sexta-feira, novembro 05, 2010

A escolha de Ana Júlia Carepa

Do Blog A Perereca da Visinha

Penso que há algumas avaliações bastante equivocadas sobre a derrota da minha xará, Ana Júlia Carepa, nestas eleições.

Creio que algumas pessoas andam a confundir os sintomas com a doença – e isso é tanto mais complicado porque estamos a lidar com um caso concreto.

Ora, diz-se que Ana perdeu por erros da Comunicação e de articulação política.

Mas tais erros – que existiram de fato – foram apenas as conseqüências, e não a causa.

A causa mesma foi a opção que Ana Júlia fez por sua corrente política, a Democracia Socialista (DS).

E isso foi uma escolha, não alguma coisa a que a tivessem obrigado, até porque ela é maior de idade e, presume-se, não padece de problemas mentais. Além disso, possuía poder suficiente para se livrar desse grupo a hora que bem entendesse.

Então, Ana Júlia fez uma escolha por aquilo que lhe pareceu, sabe-se lá por que, o mais importante.

E dessa escolha é que nasceram os erros da propaganda, da articulação política e de tantos outros setores essenciais à manutenção do poder.

Quem é que dava as cartas na propaganda? A DS. Quem é que dava as cartas na articulação política? A DS. À quem, em suma, pertencia a última palavra sobre os rumos e até sobre as eventuais mexidas no Governo? À DS.

Então, o xis da questão foi a escolha que a minha xará fez de delegar o poder a uma espécie de triunvirato.

Todo o resto não passa de conseqüência dessa opção.

O PT errou por não intervir decididamente nessa concentração do poder nas mãos da DS? É claro que errou.

E é um erro que não é assim tão simples quanto parece, já que tem a ver com a própria relação do partido com essas tendências minoritárias e sectárias.

Afinal, é a segunda vez que o PT se esborracha, ao chegar ao poder através de correntes assim – a primeira foi na capital.

Mas aí fica a pergunta: como intervir decididamente, dar “murro na mesa” de um governante? E como fazer isso sem que a emenda acabe se revelando pior que o soneto, em termos de desgaste perante a opinião pública?

E mais: como realizar uma articulação política com um mínimo de credibilidade, num governo que se transformou num monstro de duas cabeças, que ora puxa para um lado, ora para o outro?

Até porque, mesmo que se conseguisse encostar o governante na parede, ainda assim ele permaneceria como o detentor da caneta.

Sempre disse aqui que o problema genético desse governo foi o fato de Ana pertencer a uma corrente minoritária e sectária – e à qual ela sempre demonstrou uma fidelidade canina.

Ora, os tucanos governaram o Pará por 12 anos, com uma ampla base de sustentação e também fizeram campanhas a comandar coligações até mais amplas que a Acelera Pará.

E olhem que nas campanhas municipais o pau comia entre os partidos coligados na esfera estadual – até porque as campanhas municipais são o momento em que todo mundo tem mais é de se cacifar.

Mas penso que os problemas eventualmente vividos pelos tucanos no comando dessas coligações foram fichinha perto do que se viu nesse governo da DS.

Até porque Almir e Jatene – quer se goste ou não – eram lideranças reconhecidas pelas demais lideranças políticas; tinham, de fato, a última palavra sobre o que acontecia ou deixava de acontecer no governo.

Já esse triunvirato jamais foi – e nem poderia ser – reconhecido pelas lideranças políticas. Aliás, jamais foi reconhecido nem mesmo pelo PT. Afinal, sempre faltou a esses senhores o principal: o mandato, a delegação de poder, de milhões de paraenses.

Sem falar, é claro, na absoluta incompetência política desses senhores, e na arrogância, o ar “doutoral”, que não lhes permitiu reconhecer a experiência das demais lideranças, nem mesmo quando pertencentes ao próprio PT.

Não reconhecer tudo isso, é tentar tapar o sol com a peneira; é tentar passar a mão – talvez até por certa nostalgia – na cabeça da DS.

Mesmo a desastrada campanha política que sepultou os sonhos de reeleição de Ana Júlia Carepa tem por trás a folha corrida da DS.

Quem foi que, afinal de contas, escolheu e manteve até o fim a Link Propaganda? Um doce para quem adivinhar...

Já estava tudo perdido em junho? Não, não estava.

Pelo contrário: devido à ampla coligação que a apoiava e ao fato de deter a máquina federal e estadual, além de dezenas de prefeituras, a cidadã Ana Júlia Carepa era, de fato, a favorita dessa disputa.

Só quem nunca fez campanha política é que se assusta com rejeição – e ainda mais se o sujeito detiver a máquina.

Porque campanha política bem feita “ressuscita defunto”, quase que literalmente.

Parece pouco, mas esses três ou quatro meses são suficientes para transformar a imagem de qualquer pessoa da água pro vinho.

Mas para isso é preciso uma boa estratégia de marketing e um bom comando de campanha.

No entanto, até essa derradeira oportunidade de “ressurreição” acabou “sepultada” pela escolha de Ana Júlia.

Que lhe ornamentem o velório, portanto, as flores e as lágrimas de crocodilo da sua DS.

FUUUUIIIIIII!!!!!!!

PS: na caixinha de comentários da postagem anterior faço um comentário um pouco mais longo sobre os erros de campanha da Link Propaganda.

.............. Pra todos aqueles que nunca desistirão de lutar por um mundo melhor!

O significado político da derrota de Ana Júlia

Foto: Ag. Pará
Fábio Fonseca de Castro*
O governo Ana Júlia, como todos os governos, teve erros e acertos. Penso que os acertos foram mais numerosos e que alguns tiveram um caráter estruturante para o estado, mas também penso que os erros foram fatais.
Dentre estes, um dos maiores – e talvez o maior – foi, em algum momento, ter-se superestimado na sua dimensão histórica e, em função disso, ter-se acreditado autosuficiente no jogo partidário estadual. Sendo mais específico, ter-se esquecido que as condições históricas que permitiram a chegada de AJ ao poder não se deveram, exclusivamente, ao gradual crescimento do PT no Pará, eleição após eleição, mas sim à situação de polarização, das elites locais, em dois grupos: PSDB e PMDB. Não fosse essa polarização o PT, possivelmente, só alcançaria o governo do estado nestas eleições ou, ainda, nas próximas.
Por incômoda que fosse, tanto do ponto de vista ideológico como do ponto de vista programático, a aliança com o PMDB constituía um elemento de equilíbrio conjuntural. Subestimar esse equilíbrio significou perder consciência dos fatores limitadores que permitiram a antecipação de um governo do PT no Pará. Perder essa consciência, por sua vez, significou, em termos práticos, diminuir as condições de governabilidade e, posteriormente, de reeleição.
Essa leitura incorreta do processo repetiu-se em relação a outros aliados, eventuais, mas também necessários para garantir a governabilidade. Esses aliados poderiam ser mais ou menos incômodos, numa escala que ia do PPS ao PSB, passando pelo PTB, PV e PP. Apenas o PC do B, dentro do largo espectro de alianças do mandato, tendeu a certo equilíbrio. Tal como, aliás, as tendências petistas que compuseram o governo. Não que não tenha havido crises e que essas crises tenham deixados de ter impacto político, mas foram, afinal, situações mais facilmente dialogadas.
Penso que o fator intrigante, o fator que deve ser explorado e que pode ensinar muito sobre política e sobre as relações sociais de poder que nos envolvem – a todos nós, que fomos derrotados nestas eleições e, com toda a dignidade, devemos nos preparar para fazer uma oposição racionalizante e consistente ao novo governo – seria, de fato, indagar sobre a força, ou a dinâmica, que produziu esse erro, especificamente, dentre outros que se nos possam atribuir.
Em outras palavras: o que teria produzido essa ilusão de autosuficiência política?
Minha percepção é de que ela se deve a um feixe de três fatores. Em primeiro lugar, a persistência, no grupo político da Governadora, de certa pretensão à vanguarda. Trata-se de um fenômeno observável em muitos partidos de esquerda: um grupo de vanguarda passa a liderar e a centralizar o processo político, pretendendo-se mais capacitado para a decisão. Esse fenômeno parece ter-se repetido no governo AJ, embora não me pareça apropriado compreendê-lo como sendo a DS, a Democracia Socialista, tendência petista da Governadora, mas sim como parte da DS.
Falar em vanguarda de tendência ou partido é um mito consistente nas esquerdas, uma prática repetida reiteradas vezes ao longo da história, com resultados bons e maus e, certamente, foi um mito presente no mandato AJ, utilizado simbolicamente para legitimar o fluxo do poder.
Mas não o único mito. Há, em segundo lugar, ao lado dele, o segundo fator; uma outra mitologia, presente na história política de AJ: a idéia de que ela se basta a si mesma enquanto ser político. É um mito associado a sua simpatia e espontaneidade, e que se materializou com os primeiros sucessos políticos de AJ. Esse mito resulta numa prática meio subliminar de a considerarem um tanto maior que o PT e, em conseqüência disso, a lhe imprimirem uma imagem de autosuficiência política.
Quando ocupei a Secretaria de Comunicação do Governo apelidei essa tese de “teoria King Kong”. Era a idéia, indestrutível na mente do marqueteiro de AJ, Paulo Heineck, o PH, bem como dos colaboradores mais próximos da Governadora e dela própria, de que ela era maior e mais interessante do que o PT. A menção ao gorila hollywoodiano se deve ao mantra do PH de que AJ era “o King Kong” do filme dele, ou seja, o personagem total, máximo, capaz de apagar todos os demais personagens e de prevalecer em qualquer circunstância.
Sempre foi muito difícil trazer o PT para o centro da comunicação política da governadora e imagino que é isso que explica a estratégia de campanha adotada pela empresa que fez seu marketing político, a Link, e, sempre, pelo PH. Bem como, por outro lado, a persistente ação de afastar o publicitário Chico Cavalcante, militante histórico do partido e reconhecido pela habilidade em fazer campanhas petistas.
Um terceiro fator decorreria, penso, da simples manipulação, produzida no jogo político interno do governo, dos dois fatores anteriores – e talvez de outros – com vistas a explorar a intermitência programática e ideológica entre o PT e seus aliados. Pessoas cresciam ou caíam, nas intrigas palacianas, conforme fossem veementes na sua crítica aos aliados. Ao ponto de que isso, algumas vezes, tenha sido moeda de troca de circulação interna.
Por exemplo: considerando que o processo de ruptura com o PMBD se intensificou na crise do Hospital Ofir Loyola, como penso que ocorreu, não tenho como deixar de perceber que o que precipitou esse processo não foi, propriamente, uma “crise do Ofir Loyola”, mas a tempestade, num copo d’água, que se chamou “crise do Ofir Loyola”. Haveria crises reais para motivar uma ruptura, mas não necessariamente essa. O que a motivou foi, simplesmente, a luta interna, que nesse caso nem era com o PMDB.
Esses fatores, na sua interação, produziam uma zona esfumaçada na análise política do governo e, a meu ver, foram determinantes para a derrota do PT. Foram fatores que contribuíram para a construção de uma análise equivocada da conjuntura paraense. Sobretudo do processo histórico não imediato, mas que condiciona a realidade imediata.
A derrota da candidatura de AJ ao segundo mandato possui um significado político que merece ser analisado e levado em consideração para a organização das próximas batalhas eleitorais.
A primeira lição a lembrar é que as condições históricas do Pará, pelo caráter de suas elites e pela diversidade dos seus processos econômicos, demandam uma transição político-social mais lenta do que todos nós gostaríamos de planejar. Uma transição que seja demarcada por acordos táticos que garantam, em primeiro lugar, a governabilidade. E que possibilite a realização de um programa de governo básico – necessariamente fortalecido nas políticas que permitam a ampliação da autonomia social.
Outra lição que deve ser lembrada se refere ao próprio papel do PT na construção do governo. Pois, se o grupo de poder da Governadora produziu uma análise equivocada, o PT, com raros episódios contrários – alguns de ordem ideológica, protagonizados pela deputada Regina Barata e outros de ordem política, como os protagonizados pela deputada Bernadete ten Caten – sempre se calou e aceitou a análise produzida por esse grupo de poder.
Uma terceira lição se dá no campo da comunicação. A comunicação feita por um partido progressista, como o PT, não deve ceder às tentações de despolitização do debate e cair no lugar comum de que a política é feita por ímpetos individuais. Não é a pessoa que vale, mas o partido. Não a personalidade, mas o coletivo. Não a forma, mas o conteúdo. Obviamente que, em se tratando de pessoas como o presidente Lula, por sua magnitude e história, essa regra se quebra, mas isso não foi o caso no Pará ou mesmo em outros estados.
O PT tem um longo futuro no Pará. O governo AJ deixará avanços estruturais importantes que muito o dignificam. Espero que sejamos capazes de fazer uma oposição, como disse acima, consistente e racionalizante ao próximo governo. Porém, mais do que tudo, espero que sejamos capazes de, sempre com humildade, mas também com persistência, produzirmos um projeto político que vise o longo prazo, a duração, a transformação estrutural do Pará.
É em vistas disso que a derrota eleitoral de 2010 deixa ao PT uma lição política: a de governar sem perder de vistas a história, a conjuntura do longo prazo.
* Fábio Castro foi secretário de comunicação do governo Ana Júlia. É doutor em sociologia, professor da Faculdade de Comunicação da UFPA e pesquisador no programa de pós-graduação "Comunicação e Cultura na Amazônia".

Até o papa apoiou Serra

Por Mino Carta em Carta Capital.

Dilma Rousseff, a eleita, teve de enfrentar a campanha mais feroz contra um candidato à Presidência na história do Brasil.

Temos uma mulher na Presidência da República, primeira na história do Brasil. E que uma mulher chegue a tanto já é notícia extraordinária.

Levo em conta a preocupação do Datafolha a respeito da presença feminina no tablado eleitoral: refiro-me à pergunta específica contida na sua pesquisa, sempre aguardada com ansiedade pelo Jornal Nacional e até pelo Estadão. A julgar pelo resultado do pleito, Dilma Rousseff representa entre nós a vitória contra o velho preconceito pelo qual mulher só tem serventia por certos dotes que a natureza generosamente lhe conferiu.

Para CartaCapital a eleição de Dilma Rousseff representa coisas mais.

A maioria dos eleitores moveu-se pelas razões que nos levaram a apoiar a candidata de Lula desde o começo oficial da campanha. Em primeiro lugar, a continuidade venceu porque a nação consagra os oito anos de bom governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Inevitável foi o confronto com o governo anterior de Fernando Henrique Cardoso, cujo trunfo inicial, a estabilidade, ele próprio, príncipe dos sociólogos, conseguiu pôr em risco.

Depois de Getúlio Vargas, embora manchada a memória pelo seu tempo de ditador, Lula foi o único presidente que agiu guiado por um projeto de país.

Na opinião de CartaCapital, ele poderia ter sido às vezes mais ousado em política social, mesmo assim mereceu índices de popularidade nunca dantes navegados e seu governo passou a ser fator determinante do êxito da candidata.

A comparação com FHC envolve também a personalidade de cada qual. Por exemplo: o professor de sociologia é muito menos comunicativo do que o ex-metalúrgico, sem falar em carisma. Não se trata apenas de um dom natural, e sim da postura física e da qualidade da fala, capaz de transmitir eficazmente idéias e emoções. Lembraremos inúmeros discursos de Lula, de FHC nenhum.

Outra diversidade chama em causa a mídia nativa. Fascinada, sempre esteve ao lado de FHC, inclusive para lhe esconder as mazelas.

Vigorosa intérprete do ódio de classe em exclusivo proveito do privilégio, atravessou oito anos a alvejar o presidente mais amado da história pátria. Quando, ao dar as boas-vindas aos 900 convidados da festa da premiação das empresas e dos empresários mais admirados no Brasil, ousei dizer que o mensalão, como pagamento mensal a parlamentares, não foi provado para desconforto da mídia, certo setor da platéia esboçou um começo de vaia. Calou-se quando o colega Paulo Henrique Amorim ergueu-se ao grito de “Viva Mino!” Os fiéis da tucanagem não primam pela bravura.

Pois Dilma Rousseff teve de enfrentar esta mídia atucanada, a reeditar o udenismo de antanho em sintonia fina com seus heróis. Deram até para evocar o passado da jovem Dilma, “guerrilheira” e “terrorista”. Como de hábito, apelaram para a má-fé para explorar a ignorância de um povo que, infelizmente, ainda não conhece a sua história, e que não a conhece por obra e graça sinistra de uma minoria a sonhar com um país de 20 milhões de habitantes e uma democracia sem demos.

Nos porões do regime dos gendarmes da chamada elite, Dilma Rousseff­ foi encarcerada e brutalmente torturada. Poderia ter sofrido o mesmo fim de Vlado Herzog, que os jornalistas não se esquecem de recordar todo ano.

Mas a hipocrisia da mídia não tem limites, com a contribuição da ferocidade que imperou na internet ao sabor da campanha de ódio nunca tão capilar e agressiva. E na moldura cabe à perfeição a questão do aborto, praticado à vontade pelas privilegiadas e, ao que se diz, pela própria esposa de José Serra, e negado às desvalidas.

Até o papa alemão a presidente recém-eleita teve de enfrentar. Ao se encontrar já nos momentos finais da campanha com um grupo de bispos nordestinos, Ratzinger convidou-os a orientar os cidadãos contra quem não respeita a vida, clara referência à questão que, lamentavelmente, invadiu as primeiras páginas, as capas, os noticiários da tevê. Parece até que Bento XVI não sabe que o Vaticano fica na Itália, onde o aborto foi descriminalizado há 40 anos.

quarta-feira, outubro 13, 2010

Livre Pensar

A covardia coloca a questão: 'É seguro?' O comodismo coloca a questão: 'É popular?' A etiqueta coloca a questão: 'É elegante?' Mas a consciência coloca a questão: 'É correto?' E chega uma altura em que temos de tomar uma posição que não é segura, não é elegante, não é popular, mas o temos de fazer porque a nossa consciência nos diz que é essa a atitude correta. Martin Luther King.

Dilma fala de aborto e se nem Cristo a derrotaria

Controle Social: O Desafio para a setor cultural no Pará

Eliomar Mazoco é capixaba arretado. É daqueles militantes da área cultural que nunca é morno, não deixa de dizer o que pensa. Suas críticas, muitas vezes incomodam até seus companheiros mais afinados, ou quem se identifica com ele, mas mesmo assim ele destila suas opiniões, seus descontentamentos e suas propostas ousadas e radicais, no termo exato do significado de "radical".

Conheci a figura no ano de 2004, quando o MINC e o Ministério do Trabalho, convocaram uma reunião para em Brasília eleger um conjunto de militantes da cultura popular que passaram a compor o Grupo de Trabalho que elaborou o CULTURAPREV, Fundo de Pensão para os trabalhadores da Cultura, entre eles, eu e Mazoco éramos os mais "injuados" do grupo.

Lá, uma das propostas que levamos ao limite da insistência foi o valor mínimo da contribuição mensal de R$ 25,00 para que uma mestre do Ceará, ou um carimbozeiro do Pará, ou qualquer outro artísta e/ou músico, cineasta, enfim, um fazedor de arte e cultura tivesse enfim, o direito à um Plano de Previdência Complementar Fechado através do vínculo associativo para os Trabalhadores da Cultura.

Infecunda em vários Estado da Federação por "n" motivos, o CULTURAPREV foi um marco na formulação de políticas públicas apartir da colaboração paritária entre governo e sociedade civil organizada.

Assim como o SUS, o Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social e o Vale-Cultura, bem como inúmeros outros processos que geraram políticas públicas, propomos muitas coisas positivas a partir do governo Lula e em outros Estados onde partidos progressistas tiveram chances de aplicar modelos de participação popular e Controle Social em suas gestões.

Outro dia, conversando com meu grande companheiro, o caboclo paraense de Santarém Novo, Issac Loureiro, que assim como Mazoco faz parte do Conselho Nacional de Cultura Popular, ouvi orgulhosamente sobre sua eleição e as tramas que andam aprontando, entre elas a força para fazer vingar a Campanha que visa transformar o Carimbó como Patrimônio Cultural Brasileiro.

O texto recém publicado por Eliomar Mazoco, cita o Pará como um dos 3 Estados brasileiros que estão com o Conselho Estadual de Cultura desativado, motivo pelo qual me faz tecer críticas à gestão de Edilson Moura, recém-eleito deputado estadual pelo PT-PA, e seu sucessor, o atual secretário de Cultura do Pará, Cicinato Marques, ambos assessorados pelo ex-secretário Estadual de Cultura do PT-Pa, Carlos Henrique, que entende da área, sem dúvida, mas não mexeu uma palha para fazer com que o governo Ana Júlia tivésse este crédito junto à classe artística/cultural.

Uma lástima que nem dá vontade de continuar comentando,. Resta lamentar e lutarmos para fazer valer o modo petista de governar vencer para que aceleremos no Controle Social e a participação democrática não seja vencida pela soberba de grupelhos.

Deixo com vocês, o artigo do amigo Mazoco, publicado pelo Jornal A Gazeta.

Conselhos de Cultura

A GAZETA

Eliomar Mazoco

Foi realizado em Salvador nos dias 31 de agosto e 1º de setembro passados, o Seminário Políticas Culturais, Democracia e Conselhos de Cultura, promovido por um núcleo de pesquisadores da Universidade Federal da Bahia, que desenvolvem uma pesquisa sobre os Conselhos de Cultura no Brasil, de forma a elaborar indicadores, análises comparativas e cenários.

No seminário realizado com o apoio do Conselho Nacional de Políticas Culturais, foram apresentados os resultados da primeira etapa da pesquisa de dados referentes aos Conselhos de Cultura. Nele ficamos sabendo que das 27 unidades da federação apenas uma não tem Conselho formalmente (Rondônia) e três estão com os seus desativados (Pará, Tocantins e Paraná) situação que também experimentamos durante quase toda a década passada e a primeira metade do atual decênio.

A pesquisa apurou que, dos 23 Conselhos ativos, apenas oito têm uma composição paritária com equilíbrio entre sociedade civil e estado, sendo que outros cinco têm a maioria governamental. E que apesar de nove terem maioria da sociedade civil, muitas destas vagas são de escolha livre ou em lista tríplice do governador, o que compromete a paridade e aumenta a fragilidade da existência dos Conselhos, ficando exposto aos desejos do mandatário de plantão.

Assim, ficou realçada a importância da escolha dos representantes da sociedade civil, por meio de procedimentos democráticos e participativos envolvendo a sociedade organizada. Neste aspecto o Conselho capixaba teve um grande avanço, ao eleger os representantes da sociedade civil diretamente, sem lista tríplice, em assembléias setoriais das entidades culturais.

Outro aspecto realçado foi o exercício da presidência do Conselho. As pesquisas revelaram que cabe ao presidente a condução dos trabalhos e o caráter da sua atuação em relação aos seus preceitos para acompanhar as políticas públicas para a área. As oficinas entre membros de conselhos presentes revelaram que os conselhos presididos pelos secretários, geralmente travam os debates e as informações, relevando aos conselheiros um papel de fiador compulsório da política pública desenvolvida.

Infelizmente este é o caso do Espírito Santo onde o Conselho de Cultura, do qual fiz parte nos últimos dois anos, não vota, não aprecia, não debate objetivos e orçamento de nenhuma das políticas de cultura implementadas pelo Estado. Creio que isto precisa mudar e o novo governo poderia colocar a sugestão em sua agenda.

Por motivos como este 15 Conselhos estaduais elegem seus presidentes. Neste aspecto o novo Conselho capixaba deu um passo atrás. Pois o presidente do nosso Conselho já foi eleito, tendo sido ocupado por pessoas como Marien Calixte, Beatriz Abaurre, Paulo Bonates, dentre outros nomes ilustres, sendo estes os períodos de maior trabalho, ações, profusão e visibilidade do Conselho de Cultura do Espírito Santo.

Eliomar Mazoco é historiador, presidente da Comissão Espírito-santense de Folclore e membro suplente do Conselho Nacional de Políticas Culturais.

Carimbó Patrimonio Cultural 1.mp4

Mano Brown sobre José Serra

quarta-feira, outubro 06, 2010

O Círio e a Síndrome do Paraensismo Agudo

Ctrl-C + Ctrl-V na cara dura do blog Bêbado Gonzo

Chegamos à época mais divertida de se morar em Belém. Ao longo do ano, a capital do Pará é um inferno: trânsito caótico, gente mal educada, lixo nas ruas, poluição sonora, absoluta falta de bom senso e o risco iminente de encontrar semi-conhecidos a toda hora, já que o núcleo principal da nossa cidade é um ovo. Um ovo de curió, para ser mais específico. Não pense que essas coisas mudam neste período. Nada muda. E ainda há dois agravantes: o tráfego piora e o aumentam as chances de esbarrar naquele colega de ensino médio que você não lembra o nome de jeito nenhum, mas se sente obrigado a cumprimentá-lo. No entanto, algo de sobrenatural deixa a Cidade das Mangueiras muito mais interessante, suplantando todos os percalços da nossa rotina de cão.

Foto: Bruno Miranda.
É, estamos no Círio. Quem não é paraense ou praticante do turismo religioso de raiz sabe pouco sobre a festa. Se for procurar no dicionário, vai aparecer que círio é uma velona, uma vela grande, ou ainda romaria, procissão, o que tem relação com o Círio com c maiúsculo. Mas, a explicação carece de mais detalhamento. Caso um forasteiro tente relatar o evento sem nenhuma contextualização, vai contar mais ou menos assim: era um mundaréu de gente espremida pelas ruas, impedindo que outra galera – essa exausta e toda suada - puxasse com uma corda a imagem de Nossa Senhora. E, enquanto uns penavam puxando, outros vestidos de branco andavam num cordão de isolamento numa boa só se abanando e protegidos por seguranças até chegar de uma igreja à outra. Mas, ainda não é isso. O Círio, de fato, é uma manifestação religiosa que iniciou católica, mas hoje reúne credos de todos os tipos. Dizem as más e boas línguas que até ateus participam para não se sentirem excluídos e depois da procissão filarem a bóia, cujo aspecto é realmente estranho, porém o sabor inigualável. Vide o caso maniçoba. É preciso andar por Belém neste tempo de devoção e sacrilégios para compreender melhor, para se inteirar e perceber que, embora haja um clima Padre Fábio de Melo way of life de ser, também há uma necessidade de extravasar a alegria e o desejo enorme de revolucionar, suprimidos ou exibidos esporadicamente ao longo do ano. No Círio, paraenses da gema e adotivos voltam à condição de sonhadores sensuais, como diz professor e paraense Fábio Castro. Paralela as tarefas cristãs e marianas, rezas, sacrifício físicos, carolices extremas, há uma força brutal que tem muito mais a ver com o carnaval do que genuinamente com os ritos da Igreja Católica. O Círio é também tempo de reencontrar velhos amores, de embates com amantes extraviados, de se apaixonar do nada no meio da rua, de passar uma semana insone pulando de festa em festa, de engordar dez quilos de tanto comer, de resolver ódios pendentes e promessas de vingança, de engravidar sem planejamento e precocemente, de morrer e matar, de deixa valer impulsos e instintos. As estatísticas apontam: gasta-se mais, transa-se mais, morre-se mais, comete-se mais crimes. O Círio transpira excessos de todos os gêneros, o que bispos, padres, beatas e todos os moralistas odeiam incluir como parte da efeméride, mas tem que engolir em seco sua evidência ou mesmo praticá-los às escondidas.
Sonhadores sensuais, mas não paraenses.
No Círio, repetimos a experiência de fartura de tantos anos atrás, quando a borracha nos servia mais para fortuna do que para evitar filhos. As mesas são tão fartas que é possível comer as sobras até chegar novembro, apesar de o auge da festa ser o segundo domingo de outubro. Até nos casebres mais pobres, milagrosamente, a comida abunda. Nos casarios e apartamentos mais abastados, os banquetes não cabem nas cozinhas e nas salas de jantar e o ar se impregna do cheiro do cianureto cozido da maniva e da acidez amarela do tucupi. Todos amam a cidade. Amam tanto que seria muito mais justo com Belém eleger prefeito no dia do Círio. Quiçá a população escolheria um alcaide verdadeiramente engajado com os anseios municipais – ou não. De tanto amor momentâneo repetiríamos a mesma insanidade quadrienal de sempre. O afeto é tanto que mesmo os que mais depredam, escarnecem e cospem, urinam, vomitam e cagam na capital, nessa época, escrevem versos, cantam, suspiram, choram e sangram pela velha morena tão sofrida nos demais onze meses. Um encantamento se sustenta no ar junto com uma flagrância secreta de flores e bons pensamentos. Aqueles que passam o réveillon no Rio de Janeiro, o carnaval na Bahia, a Semana Santa em Campos do Jordão, as férias de julho em Miami e juram diante da cruz que São Paulo é o melhor lugar para viver, milagrosamente demonstram uma adoração nunca vista na história desta Belém. Palavras cabalísticas como carimbó, Ver-o-peso, Nazaré, rios, manga, tacacá, açaí e tudo relacionado à cidade ganham um peso a mais numa dieta hipercalórica de afeição e valorização.
Foto: Breno Peck
Independente do quanto se tem no bolso ou das origens familiares, pobres, ricos e remediados, todos nós padecemos da Síndrome do Paraensismo Momentâneo Agudo, a doce patologia invasiva e contagiosa, causadora de superlativos infinitos sobre o que em setembro era mera paisagem sem importância ou hábito corriqueiro e, para alguns, até considerado coisa de gentinha. Chegamos ao Círio. Tempo de amar profundamente o que, em regra, dispensamos um amorzinho raso, sem sal. Belém, essa mulher desejosa, voluntariosa e massacrada pelo tempo, deve esperar ansiosa essa época. Lábio inferior mordido, mãos entre as coxas apertando o vestido, pés inquietos, olhos no rio, a morena olha o relógio dos meses aguardando chegar a hora de outubro, quando nós, os maridos relapsos, chegamos perfumados, de roupa e saptos novos, e doamos toda fúria do sentimento que temos por ela, mas que não demonstramos durante a nossa longa semana de trabalho, de longos outros onze meses. Um feliz Círio a todos nós.

Marina você de pintou?

Maurício Abdalla*

“Marina, morena Marina, você se pintou” – diz a canção de Caymmi. Mas é provável, Marina, que pintaram você. Era a candidata ideal: mulher, militante, ecológica e socialmente comprometida com o “grito da Terra e o grito dos pobres”, como diz Leonardo Boff.

Dizem que escolheu o partido errado. Pode ser. Mas, por outro lado, o que é certo neste confuso tempo de partidos gelatinosos, de alianças surreais e de pragmatismo hiperbólico? Quem pode atirar a primeira pedra no que diz respeito a escolhas partidárias?

Mas ainda assim, Marina, sua candidatura estava fadada a não decolar. Não pela causa que defende, não pela grandeza de sua figura. Mas pelo fato de que as verdadeiras causas que afetam a população do Brasil não interessam aos financiadores de campanha, às elites e aos seus meios de comunicação. A batalha não era para ser sua. Era de Dilma contra Serra. Do governo Lula contra o governo do PSDB/DEM. Assim decidiram as “famiglias” que controlam a informação no país. E elas não só decidiram quem iria duelar, mas também quiseram definir o vencedor. O Estadão dixit: Serra deve ser eleito.

Mas a estratégia de reconduzir ao poder a velha aliança PSDB/DEM estava fazendo água. O povo insistia em confirmar não a sua preferência por Dilma, mas seu apreço pelo Lula. O que, é claro, se revertia em intenção de voto em sua candidata. Mas “os filhos das trevas são mais espertos do que os filhos da luz”. Sacaram da manga um ás escondido. Usar a Marina como trampolim para levar o tucano para o segundo turno e ganhar tempo para a guerra suja.

Marina, você, cujo coração é vermelho e verde, foi pintada de azul. “Azul tucano”. Deram-lhe o espaço que sua causa nunca teve, que sua luta junto aos seringueiros e contra as elites rurais jamais alcançaria nos grandes meios de comunicação. A Globo nunca esteve ao seu lado. A Veja, a FSP, o Estadão jamais se preocuparam com a ecologia profunda. Eles sempre foram, e ainda são, seus e nossos inimigos viscerais.

Mas a estratégia deu certo. Serra foi para o segundo turno, e a mídia não cansa de propagar a “vitória da Marina”. Não aceite esse presente de grego. Hão de descartá-la assim que você falar qual é exatamente a sua luta e contra quem ela se dirige.

“Marina, você faça tudo, mas faça o favor”: não deixe que a pintem de azul tucano. Sua história não permite isso. E não deixe que seus eleitores se iludam acreditando que você está mais perto de Serra do que de Dilma. Que não pensem que sua luta pode torná-la neutra ou que pensem que para você “tanto faz”. Que os percalços e dificuldades que você teve no Governo Lula não a façam esquecer os 8 anos de FHC e os 500 anos de domínio absoluto da Casagrande no país cuja maioria vive na senzala. Não deixe que pintem “esse rosto que o povo gosta, que gosta e é só dele”.

Dilma, admitamos, não é a candidata de nossos sonhos. Mas Serra o é de nossos mais terríveis pesadelos. Ajude-nos a enfrentá-lo. Você não precisa dos paparicos da elite brasileira e de seus meios de comunicação. “Marina, você já é bonita com o que Deus lhe deu”.

[1] Professor de filosofia da UFES, autor de Iara e a Arca da Filosofia (Mercuryo Jovem), assessor do Movimento Fé e Política, de Comunidades Eclesiais de Base, um intelectural orgânico, além de ser grande amigo nosso e companheiro de lutas por justiça social e pela construção de uma sociedade sustentável.

Dois pesos...

Por Maria Rita Kehl em O Estado de S.Paulo.

Este jornal teve uma atitude que considero digna: explicitou aos leitores que apoia o candidato Serra na presente eleição. Fica assim mais honesta a discussão que se faz em suas páginas. O debate eleitoral que nos conduzirá às urnas amanhã está acirrado. Eleitores se declaram exaustos e desiludidos com o vale-tudo que marcou a disputa pela Presidência da República. As campanhas, transformadas em espetáculo televisivo, não convencem mais ninguém. Apesar disso, alguma coisa importante está em jogo este ano. Parece até que temos luta de classes no Brasil: esta que muitos acreditam ter sido soterrada pelos últimos tijolos do Muro de Berlim. Na TV a briga é maquiada, mas na internet o jogo é duro.

Se o povão das chamadas classes D e E - os que vivem nos grotões perdidos do interior do Brasil - tivesse acesso à internet, talvez se revoltasse contra as inúmeras correntes de mensagens que desqualificam seus votos. O argumento já é familiar ao leitor: os votos dos pobres a favor da continuidade das políticas sociais implantadas durante oito anos de governo Lula não valem tanto quanto os nossos. Não são expressão consciente de vontade política. Teriam sido comprados ao preço do que parte da oposição chama de bolsa-esmola.

Uma dessas correntes chegou à minha caixa postal vinda de diversos destinatários. Reproduzia a denúncia feita por "uma prima" do autor, residente em Fortaleza. A denunciante, indignada com a indolência dos trabalhadores não qualificados de sua cidade, queixava-se de que ninguém mais queria ocupar a vaga de porteiro do prédio onde mora. Os candidatos naturais ao emprego preferiam viver na moleza, com o dinheiro da Bolsa-Família. Ora, essa. A que ponto chegamos. Não se fazem mais pés de chinelo como antigamente. Onde foram parar os verdadeiros humildes de quem o patronato cordial tanto gostava, capazes de trabalhar bem mais que as oito horas regulamentares por uma miséria? Sim, porque é curioso que ninguém tenha questionado o valor do salário oferecido pelo condomínio da capital cearense. A troca do emprego pela Bolsa-Família só seria vantajosa para os supostos espertalhões, preguiçosos e aproveitadores se o salário oferecido fosse inconstitucional: mais baixo do que metade do mínimo. R$ 200 é o valor máximo a que chega a soma de todos os benefícios do governo para quem tem mais de três filhos, com a condição de mantê-los na escola.

Outra denúncia indignada que corre pela internet é a de que na cidade do interior do Piauí onde vivem os parentes da empregada de algum paulistano, todos os moradores vivem do dinheiro dos programas do governo. Se for verdade, é estarrecedor imaginar do que viviam antes disso. Passava-se fome, na certa, como no assustador Garapa, filme de José Padilha. Passava-se fome todos os dias. Continuam pobres as famílias abaixo da classe C que hoje recebem a bolsa, somada ao dinheirinho de alguma aposentadoria. Só que agora comem. Alguns já conseguem até produzir e vender para outros que também começaram a comprar o que comer. O economista Paul Singer informa que, nas cidades pequenas, essa pouca entrada de dinheiro tem um efeito surpreendente sobre a economia local. A Bolsa-Família, acreditem se quiserem, proporciona as condições de consumo capazes de gerar empregos. O voto da turma da "esmolinha" é político e revela consciência de classe recém-adquirida.

O Brasil mudou nesse ponto. Mas ao contrário do que pensam os indignados da internet, mudou para melhor. Se até pouco tempo alguns empregadores costumavam contratar, por menos de um salário mínimo, pessoas sem alternativa de trabalho e sem consciência de seus direitos, hoje não é tão fácil encontrar quem aceite trabalhar nessas condições. Vale mais tentar a vida a partir da Bolsa-Família, que apesar de modesta, reduziu de 12% para 4,8% a faixa de população em estado de pobreza extrema. Será que o leitor paulistano tem ideia de quanto é preciso ser pobre, para sair dessa faixa por uma diferença de R$ 200? Quando o Estado começa a garantir alguns direitos mínimos à população, esta se politiza e passa a exigir que eles sejam cumpridos. Um amigo chamou esse efeito de "acumulação primitiva de democracia".

Mas parece que o voto dessa gente ainda desperta o argumento de que os brasileiros, como na inesquecível observação de Pelé, não estão preparados para votar. Nem todos, é claro. Depois do segundo turno de 2006, o sociólogo Hélio Jaguaribe escreveu que os 60% de brasileiros que votaram em Lula teriam levado em conta apenas seus próprios interesses, enquanto os outros 40% de supostos eleitores instruídos pensavam nos interesses do País. Jaguaribe só não explicou como foi possível que o Brasil, dirigido pela elite instruída que se preocupava com os interesses de todos, tenha chegado ao terceiro milênio contando com 60% de sua população tão inculta a ponto de seu voto ser desqualificado como pouco republicano.

Agora que os mais pobres conseguiram levantar a cabeça acima da linha da mendicância e da dependência das relações de favor que sempre caracterizaram as políticas locais pelo interior do País, dizem que votar em causa própria não vale. Quando, pela primeira vez, os sem-cidadania conquistaram direitos mínimos que desejam preservar pela via democrática, parte dos cidadãos que se consideram classe A vem a público desqualificar a seriedade de seus votos.

No Pará e no Brasil: Social Medias e Marketeiros do PT

O 1º turno e o poder pedagógico do erro

Por Mauro Carrara no NOVAE

Em Abril, vários canais da chamada blogosfera publicaram texto de minha autoria denominado "E Dilma vai virando outra Marta".

Naquela ocasião, tratei da fábrica de "hoaxes" graeffista. Contei que a dona da quitanda, aqui perto de casa, já havia recebido e-mail que apontava Dilma Rousseff como "assaltante de bancos" e "prostituta de guerrilheiros".

Na época, a oposição já trabalhava para colar tudo que há de ruim à imagem da candidata petista.

Repetia-se o rito difamatório que havia arranhado gravemente a reputação de Marta Suplicy, e que lhe tirara a oportunidade de recuperar a prefeitura paulistana.

Em abril, percebia-se um padrão de erro nas ações estratégicas de comunicação do PT e de seus aliados.

Citei a ausência de canais de informação multitemáticos de esquerda, o alcance limitado e a dinâmica circular da "blogosfera lulista", o receio petista da mídia centralizadora e a ausência de uma ação estratégica de combate aos canais virtuais de difusão de calúnias.

Quando a campanha engatou, Dilma foi catapultada ao primeiro lugar por conta da popularidade de Lula e dos feitos espetaculares de seu governo.

A candidata parecia caminhar para uma vitória fácil no primeiro turno. E logo os comunicadores vermelhos calçaram sapatos femininos de salto agulha, altíssimos e envernizados.

Chegou, então, o Setembro de Fogo, e a artilharia oposicionista passou a assestar outros canhões contra a candidata.

Durante quatro semanas, milhões e milhões de e-mails foram enviados para os brasileiros conectados à Internet.

Outras peças caluniosas acabaram incorporadas ao Youtube, a blogs, listas de discussão e tópicos de comunidades de relacionamento.

Dilma foi pintada como "assaltante de bancos", "terrorista", "assassina", "incompetente", "autoritária" e "inimiga da fé".

Semanas atrás, tentei, sem sucesso, disseminar um artigo com informações detalhadas sobre a campanha difamatória promovida por padres, pastores e obreiros de linha conservadora.

Naquela data, a frase "nem Cristo me tira essa vitória", atribuída falsamente a Dilma, aparecia em nada menos que 120 mil documentos localizados pelo Google.

Até mesmo sessões de "cinema político-religioso" foram realizadas para instigar nos fiéis o ódio pela candidata governista.

Esse trabalho de envenenamento de corações e mentes foi intensificado após o Caso Erenice, exposto com estardalhaço pela mídia monopolista.

Esperava-se, portanto, que o tempo de propaganda na TV e no Rádio fosse utilizado, pelo menos em parte, para esclarecer os eleitores sobre essas questões.

O que se indagava na ruas era: "será verdade?"

Os comunicadores do PT, no entanto, preferiram apostar no silêncio, crentes em uma inevitável vitória na primeira rodada.

Por soberba ou por conta de avaliações técnicas equivocadas do jogo eleitoral, esses profissionais desperdiçaram os últimos programas do horário gratuito.

Na TV e no rádio, pareceram pasteurizados, indistintos, produzidos em outro planeta, descolados da realidade da eleição.

Ao perceber (tardiamente) o estrago promovido nas igrejas, o PT promoveu às pressas um encontro entre Dilma e líderes religiosos progressistas.

No entanto, deu mínima visibilidade ao evento (fiando-se talvez no poder difusor da mídia monopolista) e não foi capaz de esclarecer e acalmar os fiéis.

No 3 de Outubro, muitos foram às urnas convencidos de que Dilma era o próprio "anticristo", sedenta por perseguir sacerdotes, proibir símbolos religiosos e impor restrições aos programas evangélicos.

No comando da campanha, confunde-se com frequência a chamada "agenda positiva" com "autismo". Em muitos momentos, as inquietações do eleitor foram solenemente ignoradas.

Alertado por amigos, naveguei pela comunidade "Apoiamos Lula, agora é Dilma" (120 mil membros), na rede de relacionamentos Orkut.

Ali, um certo moderador X3 criou, em 22 de Setembro, um tópico no mínimo curioso. Ao título "Atenção Militantes! É guerra!" agregou a ordem "mas é guerra de silêncio".

Assegurando ter recebido "orientações", instruiu os membros a não responder a ataques nas outras comunidades orkutianas. "Pratique solenemente o menosprezo", ensinou X3.

Já se sabe qual foi o resultado dessa estratégia. Dilma perdeu inúmeros votos entre os cristãos, sobretudo os evangélicos, e teve sua imagem gravemente corroída entre milhões de jovens que atuam nas redes sociais.

O primeiro turno terminou assim, de forma rápida, bruta e dolorosa. E só tem algum valor se constituir um exemplo pedagógico.

Agora, cabe comparar, sim, um governo contra o outro. E beliscar quem não se lembra dos anos finais da gestão FHC, marcados por apagão, desemprego, centralização econômica e desesperança.

Urge igualmente ao PT e seus aliados combater vigorosamente os boateiros profissionais e amadores.

Diante de ataques dessa natureza, é preciso oferecer imediatamente a outra versão dos fatos.

Um partido de massas não pode ser furtar à tarefa de esclarecer, sempre com a redundância e o didatismo exigidos na lida com as multidões.

E esta ação deve mobilizar a candidata, os responsáveis pela propaganda oficial e aqueles ainda concebidos como "militantes".

Começa agora. Não começou? Já é tempo perdido.

terça-feira, outubro 05, 2010

Anula ou Mantém: Eis a questão do Senado no Pará.

O "disse me disse " da imprensa, dá diferentes versões para o mesmo caso e nos perguntamos: em quem acreditar?

Aqui, a versão do portal IG.

Eleição no Pará pode ser anulada por causa da Lei da Ficha Limpa.

Os dois senadores mais votados tiveram registro negado com base na lei e recorreram. Há problemas semelhantes no Amapá e na Paraíba.

A eleição no Pará pode ser anulada. Os dois candidatos mais votados para o Senado concorreram sem registro, barrados pela Lei da Ficha Limpa. Juntos, eles têm mais da metade dos votos. E esses votos podem ser considerados nulos se os dois forem impedidos de assumir pela Justiça.

Na disputa pelo Senado, Jader Barbalho, do PMDB, e Paulo Rocha, do PT, tiveram juntos 57% dos votos - que estão congelados e podem ser anulados se a Justiça decidir que eles não devem assumir. Os dois tiveram o registro negado por causa da Lei da Ficha Limpa e recorreram.

"A lei em tese estabelece que se houver uma maioria de votos nulos proceder-se-á nova eleição", lembra o presidente do TSE, ministro Ricardo Lewandowski.

No Amapá e na Paraíba também há candidatos ao Senado que tiveram votos para se eleger, mas que estão com as candidaturas suspensas por causa da Lei da Ficha Limpa. Só depois da decisão da Justiça sobre esses casos é que vai se saber se eles vão assumir os mandatos."Isso é que é lamentável nessa eleição. Que ela não esteja dependendo da política nem dos políticos.

Ela está dependendo dos juristas e dos tribunais", lamenta o cientista político Otaciano Nogueira.O ex-ministro do TSE Torquato Jardim concorda que se trata de uma eleição diferente: "É um momento único, um momento raro. Em 34 anos de TSE eu nunca vi outro igual", diz o magistrado.

Sem contar com os que dependem de decisão judicial, o Senado ficou assim: o PMDB elegeu 20 senadores, o mesmo número que tinha em 2006. O PT cresceu. Elegeu 13 senadores. Há quatro anos tinha 11. O PSDB elegeu dez. Em 2006 eram 13. O Democratas minguou: elegeu oito, contra 17 de 2006. O PP terá cinco senadores. Tinha um. O PTB e o PR mantiveram a bancada de quatro senadores cada. O PSB agora tem quatro senadores. Tinha três. O PDT ficou com três, contra quatro em 2006. Outros partidos elegeram juntos dez senadores.

Na Câmara o PT ganhou força. Elegeu 88 deputados. Cinco a mais que 2006. O PMDB perdeu dez cadeiras. Elegeu agora 79 deputados, contra 89 em 2006. Pelo PSDB, foram eleitos 53 deputados. Contra 66 da última eleição. O Democratas foi o partido da oposição que mais encolheu. Elegeu 43 deputados contra 65 em 2006, quando ainda se chamava PFL. O PP manteve o mesmo tamanho: elegeu 41 deputados. O PR cresceu muito. Elegeu agora 41 deputados. Em 2006, quando ainda se chamava PL, tinha 23 cadeiras. Pelo PSB foram 34 eleitos. Antes, eram 27. Outros partidos elegeram juntos 134 deputados.A eleição de governadores não está ameaçada. Nenhum candidato a governador foi para o segundo turno com registro negado com base na Lei da Ficha Limpa.

Fonte: Portal G1.

Eis agora, a outra versão:

Por Débora Zampier - Repórter da Agência Brasil

Brasília - O Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE-PA) afirmou hoje (5), por meio de nota oficial, que “é prematuro se pensar em novo pleito” para os cargos de senador no Pará. No estado, 57% dos votos para o senado estão anulados porque o segundo e o terceiro candidatos mais votados - Jader Barbalho (PMDB) e Paulo Rocha (PT) - tiveram os registros de candidatura negados pela Justiça Eleitoral com base na Lei da Ficha Limpa.

A nota informa que o tribunal irá se reunir na próxima semana para discutir o tema, mas que irá aguardar as manifestações do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a questão. “O TRE do Pará, independentemente do resultado e dos debates a serem realizados, está preparado para cumprir os dispositivos legais do Código Eleitoral”.

O presidente do TSE, Ricardo Lewandowski, disse ontem (4) que a legislação eleitoral prevê a realização de novas eleições quando o número de votos nulos supera o de votos válidos. Entretanto, o ministro afirmou que cabe ao TRE-PA decidir o que fará sobre a questão. “Quem proclama eleição dos senadores é o TRE local, não podemos antecipar nada”. Segundo o ministro, é possível que processos tenham particularidades jurídicas desconhecidas que podem levar a desfechos diferentes do esperado.

O caso de Jader Barbalho já foi julgado pelo plenário do TSE e o recurso está pronto para ser enviado ao STF. Já Paulo Rocha teve uma decisão negativa na primeira instância, mas entrou com recurso que será julgado pelo plenário do tribunal. Segundo Lewandowski, o caso será analisado ainda esta semana pelo TSE.

Edição: Vinicius Doria

PTB estuda abandonar campanha de Serra

O presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, disse ao iG que vai submeter à Executiva Nacional, nesta quarta-feira, a revisão do apoio formal à candidatura de José Serra (PSDB) no segundo turno. Apesar da coligação formal com o tucano no primeiro tuno, o partido ficou rachado. Os líderes das bancadas no Congresso apoiaram Dilma Rousseff (PT). Agora há setores insatisfeitos dos dois lados. Com o quadro confuso, a tendência é a neutralidade.
Leia mais no Portal Ig

Serra acusa Marina de "mensalão"

Há uma semana atrás Marina no Debate da Globo diz que Serra não responde as perguntas dela e só fala uma série de coisas que "diz" que fez em São Paulo e que não faz autocrítica. Serra por sua vez rebate e diz que ela - Marina - e Dilma tem muito mais coisas em comum do que com ele. Passada a eleição e agora desesperado em ter o apoio da verde, Serra diz totalmente o contrário. Veja a postagem no blog amigos do Presidente Lula:
José Serra continua no segundo turno o mesmo demagogo e mentiroso de sempre. Hoje, em Minas, Serra elogiou Marina e disse espera "aproximação" com verdes no segundo turno."Ela merece respeito e a admiração da minha parte", disse Serra.
Mas não era isso que Serra pensava até uma semana atrás quando esteve frente a frente com Marina no debate da Globo. Veja o vídeo, confira.

O Resultado Final das Eleições - I



Por Diógenes Brandão

Com 9.123 votos recebidos neste último domingo (03), o candidato que eu apoiei para representar a região do Marajó na ALEPA, não alcançou o número de votos necessários para eleger-se, mas Laércio Pereira diante da realidade financeira da campanha, ao certo conseguiu uma expressiva votação, já que ficou à frente de notáveis candidatos, tais como, Suleima Pegado (PSDB) que já era deputada e tentava a reeleição, vindo para isso obter 541 votos a menos que o Marajoara, que também superou - com 1.592 votos a mais - Fernando Dourado, o poderoso ex-secretário de saúde no governo tucano e atual vereador em Belém.

Igualmente vereador da metrópole, já em seu 2º mandato, Adalberto Aguiar (PT) recebeu 3.470 votos a menos que Laércio, que também superou em 1.924 votos, a camarada Sandra Batista, hoje, vice-prefeita de Ananindeua (2º maior colégio eleitoral do PA) já foi vereadora em Belém e deputada estadual por 02 mandatos.

O recebedor do meu voto e apoio para a câmara federal foi o Santareno Carlos Martins, deputado estadual pelo PT e irmão da prefeita de Santarém, Maria do Carmo (PT) e do atual Chefe da Casa Civil do governo Estadual. Miriquinho Bastista e Mário Cardoso foram meus candidatos secundários.

Carlos está na ilharga como 1º Suplente pelo PT, tendo apenas faltado 15.994 votos para ultrapassar o concorrente – Zé Geraldo (PTpraValer).

O Quadro interno do PT.

O PT tinha 06 e agora tem 09 deputados estaduais eleitos nesta eleição, sendo que Miriquinho Batista saiu da ALEPA para a Câmara Federal como o 2º parlamentar mais votado do PT-PA. Filho de Abaetetuba e atual secretário da Assembléia Legislativa do Pará, Miriquinho dirige junto com Paulo Rocha e outras lideranças, a Unidade na Luta, tendência interna do PT. Paulo Rocha não foi eleito para o senado, mas teve a diferença de apenas 22.026 votos para Jader Barbalho, quem os institutos de pesquisa colocavam como “Deus dos votos”.

O maior grupo do PT sofre com a derrota do seu maior líder, mas elegeu 03 deputados Estaduais, dos quais Chico da Pesca foi o mais votado do PT-PA, seguido de Alfredo Costa e Zé Maria do baixo-amazonas. Alfredo Costa depois de 02 eleições deixa a vereança e chega ao Palácio da Cabanagem com 2.753 votos a mais que Suely Oliveira, a 1ª suplente do PT, a qual é ligada à DS, comandada pelo núcleo duro e a própria governadora, que elegeu apenas o ex-secretário de Cultura Edilson Moura como deputado Estadual e Cláudio Puty como Federal, de quem todos esperavam ser o “campeão de votos” dada a mega-campanha realizada pelo ex-chefe da casa civil.

O grupo que hegemoniza o governo, ganha ainda a vaga na Câmara Municipal de Belém, já que Milene Lauande, assume no lugar de Alfredo Costa por ser a 1ª suplente das eleições de 2008 e junto com Marquinho agora será vereadora do grupo que comanda o governo Ana Júlia, por mais 02 anos, pelo menos.

O PT pra Valer teve reeleitos os deputados Valdir Ganzer, Bernadete Tem Catem e Airton Faleiro, mantendo assim a hegemonia do antigo campo majoritário, hoje denominado “Construindo um Novo Brasil”, grupo que comanda o PT a nível local e nacional, junto com a Unidade na Luta com seus 03 deputados estaduais - já citados - e a Articulação Socialista, que elegeu Milton Simmer e reelegeu Carlos Bordalo deputado Estadual, além de Beto Faro, o mais votado como deputado federal.

A Dança das Cadeiras

Já o PSDB sangrou, fez apenas 06 cadeiras na ALEPA, perdeu 04 dos 10 deputados que tem até dezembro deste ano. Na Câmara Federal, O DEM tinha 03 e perdeu 02, ficando apenas Márcio Miranda que já era deputado Estadual e olhe lá!

O partido, em extinção no Brasil, só terá o Santareno Lira Maia como representante em Brasília, pois o dral Vic Pires Franco, até bem pouco tempo atrás era presidente da legenda no Pará e depois do golpe sofrido pelos Tucanos resolveu não se candidar-se com a sua esposa, a ex-governadora Valéria Franco, apontada pelos institutos de pesquisa nas eleições de 2008 como prefeita eleita de Belém e que amargou o 4º lugar.

O PSOL elegeu com 85.412 votos, o ex-prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues e este comemorou muito ontem pelas ruas da cidade que governou por 08 anos, mas o partido amargou a derrota humilhante da candidata Araceli Lemos que já tinha exercido mandato na Assembléia Legislativa pelo PT e este ano só conseguiu 4.840 votos no partido Socialismo e Liberdade, praticamente a metade dos votos do candidato que apoiei, o qual praticamente só é reconhecido pelas massas em alguns municípios do Marajó.

O PMDB alardeou as pesquisas que apontavam Jader como mais votado e levou um susto quando os votos começaram a serem computados. Saiu com o Senador, reelegeu 03 dos atuais federais – Wlad, Elcione e Asdrúbal – e reposicionou Priante em Brasília, ficando no total com 04 dos 05 candidatos que tinha, já que Jader saiu pro Senado e Bel Mesquita não alcançou a meta de votos para manter-se no cargo.

Apesar da grande votação que as pesquisas apontavam para Jatene (PSDB), tendo inclusive configurado um falso quadro para o eleitor, de que o tucano ganharia ainda no 1º turno, o PSDB foi entre os grandes partidos do Pará o que mais sofreu na composição do parlamento. Reelegeu os federais Zenaldo Coutinho, Nilson Pinto e Wandenkolk Gonçalves, mas perdeu 04 - André Dias, Bira Barbosa, Bosco Gabriel, Ítalo Mácola, Suleima Pegado e Tetê Santos – ficando apenas com 06 das 10 cadeiras na ALEPA.

Flexa foi quem melhor se beneficiou da boataria tucana que induziu grande parte do eleitorado à pensar que Jader e Paulo Rocha não eram elegíveis. Resultado: 1.817.644 de votos para o Senador que já foi preso pela Polícia Federal em 2005 mas se dizia “Ficha Limpa”.

No Pará não haveria 2 turno, dizia o IBOPE e mais uma vez foi comprovado d que o dia D é uma caixinha de surpresas, talvez a mesma surpresa tida pela professora Edilza Fontes, ex-superintendente do PTP e manda-chuva da Escola de Governo do Pará e candidata, tendo recebido 12.509 votos para deputada estadual, que desabafou em seu blog:

“O que vi foi arrasador e que me deixa muito preocupada sobre os rumos da política, da relação da ética e da democracia representativa no Brasil. Andei por 52 municípios, discutindo propostas, encaminhei soluções coletivas, mas no dia da eleição, que tanto me falaram, realmente muda tudo, vira o voto. Eu que pensei ter no mínimo ter três vezes mais votos que tive, me surpreendi com o votos da urna. Ainda pensava que era possível eleger somente debatendo idéias, não é. A maquina partidária, a maquina administrativa são fundamentais”

MP pede quebra de sigilo bancário e fiscal do prefeito de Ananindeua

O blog recebeu o processo de número  0810605-68.2024.8.14.0000,  que tramita no Tribunal de Justiça do Esado do Pará e se encontra em sigilo...