é preciso decifrá‑la a partir do vocabulário de uns e de outros, seu jeito de falar, a marca de seus carros, a moda de suas roupas, etc. Não tem fim! A luta de classe contaminou, como um vírus, a atitude do professor com seus alunos, a dos pais com suas crianças, a do médico com seus doentes; ela ganhou o interior de cada um de nós com seu eu, com o ideal de status que acreditamos ter de adotar para nós mesmos. Já está mais do que na hora de se organizar em todos os níveis para encarar esta luta de classe generalizada. Já é hora de elaborar uma estratégia para cada um destes níveis, pois eles se condicionam mutuamente.

De que serviria, por exemplo, propor às massas um programa de revolucionarização anti­autoritária contra os chefinhos e companhia limitada, se os próprios militantes continuam sendo portadores de vírus burocráticos superati­vos, se eles se comportarn com os militantes dos outros grupos, no interior de seu próprio grupo, com seus próximos ou cada um consigo mesmo, como perfeitos canalhas, perfeitos carolas? De que serve afir­mar a legitimidade das aspirações das massas se o desejo é negado em todo lugar onde tenta vir à tona na realidade cotidiana? 

Os fins polí­ticos são pessoas desencarnadas. Eles acham que se pode e se deve poupar as preocupações neste domínio para mobilizar toda a sua ener­gia em objetivos políticos gerais. Estão muito enganados! Pois na ausência de desejo a energia se autoconsome sob a forma de sintoma, de inibição e de angústia. E pelo tempo que já estão nessa, já podiam ter se dado conta destas coisas por si mesmos! A introdução de uma energia suscetível de modificar as relações de força não cai do céu, ela não nasce espontaneamente do programa justo, ou da pura cientificidade da teoria. Ela é determinada pela transformação de uma energia biológica ‑ a libido ‑ em objetivos de luta social. É fácil reduzir tudo às famosas contradições principais. 

É demasiadamente abstrato. É até mesmo um meio de defesa, um troço que ajuda a desenvolver phantasias de grupo, estruturas de desconhecimento, um troço de burocratas; se entrincheirar sempre atrás de alguma coisa que está sempre atrás, sempre em outro lugar, sempre mais importante e nunca ao alcance da intervenção imediata dos inte­ressados; é o princípio da "causa justa", que serve para te obrigar a engolir todas as mesquinharias, as míseras perversões burocráticas, o prazerzinho que se tem em te impor – "pela boa causa" ‑ caras que te enchem o saco, em forçar tua barra para ações puramente sacri­ficiais e simbólicas, para as quais ninguém está nem aí, a começar pelas próprias massas. 

Trata‑se de uma forma de satisfação sexual desviada de seus objetivos habituais. Este gênero de perversão não teria a menor importância se incidisse em outros objetos que não revolução ‑ e olha que não faltam objetos! O que é chato é que estes mono­maníacos da direção revolucionária conseguem, com a cumplicidade inconsciente da "base", enterrar o investimento militante em impasses particularistas. É meu grupo, é minha tendência, é meu jornal, a gente é quem tem razão, a gente tem a linha da gente, a gente se faz existir se contrapondo às outras linhas, a gente constitui para si uma pequena identidade coletiva encarnada em seu líder local… A gente não se enchia tanto em Maio de 68!

Enfim, tudo ocorreu mais ou menos bem até o momento em que os "porta‑vozes" disto ou daquilo conseguiram voltar à tona. Como se a voz precisasse de portador. Ela se porta bem sozinha e numa velocidade louca no seio das massas, quando ela é verdadeira. O trabalho dos revolucionários não é ser portador de voz, mandar dizer as coisas, transportar, transferir modelos e imagens; seu trabalho é dizer a verdade lá onde eles estão, nem mais nem menos, sem tirar nem por, sem trapacear. Como reconhecer este trabalho da verdade? 

É simples, tem um troço infalível: está havendo verdade revolucionária, quando as coisas não te enchem o saco, quando você fica a fim de participar, quando você não tem medo, quando você recupera sua força, quando você se sente disposto a ir fundo, aconteça o que acontecer, correndo até o risco de morte. A verdade, a vimos atuando em Maio de 68; todo mundo a entendia de cara. A verdade não é a teoria nem a organização. É depois dela ter surgido que a teoria e a organização têm de se virar com ela. Elas sempre acabam se situando e recuperando as coisas, mesmo que para isso tenham de deformá‑la e mentir. A autocrítica cabe à teoria e à organização e nunca ao desejo.

O que está em questão agora, é o trabalho da verdade e do desejo por toda parte onde pinte encanação, inibição e sufoco. Os grupelhos de fato e de direito, as comunas, os bandos, tudo que pinta no esquer­dismo tem de levar um trabalho analítico sobre si mesmo tanto quanto um trabalho político fora. Senão eles correm sempre o risco de sucum­bir naquela espécie de mania de hegemonia, mania de grandeza que faz com que alguns sonhem alto e bom som em reconstituir o "partido de Maurice Thorez" ou o de Lenin, de Stalin ou de Trotsky, tão chatos e por fora quanto seus Cristos ou de Gaulles, ou qualquer um desses caras que nunca acabam de morrer.

Cada qual com seu congressinho anual, seu mini‑Comitê Central, seu super‑birô político, seu secretariado e seu secretário‑ge(ne)ral e seus militantes de carreira com seu abono por tempo de serviço, e, na versão trotskista, tudo isso duplicado na escala internacional (congressos mundiais, comitê executivo internacional, seção internacional, etc.).

Por que os grupelhos, ao invés de se comerem entre si, não se multiplicam ao infinito? Cada um com seu grupelho! Em cada fábrica, cada rua, cada escola. Enfim, o reino das comissões de base! Mas grupelhos que aceitassem ser o que são, lá onde são. E, se possível, uma multiplicidade de grupelhos que substituiriam as instituições da burguesia; a família, a escola, o sindicato, o clube esportivo, etc. Grupelhos que não temessem, além de seus objetivos de luta revolu­cionária, se organizarem para a sobrevivência material e moral de cada um de seus membros e de todos os fodidos que os rodeiam.

Ah, então trata‑se de anarquia! Nada de coordenação, nada de centralização, nada de estado‑maior… Ao contrário! Tomem o movimento Weathermen nos Estados Unidos: eles estão organizados em tribos, em gangues, etc., mas isto não os impede de se coordenar e muitíssimo bem.

O que é que muda se a questão da coordenação, ao invés de se colocar para indivíduo, se coloca para grupos de base, famílias artifi­ciais, cornunas?… O indivíduo tal como foi moldado pela máquina social dominante é demasiado frágil, demasiado exposto às sugestões de toda espécie: droga, medo, família, ete. Num grupo de base, pode‑se esperar recuperar um mínimo de identidade coletiva, mas sem megalomania, com um sistema de controle ao alcance da mão; assim, o desejo em questão poderá talvez fazer valer sua palavra, ou estará talvez mais em condições de respeitar seus compromissos militantes. É preciso antes de mais nada acabar com o respeito pela vida privada: é o começo e o fim da alienação social. Um grupo analítico, uma unidade de subversão desejante não tem mais vida privada: ele está ao mesmo tempo voltado para dentro e para fora, para sua contingência, sua fini­tude e para seus objetivos de luta. O movimento revolucionário deve portanto construir para si uma nova forma de subjetividade que não mais repouse sobre o indivíduo e a família conjugal. 

A subversão dos modelos abstratos secretados pelo capitalismo, e que continuam cau­cionados até agora, pela maioria dos teóricos, é um pré‑requisito absoluto para o reinvestimento pelas massas de luta revolucionária.

Por enquanto, é de pouca utilidade traçar planos sobre o que deveria ser a sociedade de amanhã, a produção, o Estado ou não, o Partido ou não, a família ou não, quando na verdade não há ninguém para servir de suporte à enunciação de alguma coisa a respeito. Os enunciados continuarão a flutuar no vazio, indecisos, enquanto agentes coletivos de enunciação não forem capazes de explorar as coisas na realidade, enquanto não dispusermos de nenhum meio de recuo em relação à ideologia dominante que nos gruda na pele, que fala de si mesma em nós mesmos, que, apesar da gente, nos leva para as piores besteiras, as piores repetições e tende a fazer com que sejamos sempre derrotados nos mesmos caminhos já trilhados.
 
Felix Guattari (1930 – 1992)

quinta-feira, setembro 23, 2010

Os jornais desta quinta-feira acordaram com sangue nos olhos. O fato político de ontem, e que reverbera hoje na imprensa escrita, foi o lançamento de um manifesto antilula por um grupo de intelectuais vinculados ao tucanato. Trata-se de um texto sofrivelmente escrito, repleto de chavões partidários colhidos às pressas na imprensa conservadora. Em termos jurídicos, é lixo puro, por apresentar versões e denúncias não provadas para acusar autoridades constituídas. O manifesto não tem um pingo de legitimidade, apenas respinga ódio, rancor e preconceito. Reclama das atitudes do presidente ao mesmo tempo em que o acusa de forma leviana e caluniosa. Ao falar sobre a relação entre Executivo e Legislativo, o texto busca somente intrigar dois poderes que devem conviver em harmonia. O texto tem cores antidemocráticas do começo ao fim. E isso eu acho perigoso, essa insidiosa interpretação conservadora do regime democrático, segundo a qual a Constituição é quase um código de Hamurabi, imutável, e o povo tem mais é que se submeter em silêncio ao que diz a lei. Há uma sinistra inversão conceitual logo no início do texto:
Soberana é a Constituição, pois é ela quem dá corpo e alma à soberania do povo.
Essa frase soaria melhor em meus ouvidos se fosse lida ao contrário: Soberano é o povo, pois ele é quem dá corpo e alma à Constituição. Nesse trecho do manifesto, encontramos um chororô tucano autoexplicativo:
É repugnante que essa mesma máquina oficial de publicidade tenha sido mobilizada para reescrever a História, procurando desmerecer o trabalho de brasileiros e brasileiras que construíram as bases da estabilidade econômica e política, com o fim da inflação, a democratização do crédito, a expansão da telefonia e outras transformações que tantos benefícios trouxeram ao nosso povo.
* E o Gabeira, ou melhor, o ex-Gabeira esteve ontem no Clube da Aeronáutica, no centro do Rio, e proferiu insanidades golpistas simplesmente inacreditáveis: Trechos da matéria do Globo:
Fernando Gabeira (...) criticou o governo federal, que, na sua visão, tem a "tentação de suprimir a liberdade de imprensa e até as próprias leis".
"há a tentação de suprimir a propriedade privada, evidentes em iniciativas do MST; tentação de suprimir a liberdade de imprensa; e tentação de suprimir em certos momentos as próprias leis".
Mas o pior vem agora. Respirem fundo: Gabeira defendeu a utilização das Forças Armadas no enfrentamento do tráfico no Rio. (...) "Falta inteligência na segurança. E as Forças Armadas têm grande know-how. O deslocamento de tropas para áreas da cidade tem questões de legislação... Serviço de inteligência, quando bem-feito, ninguém sabe quem fez. E já houve trabalho de inteligência do Exército no combate a civis". Mon Dieu! Macacos me mordam! Ele defende o uso de inteligência do exército no combate a civis! Tudo bem, o exército sempre pode cooperar, mas a maneira como ele se posiciona, parece que está mesmo incentivando um golpe! Primeiro fala que o governo quer suprimir as leis e a propriedade privada, e depois diz que o exército pode usar seu serviço de inteligência para combater civis! Onde ele quer chegar! * Mais manifestações golpistas:
  1. Editorial velhaco e velhusco do Estadão, talvez copiado de alguma edição de março de 1964. Eles atacam o presidente dia e noite, desde que ele tomou posse, e quando Lula reage, eles se colocam como vítimas inocentes.
  2. Dora Kramer e Merval Pereira e suas xaropadas reaças de sempre.
Eu me irritei mesmo com essa notinha do Ancelmo Goes:
Mundo maluco II - O Clube Militar promove hoje um seminário "Democracia & Liberdade de Expressão". No mesmo dia, em São Paulo, alguns sindicatos realizam um ato contra a imprensa. Na ditadura, era o contrário.
Goes sabe muito bem que não era bem assim. Os sindicatos, na época de Jango, apoiavam o governo e também viviam em pé de guerra com a imprensa, a qual, por sua vez, tambem acusava dia e noite o governo de pretender instalar um regime totalitário no país.

Fim de um ciclo em que a velha mídia foi soberana

Por Luís Nassif

Dia após dia, episódio após episódio, vem se confirmando o cenário que traçamos aqui desde meados do ano passado: o suicídio do PSDB apostando as fichas em José Serra; a reestruturação partidária pós-eleições; o novo papel de Aécio Neves no cenário político; o pacto espúrio de Serra com a velha mídia, destruindo a oposição e a reputação dos jornais; os riscos para a liberdade de opinião, caso ele fosse eleito; a perda gradativa de influência da velha mídia.

O provável anúncio da saída de Aécio Neves marca oficialmente o fim do PSDB e da aliança com a velha mídia carioca-paulista que lhe forneceu a hegemonia política de 1994 a 2002 e a hegemonia sobre a oposição no período posterior.

Daqui para frente, o outrora glorioso PSDB, que em outros tempos encarnou a esperança de racionalidade administrativa, de não-sectarismo, será reduzido a uma reedição do velho PRP (Partido Republicano Paulista), encastelado em São Paulo e comandado por um político – Geraldo Alckmin – sem expressão nacional.

O Fim de um período odioso

Restarão os ecos da mais odiosa campanha política da moderna história brasileira – um processo que se iniciou cinco anos atrás, com o uso intensivo da injúria, o exercício recorrente do assassinato de reputações, conseguindo suplantar em baixaria e falta de escrúpulos até a campanha de Fernando Collor em 1989.

As quarenta capas de Veja – culminando com a que aparece chutando o presidente – entrarão para a história do anti-jornalismo nacional. Os ataques de parajornalistas a jornalistas, patrocinados por Serra e admitidos por Roberto Civita, marcarão a categoria por décadas, como símbolo do período mais abjeto de uma história que começa gloriosa, com a campanha das diretas, e se encerra melancólica, exibindo um esgoto a céu aberto.

Levará anos para que o rancor seja extirpado da comunidade dos jornalistas, diluindo o envenenamento geral que tomou conta da classe.

A verdadeira história desse desastre ainda levará algum tempo para ser contada, o pacto com diretores da velha mídia, a noite de São Bartolomeu, para afastar os dissidentes, os assassinatos de reputação de jornalistas e políticos, adversários e até aliados, bancados diretamente por Serra, a tentativa de criar dossiês contra Aécio, da mesma maneira que utilizou contra Roseana, Tasso e Paulo Renato.

O general que traiu seu exército

Do cenário político desaparecerá também o DEM, com seus militantes distribuindo-se pelo PMDB e pelo PV.

Encerra-se a carreira de Freire, Jungman, Itagiba, Guerra, Álvaro Dias, Virgilio, Heráclito, Bornhausen, do meu amigo Vellozo Lucas, de Márcio Fortes e tantos outros que apostaram suas fichas em uma liderança destrambelhada e egocêntrica, atuando à sombra das conspirações subterrâneas.

Em todo esse período, Serra pensou apenas nele. Sua campanha foi montada para blindá-lo e à família das informações que virão à tona com o livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr e da exposição de suas ligações com Daniel Dantas.

Todos os dias, obsessivamente, preocupou-se em vitimizar a filha e a ele, para que qualquer investigação futura sobre seus negócios possa ser rebatida com o argumento de perseguição política.

A interrupção da entrevista à CNT expôs de maneira didática essa estratégia que vinha sendo cantada há tempos aqui, para explicar uma campanha eleitoral sem pé nem cabeça. Seu argumento para Márcia Peltier foi: ocorreu um desrespeito aos direitos individuais da minha filha; o resto é desculpa para esconder o crime principal.

Para salvar a pele, não vacilou em destruir a oposição, em tentar destruir a estabilidade política, em liquidar com a carreira de seus seguidores mais fiéis.

Mesmo depois que todas as pesquisas qualitativas falavam na perda de votos com o denuncismo exacerbado, mesmo com o clima político tornando-se irrespirável, prosseguiu nessa aventura insana, afundando os aliados a cada nova pesquisa e a cada nova denúncia.

Com isso, expôs de tal maneira a filha, que não será mais possível varrer suas estripulias para debaixo do tapete.

A marcha da história

Os episódios dos últimos dias me lembram a lavagem das escadarias do Senhor do Bonfim. Dejetos, lixo, figuras soturnas, almas penadas, todos sendo varridos pela água abundante e revitalizadora da marcha da história.

Dia após dia, mês após mês, quem tem sensibilidade analítica percebia movimentos tectônicos irresistíveis da história.

Primeiro, o desabrochar de uma nova sociedade de consumo de massas, a ascensão dos novos brasileiros ao mercado de consumo e ao mercado político, o Bolsa Família com seu cartão eletrônico, libertando os eleitores dos currais controlados por coronéis regionais.

Depois, a construção gradativa de uma nova sociedade civil, organizando-se em torno de conselhos municipais, estaduais, ONGs, pontos de cultura, associações, sindicatos, conselhos de secretários, pela periferia e pela Internet, sepultando o velho modelo autárquico de governar sem conversar.

Mesmo debaixo do tiroteio cerrado, a nova opinião pública florescia através da blogosfera.

Foi de extremo simbolismo o episódio com o deputado do interior do Rio Grande do Sul, integrante do baixo clero, que resolveu enfrentar a poderosa Rede Globo.

Durante dias, jornalistas vociferantes investiram contra UM deputado inexpressivo, para puni-lo pelo atrevimento de enfrentar os deuses do Olimpo. Matérias no Jornal Nacional, reportagens em O Globo, ataques pela CBN, parecia o exército dos Estados Unidos se valendo das mais poderosas armas de destruição contra um pequeno povoado perdido.

E o gauchão, dando de ombros: meus eleitores não ligam para essa imprensa. Nem me lembro do seu nome. Mas seu desprezo pela força da velha mídia, sem nenhuma presunção de heroísmo, de fazer história, ainda será reconhecido como o momento mais simbólico dessa nova era.

Os novos tempos

A Rede Record ganhou musculatura, a Bandeirantes nunca teve alinhamento automático com a Globo, a ex-Manchete parece querer erguer-se da irrelevância. De jornal nacional, com tiragem e influência distribuídas por todos os estados, a Folha foi se tornando mais e mais um jornal paulista, assim como o Estadão. A influência da velha mídia se viu reduzida à rede Globo e à CBN. A Abril se debate, faz das tripas coração para esconder a queda de tiragem da Veja.

A blogosfera foi se organizando de maneira espontânea, para enfrentar a barreira de desinformação, fazendo o contraponto à velha mídia não apenas entre leitores bem informados como também junto à imprensa fora do eixo Rio-São Paulo. O fim do controle das verbas publicitárias pela grande mídia, gradativamente passou a revitalizar a mídia do interior. Em temas nacionais, deixou de existir seu alinhamento automático com a velha mídia.

Em breve, mudanças na Lei Geral das Comunicações abrirão espaço para novos grupos entrarem, impondo finalmente a modernização e o arejamento ao derradeiro setor anacrônico de um país que clama pela modernização.

As ameaças à liberdade de opinião

Dia desses, me perguntaram no Twitter qual a probabilidade da imprensa ser calada pelo próximo governo. Disse que era de 25% - o percentual de votos de Serra. Espero, agora, que caia abaixo dos 20% e que seja ultrapassado pela umidade relativa do ar, para que um vento refrescante e revitalizador venha aliviar a política brasileira e o clima de São Paulo.

terça-feira, setembro 21, 2010

Só paraense pra entender o treco

"Um dia eu tava buiado, pensei em ir lá em baixo comprar uns tamatás.

Tava numa murrinha, mas criei coragem, peguei o sacrabala e fui.

Chequei tarde só tinha peixe dispré. O maninho que estava vendendo tinha uma teba de orelha do tamanho dum bonde. O gala-seca espirrou em cima do tamatá do moço que tinha acabado de comprar, e no meu tembéim.

Ficou tudo cheio de bustela...Axiiiiiii, porcaria! Não é potoca, não.

O dono do tamatá muquiou o orelha-de-nós-todos, mas malinou mesmo.

Saí dalí e fui comer uma unha. Escolhi uma porruda! Égua, quase levei o farelo depois. Me deu um piriri. Também...perece leso, comprar unha no veropa. Comprei uns mexilhões, um cupu e um pirarucu, muito fiiiiiirme, mas um pouco pitiú.

Fui pra parada esperar o busão. Lá tinha duas pipira varejeira fazendo graça. Eu pensando com meus botões...ÊEEEE, ela já quer... Mas, veio um Paar-Ceasa sequinho e elas entraram...Fiquei na roça, levei o farelo. O sacrabala veio cheio e ainda começou a cair um toró, égua-muleke-tédoidé, pense num bonde lotado. Eu disse: éguaaaaaaaa, vô imbora logo.

No sacrabala lotado, com o vidro fechado por causa da chuva, começa aquele calor muito palha. Uma velha estava quase despombalecendo. Daí o velho que tava com ela gritava arreda aí menino pra senhora sentar aí do teu lado.

O menino falou: Humm, tá, cheiroso..

By email por Artur Monteiro.

quinta-feira, setembro 16, 2010

Advogado Américo Leal diz: Tucanos mandaram atirar no MST

Pesquisa fresquinha!

Direto do Bilhetim de Edir Veiga a pesquisa do Veritate vai dando 2° turno no Pará.

Vejam a postagem na íntegra.

Pesquisa LCP/UFPA/Veritate: os números.

Até as 17 hs e 17 minutos nenhuma citação judicial chegou até a Veritate. As 17.16 minutos completou o prazo legal para a publicação dos dados referentres à pesquisa LCP/UFPA/Veritate.

A apresentação está muito simples, desculpem o dia foi muito corrido. Cada meio de comunicação receberá um CD com o relatório completo da pesquisa.

Protocolo da pesquisa número 16558/2010 TSE/TRE-PA.

Relatório Sintético do resultado da pesquisa LCP/UFPA/Veritate

Para Senador:

Jader 33.5%

Paulo Rocha 22.4%

Flexa 21.3%

Marinor 4.2%

Abel Ribeiro 1.1%

Prof. Neide 1.4%

Paulo Braga 1.2%

João Agugusto 1.2%

Savanas 0.3%

Yamada 0.4%

Governador (espontânea)

Jatene 36.7%

Ana Júlia 21.3%

Juvenil 4.7%

Cleber Rabelo 0.7%

Fernando Carneiro 0.6%

Outro 0.2%

Nenhum/branco/nulo 10.4%

Sem resposta 25.4%

Total 100%

Governador (estimulada)

Jatene 41.6%

Ana Júlia 24.5%

Juvenil 5.6%

F.Carneiro 1.4%

Cleber Rabelo 1.1%

Nenhum/branco/nulo 11.7%

Sem resposta 14.1%

O Pacificador?

Em abril de 1996, em pleno governo tucano de Almir Gabriel e Simão Jatene sob ordens dos acionistas da Vale do Rio Doce - Privatizada pelo governo FHC em parceria com os próprios - repassam a ordem aos comandos da PM de Marabá e Parauapebas para desobstruirem "à qualquer custo" a linha do trem que levava nossas riquezas extraídas pela CVRD

Quem estava impedindo a saída dos vagões cheios de minérios era o MST e 19 vidas foram ceifadas - com muitos tiros dados à queima roupa - transformando aquele dia no mais sangrento capítulo da história dos conflitos agrários do Brasil.

A vergonhosa atitude dos governantes tucanos, foi condenada por diversos organismos internacionais e até hoje configura-se como um atentado à vida e aos direitos humanos.

Como se nada disso estivesse escrito, falado e televisionado, assessores de comunicação do agora candidato Simão Jatene, tentam ocultar sua história reacionária e responsável pelas grande mazelas em nosso Estado, à exemplo desta.

É preciso mentir pra sí mesmo para acreditar que o homem que há décadas está pregado no concreto da máquina pública do Estado não seja cumplice - quando não autor - das maiores decisões que impediram nosso Pará se desenvolver com equilíbrio econômico-social, direitos humanos, distribuição de renda e paz no campo.

Saudações à quem tem coragem, principalmente coragem de lembrar e fazer outros lembrarem!

Acelera...

segunda-feira, setembro 13, 2010

Sinais Trocados

Por Leandro Fortes* na Carta Carta Capital
Em 30 de janeiro de 2001, o peemedebista Michel Temer, então presidente da Câmara dos Deputados, enviou um ofício ao Banco Central, comandado à época pelo economista Armínio Fraga. Queria explicações sobre um caso escabroso. Naquele mesmo mês, por cerca de 20 dias, os dados de quase 60 milhões de correntistas brasileiros haviam ficado expostos à visitação pública na internet, no que é, provavelmente uma das maiores quebras de sigilo bancário da história do País. O site responsável pelo crime, filial brasileira de uma empresa argentina, se chamava Decidir.com e, curiosamente, tinha registro em Miami, nos Estados Unidos, em nome de seis sócios. Dois deles eram empresárias brasileiras: Verônica Allende Serra e Verônica Dantas Rodenburg.
Ironia do destino, a advogada Verônica Serra, 41 anos, é hoje a principal estrela da campanha política do pai, José Serra, justamente por ser vítima de uma ainda mal explicada quebra de sigilo fiscal cometida por funcionários da Receita Federal. A violação dos dados de Verônica tem sido extensamente explorada na campanha eleitoral. Serra acusou diretamente Dilma Rousseff de responsabilidade pelo crime, embora tenha abrandado o discurso nos últimos dias.
Naquele começo de 2001, ainda durante o segundo mandato do presidente FHC, Temer não haveria de receber uma reposta de Fraga. Esta, se enviada algum dia, nunca foi registrada no protocolo da presidência da Casa. O deputado deixou o cargo menos de um mês depois de enviar o ofício ao Banco Central e foi sucedido pelo tucano Aécio Neves, ex-governador de Minas Gerais, hoje candidato ao Senado. Passados nove anos, o hoje candidato a vice na chapa de Dilma Rousseff garante que nunca mais teve qualquer informação sobre o assunto, nem do Banco Central nem de autoridade federal alguma. Nem ele nem ninguém.
Graças à leniência do governo FHC e à então boa vontade da mídia, que não enxergou, como agora, nenhum indício de um grave atentado contra os direitos dos cidadãos, a história ficou reduzida a um escândalo de emissão de cheques sem fundos por parte de deputados federais.
Temer decidiu chamar o Banco Central às falas no mesmo dia em que uma matéria da Folha de São Paulo informava que, graças ao passe livre do Decidir.com, era possível a qualquer um acessar não só os dados bancários de todos os brasileiros com conta corrente ativa, mas também o Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos (CCF), a chamada “lista negra”do BC. Com base nessa facilidade, o jornal paulistano acessou os dados bancários de 692 autoridades brasileiras e se concentrou na existência de 18 deputados enrolados com cheques sem fundos, posteriormente constrangidos pela exposição pública de suas mazelas financeiras.
Entre esses parlamentares despontava o deputado Severino Cavalcanti, então do PPB (atual PP) de Pernambuco, que acabaria por se tornar presidente da Câmara dos Deputados, em 2005, com o apoio da oposição comandada pelo PSDB e pelo ex-PFL (atual DEM). Os congressistas expostos pela reportagem pertenciam a partidos diversos: um do PL, um do PPB, dois do PT, três do PFL, cinco do PSDB e seis do PMDB. Desses, apenas três permanecem com mandato na Câmara, Paulo Rocha (PT-PA), Gervásio Silva (DEM-SC) e Aníbal Gomes (PMDB-CE). Por conta da campanha eleitoral, CartaCapital conseguiu contato com apenas um deles, Paulo Rocha. Via assessoria de imprensa, ele informou apenas não se lembrar de ter entrado ou não com alguma ação judicial contra a Decidir.com por causa da quebra de sigilo bancário.
Na época do ocorrido, a reportagem da Folha ignorou a presença societária na Decidir.com tanto de Verônica Serra, filha do candidato tucano, como de Verônica Dantas, irmã do banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity. Verônica D. e o irmão Dantas foram indiciados, em 2008, pela Operação Satiagraha, da Polícia Federal, por crimes de lavagem de dinheiro, evasão de divisas, sonegação fiscal, formação de quadrilha, gestão fraudulenta de instituição financeira e empréstimo vedado. Verônica também é investigada por participação no suborno a um delegado federal que resultou na condenação do irmão a dez anos de cadeia. E também por irregularidades cometidas pelo Opportunity Fund: nos anos 90, à revelia das leis brasileiras, o fundo operava dinheiro de nacionais no exterior por meio de uma facilidade criada pelo BC chamada Anexo IV e dirigida apenas a estrangeiros.
A forma como a empresa das duas Verônicas conseguiu acesso aos dados de milhões de correntistas brasileiros, feita a partir de um convênio com o Banco do Brasil, sob a presidência do tucano Paolo Zaghen, é fruto de uma negociação nebulosa. A Decidir.com não existe mais no Brasil desde março de 2002, quando foi tornada inativa em Miami, e a dupla tem se recusado, sistematicamente, a sequer admitir que fossem sócias, apesar das evidências documentais a respeito. À época, uma funcionária do site, Cíntia Yamamoto, disse ao jornal que a Decidir.com dedicava-se a orientar o comércio sobre a inadimplência de pessoas físicas e jurídicas, nos moldes da Serasa, empresa criada por bancos em 1968. Uma “falha”no sistema teria deixado os dados abertos ao público. Para acessá-los, bastava digitar o nome completo dos correntistas.
A informação dada por Yamamoto não era, porém, verdadeira. O site da Decidir.com, da forma como foi criado em Miami, tinha o seguinte aviso para potenciais clientes interessados em participar de negócios no Brasil: “encontre em nossa base de licitações a oportunidade certa para se tornar um fornecedor do Estado”. Era, por assim dizer, um balcão facilitador montado nos Estados Unidos que tinha como sócias a filha do então ministro da Saúde, titular de uma pasta recheada de pesadas licitações, e a irmã de um banqueiro que havia participado ativamente das privatizações do governo FHC.
A ação do Decidir.com é crime de quebra de sigilo fiscal. O uso do CCF do Banco Central é disciplinado pela Resolução 1.682 do Conselho Monetário Nacional, de 31 de janeiro de 1990, que proíbe divulgação de dados a terceiros. A divulgação das informações também é caracterizada como quebra de sigilo bancário pela Lei n˚ 4.595, de 1964. O Banco Central deveria ter instaurado um processo administrativo para averiguar os termos do convênio feito entre a Decidir.com e o Banco do Brasil, pois a empresa não era uma entidade de defesa do crédito, mas de promoção de concorrência. As duas também deveriam ter sido alvo de uma investigação da polícia federal, mas nada disso ocorreu. O ministro da Justiça de então era José Gregori, atual tesoureiro da campanha de Serra.
A inércia do Ministério da Justiça, no caso, pode ser explicada pelas circunstâncias políticas do período. A Polícia Federal era comandada por um tucano de carteirinha, o delgado Agílio Monteiro Filho, que chegou a se candidatar, sem sucesso, à Câmara dos Deputados em 2002, pelo PSDB. A vida de Serra e de outros integrantes do partido, entre os quais o presidente Fernando Henrique, estava razoavelmente bagunçada por conta de outra investigação, relativa ao caso do chamado Dossiê Cayman, uma papelada falsa, forjada por uma quadrilha de brasileiros em Miami, que insinuava a existência de uma conta tucana clandestina no Caribe para guardar dinheiro supostamente desviado das privatizações. Portanto, uma nova investigação a envolver Serra, ainda mais com a família de Dantas a reboque, seria politicamente um desastre para quem pretendia, no ano seguinte, se candidatar à Presidência. A morte súbita do caso, sem que nenhuma autoridade federal tivesse se animado a investigar a monumental quebra de sigilo bancário não chega a ser, por isso, um mistério insondável.
Além de Temer, apenas outro parlamentar, o ex-deputado bispo Wanderval, que pertencia ao PL de São Paulo, se interessou pelo assunto. Em fevereiro de 2001, ele encaminhou um requerimento de informações ao então ministro da Fazenda, Pedro Malan, no qual solicitava providências a respeito do vazamento de informações bancárias promovido pela Decidir.com. Fora da política desde 2006, o bispo não foi encontrado por CartaCapital para informar se houve resposta. Também procurada, a assessoria do Banco Central não deu qualquer informação oficial sobre as razões de o órgão não ter tomado medidas administrativas e judiciais quando soube da quebra de sigilo bancário.
Fundada em 5 de março de 2000, a Decidir.com foi registrada na Divisão de Corporações do estado da Flórida, com endereço em um prédio comercial da elegante Brickell Avenue, em Miami. Tratava-se da subsidiária americana de uma empresa de mesmo nome criada na Argentina, mas também com filiais no Chile (onde Verônica Serra nasceu, em 1969, quando o pai estava exilado), México, Venezuela e Brasil. A diretoria-executiva registrada em Miami era composta, além de Verônica Serra, por Verônica Dantas, do Oportunity, Brian Kim, do Citibank, e por mais três sócios da Decidir.com da Argentina, Guy Nevo, Esteban Nofal e Esteban Brenman. À época, o Citi era o grande fiador dos negócios de Dantas mundo afora. Segundo informação das autoridades dos Estados Unidos, a empresa fechou dois anos depois, em 5 de março de 2002. Manteve-se apenas em Buenos Aires, mas com um novo slogan: “com os nossos serviços você poderá concretizar negócios seguros, evitando riscos desnecessários”.
Quando se associou a Verônica D. Na Decidir.com, em 2000, Verônica S. era diretora para a América Latina da companhia de investimentos International Real Returns (IRR), de Nova York, que administrava uma carteira de negócios de 660 bilhões de dólares. Advogada formada pela Universidade de São Paulo, com pós-graduação em Harvard, nos EUA, Verônica S. Também se tornou conselheira de uma série de companhias dedicadas ao comércio digital na América Latina, entre elas a Patagon.com, Chinook.com, TokenZone.com, Gemelo.com, Edgix, BB2W, Latinarte.com, Movilogic e Endeavor Brasil. Entre 1997 e 1998, havia sido vice-presidente da Leucadia National Corporation, uma companhia de investimentos de 3 bilhões de dólares especializada nos mercados da América Latina, Ásia e Europa. Também foi funcionária do Goldman Sachs, em Nova York.
Verônica S. ainda era sócia do pai na ACP – Análise da Conjuntura Econômica e Perspectivas Ltda, fundada em 1993. A empresa funcionava em um escritório no bairro da Vila Madalena, em São Paulo, cujo proprietário era o cunhado do candidato tucano, Gregório Marin Preciado, ex-integrante do conselho de administração do Banco do Estado de São Paulo (Banespa), nomeado quando Serra era secretário de Planejamento do governo de São Paulo, em 1993. Preciado obteve uma redução de dívida no Banco do Brasil de 448 milhões de reais para irrisórios 4,1 milhões de reais no governo FHC, quando Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-arrecadador de campanha de Serra, era diretor da área internacional do BB e articulava as privatizações.
Por coincidência, as relações de Verônica S. com a Decidir.com e a ACP fazem parte do livro Os Porões da Privataria, a ser lançado pelo jornalista Amaury Ribeiro Jr. Em 2011.
De acordo com o texto de Ribeiro Jr., a Decidir.com foi basicamente financiada, no Brasil, pelo Banco Opportunity com um capital de 5 milhões de dólares. Em seguida, transferiu-se, com o nome de Decidir International Limited, para o escritório do Ctco Building, em Road Town, Ilha de Tortola, nas Ilhas Virgens Britânicas, famoso paraíso fiscal no Caribe. De lá, afirma o jornalista, a Decidir.com internalizou 10 milhões de reais em ações da empresa no Brasil, que funcionava no escritório da própria Verônica S. A essas empresas deslocadas para vários lugares, mas sempre com o mesmo nome, o repórter apelida, no livro, de “empresas-camaleão”.
Oficialmente, Verônica S. e Verônica D. abandonaram a Decidir.com em março de 2001 por conta do chamado “estouro da bolha” da internet – iniciado um ano antes, em 2000, quando elas se associaram em Miami. A saída de ambas da sociedade coincide, porém, com a operação abafa que se seguiu à notícia sobre a quebra de sigilo bancário dos brasileiros pela companhia. Em julho de 2008, logo depois da Operação Satiagraha, a filha de Serra chegou a divulgar uma nota oficial para tentar descolar o seu nome da irmã de Dantas. “Não conheço Verônica Dantas, nem pessoalmente, nem de vista, nem por telefone, nem por e-mail”, anunciou.
Segundo ela, a irmã do banqueiro nunca participou de nenhuma reunião de conselho da Decidir.com. Os encontros mensais ocorriam, em geral, em Buenos Aires. Verônica Serra garantiu que a xará foi apenas “indicada”pelo Consórcio Citibank Venture Capital (CVC)/Opportunity como representante no conselho de administração da empresa fundada em Miami. Ela também negou ter sido sócia da Decidir.com, mas apenas “representante”da IRR na empresa. Mas os documentos oficiais a desmentem.
* Leandro Fortes é jornalista, professor e escritor, autor dos livros Jornalismo Investigativo, Cayman: o dossiê do medo e Fragmentos da Grande Guerra, entre outros. Mantém um blog chamado Brasília eu Vi. http://brasiliaeuvi.wordpress.com

quarta-feira, setembro 08, 2010

Ana Júlia diz que PSDB sucateou a Cosanpa para privatizá-la

Ana Júlia Carepa (PT), candidata à reeleição ao governo do Estado pela Frente Popular Acelera Pará, assegurou que manterá a Companhia de Saneamento (Cosanpa) estatizada, na manhã desta quarta-feira, 8, durante entrevista ao vivo, no estúdio da Rádio Marajoara, transmitida para as regiões Metropolitana, Marajó e Baixo Amazonas. Ela disse que, quando assumiu o governo, em 2007, encontrou a Cosanpa sucateada, preparada para a privatização. “Fortalecemos a Cosanpa. Fizemos 40 mil ligações de água no nosso governo. Se a oposição voltar, o futuro da Cosanpa será a privatização. O serviço vai piorar e ficar mais caro, assim como eles fizeram com a Celpa”, disse Ana Júlia. Ela também falou do "desespero" tucano ao esconder Serra no Pará e tentar pegar carona na aprovação do presidente Lula.

A entrevista foi transmitida em cadeia pelas emissoras 100,9 FM e Marajoara AM, de Belém, Ximango, de Alenquer e Guarany, de Soure. Durante uma hora, Ana Júlia respondeu perguntas do apresentador Afonso Melo sobre as ações realizadas e as metas para o próximo mandato nas áreas de saúde, educação e segurança pública, entre outros.

DESESPERO TUCANO - Ana Júlia também respondeu sobre o fato do seu adversário usar imagens do presidente Lula em seu horário eleitoral, enquanto esconde o candidato a presidente do partido dele, o PSDB: “Isso é desespero. Eles escondem o Serra. Querem pegar o embalo do Lula porque ele tem altíssimo índice de aprovação popular. Mas eles sempre fizeram oposição ao Lula, sempre votaram contra o Lula, atrapalharam o governo dele. E agora tentam colar no Lula, pensam que o povo é bobo”, frisou Ana Júlia.

A candidata ressaltou a importância da parceria da gestão atual no governo do Estado com o presidente Lula, que ajudou a trazer ao Pará as obras estruturantes que estão atraindo investidores ao Estado. “Foi preciso eu ser eleita para buscar para o Pará a siderúrgica da Vale que eles já tinham perdido para o Maranhão. Eles não se importaram. Eu fui lá em Brasília buscar eclusas (de Tucuruí), hidrovia (do Araguaia-Tocantins) e Belo Monte (hidrelétrica)”, lembrou Ana Júlia, citando as obras que trouxeram viabilidade econômica para a Vale escoar a produção da Aços Laminados do Pará, que irá, pela primeira vez, industrializar o minério de ferro dentro do Estado, gerando emprego e renda à população local.

As obras de infra-estrutura, os incentivos fiscais e a regularização fundiária e ambiental ajudaram a atrair 11 mil empresas ao Estado, somente nos últimos 12 meses. O Pará bateu recorde com a geração de quase 40 mil empregos. A previsão do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) é de que mais 120 mil empregos serão gerados no Estado nos próximos quatro anos. No entanto, Ana Júlia confidenciou que, no ritmo que o Pará está crescendo, a estimativa de empregos será superada. “Avançamos muito em todas as áreas, mas precisamos avançar mais (...) Primeiro foi com o Lula e agora vou fazer parceria com a Dilma (Rousseff – PT)”, concluiu.

Fonte: www.anajulia13.com.br

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segunda-feira, setembro 06, 2010

Porque a Dolly não saiu candidata?

http://www.blogsdoalem.com.br/dolly/ SÓ NÃO QUERO QUE ME RIDICULARIZEM

Estava aqui ruminando umas ideias e cheguei à conclusão de que encerrei minha carreira muito cedo. Eu poderia ter me candidatado a deputada no Brasil. Percebi isso vendo o horário eleitoral gratuito. Em apenas 15 minutos, desfilaram na minha frente nada menos que Tiririca, Maguila, Ronaldo Esper, Kiko e Leandro do KLB, Frank Aguiar, Marcelinho Carioca, Agnaldo Timóteo, Mulher Pêra e o Quercia, o mais estranho de todos.

Apesar de aparentarem ser bastante diferentes entre si, essas candidaturas têm muito em comum. Me acompanhe. Estão baseadas na notoriedade obtida fora ou longe da política. Se sabem bizarras. Não apresentam plataforma alguma. As carreiras desses candidatos, em suas atividades de origem, já deram o que tinham de dar, com exceção do KLB, que nunca teve o que dar. Não demonstram nenhuma vinculação ideológica com o partido que os acolheu. E quando fazem promessas, essas são completamente genéricas. Ou seja, todos parecem ter sido clonados a partir da mesma célula de um mamífero adulto: o Homo absentis vergonhes.

Então, clone por clone, as pessoas poderiam votar na Dolly. Eu pelo menos sou o clone original. Minha candidatura teria muitos pontos fortes. Eu nem precisaria recorrer a apelos do tipo ”estive todo o tempo com o Lula” nem que “vou melhorar o que ele fez”. Minha plataforma seria clara e objetiva: apoio aos grileiros. O que o Brasil precisa é de mais terra para pastagens. Se eleita, eu dispensaria o auxílio moradia, desde que me liberassem, de terça a quinta, o canteiro do Congresso. Junto ao grande eleitorado evangélico, eu poderia me apresentar como um cordeiro que tem em Deus o seu pastor.

E o aspecto importante a destacar é que, como fui clonada a partir de células mamárias, minha aptidão fisiológica para o cargo já estaria geneticamente assegurada.

Que fique claro que não sou contra toda candidatura. Acho, por exemplo, a candidatura do marido da Mara uma maravilha. Esse é o preço da democracia, todos têm o direito de querer representar os seus próprios interesses ou de suas famílias. Só penso que, observando a natureza dos atuais candidatos, deveríamos estender esse direito aos animais invertebrados também. O regime democrático ainda é a melhor maneira de contemplar os ideais de liberdade e igualdade. Dou minha blusa de lã para quem encontrar uma alternativa melhor.

MP pede quebra de sigilo bancário e fiscal do prefeito de Ananindeua

O blog recebeu o processo de número  0810605-68.2024.8.14.0000,  que tramita no Tribunal de Justiça do Esado do Pará e se encontra em sigilo...