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quinta-feira, julho 27, 2017

REACIONARISMO - Entre o medo, o desdém e a cólera: o avanço da extrema direita no Brasil


Por Raphael Silva Fagundes, no Le Monde Deplomatique Brasil

A extrema direita tem uma função útil para o mercado e para o governo golpista: usar os seus seguidores para “criminalizar” e estigmatizar toda a esquerda e transformar, por conseguinte, a luta por liberdade e justiça social em uma falácia. É lógico que se aproveitam das condições sócio-históricas da democracia atual, onde uma massa de cidadãos desencantados, desorientados e descontentes, não sabem a quem ser leais. 

Quem prepara os meios pelos quais se apoderaria de mim está em guerra comigo, embora não esteja ainda me lançando dardos nem flechas.

Essa é uma frase de Demóstenes, orador grego que no discurso conhecido como a Terceira Filípica tenta convencer os atenienses a se protegerem do avanço de Filipe II da Macedônia em meados do século IV a. C. O orador e político da era clássica procura esclarecer os cidadãos de que, embora Filipe II pareça não querer invadir a cidade de Atenas, ele está se armando e conquistando todas as cidades vizinhas. Os gregos não podiam dormir, precisavam se atentar para a expansão do rei macedônio: “Digo que, se o repelirdes já, sereis sensato, mas, se negligenciardes, não podereis mais fazê-lo, quando quiserdes”.[1]

Essa é uma lição dos antigos que pode muito bem ser útil para lidarmos com o avanço da extrema direita no Brasil atual. Alguns acham que falar dela é dar ibope demais, outros, por sua vez, têm medo de pronunciar o nome “Bolsonaro”, acreditando que assim ele pode ficar famoso já que, em uma época de algoritmos nas redes sociais, ter o nome citado diversas vezes é um caminho para se tornar viral. Mas será isso prudente?

Como iremos nos calar perante um fenômeno social real, que não assola somente o brasileiro, mas a própria democracia ocidental? Isso já aconteceu uma vez. “Cabe lembrar que a supressão de direitos por meio do fascismo é sempre uma opção para o capitalismo”.[2] De acordo com Eric Hobsbawm, um dos maiores historiadores do século XX, foi a negligência da Liga das Nações que fez com que Hitler ampliasse o seu poder.[3] Mas se tratou realmente de uma negligência? Por “mais estranho que Hitler parecesse, tinha uma virtude muito apreciada pelos conservadores ingleses: odiava a União Soviética e todos os comunistas”. Por outro lado, Joseph Stalin interpretou a Conferência de Munique como “a prova cabal de que todos no Ocidente trabalhavam em favor de uma guerra da Alemanha contra a URSS”.[4] Assim se protegeu e até mesmo um acordo com Hitler estabeleceu.

Hoje, evidentemente, o cenário é um pouco diferente, mas o fato é que o crescimento da extrema direita é sempre proveniente do uso desta pela direita com o intuito de combater a esquerda, enquanto que esta, por sua vez, negligencia o crescimento da extrema direita porque acredita que seu maior inimigo é a direita liberal. Isso aconteceu na Segunda Guerra e parece estar se repetindo agora… Que farsa é essa???? Não que isso nos leve a uma nova guerra de proporções mundiais, mas pode nos viciar ao voto útil…

Como os franceses, podemos ficar entre um representante dos bancos, empresário etc.. e um líder troglodita da direita. É lógico que esse cenário é armado: “não nos iludamos – não se trata de um líder isolado. É toda uma máquina midiática que impulsiona esse líder, amparada por entidades e associações patronais, como a Fiesp, que estruturam o conflito dessa forma”.[5] A Globo, por seu turno, publicou, quase que instantaneamente, após a condenação de Lula por Moro: “Bolsonaro parabeniza Moro por condenação de Lula”.[6] Depois arma todo o teatro da polarização para nos desviar dos problemas reais que conduzem as lutas de classe, como a aprovação das reformas trabalhistas.

Por isso é importante destacar um outro aspecto. O desdém ao crescimento da extrema direita não a dispersará, pelo contrário, mais ódio criará. Aristóteles mostra como determinados oradores podem incitar a cólera nos ouvintes. A cólera “nos incita a tomar vingança manifesta por um desdém manifesto, e injustificável, de que tenhamos sido vítimas, nós, ou algum dos nossos”.[7] Como é mais que sabido, Lula e a esquerda são acusados de causar a crise no país, pelo menos é o que a mídia e os seguidores de Bolsonaro nos fazem acreditar. E o que devemos fazer? Desdenhar? São “irascíveis e prontos em encolerizarem-se principalmente contra os que tratam com desdém o estado presente em que se encontram”.[8]

A extrema direita tem uma função útil para o mercado e para o governo golpista: usar os seus seguidores para “criminalizar” e estigmatizar toda a esquerda e transformar, por conseguinte, a luta por liberdade e justiça social em uma falácia. É lógico que se aproveitam das condições sócio-históricas da democracia atual, onde uma massa de cidadãos desencantados, desorientados e descontentes, não sabem a quem ser leais. Mas é pela retórica que essa direita cresce.

Daí voltamos a Demóstenes. A sua oratória se vale do “dizer aquilo que não é de agrado do povo”, o que parece esboçar sinceridade e neutralidade. Esse tipo de argumento faz parecer que o orador está apenas se baseando na lógica. Intitula-se e adora quem o intitula de realista. Isso lhe dá o direito de usar até mesmo palavras duras, afrontando o ridículo, pois a verdade não tem engodo, enfeites ou ornamentos. Diz o orador grego: “Uns diziam o que era do agrado do povo e não causava nenhum aborrecimento; outros, o que devia salvá-los, e acumulavam-se animosidades”.[9] E até hoje temos essa sensação, acreditamos que aquele que “fala na cara”, que não mede as palavras, enfim, o realista, acaba, injustamente, sendo vítima por ser verdadeiro. Isso é apenas retórica!

Sancho Pança ao perceber que o exército de Pentapolin que marchava contra o de Alifanfaron era apenas dois rebanhos de carneiros, foi advertido por Dom Quixote: “É o medo que tens, Sancho, que te faz ver e entender tudo mal”. Mas será que o exército de Bolsonaro que se levanta hoje contra a democracia é apenas um rebanho de carneiros? Ou talvez o medo de uns camufla o real e os fazem “ver e entender tudo mal”? É certo que “aquele que não tem medo não é normal”, mas acho que não deveria ser medo o sentimento que devemos sentir, mas esperança. O medo é um afeto expectante negativo, aquele que espera um futuro ruim, atormentado e desencadeado pela angústia, pode acarretar pavor, horror e desespero. Mas para o filósofo Ernst Bloch, há os afetos expectantes positivos. “A esperança frustra o medo”.[10] E um dos versos de Hölderlin diz: “onde há perigo, cresce também o que salva”.

Por isso, o aumento dos movimentos sociais em meio à crise da democracia. Bernie Sanders, o candidato democrata à presidência dos EUA, ganhou relevância falando de socialismo em meio a uma eleição que deu vitória a Donald Trump. As eleições do Rio de Janeiro levaram ao segundo turno um candidato que tinha como única coligação o Partido Comunista Brasileiro, o Partidão de Marighella. Não somos nós que estamos com medo, mas os patrões que estão aumentando o rigor em usar a mídia, a repressão policial e seus palhaços com cara de maus para combater o que está em avanço.

Talvez a estratégia de só se falar em Lula seja uma forma de nos levar a pensar em um único líder, um líder que não é tão adversário dos interesses empresariais. A esquerda radical está ganhando cada vez mais espaço, à medida que os movimentos sociais se expandem, à medida que as ruas vociferam. Por isso, o surgimento da extrema direita. Ela parte do Lula para descaracterizar toda a esquerda. O líder do PT é stalinista, trotskista, gramsciano, chavista… A grande variação de pensamento socialista conflui em um único ser. Ser comunista passa a ser petista. E, em muitos casos, alguns movimentos e veículos de informação independentes caem nessa polarização viciada. Aliás, os governantes sempre souberam dividir para conquistar, é tradicional, lendário.

Temos que falar de Bolsonaro sim! Da sua relação no jogo do poder, no jogo de linguagem. Das verbas que recebe do governo golpista e do trato dúbio que a mídia o dá (livrando-o da corrupção e o condenando apenas por “falar sem decoro”). O poder sabe se disfarçar muito bem por de trás de seus lacaios, de suas marionetes, que muitas vezes não sabem o que estão fazendo, mas confortáveis estão com a fama e com a ilusão de gozar com o poder.

*Raphael Silva Fagundes é doutorando em História Política da UERJ e professor da rede municipal do Rio de Janeiro e de Itaguaí.

[1] DEMÓSTENES. As três filípicas/Oração sobre as Questões da Quersoneso. São Paulo: Martins Fontes, 2001. p. 78.

[2] BAVA, Silvio Caccia e ROMANO, Jorge O. Vamos falar de populismo. Le monde diplomatique Brasil. Ano 10, n. 120, julho, pp. 03-05, 2017, p. 05.

[3] HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: o breve século XX 1914-1991. 2 ed. São Paulo: Cia das Letras, 1997. p. 45.

[4] GOLÇALVES, Williams da Silva. A Segunda Guerra Mundial. In: FILHO, Daniel Arão, FERREIRA, Jorge e ZENHA, Celeste (orgs.) O século XX: o tempo das crises. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005. p. 171.

[5] BAVA, Silvio Caccia e ROMANO, Jorge O. op. cit. p. 05.

[6] KRAKOVICS, Fernanda. Bolsonaro parabeniza Moro por condenação de Lula. Disponível em: https://oglobo.globo.com/brasil/bolsonaro-parabeniza-moro-por-condenacao-de-lula-21581554

[7] ARISTÓTELES, Arte retórica e arte poética. Rio de Janeiro: Tecnoprint, s/d. p. 117.

[8] Id. p. 119.

[9] DEMÓSTENES, op. cit., p. 93.

[10] BLOCH, Ernst. O princípio esperança. Rio de Janeiro: Contraponto, 2005. p. 113.

terça-feira, fevereiro 14, 2017

VEJA tenta impedir volta às ruas dos movimentos pró-impeachment


Por Diógenes Brandão

Um dos inimigos mortais do PT e odioso articulador do golpe contra Dilma, Reinaldo Azevedo está devidamente posicionando como atirador de elite da revista VEJA e da rádio Jovem Pan, atirando agora em tudo que se move - contra Temer e os setores da mídia, congresso e judiciário - e que porventura venham reagir contra o escárnio promovido indecentemente no Brasil.

Ao dar um baita puxão de orelha nos "militantes" do "Vem Pra Rua" e "Movimento Brasil Livre", o blogueiro da VEJA e comentarista da Jovem Pan disse em sua coluna na revista mais "vendida" do Brasil, que seus meninos de recado estão deixando se influenciar pela esquerda brasileira, ao planejarem sair às ruas novamente, agora contra a impunidade e o fim da Lava Jato.

O enredo criado pelo blogueiro da direita é - admito - persuasivo e passivo de ser absorvido pela falange verde-amarela, hoje com suas panelas silenciadas. Como argumento, usa uma verborragia de que o Brasil continua sendo atacado por uma fantasiosa teoria da conspiração comunista, que tudo de mal planeja, que tudo domina e que pode a qualquer momento fazer com que conservadores e setores da direita, caiam em suas armadilhas.

Com frases de efeitos, sem ofender e nem elogiar, o astuto sniper midiático alimenta de delírios e nuvens de fumaça, as mentes mais desprovidas de racionalidade ou com cegueira política absoluta, por isso necessitada sempre de condutores da manada.

Se o caro leitor estiver disposto a ler a sórdida manobra, com suas justificativas e orientações para que os jovens que pediram o impeachment de Dilma continuem calados e recolhidos, deixando com que Temer, Gilmar Mendes e o ministro do PCC façam o que tem que fazer, eis o link abaixo.

Nele você poderá perceber que aquele que se acha o orientador mor do exército de marionetes que cantavam hinos "patriotas" e saíram às ruas com suas camisas da CBF e hoje agonizam em seus sofás nas manhãs dominicais, totalmente desorientados sobre o que falar da corrupção, que ao invés de diminuir, tomou conta para muito além do governo: Agora controla o Congresso Nacional e tende a contaminar e dominar todo o poder judiciário.



terça-feira, janeiro 03, 2017

Recado de Ano Novo aos minions providos de dois neurônios e raciocínio binário-programável


“Man kann den Hintern schminken wie man will, es wird kein ordentliches Gesicht daraus.“

"A melhor maquiagem não faz da bunda um rosto apresentável."

(Kurt Tucholsky)

Por Eugênio José Guilherme de Aragão, no GGN

Inauguramos um novo ano, sem novidade nenhuma. De nada adiantarão os tais votos de São Silvestre, com augúrios de felicidade e de um tempo melhor para nossos entes queridos, se não tivermos capacidade de mudar. Está em nossas mãos o destino deste país e do futuro de nossos filhos e netos, mas precisamos começar a pensar com nossa própria cabeça e abandonar a crença ingênua em noticiários, sejam de que cor forem.

Notícias em mídia são como jabutis no alto de uma árvore. Como lá não chegam sozinhos, alguém os colocou lá. Para entender o significado do noticiado, precisamos conhecer a história por trás dele. Por que foi tornado público? Com que intenção? Por que escolheram fulano para escrever a matéria? Por que hoje? Por que na primeira, segunda ou terceira página do jornal? Por que essa manchete? Por que esse lead? Se não tentar responder a essas perguntas, se tomar o conteúdo da notícia pelo seu valor de face, o leitor estará sendo engambelado!

A maioria de vocês, minions, age assim. Vocês lêem um engodo e logo se revoltam. São irritadiços e extremamente impulsivos, o tipo de massa de manobra, "useful idiots", inocentes úteis manobrados por atores inescrupulosos, que usam o que é manifesto para alavancar o que é latente. É claro que a corrupção – o alcance do que é nosso por políticos e empresários de ética deformada – é um fato repulsivo, assim como o tráfico negreiro o era no século XIX. Só que quem monta o circo da comoção pública não está nem aí para o desvalor dessas condutas. Na verdade, sob outras circunstâncias, os manipuladores até as apoiariam com argumentos que vocês, almas binárias, engoliriam com o mesmo histrionismo demonstrado na reação a elas.

Os ingleses enriqueceram com mão-de-obra escrava em suas colônias. Conseguiram com o ciclo do algodão compensar razoavelmente a crise da lã que quase pôs abaixo a sua indústria têxtil no séc. XVIII. Mas quando em 1774 a King's Bench declarou o trabalho escravo incompatível com o Common Law, a diplomacia britânica esmerou-se na imposição da proibição internacional do comércio escravo. Afinal de contas, sem mão-de-obra escrava nas plantações de algodão, os ingleses perdiam feio em competitividade para os franceses, os espanhóis e os portugueses.

Tudo não passou de "business as usual". Assim, quando interceptavam navios negreiros em alto-mar, na maioria das vezes os ingleses não se davam ao trabalho de rebocá-los de volta à costa d'África. Afundavam os barcos com sua carga humana. Prevalecia a lei do menor custo. Em 1826, impuseram ao Brasil um tratado em que se acordou a proscrição do trabalho escravo. Este fazia parte de um pacote de medidas humilhantes vinculadas ao reconhecimento da independência do País pela coroa britânica. Em 1827, depois de indignados protestos do legislativo imperial, D. Pedro I foi obrigado a ratificar o tratado a bordo de um vaso de guerra inglês. E como o Brasil insistiu em descumprir o tratado, os ingleses anunciaram em 1845, por ato do parlamento (Bill Aberdeen), que perseguiriam embarcações irregulares até em águas territoriais brasileiras e submeteriam sua tripulação a cortes marciais britânicas. Na implementação dessa medida, chegaram a interceptar inúmeras embarcações absolutamente regulares e confiscaram sua preciosa carga. Houve troca de tiros entre navios da armada britânica e navios de guerra brasileiros, com óbitos só de nosso lado. Houve uma tentativa de invasão da Baía da Guanabara, rechaçada pela guarda costeira pátria. E sem a sanção da Lei Eusébio de Queiroz, em 1850, proscrevendo o comércio de escravos, a guerra contra a Inglaterra teria sido inevitável.

Importante é lembrar que, por mais desprezível e desumano que seja a redução de semelhantes à condição de escravos, o discurso manifesto era só uma cortina de fumaça que escondia a intenção latente dos ingleses de submeter o Brasil a seus interesses econômicos e políticos. Ninguém vai por isso ser tolerante ou até bater palmas para o regime escravocrata que permeia nossa cultura de desigualdade até hoje, mas é preciso ser esperto e não deixar que outros nos ditem suas agendas para inviabilizar nosso país. Somos nós que temos que dar o rumo ao nosso desenvolvimento, em vez de moldá-lo aos desígnios estratégicos alheios, até porque quem nos quer impor a pecha de imorais não tem moral nenhuma para fazê-lo.

A cruzada atual contra a corrupção assume essa mesma feição de ditado externo. A pauta de proibição de peita a funcionários estrangeiros, objeto de convenção da OCDE de que o Brasil é parte signatária, para dar maior pujança a seu comércio exterior, atende sobretudo às economias centrais, já que a prática da peita afeta majoritariamente governos periféricos. Não que não haja corrupção nas economias centrais. Ela existe fartamente, tanto no setor público, quanto no privado. O governo americano não teve problemas em depositar recursos classificados como de "cooperação técnica policial" em contas pessoais de autoridades do ramo no Brasil. As empresas norte-americanas corriqueiramente fazem lobby nada kosher com atores políticos do mundo inteiro. Mas ficam à margem da ação de sua Justiça. Afinal de contas, isso é um problema, nesse caso, de restrições legais à territorialidade. Mas quando se trata de nossas empresas estratégicas, os EUA estendem, com subserviente ajuda das nossas autoridades persecutórias, sua jurisdição ao infinito, punindo-as por atos estranhos ao território americano.  Como disse o vice-diretor do FBI, as práticas dessas empresas afetam a segurança nacional americana e repercutem no mercado internacional, no qual as empresas americanas também atuam.

E nossas instituições bobinhas, com complexo de vira-latas, fazem de tudo para agradar ao governo americano, orgulhando-se de prêmios recebidos de instituições e revistas da metrópole. Fazem, com isso, o papel que se espera delas: sufocar a ousadia brasileira de ter um projeto nacional.

Isso, claro está, não serve de perdão a nossos malfeitores corruptos, agora muito mais presentes no governo que se estabeleceu depois do golpe parlamentar turbinado pela meganhagem antinacional do complexo judiciário-policial e pela grande mídia comercial. Mas a resposta a nossas corrupções de cada dia deve ser dada no estrito atendimento aos interesses nacionais. Não pode destruir setores de nossa economia e tornar-nos um pária da globalização. Não pode inviabilizar a governação e anular todo o recente esforço de inclusão social. E nem pode transformar nosso sistema de Justiça num teatro de desmoralização de investigados. Temos de reagir de forma dura, mas preservando nossos ativos estratégicos – exatamente como eles, nossos autoproclamados parceiros, também fazem.

Quem tiver culpa, que responda, mas com a dignidade que nossa constituição garante a todas e todos. Nenhum método de investigação torto justifica-se em função de pretenso "bem maior", pois não há bem maior que a dignidade da cidadania e o legítimo interesse estratégico nacional. É preferível um culpado ser inocentado porque não se logrou provar sua culpa dentro da lei, a culpar um inocente com métodos a seu arrepio.

E, queridos minions, não entrem nessa onda populista de quem quer usá-los para reforçar seus privilégios no serviço público, sugerindo-lhes que são um povo cheio de dignidade lutando contra um bando de canalhas, porque, quando tudo acabar, só sobrará tapera e vocês não serão mais "um povo" orgulhoso do seu verde-amarelo, mas serviçais mal-pagos e desmoralizados do Grande Irmão do Norte.

Oxalá que para nós todos, brasileiros e terráqueos de todas as colorações, a esperança vença em 2017 a injustiça, a traição e a prepotência!

domingo, dezembro 04, 2016

Destruição a Jato: O documentário sobre os efeitos da Lava Jato


Por Diógenes Brandão

Publicado há pouco mais de duas semanas, o vídeo-documentário "Destruição a jato", já teve mais de 200 mil acessos no canal "desmascarando globo" no YouTube. Trata-se de um balanço cru e explícito do que o Brasil ganhou e perdeu com estes dois anos em que a Operação Lava jato passou a ser – à frente de tudo, da economia, do emprego, da vida humana – a reitora da existência dos brasileiros.




quarta-feira, novembro 30, 2016

A falência da democracia de Facebook

Ao esvaziarem o espaço público e limitarem seus usuários a nichos de opinião, redes sociais criam o “extremismo de enclave” e a síndrome do rebanho feliz.

Por Nathan Heller | Tradução: Inês Castilho, via Outras Palavras

Em dezembro de 2007, o jurista Cass R. Sunstein escreveu no The Chronicle of Higher Education um artigo sobre os efeitos da filtragem que frequentemente acompanha a difusão de informações na rede. “Como resultado da internet, vivemos cada vez mais numa era de enclaves e nichos – a maioria voluntariamente, a maioria produzida por aqueles que pensam saber, e frequentemente sabem, aquilo de que provavelmente gostamos”, observou Sunstein. No artigo, “A Polarização dos Extremos”, Sunstein argumentava que a tendência era de efeitos negativos para a orientação – ou, mais precisamente, a desorientação – da opinião pública. “Se as pessoas estão separadas em enclaves e nichos, o que vai acontecer com sua opinião?”, pergunta ele. “Quais os eventuais efeitos disso na democracia?”

Este mês nos proporcionou uma resposta estridente. A inesperada eleição de Donald Trump deve-se tanto ao extremismo dos nichos quanto à desinformação descontrolada. O Facebook, a mais disseminada das redes sociais, recebeu muita crítica e questionamento. Durante as semanas finais da campanha, tornou-se claro que os “novos” algoritmos do site – um mecanismo que arrasta posts dos amigos online de alguém e expõe, hierarquizando, aqueles que são tidos como de interesse – não estavam distinguindo entre notícias verdadeiras e informações falsas: lendas, teorias da conspiração sem base alguma e propagandas negativas que, na era cenozóica, circulavam principalmente via e-mails encaminhados. (Na campanha eleitoral, histórias falsas abundantemente compartilhadas incluíam relatos de que o Papa Francisco aprovava Donald Trump e que Hillary Clinton havia contratado homicídios). Há dias, o Washington Post publicou uma entrevista com o que chamamos de “empresário de um império de falsas notícias do Facebook”. Ele assumiu responsabilidade. “Penso que Trump está na Casa Branca por minha causa”, disse. “Seus seguidores não checam nenhum fato – eles postam qualquer coisa, acreditam em tudo.”

O Facebook não é a única rede que traficou notícias falsas, mas seus números foram chocantes. Uma pesquisa Pew publicada em maio e muito citada, sugeria que 44% da população em geral usava o Facebook como fonte de notícias, um número insuperável por outras redes sociais. Nesta semana, uma análise feita por Craig Silverman, do BuzzFeed, revelou que as vinte notícias falsas mais lidas superaram as vinte notícias verdadeiras que mais circularam na rede, durante os três meses anteriores àsas eleições – e que dezessete dessas notícias falsas favoreciam a campanha de Trump. Os expoentes da campanha de Trump, incluindo o próprio candidato, citavam sistematicamente informações falsas diante das câmeras. Aos olhos dos críticos, o feed de notícias do Facebook tornou-se um canal de distribuição para informações falsas de propaganda. “Enquanto estiverem no Facebook e as pessoas puderem vê-las… elas começam a acreditar”, disse o presidente Obama às vésperas da eleição, “Ele cria essa nuvem de poeira de nonsense.”

Tem sido difícil de combater tal crítica. Mark Zuckerberg, fundador e presidente do Facebook, desmereceu as reclamações duas vezes, nas últimas semanas — numa conferência e, mais tarde, num longo post. “Os boatos que existem não estão limitados a uma visão partidária, nem mesmo à política. Isso torna extremamente improvável que os boatos tenham alterado o resultado desta eleição num sentido ou no outro”, escreveu ele. “Ainda assim, acredito que devemos proceder com muito cuidado. Identificar a ‘verdade’ é complicado.” 

Poucas pessoas foram tranquilizadas por isso (ainda mais, porque a premissa da estratégia publicitária do Facebook é a ideia de que ele pode mover a bússola da opinião pública), e até mesmo alguns empregados do Facebook sentiram-se desconfortáveis. Há dias, Sheera Frenkel, da BuzzFeed, relatou um complô anônimo de “empregados desertores do Facebook” que acharam desonestas as afirmações de Zuckerberg. Eles estavam trabalhando no desenvolvimento de recomendações formais de mudança. “Você não precisa acreditar que o Facebook elegeu Trump para sentir-se um pouco arrepiado com a alienação da rede em relação aos fatos”, observou Brian Phillips numa fala mordaz da MTV.com. “Uma das condições da resistência democrática é ter uma visão clara sobre a que se deve resistir.”

Os efeitos sobre a democracia da propagação de falsas informações foram a preocupação de Sunstein, quando ele escreveu sobre “autotriagem”, em 2007. Ele citou um experimento realizado previamente no Colorado. O estudo usou pessoas liberais da cidade de Boulder e pessoas conservadoras de Colorado Springs. Os participantes foram divididos em grupos e instruídos a discutir temas controversos: uniões homoafetivas, aquecimento global, ações afirmativas. Pesquisadores gravaram opiniões individuais antes e depois de quinze minutos de discussão. As tendências emergiram. Quando os participantes falavam com pessoas que tinham a mesma visão política, suas opiniões normalmente tornavam-se mais extremas. Os liberais tornavam-se mais liberais em seu pensamento sobre determinado assunto; os conservadores, mais conservadores. A amplitude de opinião estreitava-se, também. Participantes com visões parecidas caminhavam em direção ao consenso.

Sunstein projetou que um direcionamento parecido poderia ocorrer online, onde informações sustentadas por visões preexistentes estavam prontamente disponíveis (e até mesmo difíceis de evitar, dada a maneira como funciona o navegador da internet). Ele chamou a polarização que produz de “extremismo de enclave”. Um fator que contribuiu, ele argumentou, foi o fluxo social da informação: pessoas que convivem com gente de opiniões semelhantes estavam aptas a encontrar uma quantidade desproporcional de informação apoiando aquela visão, intensificando assim seu respaldo. Ele pensou que efeitos mais puramente sociais estavam envolvidos, também: “As pessoas querem ser vistas favoravelmente pelos outros membros do grupo.” A maioria dos cidadãos, na maioria das questões, não sabe precisamente o que pensa, e é suscetível à menor persuasão. Opinião de enclave, que constrói confiança nas próprias opiniões, possibilita que pensamentos genéricos tomem forma e se intensifiquem. O risco era que más ideias obtivessem ampla adesão se a autotriagem funcionasse direito.

Sunstein não levou em conta os algoritmos do Facebook ou a propagação de informação evidentemente falsa. O primeiro fator amplifica o efeito-enclave que ele descreveu; o segundo nutre o extremismo confiante. Mesmo quando a informação é precisa, o extremismo de enclave ajuda a explicar como aqueles que produzem notícias, como os jornalistas, erraram tanto ao captar aspectos da grande cena, tais como o humor eleitoral do país. Nos dias seguintes aos da eleição de Trump, muitos especialistas confusos dos grandes centros lamentaram o que o escritor Eli Pariser chamou de “bolha de filtro”: uma câmara de eco de informação e opinião que, neste caso, levou aqueles que escrevem as notícias a estar desproporcionalmente expostos a informações que confirmavam suas teorias. Quanto mais confiamos na esfera digital como nossa janela para o mundo, mais vulneráveis nos tornamos a suas fraquezas.

Alguns anos atrás, reportando de San Francisco, notei uma erosão do significado público que parecia estar atravessando o progresso cívico. Uma causa-chave, eu sugeri naquele momento, eram os efeitos de filtro da tecnologia – a forma como, à medida em que vivemos cada vez mais numa bolha, perdemos contato com o chão comum, e a linguagem comum que tornou possível a ação pública. Talvez os efeitos de filtro tenham algum papel, mas nada do que vi desde então mudou minha percepção. O espectro intelectual mais perigoso, hoje, parece não ter falta de informações mas ausência de uma esfera comum de informação em que seja possível compartilhar ideias cruzando fronteiras de opinião.

Pauline Kael, crítica de cinema da New Yorker durante muitos anos, fez certa vez uma ironia que ficou famosa, “Vivo num mundo muito especial. Conheço apenas uma pessoa que votou em Nixon.” O extremismo de enclave não é novo, em outras palavras. O que pode ser mais novo é o nosso esquecimento dos momentos que vivemos em sua prisão. 

Se a maioria das pessoas está buscando notícias no Facebook, então esta rede social certamente tem a obrigação cidadã de assegurar que é sólida a informação por ele disseminada. Os efeitos de longo prazo do extremismo de enclave, observa Sunstein, podem ser má notícia para a democracia. “Aqueles que vivem em rebanho, na internet ou em outro lugar, acabarão tão confiantes quanto errados, simplesmente porque não foram suficientemente expostos a contra-argumentações. Eles podem até passar a enxergar seus concidadãos são oponentes ou adversários, em algum tipo de ‘guerra’. Um governo com essa perspectiva é perigoso. Mas um público desinformado e confiante, é muito pior.

quinta-feira, fevereiro 11, 2016

Jornalista afirma que Lula é um mito que seus inimigos querem matar




Por Tereza Cruvinel, sob o título "Lula: matar o mito para encerrar o ciclo", no Brasil 247

Quando Juscelino Kubitscheck morreu, em 1976, viu-se que deixou uma fazendinha em Luziânia e um apartamento no Rio de Janeiro. E, no entanto, nos anos que se seguiram ao golpe de 1964, a ditadura forjou a lenda de que fora cassado porque era corrupto e roubara muito durante a construção de Brasília. JK foi cassado porque era o mito eleitoral e político daquele tempo, o candidato mais forte às eleições presidenciais que estavam marcadas para 1965. O triunfo da nova ordem política erigida pelos militares exigia a destruição do mito JK, o presidente que mudara a face do Brasil acelerando a industrialização e interiorizando a capital. Mataram o mito. Depois, o pleito de 1965 foi desmarcado e os brasileiros só votaram novamente para presidente em 1989. Para visitar a cidade que criara, ele vinha a jantares clandestinos organizados pela amiga Vera Brant.

Na segunda morte de JK, a morte física em 1976, estudantes, candangos e centenas de brasilienses acompanharam o féretro da Catedral até o cemitério Campo da Esperança cantando o "peixe vivo" e gritando "abaixo a ditadura". Foi a primeira grande manifestação política de que participei.

Antes de JK, a caçada a outro mito também relacionado a mudanças sociais e econômicas de viés popular, havia terminado com o suicídio de Getúlio Vargas, que com o tiro no peito adiou em dez anos o golpe de 1964.

Há uma clara semelhança entre o assassinato político de JK pela ditadura e a caçada Lula para abrir caminho a uma troca de guarda no poder. Para colocar um fim à ordem política instaurada pelo PT com a chegada de Lula à presidência em 2002 é preciso acabar não apenas com a ideia de que os governos petistas promoveram os mais pobres à cidadania, reduziram a desigualdade, resgataram milhões da miséria e mitigaram, com políticas afirmativas a nossa dívida histórica para com os negros e afrodescendentes. É preciso apagar a ideia de que a Era Lula produziu um invejável ciclo de crescimento e instaurou, com Celso Amorim, uma política externa altiva que garantiu ao Brasil uma projeção internacional sem precedentes. Não basta também apenas a desqualificação eleitoral do próprio PT, por erros cometidos e por erros que são do sistema político. É preciso destruir o mito projetado por estas mudanças, o mito Lula.

Em janeiro, afastada das lides diárias do jornalismo, acompanhei de longe a abertura da temporada de caça a Lula. O que se prenunciava desde o início do ano ficou claro em 27 de janeiro com a Operação Triplo X, que a pretexto de investigar lavagem de dinheiro pela OAS através da venda de apartamentos no Edifício Solaris, mirou Lula e o tríplex que ele cogitou comprar mas nunca adquiriu. De lá para cá os caçadores se espalharam e se armaram, obtendo agora do juiz Sergio Moro a autorização para abrir um inquérito específico destinado a investigar se as empreiteiras beneficiaram Lula ilegalmente através de obras num sítio de amigos de sua família.

Se Lula não tem um tríplex, o crime estará em ter pensando em possuí-lo? Há muitos meses eu o ouvi contar a amigos o que dissera a sua mulher Marisa para que desistissem do apartamento e resgatassem o valor da cota já pago. "Marisa, eles nunca vão nos aceitar como vizinhos num prédio como aquele. Não vão querer andar de elevador com a gente. Vamos desistir disso antes que comecem os aborrecimentos". Era tarde, vieram mais que aborrecimentos. Vieram acusações difusas, sem forma clara, sem fundamentos sólidos mas corrosivas para o mito. O "tríplex do Lula" passou a existir no imaginário popular, embora não exista na escritura.

Agora, com o novo inquérito, querem provar que o sítio de Atibaia não é de seus donos, mas de Lula. E que empreiteiras investigadas pela Lava Jato investiram nele numa forma indireta de pagar propina ao ex-presidente. É isso que querem provar, embora não digam. Mas no imaginário popular a narrativa já colou. Outra ferida no mito.

Feri-lo porém não basta. A destruição de um mito exige mais, exige sua completa humilhação, exige a retirada de toda e qualquer aura de veneração e respeito. Para isso será preciso processar, condenar, trucidar. Será preciso prender Lula. É a este ponto que desejam chegar os caçadores de Lula, para que nada reste da admiração pelo presidente que saiu da miséria extrema do Nordeste, tornou-se operário, liderou greves, fundou um partido, aceitou as derrotas e um dia venceu a eleição presidencial, tornando-se o presidente brasileiro mais popular internamente e o mais conhecido e respeitado lá fora. "O cara", como disse Obama, precisa ser reduzido a pó.

Lula talvez tenha subestimado a sanha dos caçadores e se atrasado na defesa. Certamente cometeu alguns erros na estratégia de defesa. Do PT combalido, pouco pode esperar. Mas certamente algo ainda espera dos que ainda acreditam nele. Se planeja em algum momento denunciar à sua base política e social a natureza política da caçada que enfrenta, o momento chegou. A hora é de crise para todos e isso não favorece reações populares. Mas ainda que seja como prestação de contas aos que o levaram à glória e assistem à sua destruição sem ouvir um chamado, Lula precisa fazê-lo.

quarta-feira, maio 27, 2015

Líder da juventude pró-impeachment 'ensina' como ser um ativista liberal



Ele é um dos expoentes do movimento que pede o 'fechamento' do PT, o impeachment de Dilma e vive criando polêmicas, mas o texto publicado na internet, me chamou a atenção e resolvi trazê-lo pela primeira vez aqui neste espaço democrático e plural. 

Com vocês, um artigo que eu até duvido que seja dele, mas vamos lá!

Radicalismo na teoria = pouco resultado prático, por Kim Kataguiri*, no site do Movimento Brasil Livre

Se há uma lição que aprendi tentando propagar o liberalismo, é a de que o meio é muito mais importante que a mensagem. Não interessa o quão boas sejam suas ideias, se o meio escolhido para transmiti-las não for eficiente, elas não irão prosperar. Se as pessoas dessem grande importância para dados concretos e bons argumentos, a esquerda teria, no máximo, alcançado o poder apenas uma vez em toda a História.

A quantidade de pessoas que se interessa por complexas teorias político-econômicas não chega a 0,001% da população mundial. Tente parar num ponto de ônibus e explicar a teoria austríaca do ciclo econômico. Vão rir da sua cara e achar que você é louco. Não importa se aquilo é verdade ou se interfere diretamente na vida daquelas pessoas. Elas não estão interessadas. Primeiro porque o meio deve ser muito bem pensado, atender a uma série de critérios, segundo porque a mensagem deve ser simples.

E é por isso que se envolver em discussões intermináveis sobre hipóteses que os debatedores jamais verão na realidade é uma completa perda de tempo. Ainda mais no momento em que se encontra o nosso país atualmente. “O quão pequeno o Estado deve ser?”, “Quem defende um Estado de tal tamanho é socialista!”, blah, blah, blah... qualquer pessoa comum já estaria no sétimo sono em menos de dois minutos de discussão. Concorda que nossa situação é preocupante e que o Estado deve ser diminuído? Ótimo! Vamos discutir como diminuí-lo na prática e em meios atrativos de atrair pessoas para a nossa causa.

É claro que deve haver debate e que a mensagem a ser transmitida é importante. A questão é que se alcança muito mais se pensando no meio do que na mensagem. Só há duas regras para se escolher uma mensagem: a primeira é que ela deve ser simples, porque, como já disse, a grande maioria das pessoas não se interessa por teorias complexas. A segunda é que os que forem transmiti-la devem concordar com ela. Isso significa que se você for trabalhar com um grande número de pessoas e houver uma quantidade significativa de divergências ideológicas entre elas, deve-se alcançar um common ground. Sendo assim, a mensagem deve ser algo razoável, caso contrário não conseguirá o apoio de diferentes setores da sociedade.

Por outro lado, na hora de se escolher o meio, uma série de fatores devem ser levados em consideração. Quanto ele custa? Quantas pessoas vai alcançar? Qual a probabilidade de que ele popularize a mensagem? Quantas pessoas são necessárias para utilizá-lo? Quanto trabalho ele dará? Esses e muitos outros questionamentos são essenciais. Defender a diminuição de impostos numa palestra de estrutura gigantesca é muito menos eficiente do que defender o aumento de impostos através de um pequeno show de rock. As pessoas dão mais importância para o que passa uma imagem mais cool, mais simples de entender. É claro que um debatedor liberal bem preparado humilharia qualquer defensor do aumento de impostos. Muitas vezes aquele que defende ideias estatizantes até sabe disso. E é exatamente por isso que ele pensa muito bem no meio. Duzentas pessoas defendendo o fim do Banco Central numa manifestação causam muito menos impacto que uma feminista mostrando os seios pelo fim do sexo masculino. E muito mais pessoas lerão as baboseiras que a feminista tem a dizer em matérias que cobrirão seu protesto solitário.

Não me entendam mal, não estou pedindo que mostrem os seios em prol do liberalismo. Só defendo que haja mais esforço no pensamento da prática, do meio. Mais trabalho, menos masturbação intelectual.

*Kim Kataguiri é coordenador nacional do Movimento Brasil Livre. 

quinta-feira, abril 23, 2015

MANTRA POLÍTICO



Você chega em casa a ponto de desmaiar
Toma um banho e põe o pijama
Come alguma coisa, senta no sofá
E busca na TV algum programa
Não importa qual seja o canal
O noticiário é sempre igual
E você acha tudo muito chato
Percebe que todos os âncoras 
Ficam repetindo o mesmo mantra:
Lava-jato, lava-jato, lava-jato.

Do aécioporto falam só um pouquinho
Da lista de Furnas nem com reza brava
E pelo risco de envolver os Marinho
Da operação Zelotes não falam nada
Para eles não existe Trensalão
E a lista do HSBC não
Deve sair da gaveta 
E sobre o helicóptero de coca
Dizem que tudo foi obra 
De seres de outro planeta.

Então você diz: Eles devem pensar 
Que eu sou um tremendo bobão
Porque tentam me fazer acreditar 
Que só no PT tem ladrão!
E no transcorrer dos telejornais
Eles seguem encobrindo os monumentais
Roubos que envolvem o PSDB
Aí você por não ser marionete
Vai navegar na internet
E finalmente desliga a TV.


Enviado pelo leitor Eduardo de Paula Barreto.

São Paulo, 22/04/2015.

terça-feira, março 17, 2015

A Marcha dos Hipócritas



Primeiro, vamos combinar uma coisa: se você votou em Aécio Neves, nas eleições passadas, você não está preocupado com corrupção.

Você nem liga para isso, admita.

Aécio usou dinheiro público para construir um aeroporto nas terras da família dele e deu a chave do lugar, um patrimônio estadual, para um tio.

Aécio garantiu o repasse de dinheiro público do estado de Minas Gerais, cerca de 1,2 milhão reais, a três rádios e um jornal ligados à família dele.

Isso é corrupção.

Então, você que votou em Aécio, pare com essa hipocrisia de que foi às ruas se manifestar porque não aguenta mais corrupção.

É mentira.

Você foi à rua porque, derrotado nas eleições passadas, viu, outra vez, naufragar o modelo de país que 12 anos de governos do PT viraram de cabeça para baixo.

Você foi para a rua porque, classe média remediada, precisa absorver com volúpia o discurso das classes dominantes e, assim, ser aceito por elas.

Você foi para a rua porque você odeia cotas raciais, e não apenas porque elas modificaram a estrutura de entrada no ensino superior ou no serviço público.

Você odeia as cotas raciais porque elas expõem o seu racismo, esse que você só esconde porque tem medo de ser execrado em público ou nas redes sociais. Ou preso.

Você foi para a rua porque, apesar de viver e comer bem, é um analfabeto político nutrido à base de uma ração de ódio, intolerância e veneno editorial administrada por grupos de comunicação que contam com você para se perpetuar como oligopólios.

Foram eles, esses meios de comunicação, emprenhados de dinheiro público desde sempre, que encheram a sua alma de veneno, que tocaram você como gado para a rua, com direito a banda de música e selfies com atores e atrizes de corpo sarado e cabecinha miúda.

Não tem nada a ver com corrupção. Admita. Você nunca deu a mínima para corrupção.

Você votou em Fernando Collor, no PFL, no DEM, no PP, em Maluf, em deputados fisiológicos, em senadores vis, em governadores idem.

Você votou no PSDB a vida toda, mesmo sabendo que Fernando Henrique comprou a reeleição para, então, vender o patrimônio do país a preço de banana.

Ainda assim, você foi para a rua bradar contra a corrupção.

E, para isso, você nem ligou de estar, ombro a ombro, com dementes que defendem o golpe militar, a homofobia, o racismo, a violência contra crianças e animais.

Você foi para a rua com fascistas, nazistas e sociopatas das mais diversas cepas.

Você se lambuzou com eles porque quis, porque não suporta mais as cotas, as bolsas, a mistura social, os pobres nos aeroportos, os negros nas faculdades, as mulheres de cabeça erguida, os gays como pais naturais.

Você odeia esse mundo laico, plural, multigênero, democraticamente caótico, onde a gente invisível passou a ser vista – e vista como gente.

Você foi não foi para a rua pedir nada.

Você só foi fingir que odeia a corrupção para esconder o óbvio.

De que você foi para a rua porque, no fundo, você só sabe odiar. 

sábado, fevereiro 21, 2015

Os "erros" fatais e o assassinato de reputações da mídia

Bonner pede desculpas 4 dias depois de ter dito acusado uma pessoa de desviar dinheiro da Petrobras. Pressa em acusar o PT?
Por Diógenes Brandão.

Um email que recebi no dia 10 deste mês, passou desapercebido no meio de centenas de outras mensagens em minha caixa de entrada, mas devido a gravidade da denúncia envolvendo uma das maiores empresas de mídia do mundo, resolvi resgatar a informação para que os leitores deste blog tenham condições de avaliar o nível do jornalismo praticado por aquela que foi apelidada na década de 70 de "vênus platinada", a famosa Rede Globo.

Vamos ao conteúdo da mensagem que recebi e depois voltamos:

Prezados colegas e amigos da Associação Brasileira de Geólogos de Petróleo (ABGP),

Encaminho nota explicativa do ex-diretor da PETROBRAS, Geólogo Guilherme Estrella, sobre a reportagem apresentada pela Rede Globo no Jornal Nacional da última quinta-feira, dia 5.

Sylvia Anjos,
Presidente da ABGP


Prezados colegas da ABGP,

O JN da TV Globo de quinta-feira última, com extrema má fé e de maneira criminosa, apresentou matéria em que tentou envolver meu nome, como então diretor de E&P -  no esquema de corrupção da Petrobrás.

Baseou sua informação na delação premiada do Eng. Barusco. Ocorre que o texto oficial do depoimento do Eng. Barusco já estava na internet na tarde da mesma quinta-feira, 5 horas antes do horário do jornal. E, ao contrário do que insinuou o JN, o Eng.Barusco afirma em sua delação que eu nada tive a ver com os lamentáveis fatos ocorridos na Companhia, configurando a leviandade irresponsável do jornalismo da TV Globo. Informo que meu advogado já tomou providências judiciais para exigir retratação e reparação do crime cometido. Abaixo está o link para acessar o depoimento do Eng. Barusco.


Atenciosamente,

Guilherme Estrella.

Voltemos à análise do fato, e admitamos: foi um absurdo sem tamanho, não é verdade?

Imagine a sua família, seus amigos, conhecidos e profissionais que convivem com você por anos, assistindo no jornal, que por mais que perca credibilidade e telespectadores a cada ano que passa, mas ainda mantém a maior audiência da TV brasileira no horário nobre e também a maior fatia publicitária estatal e privada do país, fazendo uma imputação leviana como essa e demorar 4 dias para se retratar como fez com o profissional da Petrobras, conforme você pode ver aqui o vídeo da lânguida retratação que coube ao âncora William Bonner fazê-la.  

Perceberam como não importa o prejuízo causado à imagem das pessoas, que uma ácida e caluniosa "barrigada" desta empresa pode causar à quem ela assassinar a reputação em horário nobre? 

Em muitos países, a história do jornalismo registra suicídios e processos de depressão e confinamento em clínicas psiquiátricas, como resultado do estrago a que foram submetidas milhares de vítimas desse tipo de terrorismo midiático. Mas para seus proprietários, basta dizer: "Pedimos desculpas" e está tudo bem.

Uma falha bilionária

A  uma empresa que segundo o portal UOL teve seu balanço contábil publicado em Março de 2013, o qual informa que a TV da família Marinho, junto com a gravadora Som Livre, o portal Globo.com, mais as chamadas empresas controladas, em que a Globo tem mais de 50% das ações, caso da Globosat (programadora de TV por assinatura) e Editora Globo (revistas), a fortuna arrecadada foi R$ 14,636 bilhões em 2013, um aumento de 15% sobre os R$ 12,710 bilhões de 2012. O lucro líquido da Globo, no entanto, não acompanhou o desempenho comercial. Foi 15% menor do em 2012. 

Para termos ideia do que isso significa, Walter Zagari, vice-presidente comercial da Record, informou no mesmo período que todas as 106 emissoras da rede de Edir Macedo faturaram R$ 2,250 bilhões. Em comparação com a rede Globo, a fatura da Record e cinco vezes menor.

Efeito cascata 

Mesmo com tanto lucro, dinheiro e profissionais pagos a preço de ouro, a pressa em acusar o atual governo, pode ser um dos motivos de estarmos vendo tantos "erros" e mentiras sendo difundidas nos maiores veículos de comunicação do Brasil. Em uma semana, o Brasil foi lesado com o boato da morte de Lula, em um anúncio patrocinado e publicado no Facebook.

Como se não fosse o bastante, o jornalista paraense Ulisses Campbell publicou nota na revista Veja de Brasília, em sua edição do último sábado, 14,  onde afirmou que um jovem chamado Thiago, seria sobrinho do ex-presidente Lula e teria uma festa de aniversário de três anos com custo de 220 mil reais, com direito a Ipads distribuídos como brindes aos convidados. Lula emitiu nota onde disse que não tem nenhum sobrinho com este nome residindo em Brasília e lamentou que a revista VEJA publique informações falsas sem sequer checá-las e que perfis da internet, como os do vlogueiro Felipe Neto, o da apócrifo Folha Política, e o do site Implicante, entre outras pessoas e veículos de boa e má fé, repliquem tal absurdo. 

Na falta de credibilidade, os meios são usados em busca de informação 

Segundo publicado na coluna de Lauro Jardim na VEJA, "a TV Globo perdeu 5% de audiência em 2014, caindo de 14,3 pontos, em 2013, para 13,5 pontos, no ano passado, entre 7h e meia-noite. Os dados do Ibope são da medição na Grande São Paulo. É o pior desempenho anual, desde que virou líder de audiência, há 45 anos. Os números repetem a tendência dos últimos dez anos. De 2004 para cá, a Globo registrou uma queda de 38% na audiência, caindo de 21,7 para 13,5. Na contramão, cresceu a participação da TV paga e dos pequenos canais regionais, que cresceram de 6,7 pontos em 2013 para 8,6 em 2014", conclui o jornalista e tom fúnebre. 

Já o  maior levantamento feito sobre os hábitos de informação dos brasileiros, a “Pesquisa Brasileira de Mídia 2015”  revela que na busca pelas informações, gastamos mais tempo na internet do que na TV, embora a telinha continue como a principal fonte de informação da maioria e seu horário nobre tenha passado a ser de 22 às 23h da noite. A Rede Social Facebook é acessada por 83% dos brasileiros, seguido do Whatsapp com 58% da preferência dos que usam as mídias digitais. Os jornais só possuem 7% de leitores diariamente, mas ainda são os meios de informação com maior credibilidade para 21% dos entrevistados.

sexta-feira, outubro 24, 2014

Dilma e os imprescindíveis



Como cidadão, esperei por anos uma reação da presidenta Dilma à altura dos ataques que ela, Lula e o PT sofrem diuturnamente e agora aguardo além do processo judicial prometido por nossa presidenta, que em seu futuro governo, possa escolher melhor o Ministro das Comunicações e coloque na pauta a Regulação da Mídia no Brasil, a exemplo dos demais países democráticos e desenvolvidos, acabando com os oligopólios e a falta de democracia nos meios de comunicação.

Como comunicador popular e ativista digital, lutarei para que o futuro governo, seja voltado ao fortalecimento dos meios de comunicação populares e alternativos, tais como as rádios comunitárias, blogs e todos os demais comunicadores que resistem contra os impérios midiáticos e que dedicam suas vidas para se contrapor às mentiras e manipulações da velha imprensa brasileira.

Como petista, aviso que intensificarei minhas críticas aos que assumem funções de dirigentes partidários e sindicais e pouco ou nada fazem para equipar e preparar o partido para o enfrentamento na área da comunicação, fazendo com que passemos por momentos difíceis e temerosos, pelo simples fato de não termos feito o necessário para desfazer as mentiras e combatê-las com informações, que muitas vezes são negligenciadas por quem tem a obrigação de fazer, não faz e não deixa ser feito.

Por fim, desejo que este último programa de Dilma desperte a cidadania, a indignação e principalmente a responsabilidade de cada brasileira e brasileiro, neste momento em que temos dois projetos em disputa em nosso país e apenas um poderá ser eleito.

Como disse Bertold Brecht: 

"Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis"

Golpe da Veja. Processo e fim de anúncio!


A “Veja” está desesperada com a queda nas intenções de voto do cambaleante tucano, confirmada nesta quinta-feira (23) pelas pesquisas do Datafolha e Ibope. 


Em sua página no Facebook, a revista Veja já anuncia a sua “bomba” para a véspera da eleição presidencial. A capa é das mais tenebrosas: “Eles sabiam de tudo”. No fundo escuro, as fotos sombrias de Dilma e Lula. Na chamada de capa, o “vazamento ilegal” do depoimento à Polícia Federal do doleiro Alberto Youssef, um bandido notório brindado com uma “delação premiada e premeditada”. Ele teria denunciado que a presidenta e o ex-presidente conheciam o esquema de desvio de dinheiro da Petrobras. A “reporcagem”, que ainda não foi disponibilizada no site da revista, é a última cartada da mafiosa famiglia Civita para tentar dar sobrevida à cambaleante candidatura do tucano Aécio Neves.

Vale lembrar que Figueiredo Basto, advogado do doleiro suspeito de realizar estes vazamentos criminosos, é muito ligado ao governador tucano Beto Richa. Em meados de outubro, o senador Roberto Requião (PMDB) revelou no seu Twitter: “O advogado do Alberto Youssef, nessa cruzada contra o PT, é Antonio Augusto Lopes Figueiredo Basto. Ele foi membro do conselho da Sanepar”. O site da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) informa que ele foi conselheiro administrativo da empresa estatal até 28 de abril passado. Ele foi indicado para o cargo por Beto Richa e é tido como um homem da total confiança do governador tucano. Neste sentido, a “bomba” da revista Veja é mais uma armação descarada.

Em 13 de outubro, o ministro Admar Gonzaga, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), acatou pedido da coligação da presidente Dilma Rousseff (PT) e concedeu liminar pela suspensão de uma inserção na rádio da “Veja”. Ele entendeu que a revista, a pretexto de veicular publicidade comercial, burlou a legislação eleitoral ao fazer propaganda ilegal de Aécio Neves (PSDB). “O ministro considerou que houve divulgação de conteúdo próprio do debate eleitoral, porém veiculado na programação normal do rádio na forma de publicidade comercial, em desacordo com a regra contida no artigo 44 da lei 9.504/97, que veda a veiculação de propaganda paga”, descreveu o jornal Valor.

Esta decisão do TSE, porém, parece que não intimidou os capangas da famiglia Civita. A “Veja” está desesperada com a queda nas intenções de voto do cambaleante tucano, confirmada nesta quinta-feira (23) pelas pesquisas do Datafolha e Ibope. Já era previsível que tentasse uma última cartada ainda mais suja – mesmo correndo o risco de nova condenação. Diante destas e de várias outras atitudes ilegais e criminosas, o governo e o PT não podem vacilar. A revista deve ser processada, exigindo-se a imediata resposta da Justiça Eleitoral e, inclusive, a retirada de circulação deste panfleto tucano.

Este novo golpe também deveria fazer com que o governo repensasse sua política de publicidade. Não tem cabimento bancar anúncios milionários numa publicação asquerosa e irresponsável, que atenta semanalmente contra a democracia e o livre voto dos brasileiros. Não dá mais para alimentar cobras! Chega!

terça-feira, fevereiro 18, 2014

A insidiosa perseguição ao PT e aos Movimentos Sociais


Por Alberto Cantalice*

A perseguição insidiosa da grande mídia sobre o Partido dos Trabalhadores é ideológica. Esses veículos são os mais puros representantes do conservadorismo anti-popular.

Vértice estimuladora dos protestos contra a copa do mundo essa mesma mídia mudou de tom depois do episódio que vitimou tragicamente o cinegrafista da Rede Bandeirantes: Santiago Andrade.

Seguindo a velha toada engendrada pelo status quo, setores atrasados e conservadores do Congresso Nacional, como sempre de afogadilho, tentaram empurrar goela abaixo do país uma marota lei anti-terrorismo.

As forças de esquerda escaldadas pelo passado autoritário e excludente das elites brasileiras não embarcaram nessa. Nascida no intuito de punir as atitudes tresloucadas e criminosas dos Black Blocs, essa lei serviria depois para enquadrar os movimentos sociais, pondo em risco¸aí sim, o estado democrático de direito.

Claro que essa forma de atuação, - Black bloc-, cujo objetivo ostensivo é o ataque ao patrimônio público e privado, a promoção do caos e o impedir o ir e vir das pessoas é intolerável. Sem dúvida um ou outro ajuste na legislação penal bastaria para frear a dinâmica operacional desses arruaceiros de ocasião.

O que não se pode é usar da comoção social para que, espertamente, venha a velha mídia e seus arautos criminalizarem os verdadeiros e legítimos movimentos sociais.

Modismo de ocasião, essa tática Black Bloc, que usa de subterfúgios como máscaras para poder depredar e não ser reconhecido tem aparecido em várias partes do mundo, tendo pontificado na América Latina, notadamente, no Brasil, na Venezuela e na Argentina. Sempre se pondo do lado contrário das forças democráticas e populares, sob a roupagem da “negação da política”.

Enquanto pareceu útil e serviu para desgastar os governantes da chamada base aliada, essa tática era tolerada. Quando se percebeu que a imensa maioria da população brasileira não estava nessa, a mídia como comumente se diz “virou a chave”.

Escaldados por anos de lutas contra a tragédia social brasileira e a submissão pela exclusão das camadas mais pobres, a esquerda brasileira não se deixa enganar. Todos sabem que não se resolveria essa imensa disparidade de rendas e riquezas, que coloca o nosso país como uma das economias mais desiguais do planeta, em tão pouco tempo. A estrada é longa, por isso querer anarquizar com a copa do mundo, cavalgando falsos pretextos é jogar contra a imagem e os interesses da nação.

Toda a sorte de intrigas e calúnias é disparada sobre as forças de esquerda. Não se curvar aos ditames desse consórcio das classes dominantes é o que se deve fazer!

O circulo virtuoso do Brasil nos governos Lula e Dilma, nos quais tanto se investiu em políticas públicas de caráter social, esta deixando os recalcitrantes em polvorosa. Eles tentam iludir a população e não consegue. O estigma da derrota já bate à porta e pelo histórico golpista dessas forças todo cuidado é pouco!

Alberto Cantalice é vice-presidente nacional.

sábado, dezembro 10, 2011

Um grito reprimido: "Belém, Olhaí por nós"

Este blog passou por todo esse processo da campanha do plebiscito sobre a divisão do Estado do Pará, estudando os argumentos de todos os lados, tantos dos que defendem a criação do Carajás sem o Tapajós, quanto o inverso e aqueles que dizem sim sim e não não pra criação dos dois novos Estados. 

Confesso que foi uma trairagem só, o que rolou nos bastidores dessa campanha. 

Falam em feridas que ficarão abertas, mas eu acho que o termo mais adequado seria, valas abertas. 

Como todos esperavam, o Governador Simão Jatene, figurinha repetida aqui do blog, foi jogado no meio da arena aos leões, não aqueles que habitam a desprezada sede do Clube do Remo, mas aqueles que esperavam que o tucano que chegou a manifestar neutralidade, a mantivesse. 

Jatene foi corajoso, pior foram seus covardes corregionários, como os Senadores Flexa Ribeiro e Mário Couto, ambos de seu partido, que mantiveram-se insentos como se não estivesse nem aí pro duro processo que o debate apresentou nos últimos meses.

De lá prá cá, percebemos a voracidade do marketing de guerrilha, do marketing papa-chibé, da força do clichê, dos termos que impregnaram o imaginário popular com uma forte carga de preconceito como "Forasteiros Separatistas", " O Pará unido na miséria" e tantos outros.

Mas ontem, diferente de tudo que já tinha visto, tive a chance de testemunhar um ato ecumênico em prol do sim pela divisão do Pará diferente de qualquer ação de campanha como carreatas, carro-som, panfletagens, pessoas balançando bandeiras, não. O que vi foi pessoas simples, pastores, padres e populares rezando com o apelo: "Belém, Olhaí por nós".

Padres, Pastores e alguns populares rezaram na praça de São Brás.
A manifestação destes paraenses revelou-me alguns dados interessantes, como saber que desde 1849 há o estudo sobre o reodernamento territorial e político do Brasil, onde o Pará aparece como objeto de três subdivisões, sem mencionar o Tapajós.

A pesquisa é do  historiador Francisco Aldolfo e como já se passaram 162 anos, fiquei mais indignado por eu ser de Belém, a capital do Pará e ouvir durante toda essa campanha do plebiscito, incitações xenófobas, incentivando o ódio entre os paraenses que aqui nasceram contra os que vieram morar ou nasceram aqui de relações entre brasileiros que adotaram como lugar pra viver.

Além de irresponsáveis, os criadores do termo "forasteiros" que foi usado à exaustão nas redes sociais, principalmente, são verdadeiros criminosos à serem julgado caso haja o Estado de Direito nessa terra. Não podemos admitir que se faça desse processo democrático de consulta que é o plebiscito uma arena grega onde os que não servem ao reino sejam triturados por leões sob os aplausos e gritos de uma platéia sanguinolenta que tem o pão e circo como alimentos de sua ignorância.

Amanhã, não termina nem se inicia nada. Mesmo que o Pará continue do mesmo jeito no mapa, é notório o ressentimento do povo das duas regiões que lutaram por sua emancipação e podem ver seu sonho massacrado pela vontade orientada dos dois maiores veiculos de comunicação do Pará: As Organizações Rômulo Maiorana (Jornal, TV e rádio Liberal) e a RBA (Rede Brasil Amazônia) de Jader Barbalho e cia.

Sabe-se que com a Divisão muita coisa além para além do recorte no Atlas mudaria. Por exemplo: As concessões públicas de Rádio e TV nas novas regiões passariam por um novo processo junto ao Ministério das Comunicação, que abriria edital para determinar quem "venceria" e teria a autorga para operar comerciamente através das ondas eletromagnéticas e não é à toa que isso assusta qualquer dono de veiculos de comunicação, principalmente quem teve que $uar a cami$a para obte-las, não é verdade?

Como essa análise praticamente ignorada nos meios acadêmicos e político-partidários, espero poder continuar avaliando os efeitos que esse processo nos trouxe enquanto paraenses, sem esquecer de quem é amanhã, o Dia "D" mas os demais dias serão tao decisivos quanto ele, para que tenhamos resgatado o sentimento de pertencimento e de povo unido, pois isso de fato foi pro espaço e independente de quem ganhe ou perca, o Pará já está despedaçado.

quarta-feira, julho 27, 2011

Terruá Pará: Quando a esmola é grande...


Como era de se esperar, a 1ª noite do Terruá em Belém lotou. 

A fila para os ingressos foi grande e mesmo quem chegou até uma hora antes, comentou nas redes sociais que apenas as primeiras 20 pessoas conseguiram apanhar os ingressos, colocados à disposição do público e rapidamente esgotados. Os promotores, rapidamente sacaram a desculpa de que o evento por ser bom estaria sendo muito procurado e trataram rapidamente de improvisar uma propaganda causuística para conter as críticas que surgiam. 

O remendo de dizer que as reclamações se davam por conta da procura demasiada não colou, mas mesmo assim a farsa foi mantida, com as falas de que haviam providenciado mais duas noites para os que não haviam conseguido pegar ingressos na primeira.



Como toda mentira tem pernas curtas, o blog lembra que as três noites nada tem haver com a uma solução posterior nem uma forma de compensar as críticas, pois já estávam pré-agendas e várias pessoas denunciaram que no desespero das cobranças, houve sim, ao contrário do planejado, a distribuição de ingressos para os outros 2 dias já neste primeiro.


Quem for hoje e quinta que se cuide para não ficar chupando dedo e dançar, já que tudo leva à crêr que além dos ingressos sorteados em promoções da FUNTELPA e os distribuídos os músicos/bandas, a organização do evento priorizou a distribuição entre os orgãos do próprio governo, agraciando assim o secretariado e principais assessores de Jatene, com a tão sonhada gratuídade para os excelentes E BEM COMENTADOS shows do Terruá Pará.
É assim, quando a esmola é grande, todo santo deve desconfiar.

Siga-me no Twitter: @JimmyNight
 

Crise: Edmilson Rodrigues perde seu braço esquerdo no PSOL

Luiz Araújo deixou o PT para fundar o PSOL, onde viveu até então organizando a corrente interna "Primavera Socialista" e supostame...