Robson é cidadão paraense, negro, oriundo de família de trabalhadores que desde cedo lutou muito para hoje conseguir pagar seus impostos. Cursou nivel superior e fez pós-graduação em gestão pública e durante a tarde de ontem travou um debate caloroso com o idealizador do Terruá Pará , hoje Secretário de Comunicação do Governo Jatene, Sr. Ney Messias, responsável de administrar R$ 3 milhões de reais para a realização do evento que teve 02 noites de show em São Paulo, 03 em Belém e promete-se mais 01 em Marabá e Santarém.
Lembro que já se manifestou sobre o evento nas postagens e redes sociais, o que gerou uma quebra da quase hegemônica opinião de que o evento foi o máximo dos máximos e estava à cima de qualquer crítica.
Leia-os e entenda, porque.
 
 
Segue a abaixo trechos de suas falas e réplicas do secretário e logo em seguida um excelente artigo enviado ao blog por email.
 
O abandono da explosão tribal, e o verdadeiro Terruá Pará.
Por Robson Marques*
  
Uma  sociedade pode ser avaliada conforme a importância que dá a sua  cultura, suas formas de arte, suas manifestações populares e seu valor  no patrimônio histórico. A cultura identifica toda uma sociedade, as  suas crenças, seus comportamentos, seus valores e suas regras morais.
Para  que uma cultura exista e se desenvolva, os governantes devem  estabelecer uma série de medidas políticas para manter sua sobrevivência  e sustentabilidade, estas políticas necessitam estar ligadas a  princípios que envolvam as prioridades do governo. 
O Pará é o resultado de uma mistura de ritmos e de raças, produto de sua historia e geografia, convivendo harmoniosamente. O  jeito de ser paraense chama a atenção, seja na forma de falar, de  cantar, de dançar ou de vestir. Apesar das influências do resto do país,  o paraense mantém, com fervor, o gosto pelas coisas da terra.
Nos dias 24 e 25 de junho em São Paulo  no Ibirapuera ocorreu uma festa da música paraense, com apresentação  também em Belém nos dias 26, 27 e 28 de julho, show realizado pelo  Governo do Estado, através da Rede Cultura de Comunicação, o Terruá Pará  que mostrou a rica diversidade musical do Pará.
Um  show como este, com os maiores e mais importantes nomes da música  paraense, por si só já é um sucesso de público tanto aqui na terra  tupiniquim, como em São Paulo, com os paulistas ansioso em conhecer a cultura do Norte, assim como dos paraenses em matar saudades de sua terra natal.
O  Terruá Pará em sua 2ª edição foi sucesso de publico e de orçamento,  conforme consta na agenda mínima do Governo Jatene, foi orçado em R$ 3  milhões, o que representa quase 20% dos R$ 16 milhões previstos no orçamento do Estado para manifestações culturais nos quatro anos do governo.
No final de semana seguinte a realização do Terruá Pará em Belém, foi realizado na Arena  do Tribódromo em Juruti o 16º Festival das Tribos, criado em 1986 com o  desejo de preservar as tradições histórico-culturais do município, vem  sendo o maior evento do gênero em todo o Oeste do Pará, e que desde 2008  é Patrimônio Cultural do Pará, tem como grande atração o encontro de  duas "tribos" _ Muirapinima e Mundurukus.
Pois  bem, aqui revelo minha indignação, esta festa ocorrida no Pará, sucesso  de público, patrimônio cultural, com tradição, como é o Festival das  Tribos em Juruti não contou com nenhum centavo do Governo do Estado na  sua realização. O “Festribal“  como é conhecido, contou apenas com o apoio da Prefeitura de Juruti, que  repassou 350 mil reais para cada uma das tribos, e da mineradora Alcoa,  que repassou a verba de 60 mil reais para cada grupo, ou seja, cada  grupo contou com 410 mil reais para realizar uma festa que é reconhecida  como Patrimônio Cultural do Pará, pouco mais de 10% do que foi o  orçamento do Terruá Pará.
Ora  aqui reside uma das minhas grandes falhas de compreensão. Se temos  orçamento de 3 milhões de reais para realizar a 2ª edição do Terruá Pará  o que faltou ao Governo Jatene para ter orçamento de apoio a esse  grandioso Festival em Juruti? Falta de planejamento? Prioridade no  Terruá Pará? Ou desconhecimento da importância do Festribal?
O Secretário de Comunicação Ney Messias, reconhecendo a falha do Governo declarou na rede social Twitter que ‘’não  existe governo que seja UNO. Uns andam mais rápido que outros”,  permita-me Secretário, aqui neste caso quem andou mais rápido foi apenas  o Terruá Pará,  que foi organizado, financiado e executado  em 6 meses pelo governo do Estado, e o Festribal em Juruti andou lento,  já que também o Secretário Ney Messias disse que somente na semana  seguinte a realização do Festival das Tribos que o Presidente da  Fundação Cultural Tancredo Neves, Nilson Chaves iria reunir com o  Prefeito de Juruti, lento demais. 
Concordo quando o Secretário Ney Messias diz no Twitter “que não  é uma coisa ou outra. tem de ser uma coisa e outra”, ou seja, o é  inegável o sucesso do Terruá Pará organizado, financiado e executado  pelo Governo do Estado, aliais nunca me coloquei contra a sua  realização, o que questionei foi a necessidade de tanto recurso, no  entanto na “outra coisa”, o Festribal em Juruti, a única participação do  Governo do Estado foi a produção de um documentário sobre o Festribal.
Talvez  por estar extremamente ocupado com a organização, financiamento e  realização do Terruá Pará, o Secretário não saiba que existe um  documentário sobre o Festival Folclóricos das Tribos em Juruti, o filme  “Uma história de amor à cultura”, que esse ano participa em setembro do  Festival Art&Tur, na cidade de Barcelos, em Portugal concorrendo ao  prêmio máximo Galo de Ouro na categoria Patrimônio Cultural. Também deve  desconhecer que as tribos folclóricas de Juruti – Mundurukus e  Muirapinima – estarão presente na festa de encerramento do Festival  Art&Tur.
O  Festribal de Juruti esse ano já terminou, com o tema “Pajelança”, a  tribo Mundurukus foi a campeã do Festribal, a cidade atraiu cerca de 30  mil pessoas para o Tribódromo. 
Espero que em um Estado  onde os verdadeiros agentes culturais, não estatais, vivem à míngua com  uns parcos apoios financeiros (os que recebem), que o verdadeiro  significado da palavra Terruá (que vem do francês terroir) que  traduz o que há de especial e único em uma região, seja contaminado pela  pajelança do tribo vencedor e faça com que os ilusionistas percebam que  além da sua arte cénica de entreter e sugestionar uma audiência criando ilusões que confundem e surpreendem, geralmente por darem a impressão de que algo impossível aconteceu, enxerguem  que além do horizonte existe uma riqueza Cultural no Estado do Pará, e  que algo impossível verdadeiramente aconteceu, com um povo que tem em  sua cultura, suas formas de arte, suas manifestações populares e seu valor no patrimônio histórico, em  Juruti, foi realizado um Terruá com 410 mil reais, 30 mil pessoas de  público, comercio aquecido e sem nenhuma ajuda financeira do Governo do  Estado. 
*Robson Marques é militante social, Administrador, Mestrando em Gestão e Desenvolvimento Regional e Acadêmico de Direito. Atendo no twitter por @robsonmarques65