quinta-feira, outubro 08, 2009

As Falas de Puty

Com um Ctrl+C, Ctrl+V, trouxe na íntegra a postagem feita pela jornalista Ana Célia em seu blog A Perereca da Visinha, com o Chefe da Casa Civil, o companheiro Cláudio Puty.

Desde quando assumiu o posto, é notória a mudança com que a governadoria e todo o staf do governo Ana Júlia tem passado.

Por isso, o até então único candidato da DS para Câmara Federal, não esconde que articula-se rápida e estrategicamente, além de gozar da confiança da governadora.

Na entrevista, destaca que não abre mão da candidatura do Dep. Paulo Rocha, líder da tendência interna Unidade na Luta, mas também quer Jader Barbalho na base e como aliado à reeleição de Ana Júlia.

Resta saber se a estratégia dará certo e se para tal, será combinado com todos os russos, pela qual a eminência parda é recorrente.

O senhor é realmente a eminência parda, o Rasputin do Governo do Estado?

Cláudio Puty: É claro que não. Eu sou um secretário que trabalha para o Governo do Estado, escolhido pela governadora Ana Júlia.

E por que essa fama de ser a pessoa que controla o governo nos bastidores?

Cláudio Puty: Eu não sei. Isso quem tem de dizer é quem acusa; o ônus é do acusador. Mas, de qualquer maneira, talvez a atividade de articulação política esteja sempre, em alguma forma, associada à idéia da política enquanto uma arte manipulatória, o que é exatamente o contrário do que se pretende aqui. Tanto do projeto do governo, quanto do projeto de esquerda, enquanto tal, ele tem de ser esclarecedor. Tem de ser emancipatório, por assim dizer. Tem de ser o contrário da política vista simplesmente... Ou enquanto jogos de gabinete, jogos de palácios...

E é possível fazer esse tipo de política no estado do Pará?

Cláudio Puty: O que acontece muito é que, normalmente, tende-se a identificar ações planejadas ou não à ação planejada de alguém, o que nem sempre é verdade. Existem casos que são absurdos. Por exemplo: um vereador do partido tal, em Novo Progresso ou em Jacareacanga, decide se comportar de uma determinada maneira e coloca isso como se fosse uma grande manipulação de alguém, quando, na realidade, simplesmente foi uma decisão local. Então, só para repetir: existe uma tendência da política enquanto um jogo manipulatório, jogo de gabinete, que é o tipo de política das elites; e por outro lado, a política enquanto uma tentativa de explicar o que não tem explicação. Você tem disputas políticas locais e decisões individuais que se tenta associar a ações racionalmente planejadas.

E o como é que o senhor se sente quando é comparado a um Rasputin da política paraense?

Cláudio Puty: Eu não sei se sou comparado; sinceramente, não vejo... Eu não sei se as pessoas falam muito a sério quando estão dizendo isso. Acho que estão, na realidade, tentando muito mais atingir a governadora do que a mim.

O senhor acha que é um preconceito contra a governadora?

Cláudio Puty: Mas isso é outro departamento; existe um preconceito contra a governadora, sem dúvida nenhuma. Porém, mais do que preconceito, existe oposição à governadora. Então, quando falam que sou um Rasputin, eu realmente não me importo com isso, pessoalmente. Só me importo à medida que percebo que isso é uma tentativa de erosão da imagem do governo, da imagem da governadora.

Mas isso não tem a ver, também, com a demasiada concentração de poder pela DS, mesmo em relação ao PT?

Cláudio Puty: A DS, da forma como ela é expressa, é uma abstração, porque todo governo tem núcleo dirigente. Se você pegar, por exemplo, da prefeitura de Santana do Araguaia ao governo brasileiro, você tem o núcleo político dirigente desse governo. Associar isso – e o núcleo dirigente desse governo não é necessariamente o grupo associado à corrente Democracia Socialista do PT... Existem pessoas que têm uma relação histórica com a governadora Ana Júlia; pessoas da sua confiança pessoal; pessoas de correntes do PT que não são da DS – caso do Aírton Faleiro, por exemplo, que é o líder do governo, e que goza da profunda confiança da governadora; o presidente do PT, João Batista... Então, eu acho que parte da incapacidade de alguns críticos de entender certos movimentos do governo também está associada ao fato de acharem que o problema é a DS. Isso é uma simplificação, que, se ajudasse a esclarecer o que está acontecendo, funcionaria.

E o que é que está acontecendo?

Cláudio Puty: O núcleo dirigente desse governo não é só de pessoas ligadas à DS. Tem muita gente da DS que não se sente necessariamente representada nesse núcleo de governo. Vamos pegar o exemplo do Lula, que tradicionalmente era de um grupo do PT. Quando ele assume o governo, passa a ter uma relação com o núcleo dirigente, que é diferente daquela que tinha com a corrente política da qual fazia parte, no PT. Ele tem relações, hoje, com o Henrique Meirelles (presidente do Banco Central), com a Dilma Rousseff (chefe da Casa Civil), com o Fernando Haddad (ministro da Educação), com o Tarso Genro (ministro da Justiça). São pessoas que formam o grupo de maior confiança dele, que não são necessariamente ligadas a uma corrente do partido. É a mesma coisa no Governo do Estado: tem um grupo que goza da confiança da governadora e que assume os cargos da Governadoria. O que realmente parece que está por trás, quando se diz “a DS”, é que existe um “deus ex machina” que manipula a Ana Júlia - isso é o que a oposição quer dizer. Ou seja, que a Ana Júlia, na realidade, não está tomando aquela decisão; que existe um grupo, que, associado a uma corrente do PT, está tomando a decisão por ela, o que não é verdade.

Mas, se isso não acontece agora não é em função de as outras correntes do PT terem batido na mesa, para uma divisão mais proporcional do bolo?

Cláudio Puty: Não é verdade que a grande maioria das correntes do PT tenha reclamado da composição do governo – e ela mudou muito desde o início. A meu ver, existia uma sub-representação, no governo, da corrente do deputado Paulo Rocha. Mas, outros grupos representativos do PT nunca reclamaram.

E por que essa sub-representação de uma das maiores correntes do PT, que é justamente a do Paulo Rocha? Havia algum estremecimento entre ele e a governadora?

Cláudio Puty: Não, não é estremecimento; acho que é um problema de... origem. Não participei da composição original, né? Quando assumi a Casa Civil, há um ano e meio, identifiquei – e a governadora também identificou - esse problema. Mas o problema é que o governo não pode ser simplesmente uma representação do tamanho das forças na sociedade, principalmente em se falando do partido, que tem muita gente que não é de uma corrente. Isso também é uma simplificação, que não ajuda a explicar, por exemplo, por que a Sílvia Cumaru é secretária de Saúde – ela não é de nenhum grupo político do PT e é um quadro político importante. Por que a Bila era secretária de Educação? Ela não é de nenhum grupo do PT e é um quadro político importante da esquerda. Enfim, talvez essa representação menor não seja um problema é... E seja mais um problema daqueles que não estão no governo. Não vi grandes reclamações nem do grupo do Paulo Rocha, em relação a sua representação no governo.

Por que é que o PMDB reclama tanto do governo, e especialmente da DS?

Cláudio Puty: Na minha interpretação, parte da tensão com o PMDB está associada à indefinição do cenário do ano que vem. Não é só aqui no Pará: em vários estados da Federação – no Mato Grosso, o André Puccinelli (governador de MS) acabou de ter uma crise com o Zeca do PT; tem problemas na Bahia, do Jaques Wagner (governador) com o Geddel Vieira (ministro da Integração Nacional). Então, o fato de termos tensionamentos com o PMDB, que é o maior partido da coligação que elegeu Lula, em vários lugares, demonstra que existe um fator geral; que não é só um problema localizado.

Por que é tão difícil a convivência entre o PT e o PMDB?

Cláudio Puty: Olha, não acho que seja difícil a convivência. Nós queremos o PMDB aliado, queremos que esteja na chapa de reeleição da Ana Júlia. A posição do PT é a de apoiar um candidato do PMDB para o Senado, aqui no Pará. Essa é uma decisão de diretório – não estou falando como membro do governo, mas, como petista – votada por unanimidade, sem problema algum. Então, isso demonstra que não há dificuldade fundamental na relação com eles. O que tivemos foi um problema de gestão, que tivemos, também, com forças do PT, inclusive da DS. Tivemos diversos problemas, mas, essas coisas são corrigidas. O problema é quando se associam correções na gestão – você tem de trocar uma pessoa aqui, né?, que nós avaliamos que não está dando conta do recado; ou teve problema aqui e acolá e troca aqui e acolá; isso aconteceu com muita gente do PT...

Houve um expurgo, não é?

Cláudio Puty: Foram mudanças!... Vamos combinar que alguém que foi eleito tem o direito de escolher a equipe com que vai trabalhar, não é? Não tem essa história de expurgo, de não sei lá o quê! Isso aqui não é uma assembléia constituinte: é um governo onde a governadora foi eleita; é o Executivo, e ela tem de saber com quem vai trabalhar. Isso é a coisa mais natural do mundo. Então, quando há problemas numa gestão, se troca. E a governadora decidiu fazer algumas trocas, que impactaram tanto o PMDB, quanto setores do PT e pessoas que não eram necessariamente ligadas à indicação política, diretamente. Quando se associa isso à indefinição do ano que vem, isso se torna elemento para comentário político. Aí se politiza esse problema. Essa foi a origem do problema com o PMDB – que estamos tratando de resolver. Há predisposição, tanto por parte do PT quanto do Governo do Estado, em, digamos, repactuar espaços com o PMDB no governo.

Mas depois de todas as crises, o senhor ainda acredita que PT e PMDB caminhem juntos no ano que vem?

Cláudio Puty: Acredito que seja possível, é necessário e é para o bem do Pará.

Para o bem do Pará? Mas o PT não criticava tanto o PMDB, o passado do PMDB e do próprio cacique Jader Barbalho? Não há outra aliança que possa ser considerada mais para o bem do Pará?

Cláudio Puty: Olha, você tem de perguntar isso é para os dirigentes do PT; eu falo aqui enquanto chefe da Casa Civil, enquanto governo. Para nós, é fundamental fazermos uma aliança ampla, considerando que temos muitas reformas estruturais que dizem respeito à gestão do meio ambiente, à defesa dos direitos humanos, à reforma urbana, saneamento, habitação. E esse tipo de política que queremos implementar aqui no estado, obviamente, desagrada alguns setores, principalmente PSDB e Democratas. Então, nós acreditamos que, para um projeto de esquerda democrático vingar no Pará, precisamos buscar aliados fora dos estritos marcos da esquerda tradicional. Por um problema de correlação de forças no estado, da quantidade de tarefas que temos de cumprir, da quantidade de quadros que necessitamos, pela força no parlamento, nas instituições. Então, não estamos fazendo aqui julgamento moral acerca dos aliados: estamos fazendo julgamento político acerca da necessidade de empreender um programa de reformas.

E se o PMDB não vier, qual o plano B do governo?

Cláudio Puty: Não existe plano B. Queremos o PMDB na chapa. Queremos formar um amplo campo de alianças, que inclua o PTB, o PR, os partidos de esquerda, os aliados clássicos do PT – o PC do B, o PSB. O PDT. Outros pequenos partidos, fortalecidos recentemente – o PMN, o PSC, com a volta do deputado Zequinha Marinho. Mas achamos que o PMDB é um aliado de fundamental importância.

Mas ele decide o jogo? E se o Jader disser: não vou mais com vocês, me estressei de vez. Há alternativa? Será que uma composição com forças políticas menores poderia substituir esse casamento com o PMDB?

Cláudio Puty: Olha, o PT tem muita força. Partidos como o PP se fortaleceram muito, no último período. À esquerda, o PC do B estava muito enfraquecido, na última eleição, e agora filiou muita gente, vai estar com uma chapa mais forte. No PSB, o Ademir Andrade e o Cássio há pouco estiveram aqui e estão com uma chapa para deputado muito forte. Então, a correlação no segundo governo da Ana Júlia, no parlamento, seria muito mais favorável à esquerda. Mas mesmo assim, nas eleições, não podemos ignorar o papel importante do PMDB, que tem 40 prefeituras, sete deputados, uma liderança importante como é a do deputado federal Jader Barbalho. Obviamente, se eles não quiserem coligar, apoiar a Ana Júlia, seria uma pena, e nós vamos tocar a vida, buscar aliança com os outros partidos. Mas, vamos insistir até o último momento para que eles venham com a gente.

Vocês ofereceram o Senado ao PMDB. E a vice-governadoria?

Cláudio Puty: A vice não entrou na discussão entre o PT e o PMDB. O que acenamos para eles é que a vice seria ofertada a um partido do bloco PR/PTB.

Mais para o PR ou mais para o PTB?

Cláudio Puty: Indistinto a essa altura, porque eles estão com um bloco, né?, bem casadinho.

Ainda não há nenhum nome em perspectiva?

Cláudio Puty: Ainda não tem. Mas, mesmo que tivesse, é muito cedo para falar.

Mas há nomes que vocês vetariam, como, por exemplo, o do prefeito da capital, Duciomar Costa?

Cláudio Puty: Não acho que o Duciomar queira largar uma prefeitura para ser vice-governador... (risos)

E o Anivaldo Vale?

Cláudio Puty: Não vetaríamos; não estamos vetando nenhum nome.

Vocês aceitam o nome indicado pelo bloco, mesmo que seja uma pessoa de passado complicado?

Cláudio Puty: Claro que qualquer nome vamos ter de conversar, obviamente dentro das normas do bom senso. Mas ninguém começa uma conversa com aliados dizendo: “olha, já estamos vetando isso e aquilo outro”. Não é de bom tom.

O PMDB não pediu a vice a vocês?

Cláudio Puty: O PMDB não pediu a vice nas conversas com o PT.

Vocês ofereceram o Senado, mas, como é que isso se daria? Sairia um candidato do PT, ou não sairia candidato algum?

Cláudio Puty: A posição do diretório do PT é: Paulo Rocha é nosso candidato ao Senado. E abriríamos mão da outra vaga – temos direito a duas, né? – para apoiar o candidato do PMDB ao Senado. E aí, como é fundamental ampliar a aliança, ofereceríamos a vice a outro partido.

Mas petista que é petista votaria no Jader? Por exemplo, na eleição à Prefeitura de Belém houve quase uma rebelião petista em relação ao Priante. O senhor acha que seria possível conseguir o voto de um petista militante e juramentado para o Jader Barbalho?

Cláudio Puty: Olha, se entendermos que o que está em jogo é a estabilidade do Senado para a Dilma; que o que está em jogo é a reeleição de um projeto aqui, com a reeleição da Ana Júlia, tenho certeza de que petista que é petista, que é de esquerda, que consegue entender o que é estratégia política, que não estamos brincando de casinha, estamos falando de mudar o estado do Pará, ele – ou ela – entenderá perfeitamente.

Como é que vocês analisam o tucanato?

Cláudio Puty: O governo do PSDB foi um governo centralizado na capital e um governo que, ao se deparar com a complexidade dos problemas na saúde, na educação, na segurança, resolveu fazer o mais simples, a partir de obras vistosas – o que não se pode dizer que seja uma coisa pouco inteligente; é uma coisa muito inteligente, só que não muda o estado. Então, em vez de enfrentar os problemas da municipalização da saúde, os problemas da saúde básica, preferiram construir hospitais de média e alta complexidade nas regiões - mesmo sabendo que a manutenção desses hospitais, por ano, seria mais cara até que a sua construção – em vez de empreender o processo, que é muito mais difícil, muito mais complicado, de fortalecimento da saúde básica. É isso que nos diferencia. Em todas as áreas você acha esse padrão pragmático/centralizador. Um padrão que funciona muito bem para as eleições, tanto que ganharam duas e disputaram a terceira. Mas, como eu disse, não resolve os problemas do povo. Daí a eleição da Ana Júlia. Eu poderia falar de várias outras características, mas acho que essa é a que simplifica mais.

É por isso que a Ana está patinando nas pesquisas, que se diz que ela não tem obras, por causa dessa opção por obras de base, em detrimento daquelas de maior visibilidade eleitoral?

Cláudio Puty: Olha, ainda é muito cedo para julgar o governo, porque o governo não acabou, muita coisa vai começar a ser inaugurada agora. Há pouco entregamos algumas casas, já na primeira obra do PAC, no Fé em Deus, aqui na Augusto Montenegro - e é impressionante você ver como era e como está ficando. A mesma coisa você vai ver se for ao Tucunduba. Então, muita coisa vai ocorrer – e a percepção pública de um governo muda muito a partir do momento em que as obras vão maturando. Então, nada mais falso do que dizer que é um governo sem obras. É um governo, obviamente, com obras distintas: vamos fazer cinco vezes mais habitação popular do que o governo Jatene. Em termos de ligações de água, a Cosanpa administrou, até o início deste governo, 400 mil e nós vamos fazer, só neste governo, 200 mil ligações – é a nossa meta, com o PAC, com outras ações de saneamento. Tudo isso é obra. Obviamente, não teve Mangal das Garças, nem Estação das Docas, nem outras obras desse tipo, de caráter mais pontual.

Mas essas obras não estruturam o estado economicamente? Não ajudam, também, a atrair dinheiro, a gerar empregos e a impactar a qualidade de vida das pessoas? Cláudio Puty:

Olha, eu não vou entrar no... Usei esses exemplos de obras não para dizer... – não me leve a mal, digamos assim – fazer discurso contra a Estação das Docas, porque acho que isso é um negócio meio, né?, que não ajuda muito. Eu tenho a minha opinião: acho que não estrutura nada; acho que não estrutura coisíssima nenhuma, porque o nosso turismo aqui tem um perfil de turismo de negócios e não é atraído por esse tipo de empreendimento. O que nos estrutura, obviamente, é saneamento, é transporte, é regularização fundiária, é industrialização. Isso sim estrutura. Mas, é a nossa opinião em relação a isso. Então, respondendo: temos muitas obras e elas são de diferente qualidade e característica, a partir de uma visão do que nós achamos que seja estruturante para o estado do Pará, a partir de indicadores sócio-econômicos, a partir da necessidade de distribuirmos o desenvolvimento entre as regiões do estado, e a partir da oportunidade histórica que tivemos de contar com o Governo Federal, que tem sido muito comprometido com obras estruturantes nas áreas de saneamento e habitação e com obras estruturantes na região amazônica – como é o caso do asfaltamento da Transamazônica, com a BR-316, as eclusas de Tucuruí, que estavam aí num vai-não-vai desde 1980 e que vão ser inauguradas em março do ano que vem... Enfim: são obras de característica distinta, distribuídas no estado e, essas sim, estruturantes.

Mas, em 2007, os investimentos caíram a menos da metade de 2006, e em 2008 o investimento foi igual ao de 2006. Separando investimento de custeio, não houve uma queda dos recursos próprios que o Pará investe?

Cláudio Puty: O que nós fizemos foi o seguinte: mudamos o padrão do uso dos recursos. Em vez, por exemplo, da obra em convênio com o prefeito para asfaltar – que é o tipo de obra de caráter eleitoreiro, que dura uma eleição – nós fizemos coisas que não são consideradas investimento. Fizemos Bolsa-Trabalho – são 45 mil bolsas e isso vai para a rubrica custeio (ODC, Outras Despesas em Custeio). Fizemos coisas como o Pró-Jovem, que são 8.500 bolsas para estudantes que não concluíram o ensino fundamental - e isso também não é contabilizado como investimento, porque não é obra. Fizemos concurso público para cerca de 20 mil funcionários públicos; demos os maiores aumentos salariais do país; criamos uma estrutura mais presente do Estado nos municípios paraenses. Então, isso não é considerado, não é contabilizado...

Então, se considerasse isso não teria caído?

Cláudio Puty: Não, não... Eu estou dizendo o seguinte: é que nós mudamos o padrão do uso dos recursos disponíveis – não estou usando a palavra investimento. Obviamente, a quantidade de recursos de 2006 para 2007... Você pode pegar qualquer início de governo, há uma queda de recursos para investimento; qualquer início de governo. O governo gasta mais quando se aproxima do último ano de governo. Mas, mesmo considerando que, em 2008, nosso investimento foi igual ao de 2006, eu não ficaria orgulhoso com isso. Digo o seguinte: que o mais importante é olharmos que os gastos com custeio e com pessoal aumentaram. Isso significa tanto redistribuição de renda, quanto uma opção pela política social – caso do Bolsa-Trabalho, Pró-Jovem, a quantidade de fomento para a agricultura familiar que demos; incentivo à organização social, a partir de convênios para a produção. Nada disso é contabilizado como investimento. Então, houve realmente uma mudança do padrão: menos investimento num tipo de obra associado com o prefeito e mais investimento – que aí não é contabilizado como investimento – em política social. É contabilizado como custeio.

O senhor diz que se investiu em programas. Mas, esse custeio que cresceu não foi também o peso da máquina, a máquina em si?

Cláudio Puty: Sim – mas isso era necessário, porque nós tínhamos um Estado absolutamente ausente dos municípios. Você pergunta para um prefeito do interior, o sentimento separatista está muito associado a isso. Nós acreditamos que o Estado tem de estar presente - e isso significa gasto. Um dia desses dei uma entrevista para a Folha de São Paulo e o repórter veio me perguntar sobre os gastos com diárias. E eu mostrei para ele o seguinte: cerca de 70% a 80% do aumento das diárias era explicado por diárias na Segurança Pública e na Secretaria do Meio Ambiente. E por quê? Porque para você fazer uma reintegração de posse, o que é tão requisitado por alguns dos nossos adversários, os gastos com diárias, para deslocar militares daqui para o Sul do Pará, são altíssimos. Para você fazer uma política de gestão florestal no estado, você tem, para aprovar o plano de manejo, que mandar funcionários da Secretaria de Meio Ambiente para vistoriar as áreas, uma coisa que não se fazia antes, porque a gestão florestal não era uma atribuição do estado. Isso significa gastos com diárias, significa estrutura da Secretaria do Meio Ambiente no interior. Quando você faz concurso para a Polícia Militar do Estado, que há cerca de doze anos não ocorria, isso significa aumento de salários, aumento de gastos com pessoal, aumento de diárias porque essas pessoas, quando vão em operações, têm de receber diárias; aumento do equipamento associado a isso – carro que consome combustível...

Tudo bem: você cresce para levar o Estado ao cidadão. Mas, nessa crise, há a dificuldade de compatibilizar o crescimento do custeio com a queda da arrecadação. E, no horizonte pós-crise, não se sabe como ficará – talvez a arrecadação não volte ao patamar anterior. Isso não demonstra que, apesar da necessidade da presença do Estado, é preciso certo controle sobre as finanças?

Cláudio Puty: Não, sem dúvida nenhuma. O que nós aprendemos, nos últimos 15, 20 anos no Brasil, é que a responsabilidade fiscal é uma coisa muito importante. Ninguém poderia prever que uma crise de tal monta iria ocorrer. Ninguém! – senão não tinha banco quebrando nos Estados Unidos, né? Então, com impacto sobre a arrecadação e tudo mais. E nós, sim, passamos muita dificuldade para manter uma certa estrutura do Estado em funcionamento. Não fomos só nós, não! Os estados onde os amantes do Estado mínimo, o PSDB governa, o Aécio enfrentando, também, muitos problemas para a manutenção. Para não falarmos da Yeda Crusius, que é um caso “hours concurs”. Então, esse é um problema que todos os governadores, sendo eles mais ou menos comprometidos com políticas sociais, enfrentaram, porque ninguém previa uma crise dessa monta. Mas, os nossos indicadores estão absolutamente dentro do estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

Quanto o Pará perdeu com a crise?

Cláudio Puty: Esse mês nós perdemos R$ 70 milhões, mas, no passado, não foi tanto, variou. Mas eu creio que as perdas acumuladas chegam a R$ 400 milhões.

Como é que o senhor vê a afirmação de que a única coisa que a Ana Júlia inaugurou até agora foi a cozinha do Hangar?

Cláudio Puty: Isso é elogio da oposição, o que é que eu posso dizer?... (risos) Quando a oposição começar a elogiar o governo é que eu vou ficar muito preocupado... Olha, nós já fizemos cerca de 400 reformas e reconstruções de escolas. Temos uma quantidade enorme de obras no interior. O governo ainda não acabou – e eu fico muito preocupado em como é que vai ficar o estado psíquico dessas pessoas quando começarmos a inaugurar as obras do PAC, que estão todas muito adiantadas... Fé em Deus, Pratinha, Duas Irmãs, residencial Jaderlândia, Jardim Jader Barbalho, Liberdade, Tucunduba, o saneamento lá em Marabá, a ETE do Una. Então, tudo isso é muita coisa, muita obra... A nova Santa Casa, não esqueçamos, estamos aí acompanhando diariamente para que ela saia no prazo; o Ação Metrópole, que você acompanha como está ao passar pela Júlio César, pela Independência; a perna sul da Alça Viária, com a ponte sobre o rio Capim. Enfim: uma quantidade grande de obras que temos para inaugurar. Como eu disse: o governo ainda não acabou.

Quem mete mais medo: Jatene, Almir ou Mário Couto?

Cláudio Puty: Mário Couto.

Por quê?

Cláudio Puty: Tô brincando... (risos). Não, ninguém mete medo na gente, não. Acho que temos um debate para fazer no ano que vem. Exatamente por isso, independente de quem seja o candidato, vamos discutir, debater programa. Vamos discutir com eles o rumo do Pará. E acho que vai ficar claro para a população que os três são muito parecidos.

É verdade que o senhor vai ser candidato a deputado?

Cláudio Puty: Não tem nada certo quanto a isso.

Qual, afinal, a visão de mundo da DS? Marx não morreu, ele está que nem o Elvis Presley?

Cláudio Puty: (risos)... A DS é uma corrente que surge um ano antes do PT, em 1979 – está, portanto, completando 30 anos. É formada por grupos que na época se chamavam trotskistas - hoje não mais - e que se integra ao PT pela necessidade de a gente construir um partido comprometido com a transformação profunda da sociedade brasileira. A DS, na história do PT, teve um papel muito importante. Normalmente, se situava à esquerda do Campo, do grupo do Lula, o maior grupo do PT, que se chamava Articulação e hoje se chama “Construindo um Novo Brasil”. Teve um papel muito importante na dinâmica interna, é um grupo interno e serve para debate interno do PT. Foi muito importante ao trazer para o Brasil o debate sobre cotas para mulheres – tem um compromisso muito grande com o feminismo militante. Teve um debate no PT também muito grande, uma contribuição da DS, para o reconhecimento do direito à tendência no interior do PT. Todas as organizações socialistas anteriores ao PT e que entram no PT, a DS preconizou e preconiza a necessidade do direito à tendência no PT, uma ruptura com a tradição dos partidos comunistas, a tradição do Comitê Central e da unicidade de opiniões. Teve um papel importante, também, na prefeitura de Porto Alegre, ao levar adiante a idéia do orçamento participativo, que, em grande medida, foi uma elaboração também inspirada por militantes da DS; a idéia de empreendermos políticas municipalistas radicais, de democracia direta. Então, é uma corrente política como outra do PT, que tem na transformação socialista uma meta, o socialismo democrático uma meta importante, um sonho, e que preconiza que o PT deva estabelecer relações com grupos, com a esquerda democrática da América Latina e do mundo. Nós achamos que a transformação tem que ser inspirada, também, na experiência de outros países: da esquerda européia, da esquerda latino-americana, a experiência cubana. Enfim, é um conjunto de idéias...

Mas esse fracionamento do PT não é mal visto pela sociedade?

Cláudio Puty: Acho que não. A pior coisa é você ter grupos de interesses, né? Como são grupos de décadas, que têm formulação política, acho que isso é uma coisa boa. Acho que as pessoas que votam no PT não estão muito preocupadas com isso. Existe uma sociedade civil petista que não é filiada ao PT, que vota no PT. Você faz a pergunta, na pesquisa de opinião: qual o seu partido predileto? É o PT - de longe! E esse voto nem sempre vai para os candidatos do PT, mas vai para o partido, tem uma simpatia muito grande. Então, a relação entre a opinião pública, essa sociedade civil que vota no PT, e a vida interna do PT é muito dispersa; não existe uma relação muito íntima. Então, não acho que as pessoas estejam tão preocupadas com isso. E isso talvez seja um dos grandes mistérios do sucesso do PT, enquanto experiência organizativa na esquerda mundial – enquanto maior e mais importante partido de esquerda existente. É que se fala tanto de uma bagunça interna, de uma disputa interna, mas é um partido extremamente bem sucedido. Governa um dos maiores países do mundo, estados e muitas prefeituras. Tem uma contribuição importante, se olharmos na história da esquerda mundial. Temos um país visto com outros olhos, no exterior, por causa da liderança da sua principal figura, que é o Lula. Então, não digo que é tudo de bom, mas, são muitas coisas boas.

Como é que o senhor vê esses escândalos no governo – a questão dos kits escolares, essa denúncia de superfaturamento, e o derrame de dinheiro no Hangar? O que é que há de real nessas denúncias?

Cláudio Puty: Olha, acho que quem cabe dizer o que tem de real ou não... Nós vemos com muita tranqüilidade, que a cada denúncia dessas nós... Temos auditoria interna, que é a AGE que faz, tem o Ministério Público. Ninguém pode nos acusar de sermos complacentes, ou de essas instituições pegarem leve com a gente. Normalmente, onde o PT assume o governo há muita fiscalização, até por parte da imprensa, o que é uma coisa fantástica; por parte do Ministério Público, por parte do Tribunal de Contas. E nós fortalecemos muito a nossa auditoria: fizemos concurso, estruturamos, fizemos o Portal da Transparência, que você pode acessar e tem lá os gastos do governo. Tanto no caso do Hangar quanto dos kits escolares, nós saudamos o papel fiscalizatório de quem cabe.

Mas a Bila (ex-secretária de Educação) caiu por causa dos kits escolares ou não? Cláudio Puty: Não. Ela recebeu um convite de Brasília. Talvez o cargo de secretária de Educação do estado do Pará seja uma tarefa extremamente desgastante, né? Ela achou por bem aceitar esse convite do ministro Haddad, com quem ela tem uma ótima relação. E nós vamos defendê-la, defender a sua gestão, como a governadora, em todas as suas declarações públicas, tem feito. E o Ministério Público está avaliando essa questão dos kits e nós aguardamos o resultado com tranqüilidade.

Mas por que o estado não fez uma licitação? Por que tratar os kits como propaganda? Foi a pressa de lançá-los antes do ano eleitoral de 2010? Cláudio Puty: Não, porque nós estávamos em 2008 ainda, não tinha pressa. Foi uma interpretação por parte da Secretaria de Educação, que avaliava que, a partir da licitação já feita - e eu não ouvi ninguém dizer que os kits tenham sido superfaturados...

Fala-se em R$ 7 milhões de sobrepreço... Cláudio Puty: Fala-se? Essa eu não ouvi... Pois é, então veja que há investigações aí da Auditoria, do Ministério Público e do Tribunal de Contas. Mas, o que eu saiba – eu estou surpreso com o que você está me dizendo agora... Mas, as agendas, as mochilas, o processo diferenciado que foi a confecção das camisas, não me consta que tenha sido superfaturado. Houve a utilização dessa licitação já feita, interpretação jurídica da Secretaria de Educação, de que já havia uma licitação feita. Então, do ponto de vista daqueles que tocaram adiante o processo, havia uma licitação feita e não houve superfaturamento, porque houve Tomada de Preços, não tenho todos os detalhes aqui. Mas, o mais importante é dizer o seguinte: a distribuição dos kits escolares, que muitos tentam negativar, nas nossas pesquisas de opinião sempre aparece, por parte da população, como algo extremamente positivo. As pessoas são muito gratas à política pública do governo.

Como é que o governo encara atitudes como a da senadora Kátia Abreu, que veio pedir intervenção no estado, sob a alegação de que o governo não estava cumprindo mandados de reintegração de posse? Cláudio Puty: Olha, no último período houve um recrudescimento de uma ação política dos setores mais conservadores do ruralismo brasileiro. A Kátia Abreu é só a ponta do iceberg. Em vários estados da Federação, a tentativa de CPI do MST, que, felizmente, foi abortada no Senado; a tentativa de criminalização de movimentos sociais, essa insurgência contra a mudança dos índices de produtividade da terra, proposta pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário - os opositores têm posições absurdas, conservadoras, reacionárias, retrógradas... Isso tudo faz parte do mesmo pacote, que são aqueles que tentam jogar a criança fora, com a água suja que está no balde. Tentam ideologizar, criar... É como o velho perigo do comunismo, né? Para tentar evitar uma transformação real e necessária no campo brasileiro, nas políticas públicas brasileiras, você cria um demônio inexistente, para poder agregar ao seu redor, ao redor das suas posições injustificáveis, se forem discutidas à luz de uma certa racionalidade, um bando de gente amedrontada. Então, o que ela veio fazer aqui foi, na realidade, fazer agitação política, fazer oposição à governadora, porque os interesses que ela representa estão, estavam e serão contrariados enquanto estivermos no governo...

Mas o governo vai cumprir as liminares, não é? Cláudio Puty: O que dissemos naquele momento é o que sempre dissemos: está aqui a lista de reintegração de posse; estão aqui quantas fizemos e quantas os governos anteriores fizeram. O que nos causava estranheza é porque ela queria que fizéssemos reintegração de posse num grupo de fazendas específicas. Aí, nós mostramos: tem uma fila; furar fila não vale.

Até quando o senhor fica no governo? Cláudio Puty: Até quando a governadora quiser.

Sim, mas o senhor vai ter que se desincompatibilizar, não é? Cláudio Puty: Se eu for candidato, sim. A governadora decide isso aí.

E quem é que vai ficar no seu lugar? Cláudio Puty: Não sei; isso é com a governadora. Não me faça perguntas difíceis... (risos)

Por último, quando é que vocês vão conversar com o PMDB? Já tem uma conversa marcada? Cláudio Puty: Estamos tentando confirmar... Acho que esta semana deve ter uma conversa da governadora com o deputado Jader.

segunda-feira, outubro 05, 2009

Outro Blog Petista no Ar.

Tratas-se do blog da Profª Ediza Fontes, que para "subir", à quem espere alguma coisa parecida com o do Charles Alcantara. O que há de comum entre eles?
Saíram da DS saltando fogo pelo nariz, lembram?
Por enquanto a professora só postou uma letra de música e sua carta de desligamento, divulgada aqui, horas depois de ter sido lançada na internet.
Agora é esperar o que vem pela frente, já que na 1ª enquete feita pelo blog, os poucos votos já indicam que os leitores preferem que os temas sejam relacionados à política, no lugar de História, Educação e Cultura como sugere nas demais opções de resposta aos visitantes.

domingo, outubro 04, 2009

As Falas da Excelentíssima nos EUA


"A governadora fez um comparativo entre o Pará e a Califórnia, explicando que governa um Estado que tem o triplo do território do Estado norte-americano, no entanto, o PIB da Califórnia é 40% maior que o PIB do Brasil e 220 vezes maior que o PIB paraense. Enquanto no Pará a riqueza gerada por km2/ano é de US$ 20 mil, na Califórnia é de US$ 4 milhões por km2/ano. "Não dá para pensar em meio ambiente, em defender o pulmão do mundo, sem diminuir essa discrepância, que ao mesmo tempo que nos separa, nos aproxima", enfatizou."
No Agência Pará, sobre a viagem da governadora Ana Júlia Carepa, que junto dos demais governadores da Amazônia debateram, entre outros temas, o aquecimento global, durante o Fórum Global de Governadores sobre Clima e Floresta (GGCS2, sigla em inglês)


A foto é de David Alvez e o texto de Ivonete Motta - SECOM-PA.

Perda Dolorida

Ao Quase João Sol.
Por Jorge Costa*
Meu quase filho, por algumas semanas vc se mostrou pra nós (eu e sua mãe Sol). Já estávamos te esperando para habitar conosco a superfície terrestre e ser amigo dos nossos amigos e um braço forte pra fazer parte do exército de indignados, contra este sistema capitalista perverso, que beneficia somente os privilegiados integrantes da classe dirigente deste planeta e que tem no dinheiro o seu baluarte.
Os exames médicos não conseguiam te visualizar até que um exame mais detalhado te fez visível aos nossos olhos e corações, com suas palpitações dentro de um invólucro uterino (por alguns minutos eu e sua mãe ficamos deslumbrados com sua micro-existência, brincávamos com as palavras: HÁ VIDA DENTRO DO “SACO” !). Porém, os deuses não permitiram seu desenvolvimento e seu desabrochar, preferiram interromper a gestação (situação adicionada com a ausência de um atendimento médico adequado e preventivo que deveria existir pra todos os cidadãos).
É indescritível a revolta que habita o meu ser diante de tamanha monstruosidade do poder público (gestores de saúde e tomadores de decisão do Estado).
Suspeito que milhares de seres humanos morrem diariamente por falta de assistência médica, às gravidas que não têm relacionamentos estreitos com especialistas da ginecologia e obstetrícia. João Sol, aqui no Estado do Pará, a saúde pública está nas mãos de um partido político (PMDB), que não tem nenhum compromisso com a ética, com a vida, com a qualidade dos atendimentos médicos, pois, por interesse de sobra de verba, pra eles é mais conveniente que não se gaste muito com os recursos de saúde pra população, visto que, caso se compre todos os equipamentos necessários aos postos de saúde e aos hospitais e se admita mais profissionais qualificados, as verbas que eles administram se tornam escassas para satisfazer sua megalomania e vaidades materialistas (suas e das madames que lhes acompanham, bem como de suas amantes clandestinas).
Aqui, não há pra onde se recorrer para pedir ajuda, todos os três poderes estão comprometidos entre si: o Executivo só pensa em manter-se no poder (pois o poder é doce e tem vitaminas); o Legislativo é uma gaiola de prostitutos da politica (são cínicos e vendem-se pra quem der o maior lance); o Judiciário não faz concurso público há séculos e os advogados não são confiáveis. Este último é o poder mais sisudo de todos e talvez o mais vil, exatamente por defender uma justiça apenas para os ricos (o intrigante é que os sobrenomes dos juízes, desembargadores, promotores, procuradores, delegados, são parecidos com os sobrenomes dos políticos, empresários, industriais, latifundiários, homens e mulheres de negócios, etc...)
O Quarto Poder, que pode ser a Mídia, as Ong´s ou o Ministério Público, é pouco confiável, com exceção das Ong´s (algumas! apenas as mais revolucionárias, aquelas que não são correia de transmissão dos partidos políticos). Quanto à Mídia, há que se revelar: UM FESTIVAL DE MEDIOCRIDADE! Seu jornalismo é só desgraça, suas programações são fúteis, deseducativas, não há seriedade, tampouco respeito pela inteligência das pessoas (subestimam em demasia nossa capacidade de discernimento). Seus proprietários são todos mercadores de notícias, selecionadores de informações, decodificadores de fofocas, estão sempre a serviço de quem dá mais, podem apoiar ou denegrir, dependendo da conveniência.
Quanto ao Ministério Público, pressinto que ele está colapsando por excesso de demanda e por escassez de recursos humanos. Parece haver uma certa resistência em fazer concurso público para os diversos profissionais que deveriam atuar nesta instância (talvez seja o poder que mais tenha servidores temporários proporcionalmente).
É, Joãozinho, nossa sociedade é um bocado complexa. Mas este é o lado podre. Quero te falar um pouco do outro lado: aqui também têm “coisas” interessantes e muito bacanas. Moramos na Amazônia, uma região afrodisíaca, com praias lindas, igarapés rejuvenescedores, frutas das mais apetitosas, pessoas das mais encantadoras e hospitaleiras. Suspeito que por aqui se pode apreciar o mais lindo nascer do sol, o mais belo entardecer e contemplar as mais variadas culturas (dança, artesanato, música, poesia, arte culinária, etc...).
Infelizmente não vieste habitar conosco esta parte da superfície terrestre, mas já deixaste saudades... saudades do devir... da quase-vida... da ESPERANÇA.
Vai em Paz Joãozinho e obrigado por nos visitar por algumas semanas!
* Jorge Costa é Pedagogo, formando em Sociologia, militante do movimento anarquista nas década de 80 e 90.

sábado, outubro 03, 2009

Renovar o PT, radicalizar a democracia: uma reflexão teórica sobre o PED

Por Giuseppe Cocco, Alexandre Mendes e Pedro Barbosa no Blog Leitura Global, no qual contribui Tarso Genro - o fundador da Mensagem ao Partido, agrupamento que persiste em disputar - e ganhar - o comando do PT.
O Partido dos Trabalhadores é o mais importante partido de esquerda do mundo e, ousamos dizer, aquele que possui a mais potente dinâmica social e política na conjuntura atual: é um partido de massa, democrático que se mantêm ancorado a uma nítida perspectiva de emancipação do trabalho e construção da liberdade.
Apesar de suas profundas contradições, o PT – através de sua experiência de governo – é atualmente o partido que coloca o debate sobre as alternativas ao neoliberalismo no campo da inovação, pensando a democracia para além das experiências socialistas do século XX.
Essa dimensão potente do PT é ainda mais emblemática diante do declínio programático, social e ético – que não parece ter fim – da esquerda mundial em geral e da européia particularmente. Uma exceção ao declínio do camp o democrático e progressista nos países do norte talvez tenha sido a eleição de Barack Obama. Sua candidatura foi inovadora, especialemente, por passar “por fora”dos tradicionais mecanismos de representação do Partido Democrata dos EUA: a base da eleição de Obama foi o movimento independente e progressista – organizado na e pela internet – conhecido como Move On: Democracia em ação e, obviamente, o movimento contra a guerra do Iraque. A particularidade da experiência brasileira nos diferencia também da atual dinâmica vivenciada pela esquerda latino-americana, na qual o ciclo progressista que envolve a quase totalidade dos governos não pode se apoiar e contar com a realidade política e partidária do PT brasileiro. A única exceção é o MAS (Movimiento al Socialismo) boliviano. Contudo, inclusive nesse caso, não encontramos os efeitos de acumulação política e expressiva experiência de movimento e governo que caracterizam o PT.
Esse é o Partido que hoje tem pela frente um grande desafio: consolidar, aprofundar e radicalizar as conquistas de sua história e da experiência dos dois governos Lula.
Limites da experiência e produção de novas sínteses
O reconhecimento desta dinâmica virtuosa nos possibilita organizar uma balanço extremamente positivo dos dois mandatos do Presidente Lula. No entanto, não pode nos impedir de reconhecer os limites e, inclusive, os sinais de esgotamento do processo social que alimentou (e ainda alimenta em parte) a dinâmica do PT e a liderança de seu presidente: Lula. Tudo aquilo que fez com que Lula “contasse mais do que o PT” vem, como sabemos, da onda operária do “novo sindicalismo” da periferia industrial de São Paulo. Muitos elementos indicam que, embora as organizações sindicais continuem constituindo alguns dos pilares fundamentais do PT e da esquerda mais em geral (inclusive do governo), essa “onda de movimento” tem perdido sua força e capacidade de construir um referencial social geral.
O PED é o produto ambíguo dessa pujança e desses sinais de esgotamento:
Por um lado, trata-se de uma conquista em termos de radicalização democrática, para além das formas burocráticas típicas dos partidos do século XX e da sociedade industrial. A participação direta dos filiados é um passo decisivo rumo a uma democracia mais participativa e direta. Por sua vez, a massificação das filiações aproxima o partido da sociedade e dá conta de sua amadurecida experiência de governo. Pelo outro, o PED pode ser mais uma manifestação da crise de representação determinada pelas transformações sociais que caracterizam o capitalismo contemporâneo. Algo que alguns intelectuais antes próximos do PT definem como “desaparecimento da política” e que é, na verdade, a crise de uma forma de fazer política.
Resumindo esquematicamente podemos dizer: as virtudes e os vícios do PED dizem respeito a um Partido dos Trabalhadores (PT) que se torna partido de massa sem que os quebra-cabeças do governo pelas massas sejam resolvidos. A filiação – de massa – dos muitos ao PT não se traduz em um Partido governado pelos muitos. Pelo contrário: assistimos – no mesmo movimento – a penetração dentro do PT dos tradicionais fenômenos de privatização da política pelo poder econômico; a própria lógica da representação, ao mesmo tempo esgotada e fixada nos interesses de reprodução dos mandatos, acaba gerando maquinas eleitorais internas que falsificam o jogo democrático. A filiação em massa dos muitos se esgota no poder de poucos. O PED das massas é o terreno de reprodução e produção do poder de poucos, quer dizer de verdadeiras oligarquias fundadas em muitos mandatos e na concentração de poder econômico que esses mandatos precisam e determinam ao mesmo tempo.
Não existe ética sem democratização da decisão, da escolha e da produção das próprias regras definidoras do comportamento ético. A ética, para nos, é uma aventura da liberdade e da igualdade, da renovação continua da democracia.
Renovar o PT dentro da dinâmica do PED e a partir da experiência de governo!
A potência renovadora do PT veio da autonomia operária do ABC paulista: o carisma de Lula é o fruto da relação potente entre lutas operárias e Partido que o “novo sindicalismo” constituiu e Lula encarnou. Esse é o Lula torneiro mecânico e retirante, o líder operário do final dos 1970 e inicio da década de 1980.
Em seguida, a onda operária do ABC paulista se amplificou conectando-se aos outros movimentos sociais (movimentos camponeses e movimentos urbanos) e aos setores da esquerda sobreviventes da heróica resistência à ditadura. Lula já é o líder da nova esquerda brasileira da década de 1980 e da resistência ao neoliberalismo. É o “Lula somos todos”, com suas experiências de governo municipal onde a representação se abriu à participação: o que o Orçamento Participativo de Porto Alegre tornaria em modelo de referência nacional, base do Fórum Social Mundial.
A estrondosa popularidade dos dois governos Lula (em termos de legitimidade social) se deve ao encontro dessas duas “ondas” (aquela operária do ABC e do governo local pela esquerda liderada pelo PT) e a uma inflexão que diz respeito a uma “outra onda”: aquela gerada pela própria experiência de governo e seus programas sociais: o Bolsa Família, a valorização do salário mínimo, o Prouni e o Reuni, o Luz para todos, o Pronasci, os pontos de cultura e de mídia, a inclusão digital nas escolas públicas, a regulamentação das reservas indígenas e da propriedade fundiária nas favelas, o estatuto da igualdade racial, o projeto de cotas e de combate ao racismo, as quebras das patentes dos remédios, a discussão dos direitos autorais e, enfim, o PAC.
Entre 2002 e 2006 houve uma ampliação da base social do governo mas também uma mudança de base social: ela passou a incorporar os setores e as regiões mais pobres da população e do país. Esse é o “Lula é muitos”.
Essa mudança é o fato da constituição dos POBRES como sujeito.
Os governos Lula souberam antecipar e trabalhar essa mudança. Ao mesmo tempo, ela constitui também um desafio. O debate sobre o PED é o embate diante das dimensões fortes e potentes dessa mudança, mas também diante dos enigmas e questões políticas que ela coloca. O debate sobre o PED deve ser esse debate, um debate de luta! Aliás, a crise financeira do capitalismo global lhe dá uma dimensão ainda mais decisiva e um horizonte aberto à construção de um outro mundo: o mecanismo fundamental da crise é exatamente aquele de um capitalismo em rede que mobiliza os pobres (os excluídos) sem reconhecer seu trabalho (sem paga-los e/ou sem empregá-los).
Os trabalhadores empobrecidos e os pobres trabalhadores são as figuras sociais de uma nova composição de classe, de uma nova dinâmica das lutas e de governo. Mas essa composição que chamamos de “classe” não tem mais muito a ver com os comportamentos e as lutas da velha classe operária.
O debate sobre o PED deve ser o debate, rico e produtivo, da renovação da forma partido e da grande narrativa da emancipação diante dessa nova composição material do trabalho e de suas lutas: do trabalho dos pobres.
Governado pelo mercado, o pobre é um “amontoado” de fragmentos: ele não é mais a figura social – como era o operariado – homogeneizada pela relação capitalista de produção e seu chão de fábrica. O capitalismo contemporâneo fragmenta, terceiriza e precariza sistematicamente o emprego (a relação salarial) mobilizando os trabalhadores formais e informais, os camelôs e os ambulantes, os sem teto e os favelados, os intelectuais que trabalham por conta própria, as mulheres, os indígenas, etc. Nesse nível, o pobre aparece como uma massa de fragmentos que o neoliberalismo pretendia governar pelo mercado: a lógica da privatização devia impor que cada um desses fragmentos se tornasse um individuo egoísta em competição com os outros.
Nas lutas, o pobre é muitos! As lutas dos novos movimentos são lutas dos pobres. Elas se caracterizam pela diversidade e multiplicidade de suas dinâmicas: as lutas dos trabalhadores sem terra, dos movimentos culturais das favelas e rádios livres comunitárias, o midiativismo, o movimento pelo software livre e quebra das patentes sobre os produtos da criatividade humana, as lutas dos trabalhadores pobres ambulantes e dos camelôs, dos pré-vestibulares para negros e pobres, as ocupações por moradia, as lutas do movimento negro, dos povos indígenas, das mulheres, os movimentos para a emancipação da sexualidade (GLBTS) etc.
Nessas lutas, os fragmentos se transformam em singularidades (pobres) que cooperam entre si (entre pobres) e produzem alternativas ao mercado: a diversidade não e mais um obstáculo mais a própria potência dos novos movimentos. Nas lutas, o amontoado desorganizado, explorado e excluído de fragmentos (os trabalhadores pobres) se torna um conjunto de pobres que trabalham e produzem governo e emancipação. Da mesma forma que a cooperação sul-sul entre paises pobres inaugurada pelo governo Lula!
As lutas de tipo novo são precisamente aquelas que logram enfrentar o obstáculo da fragmentação e organizar a multiplicidade dos pobres.
Que formas de luta são essas? Como é que isso acontece? Qual a relação entre essas lutas e a política? As formas de luta do “pobre” articulam em um mesmo terreno a resistência, a reivindicação com a cooperação produtiva: constituir a luta é ao mesmo tempo organizar a produção. Como dizem o MST e os Sem Teto: “ocupar e produzir”, os pobres lutam e produzem; produzem e lutam.
Isso acontece nas formas: do movimento do software livre, onde a luta contra as leis das patentes se junta à produção em rede e cooperativa de software; do movimento dos pré-vestibulares comunitários, onde a luta contra o sistema elitista e racista do vestibular se junta à organização voluntária de cursos para os estudantes pobres e negros entrar nas universidades; o MST articula as lutas pela reforma agrária com os temas de “ocupar e produzir”, na perspectiva da agricultura familiar e cooperativa; os trabalhadores pobres e precários dos centros metropolitanos defendem seus espaços e ao mesmo tempo ocupam moradias próximas de seus locais de trabalho. Os novos movimentos dos pobres, longe de implicar o desaparecimento da política, afirmam um novo terreno político que junta dinâmicas de luta e dinâmicas de governo. O que desaparece é a velha política, aquela da representação, da separação entre reivindicação econômica (sindical) e programa político (do partido). Mas, em retorno, tudo vira político e afirma a centralidade da questão do governo: é na dinâmica de governo que pode – ou não – consolidar-se e generalizar-se a relação precária que os novos movimentos indicam e constituem entre lutas e produção. Isso não se limita somente aos “novos’ movimentos, mas diz respeito a todos os movimentos, inclusive aqueles sindicais e operários: não é por acaso que, por um lado, os sindicatos operários participaram, com força, do movimento em prol ao desenvolvimento regional do ABC paulista, bem como participam, hoje, dos conselhos de administração de muitos fundos de pensão. Por outro lado, a mobilização mais interessante da CUT durante os primeiros anos do governo Lula foi justamente aquela que se dirigia aos trabalhadores pobres, quer dizer as caravanas em prol da valorização do salário mínimo.
O debate do PED e, mais em geral, o debate sobre os rumos de projeto do PT, tem que ser esse!
Esse debate – como vimos – é aquele da democracia dos muitos, dos muitos que continuam a ser tais: como é que os muitos passam da condição subordinada, explorada e excluída de fragmentos manipulados pelo mercado (e o capitalismo financeiro das redes) a constituir-se em singularidades que cooperam entre si, em governo? Como é que se forma a decisão democrática quando o sujeito da luta é a multiplicidade dos pobres? Como é que o PT pode ser, ao mesmo tempo, múltiplo (democrático) e capaz de decisão (vetor de um projeto, no curto prazo, de consolidação e aprofundamento das conquistas dos governos Lula e, no longo prazo, de uma nova grande narrativa de emancipação)? Com outras palavras, podemos dizer o seguinte: o debate do PED é atravessado pelas alternativas colocadas pelas respostas que daremos a essas questões. Esquematicamente, essas se resumem a três grandes caminhos possíveis:
Um primeiro eixo, seria aquele que foca – para ganhar o PED – a crítica das outras “>maquinas eleitorais e das oligarquias que delas se alimentam e a produzem ao mesmo tempo. Mas, nesse horizonte, não conseguiremos fugir da necessidade de construir outras maquinas eleitorais para lutar contra aquelas que são atualmente hegemônicas. Claro, podemos crer e afirmar que “nossas” máquinas são mais autênticas do que as outras. Mas, por verdadeira que possa ser nossa afirmação, ela sempre será contestada pela afirmação dos “outros” que dirão que são as máquinas deles que são autenticas ou, no mínimo, que as máquinas têm características parecidas.
Um segundo eixo seria aquele que apontaria para o abandono do PED e uma volta atrás ao método do Centralismo democrático (do Congresso). Essa perspectiva aparece duplamente fraca: a) por um lado, ela não dispõe mais do mecanismo de legitimação da representação da qual o procedimento congressual era somente um momento. Ou seja, a volta aos métodos dos delegados se traduziria inevitavelmente em um enfraquecimento da dinâmica partidária; b) por outro lado, dificilmente a qualificação do voto encontraria um critério unânime e ela mesma seria objeto de disputa.
Um terceiro eixo é aquele que implica em aceitar os desafios do PED promovendo seu atravessamento (e do PT) por essas dinâmicas e embates de tipo novo!
= > Articular o trabalho de comunicação participativa em rede dos filiados e eventualmente chegar ao voto on line – as experiências dos movimentos em redes de Seattle a Genova, mas também aquelas da 1a eleição de Zapatero e da recente eleição de Obama indicam esse caminho material e político de radicalização democrática, quer dizer de uma da mobilização qualificada da militância de massa e em massa. A qualificação da participação não implica em nenhuma redução da filiação em massa, mas na explicitação de suas dimensões múltiplas por meio da sua conexão em rede. Isso significa que o PT deve tornar-se, sobretudo no PED, mas não apenas nele, um partido de movimento, um partido em movimento.
= > Levar para dentro dos debates, da formação, do funcionamento, dos compromissos de governo do PT e pelo PT, as dinâmicas dos novos movimentos e, com base nesse atravessamento, enfrentar a questão da organização (da forma partido) e do governo de maneira inovadora e adequada. Isso significa que :
* A Política social – a construção de uma nova geração de direitos – tem que ser a base da uma nova política econômica. Somente a política social é capaz de indexar a inflexão do modelo econômico e uma política dos pobres, radicalizando o que foi feito durante os governos Lula: pensar os direitos não mais como conseqüência do trabalho (do emprego), mas como base, premissa do trabalho (e eventualmente do emprego).
* O PT deve ser o estimulo de uma reflexão conjunta entre movimentos e organizações sindicais para pensar e promover uma organização horizontal e territorial dos trabalhadores, para além da relação de emprego. Essa espécie de “sindicato territorial” deve buscar a reunião dos atuais trabalhadores através do que há em comum entre eles: a condição de precários e sem direitos, excluídos e subordinados ao mesmo tempo.
* O PT deve ser o âmbito e um dos principais animadores de um debate sobre as novas formas de propriedade, aquelas capazes, por um lado, de dar conta da maciça intervenção do fundo público durante a atual crise financeira do capitalismo global e, por outro lado, da dimensão comum e política que caracteriza a cooperação social produtiva contemporânea: aquele comum afirmado pelos pré-vestibulares comunitários, pelo movimento do copyleft, pelos movimentos ecologistas, pelo cuidado em saúde coletiva, pelos movimentos culturais; pelo municipalismo do OP; aquele comum que deve se constituir como um novo direito – imediatamente produtivo – da criatividade humana.

Cinema Paraense em Ação na Marambaia

Lançamento do Documentário de Francisco Weyl, com o jornalista Lúcio Flávio Pinto será realizado em praça no bairro da Marambaia em Belém do Pará.

O projeto Tela de Rua fará o lançamento do Cine-clube MOCULMA* que em parceria com o Cineclube Amazonas Douro, têm a honra de convidar a comunidade paraense para a estréia do filme Contracorrente, de Francisco Weyl.

O documentário, segundo o seu realizador, é um ato político-cultural em solidariedade ao jornalista paraense Lúcio Flávio Pinto, o qual sofre diversos ataques judiciais e físicos inclusive, contra sua postura crítica e denuncista.

No Filme, Lúcio fala sobre liberdade de imprensa, mídia e poder, jornalismo e política.

O jornalista, crítico pela sua própria natureza, é diretor do JORNAL PESSOAL e tem se destacado na luta pela liberdade de expressão e pelos direitos humanos, colocando a sua vida e a sua profissão ao serviço das causas mais importantes do seu tempo.

Serviço: Lançamento do Filme Documentário "Contracorrente" do Cineasta Francisco Weyl. Dia: 05/10/2009 (Segunda-feira) Hora: 20h. Local: Praça Tancredo Neves, Marambaia. (Próximo ao final da Linha do Marambaia Ver-o-Peso) Maiores Informações: (91) 8711-8628 / 8174-5995 / 8179-6684
* O MOCULMA - Movimento Cultural da Marambaia - completou em 2009, 15 anos de existência e resistência, sendo organização da sociedade civil, promove programações culturais, sócio-educativas e debate temáticas emergentes tais como: Meio Ambiente, Reforma Urbana, Cultura Popular, Economia Solidária, entre outros, interagindo assim em diversas redes e segmentos sociais. É filiado à UNMP.

Impunidade Incentivada

No Página Crítica
Chegamos ao fundo do poço? Não, não existe limite quando a barbárie se instala. Ontem [segunda-feira], passageiros de um ônibus assaltado por três jovens na periferia de Belém espancaram até a morte um deles, que possuía apenas 16 anos e estava vestido com a farda da escola. Uma facada no pescoço e pronto. O corpo estendido no assoalho do ônibus, sangue por todo lado e aquele gosto acre de que a última fronteira foi ultrapassada. Pena de morte, julgamento sumário, vingança coletiva e, no momento seguinte, desce o manto da impunidade. Matar ladrão não é crime, ora pois. O Estado que não protege o cidadão é estranhamente eficaz quando cruza os braços e não investiga a ocorrência de um homicídio. Por que é sempre tão difícil descobrir a autoria dos crimes praticados por turbas enfurecidas? Não há testemunhas, nem indícios a investigar? Ou o adolescente infrator foi fulminado por alguma força não-identificada? Quem executou o golpe fatal, utilizando a mesma arma que o assaltante havia levado para cometer seu crime - uma faca de cozinha - não é mesmo criminoso. É tanto quanto, ou ainda mais. A não punição pelas mortes decorrentes de linchamentos funciona como estímulo, uma espécie de licença para matar. Tal qual aquela que os assaltantes e outros homicidas já gozam em larga medida. Hoje a mídia, em particular aquela que vive de explorar a tragédia alheia, fará mais uma campanha a favor da brutalidade sem limites. Estará com as mãos alagadas em sangue. De inocentes e de culpados, estes, por sinal, cuja existência em grande medida vai muito além, mas muito além mesmo, dos limites do macabro ônibus que cruzou o caminho de nossa insuportável tragédia de todos os dias.

De Fato e de Direito

Com a viagem da governadora, muita coisa acontece na Casa Civil. No entanto, não é verdade que o Sr. Cláudio Puty, atual Chefe da Civil da governadoria, seja o vice-governador ao invés de Odair Côrrea, como inferiu o Espaço Aberto.
Na minha opinião, há na verdade, falta de tato político de um e articulação demais do outro.

quinta-feira, outubro 01, 2009

A internet passa a televisão na disputa pelos anunciantes

Quem informa é o FT
Quem informa é o FT
O diário britânico Financial Times, o evangelho de dez entre dez liberais, informa que "a web bateu a TV e tem a maior fatia de publicidade" na Grã-Bretanha. "Segundo relatório da PwC, é o primeiro grande mercado de mídia a experimentar a mudança. A fatia da internet cresceu de 18,7% no primeiro semestre de 2008 para 23,5% em 2009, contra 21,9% da televisão. O gasto on-line cresceu 4,6% no primeiro semestre, impulsionado pela publicidade em ferramentas de busca. No todo, o gasto caiu 16,6%. A internet já havia ultrapassado os jornais [de papel] em 2006" - lembra o FT. A migração dos anunciantes é um indicador importante. Tende a ser algo definitivo, modificando completamente o perfil dos meios de comunicação, ainda que permanecendo subordinada à lógica do valor. Está havendo um deslocamento do espaço público representado pela máquina de mídia. A emissão de informação, que sempre esteve sob um domínio exclusivo e reservado, tende a se tornar mais aberto e plural, com isso seus atores e players terão que permanentemente justificar a sua forma de atuação, controle social e legitimidade no discurso que se pretende universal. Uma empresa midiática que tem hegemonia na forma TV, não terá necessariamente a mesma força nas multiformas da web. Ao contrário, a internet já está com demarcações públicas e plurais que dificilmente podem ser removidas pelos adventícios da velha máquina midiática do século 20. Vivemos tempos interessantes.

A Advogada do VIC

Do blog "delle" mesmo.
Um chefão da Máfia descobriu que seu contador havia desviado 10 milhões de dólares do caixa.

O contador era surdo-mudo.

Por isto fora admitido, pois nada poderia ouvir e, em caso de um eventual processo,não poderia depor como testemunha.

Quando o chefão foi dar um arrocho nele sobre os US$10 milhões, levou junto sua advogada, que sabia a linguagem de sinais dos surdos-mudos.

O chefão perguntou ao contador:

- Onde estão os U$10 milhões que você levou?

A advogada, usando a linguagem dos sinais, transmitiu a pergunta ao contador, que logo respondeu (em sinais):

- Eu não sei do que vocês estão falando.

A advogada traduziu para o chefão:

- Ele disse não saber do que se trata.

O mafioso sacou uma pistola 45 e encostou-a na testa do contador, gritando:

- Pergunte a ele de novo.

A advogada, sinalizando, disse ao infeliz:

- Ele vai te matar se você não contar onde está o dinheiro..

O contador sinalizou em resposta:

- OK, vocês venceram, o dinheiro está numa valise marrom de couro, que está enterrada no quintal da casa de meu primo Enzo, no nº 400, da Rua 26, quadra 8, no bairro Santa Marta!

O mafioso perguntou para advogada:

O que ele disse?

A advogada respondeu:

- Ele disse que não tem medo de gay e que você não é macho o bastante para puxar o gatilho..

quarta-feira, setembro 30, 2009

Dois Países, Duas Histórias.

A permanência de Sarney, contrariando grande parte da imprensa brasileira e sua resistência, contrapõe o quadro nefasto imposto pela ditadura em Honduras. A América Latina, históricamente massacrada pela força das forças militares e o Brasil dos grandes grupos de comunicação a situação dos países, afastadas as grandes diferenças, nos colocam no dilema: Quando termina o lúdico e começa a insanidade?

O país que tem como principais produtos da pauta de exportações o café, a banana e o camarão é agora exportador de mal exemplo aos países da América Central, de onde os espanhóis, à força conquistaram pelo massacre dos indíos da civilização Maia em 1523.

Do Portal comunista Vermelho.org, a decisão, destacada na manchete abaixo é oportuna, porém atrasada. Num país, menos elitista e com menos sequelas autoritárias no cerne parlamentar, a reação seria imediata.
A polêmica surgida no senado entre oposição e governistas em torno da permanência do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, na embaixada brasileira em Honduras, não impediu a aprovação de uma moção de censura e repúdio ao cerco militar à embaixada brasileira na capital de Honduras, Tegucigalpa.
Depois da pressão da oposição, a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado aprovou o texto nesta terça-feira (29).A comissão já havia aprovado um documento com texto muito semelhante na semana passada. No entanto, o requerimento foi devolvido à comissão por sugestão do senador Heráclito Fortes (DEM-PI), devido aos fatos ocorridos nos últimos dias, como o fechamento de uma emissora hondurenha de rádio e uma de TV que apoiavam Zelaya, além da ameaça do governo golpista de fechar a representação diplomática brasileira no país.
No documento, que foi votado em plenário, os senadores manifestam veemente repúdio ao cerco policial embaixada brasileira, fato que, segundo os parlamentares, contraria a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, cujo Artigo 22 garante a inviolabilidade de representações diplomáticas.
Advertindo que a vida de Zelaya e de outras pessoas abrigadas na embaixada, bem como a inviolabilidade da representação brasileira, devem ser preservadas a todo o custo, a moção faz um apelo para que as forças políticas hondurenhas dialoguem buscando a conciliação e a volta da normalidade democrática.
Os senadores também se dizem consternados com as violações ao direito dos simpatizantes de Zelaya de se manifestarem livremente e com a agressão liberdade de imprensa, configurada no fechamento, na segunda-feira (28), de uma emissora de rádio e de uma TV que apoiavam ao presidente deposto.
Os parlamentares incluíram no documento a ressalva de que o presidente Manuel Zelaya deve se abster de usar a embaixada brasileira como palanque político, ato com o qual estaria violando as regras do direito internacional e deixando de contribuir para a pacificação de Honduras.

Se...

De um email que me fez ri, numa quarta-feira estafante...
Se ...
Se a pessoa que você ama, treme quando te abraça,
Se você sente os seus lábios ardentes como brasas,
Se você sente a sua respiração se agitar,
Se você vê os seus olhos ferverem com um brilho especial...
VAZA QUE É GRIPE SUÍNA !!

segunda-feira, setembro 28, 2009

Jornalismo 2.0 - O futuro é agora!

Se um jovem que tenha nascido nesta década, ingressar futuramente na profissão de jornalismo ou qualquer outra, e/ou necessite digitar um texto ou simplesmente uma carta e se deparar com o objeto acima, certamente não o reconhecerá, pois máquinas de escrever ou jornalistas com diploma específico e fichas telefônicas, neste e em outros países mundo à fora, graças ao desenvolvimento científico e cultural, já terão sido extintos.
Diógenes Brandão
Estava à ler - como faço sempre com os blogs presentes em minha lista de leitura , aqui ao lado - e me deparei novamente com a ladainha dos jornalistas que se acham melhores que qualquer outro profissional e ressusitam a discussão do diploma de jornalismo, o qual para o exercício profissional em nenhum outro lugar do mundo, a não ser com era no Brasil, necessitava-se de curso superior específico, como se Cientístas Políticos, Filósofos e Cozinheiros - cozinheiros sim, quem disse que não se estuda, ou acumulasse notório saber, para tratos tão importantes e necessitados de técnicas, como para com os alimentos? - não pudessem fazer bem e como milhares de auto-didatas mundo à fora, fazem e destacam-se pela criatividade, amplitude na visão de mundo e ao certo pelas múltiplas habilidades, inerentes à esta bela profissão. Bom, voltando ao texto...li o Juca Kfouri, mas gostei mesmo foi dos comentários. Sendo ou não jornalista, cozinheiro, educador, padre ou policial, eu recomendo que faça o mesmo, ou fique aí com sua boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar...

A Fala da Edilza Fontes ao sair da DS

"Encontrou-se, em boa política, o segredo de fazer morrer de fome aqueles que, cultivando a terra, fazem viver os outros." Voltaire

Belém, 27 de setembro de 2009.

Companheiros (as) da tendência Interna petista “Democracia Socialista”

Sou militante histórica do PT, e ajudei a construir junto com outros companheiros e companheiras a intervenção do partido em nosso Estado. Minha história de compromisso com a transformação social e com o socialismo é anterior ao próprio PT. Vem dos tempos sombrios do regime militar quando participei de um dos mais importantes agrupamentos clandestinos da esquerda nacional, o Partido Revolucionário Comunista – PRC.

Atuei de diversas formas no movimento social, nos anos mais difíceis para a democracia e a liberdade. Com denodo, ética, espírito revolucionário e seriedade, tenho a convicção que muito contribuí à história social de nosso povo, seja na luta política, seja nas experiências e tradições de classe que comunguei em minha trajetória. Sou personagem de um enredo marcado pela defesa do humanismo no seu mais radical princípio: a libertação plena da humanidade contra tudo que corrói e oprime a essência humana. Na partilha dessa experiência, tornei-me sujeito histórico plena de contradições, nas diversas faces que me fez mulher, mãe, professora e produtora de conhecimento.

Junto a essa trajetória de sujeito e ator social, galguei com meus próprios esforços, a carreira acadêmica, abraçada por mim com suor, estudo e trabalho, sem usar de recursos escusos e anti-profissionais para alcançar meus objetivos. Dediquei-me ao ofício de historiadora pontuando a carreira acadêmica na dupla missão de amar o saber, inscrevendo-o na história social militante, fazendo o possível para fugir ao script do diletantismo deletério.

Foi com esse background cultural e político que assumi cargos importantes de gestão em esferas diferentes do Estado, com transparência, ética, senso de gestão profissional e comprometida com a coisa pública, de forma eficiente e eficaz. Prova disso são as minhas contas aprovadas, sem máculas pelos organismos públicos de auditagem, desde a minha experiência de gestão na UFPA, na Fundação Cultural de Belém – FUMBEL em 1997 até a última na Direção Geral da Escola de Governo do Estado do Pará – EGPA, entre 2007 e 2009 e na Coordenação do Planejamento Territorial Participativo – PTP.

No governo do Estado, atuei de forma leal, aberta e sincera com a Governadora Ana Júlia Carepa, cuja gestão ajudei a eleger em 2006, com afinco e labor. Nos momentos críticos do governo, pautei o debate fraterno com qualidade, sem entrar no baixo joguetes de disputas fratricidas, ao mesmo tempo fortalecendo nosso projeto de governo diante dos ataques permanentes de nossos adversários internos e externos.

Na DS atuei com a mesma lealdade e tenho certeza que ajudei em muito no seu crescimento como tendência, saltando de forma qualitativa e quantitativa no PED de 2007 para uma intervenção consistente na estrutura interna do PT. A DS hoje no PT, a despeito da máquina governamental, é uma tendência em crescimento, graças às estratégias que ajudei a construir com os (as) companheiros (as).

Em torno dessas considerações é que me sinto a vontade de me dirigir aos (as) companheiros (as) para apresentar por este documento, meu pedido de desligamento da tendência. Não me sinto à vontade de continuar na tendência, após os acontecimentos do primeiro semestre, quando fui exonerada do governo, sem qualquer acusação de malversação administrativa, em nome de uma barganha política com adversários do passado recente e ainda tendo que abrir mão da coordenação de um programa que de forma apaixonada e responsável dirigi nesses 2 anos e meio de governo, o PTP.

Mais do que isso, fui objeto de uma disputa interna na tendência, cuja finalidade serviu tão somente para resguardar candidaturas. Nada tenho pessoalmente contra o atual Chefe da Casa Civil, sr. Cláudio Puty ou ao atual secretário de cultura, sr. Edílson Moura, candidatos ungidos como únicos capazes de representarem a DS. Minhas objeções são políticas por defender a legitimidade de qualquer candidatura parlamentar, independente da vontade suprema e absoluta de alguns e algumas.

Por conta desse claro posicionamento, fui excluída do projeto estruturado pela DS para as eleições de 2010. Escorraçada do governo que, repito, jamais deixei em constrangimento público sob quaisquer processos judiciais, e tenho sofrido também um processo violento de expurgo simbólico e real. Fui eleita para compor o GT da tendência em nossa última conferência, mas a relação que o núcleo dirigente tem tido comigo é de total desprezo às nossas tradições democráticas.

A título de exemplo, nunca fui consultada quanto ao papel da candidatura de Suely Oliveira no PED e sei que esse debate nunca foi aprofundado no interior da tendência. Para agravar o desrespeito dos (as) companheiros (as), fui alijada da Executiva Estadual do PT por um processo de expurgo comandado pelo GT da DS, da forma mais absurda possível, sem direito de defesa em uma reunião onde não fui avisada ser ponto de pauta a avaliação sobre minha atuação na executiva do PT, o que revela o lamentável grau de autoritarismo que tem dado substância às ações dos (as) companheiros (as).

Nesse sentido, já ficou evidente que na há mais clima para continuar na tendência. Sinto-me constrangida de ainda representar uma tendência que não tem tido o mínimo de respeito e solidariedade para com essa companheira.

Ao sair da DS, quero deixar claro que continuarei a debater com o campo da “Mensagem ao Partido”, procurando agrupar-me nesse horizonte dentro do PT. Não irei para outro partido e vou manter minha candidatura à Deputada Estadual em 2010.

Saio da DS com o dever cumprido com a tendência, com o PT e com o governo sem contas bloqueadas na justiça e limpa para com minhas obrigações de gestora pública. Agradeço a confiança depositada pelos (as) companheiros (as) ao indicar-me aos cargos públicos que assumi e sei que cumpri rigorosamente a defesa do projeto que pensamos para o nosso Estado.

Sejamos felizes, cada um em nossos caminhos, ao mesmo tempo juntos na tarefa de refundar o PT.

Saudações Petistas,

Edilza Fontes

domingo, setembro 27, 2009

Brasil entra no time que decide sobre a economia mundial

Ué, cadê o Fernando Henrique ? Deve estar em Ibiúna
Extraído na íntegra do Blog do Paulo Henrique Amorim
Amigo navegante, não leia as noticias do PiG (*) sobre a reunião do G-20, que se realiza em Pittsburgh, nos Estados Unidos. O Brasil acaba de obter uma estrondosa vitória, na companhia da China, e da Índia. A reunião de Pittsburgh estabeleceu que o G-7, o antigo clube dos países ricos, que determinava o curso da economia mundial, vai ser substituído pelo foro mais amplo do G-20, que inclui os países com rápido e vigoroso desenvolvimento. Não leia o PiG (*) nem seus colonistas (**) supostamente cosmopolitas. Leia Edmunbd L. Andrews, o repórter do New York Times: “.., os líderes formalmente anunciaram que as discussões sobre as questões econômicas globais se transferirão PERMANENTEMENTE (ênfase minha – PHA) do Grupo das 7 grandes nações industriais – Estados Unidos, Inglaterra, França, Canadá, Itália, Alemanha e Japão – para o Grupo dos 20, que inclui China, Índia, Brasil, Coréia do Sul e África do Sul, para refletir o crescente poder que nações de rápido desenvolvimento econômico passaram a ter sobre a economia mundial.” O interessante é que o Brasil chega à Primeira Divisão, ao Grupo dos 20 sem que o PiG (*) dê destaque a isso. E, muito importante, pelas mãos de um operário metalúrgico. Interessante também: não foi possível ver o Farol de Alexandria em nenhuma das fotos de Pittsburgh. O Ibrahim Sued costumava dizer “Gigi, eu chego lá”. O Lula pode dizer: “Gigi, eu cheguei lá”. Paulo Henrique Amorim Em tempo: como previsto pelo representante do Brasil no FMI, Paulo Nogueira Batista JR, o Brasil obteve outra importante vitória. Os países emergentes conseguiram 5% de votos, a mais, nas deliberações do Fundo. A Folha, na primeira página, menosprezou a vitória. Ela sente falta dos bons tempos do Farol, quando ele ia ao FMI, não para reivindicar mais votos, mas para pedir esmolas. FHC foi três vezes … (*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista. (**)Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG (**) que combatem na milícia para derrubar o presidente Lula. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.

sexta-feira, setembro 25, 2009

Sarney vs. Imprensa: Quem mudou: o senador ou a grande mídia?

Venicio A. de Lima
O mesmo político, no exercício do mandato eletivo, que declarou há menos de quatro anos: "A única atividade [de nossa família] em empresas é relativa à atividade [sic] política: jornal, rádio e televisão. Temos uma pequena televisão, uma das menores, talvez, da Rede Globo. E por motivos políticos. Se não fôssemos políticos não teríamos necessidade de ter meios de comunicação." (Carta Capital, nº 369, de 23/11/2005, pág. 40) Afirmou agora: "A tecnologia levou os instrumentos de comunicação a tal nível que, hoje, a grande discussão que se trava é justamente esta: quem representa o povo? Diz a mídia: somos nós; e dizemos nós, representantes do povo: somos nós. É por essa contradição que existe hoje, um contra o outro, que, de certo modo, a mídia passou a ser uma inimiga das instituições representativas. Isso não se discute aqui; estou repetindo aquilo que, no mundo inteiro, hoje, se discute." (Discurso proferido pela passagem do Dia Internacional da Democracia, no Senado Federal, em 15/9/2009) Além da contradição implícita de ser, ele próprio – como proprietário de jornal e concessionário do serviço público de radiodifusão – um "inimigo das instituições representativas", o que deveria chamar a atenção do distinto público é a incrível diferença na reação da grande mídia e seus colunistas e analistas: em 2004, não se gastou uma linha sequer sobre a declaração do senador José Sarney; em 2009, ele está sendo incluído na relação daqueles "autoritários" que querem restaurar a censura prévia na imprensa brasileira. Mudou o nobre senador? Mudou a mídia? Ou mudaram os dois? Distorções permanentes No debate acadêmico sobre a prática profissional do jornalista, há décadas é discutida a contradição que envolve uma atividade que se pretende neutra e objetiva – profissional – e, ao mesmo tempo, atribui a si mesma a representação dos interesses públicos. Da mesma forma, o discurso dos grupos de mídia mistura profissionalismo jornalístico com defesa dos interesses da sociedade. Como conciliar essas "missões" inconciliáveis? Entre nós, os obstáculos para se fazer o debate democrático do papel da mídia que contemple o contraditório em igualdade de condições, são tão formidáveis que distorções permanentemente praticadas acabam se transformando – na agenda pública – em princípios e verdades incontestáveis. Transformar a liberdade de expressão em liberdade de imprensa é uma dessas distorções (ver, neste Observatório, "Liberdade de Expressão vs. Liberdade de Imprensa: O sentido das idéias"). Confundir a instituição imprensa/mídia com o trabalho individual de jornalistas é outra. Igualar jornalistas editorialistas, colunistas ou articulistas – que escrevem matérias opinativas – com jornalistas repórteres, que escrevem notícias, em princípio, imparciais e equilibradas, é outra. E, escamotear a contradição entre profissionalismo e "missão" de servir ao "interesse público" é apenas mais uma. "Interesses que vão além do interesse coletivo" Não há dúvida que as democracias representativas e, sobretudo, os processos eleitorais, enfrentam uma crise grave de legitimidade. Esse é um debate contemporâneo nas democracias eleitorais européias (ver este artigo de Éric Aeschimann, dado no Libération, 16/9)). Não há dúvida também que os grupos de mídia, já há algum tempo, vêm gradativamente exercendo funções tradicionalmente atribuídas aos partidos políticos: construir a agenda pública, gerar e transmitir informações políticas, canalizar demandas da população, dentre várias outras. Como disse um destoante convidado da Sociedad Interamericana de Prense (SIP) para o seu "Fórum de Emergência sobre Liberdade de Expressão", realizado em Caracas, no último 18/9, outro político conservador, o ex-presidente boliviano Carlos Mesa (2003-2005): "Quando um meio, diante da falta de partidos políticos, tem de fazer o que os partidos não podem fazer, perde o equilíbrio e a objetividade. (...) A realidade é que os meios defendem interesses que vão além do interesse coletivo. Se não se reconhecer isso, estaremos enganando a nós mesmos (ver Folha de S.Paulo, 19/9/2009; "Perseguição à mídia pauta fórum em Caracas" e "Lógica não é a mesma de luta antiditaduras", para assinantes). (Registre-se, que as posições de Carlos Mesa simplesmente não aparecem na cobertura oferecida por alguns dos jornalões brasileiros.) Ninguém mudou Na verdade, a mesmice interminável com que as questões relacionadas à mídia e a democracia liberal são tratadas publicamente no nosso país revela como os grupos dominantes no setor de comunicações – apesar de rusgas ocasionais e passageiras que dissimulam a identidade real de interesses – continuam a controlar, há décadas, sem resistências ou ameaças significativas, as políticas públicas do setor. Não mudou Sarney, nem mudou a grande mídia: político e instituição continuam os mesmos, defendendo seus interesses com o discurso adequado às circunstâncias de momento. Quem também não mudou foi o cidadão, sujeito único do direito à comunicação, que entra apenas de leitor/telespectador nessa falsa disputa que, apesar de feita em seu nome, o mantém, como sempre, excluído.
Fonte:Portal Vermelho

Vic, Almir e Jader se merecem !

O Blog do Vic é do Vic só no nome. Todos sabem que quem faz as postagens é a jornalista que tem um blog que curto muito ler. Extraí as postagens abaixo e resolvi ir lê o que ela anda escrevendo e me divertir de montão, não com sua condição financeira e emocional, mas por ver a aplicação direta do ditado: "quem com ferro fere, com ferro será ferido". Vale à pena conferir aqui.

Almir Gabriel é candidato.

Ao governo !

Quem diz isso é o ex senador Luis Otávio Campos.

Diz, e até aposta com quem quiser.

Vamos lá com o que ele acha:

Almir começou de mansinho com essa história de Mario Couto.

Apoio pra cá, apoio pra lá.

Tudo cena

Era só pra ganhar tempo e afastar o senador do Jatene, o maior de todos os seus inimigos.

Conseguiu !

Ficou assim quase um ano.

Com isso, levou o Mario para o seu lado.

Defendeu a candidatura do Mario até não poder mais.

Na última pesquisa encomendada pelo PMDB, Almir aparece na frente do Jatene e do Mario.

Na marra, ele conseguiu incluir seu nome nessa pesquisa que o PSDB encomendou.

Essa que ninguém sabe, ninguém viu.

Se aparecer bem, não vai abrir mão de sua candidatura.

Vai começar a fazer o que mais gosta na vida. Política.

E conhecendo o jatene, é certo que ele vai amarelar.

E o Mario, adorar.

Luis Otávio sabe o que fala.

luis Otávio conhece Almir Gabriel como poucos.

Luis Otávio também conhece o Jatene.

Pelo menos, melhor do que eu.

O Jader, Que Não Prestava, Agora é a Salvação

2008

Dias depois do primeiro turno.

Era uma sexta feira

Lá pelas nove da manhã

O meu celular toca

Do outro lado da linha era o publicitário Orly Bezerra, que coordenou o marketing da campanha da Valéria.

Conversa vai, conversa vem e começamos a nos desentender.

Não foi uma briga.

Eram posições contrárias, apenas.

Ele, defendendo o apoio da Valéria em favor do Duciomar no segundo turno.

Eu, lhe dizendo que a Valéria não queria apoiar ninguém. Nem o Duciomar e nem o Priante, e que votaria nulo no segundo turno.

Ele, querendo me mostrar que o grande perigo na vitória do Priante era fortalecer ainda mais o Jader, e isso seria péssimo para os planos do PSDB em 2010.

Já meio irritado, encerrei o telefonema lhe pedindo que não insistisse mais no assunto.

Uma hora depois ele apareceu lá em casa e conversamos longamente.

Do Duciomar, ele não falou nunca mais.

Pelo menos pra mim.

No segundo turno, eu e Valéria votamos nulo.

Hoje, eu fico aqui só pensando com os meus teclados.

Se o Jader não prestava agorinha, como é que hoje ele é a salvação do PSDB ?

Estranho, vocês não acham ?

MP pede quebra de sigilo bancário e fiscal do prefeito de Ananindeua

O blog recebeu o processo de número  0810605-68.2024.8.14.0000,  que tramita no Tribunal de Justiça do Esado do Pará e se encontra em sigilo...