Penso que há algumas avaliações bastante equivocadas sobre a derrota da minha xará, Ana Júlia Carepa, nestas eleições.
Creio que algumas pessoas andam a confundir os sintomas com a doença – e isso é tanto mais complicado porque estamos a lidar com um caso concreto.
Ora, diz-se que Ana perdeu por erros da Comunicação e de articulação política.
Mas tais erros – que existiram de fato – foram apenas as conseqüências, e não a causa.
A causa mesma foi a opção que Ana Júlia fez por sua corrente política, a Democracia Socialista (DS).
E isso foi uma escolha, não alguma coisa a que a tivessem obrigado, até porque ela é maior de idade e, presume-se, não padece de problemas mentais. Além disso, possuía poder suficiente para se livrar desse grupo a hora que bem entendesse.
Então, Ana Júlia fez uma escolha por aquilo que lhe pareceu, sabe-se lá por que, o mais importante.
E dessa escolha é que nasceram os erros da propaganda, da articulação política e de tantos outros setores essenciais à manutenção do poder.
Quem é que dava as cartas na propaganda? A DS. Quem é que dava as cartas na articulação política? A DS. À quem, em suma, pertencia a última palavra sobre os rumos e até sobre as eventuais mexidas no Governo? À DS.
Então, o xis da questão foi a escolha que a minha xará fez de delegar o poder a uma espécie de triunvirato.
Todo o resto não passa de conseqüência dessa opção.
O PT errou por não intervir decididamente nessa concentração do poder nas mãos da DS? É claro que errou.
E é um erro que não é assim tão simples quanto parece, já que tem a ver com a própria relação do partido com essas tendências minoritárias e sectárias.
Afinal, é a segunda vez que o PT se esborracha, ao chegar ao poder através de correntes assim – a primeira foi na capital.
Mas aí fica a pergunta: como intervir decididamente, dar “murro na mesa” de um governante? E como fazer isso sem que a emenda acabe se revelando pior que o soneto, em termos de desgaste perante a opinião pública?
E mais: como realizar uma articulação política com um mínimo de credibilidade, num governo que se transformou num monstro de duas cabeças, que ora puxa para um lado, ora para o outro?
Até porque, mesmo que se conseguisse encostar o governante na parede, ainda assim ele permaneceria como o detentor da caneta.
Sempre disse aqui que o problema genético desse governo foi o fato de Ana pertencer a uma corrente minoritária e sectária – e à qual ela sempre demonstrou uma fidelidade canina.
Ora, os tucanos governaram o Pará por 12 anos, com uma ampla base de sustentação e também fizeram campanhas a comandar coligações até mais amplas que a Acelera Pará.
E olhem que nas campanhas municipais o pau comia entre os partidos coligados na esfera estadual – até porque as campanhas municipais são o momento em que todo mundo tem mais é de se cacifar.
Mas penso que os problemas eventualmente vividos pelos tucanos no comando dessas coligações foram fichinha perto do que se viu nesse governo da DS.
Até porque Almir e Jatene – quer se goste ou não – eram lideranças reconhecidas pelas demais lideranças políticas; tinham, de fato, a última palavra sobre o que acontecia ou deixava de acontecer no governo.
Já esse triunvirato jamais foi – e nem poderia ser – reconhecido pelas lideranças políticas. Aliás, jamais foi reconhecido nem mesmo pelo PT. Afinal, sempre faltou a esses senhores o principal: o mandato, a delegação de poder, de milhões de paraenses.
Sem falar, é claro, na absoluta incompetência política desses senhores, e na arrogância, o ar “doutoral”, que não lhes permitiu reconhecer a experiência das demais lideranças, nem mesmo quando pertencentes ao próprio PT.
Não reconhecer tudo isso, é tentar tapar o sol com a peneira; é tentar passar a mão – talvez até por certa nostalgia – na cabeça da DS.
Mesmo a desastrada campanha política que sepultou os sonhos de reeleição de Ana Júlia Carepa tem por trás a folha corrida da DS.
Quem foi que, afinal de contas, escolheu e manteve até o fim a Link Propaganda? Um doce para quem adivinhar...
Já estava tudo perdido em junho? Não, não estava.
Pelo contrário: devido à ampla coligação que a apoiava e ao fato de deter a máquina federal e estadual, além de dezenas de prefeituras, a cidadã Ana Júlia Carepa era, de fato, a favorita dessa disputa.
Só quem nunca fez campanha política é que se assusta com rejeição – e ainda mais se o sujeito detiver a máquina.
Porque campanha política bem feita “ressuscita defunto”, quase que literalmente.
Parece pouco, mas esses três ou quatro meses são suficientes para transformar a imagem de qualquer pessoa da água pro vinho.
Mas para isso é preciso uma boa estratégia de marketing e um bom comando de campanha.
No entanto, até essa derradeira oportunidade de “ressurreição” acabou “sepultada” pela escolha de Ana Júlia.
Que lhe ornamentem o velório, portanto, as flores e as lágrimas de crocodilo da sua DS.
FUUUUIIIIIII!!!!!!!
PS: na caixinha de comentários da postagem anterior faço um comentário um pouco mais longo sobre os erros de campanha da Link Propaganda.
.............. Pra todos aqueles que nunca desistirão de lutar por um mundo melhor!