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segunda-feira, julho 18, 2016

Datafolha: Lula lidera intenção de votos com 22%. Temer só tem 14% de aprovação.


Por Diógenes Brandão

Ao assistir parte a reprise do "Fantástico", que neste domingo escondeu o desempenho de Lula na última pesquisa Datafolha, divulgada pela emissora da família Marinho apenas com os números de Michel Temer, ficou clara a intensão de manter a opinião pública envolvida na farsa de que a crise passou, ou tá passando e claro, isso se deve ao governo interino. 

Ou seja, a Globo esqueceu de mostrar em sua principal revista eletrônica semanal, que Lula lidera a preferência do eleitoral com 22% e é seguido por Marina com 17% e Aécio, o príncipe da mídia brasileira, tem o mesmo número da aprovação de Michel Temer: Apenas 14%, das intensões de votos, caso as eleições fossem hoje.

O EFEITO TEMER

Para dar um ar de credibilidade aos números que mostram que a permanência de Temer tem a concordância de 50% dos entrevistados, ao noticiar os resultados da pesquisa, os apresentadores globais citam logo em seguida os números da expectativa dos pesquisados com o desemprego e o crescimento, tudo muito bem orquestrado para passar a ideia de que a população está confiando no vice-presidente que foi brindado pelo golpe.

Até aí, tudo normal já que os institutos de pesquisas tem seus clientes e interesses, assim como as emissoras de rádio, tv, os donos dos jornais, revistas e portais da internet também tem e todo mundo sabe que fabricam pontos de vista e os tornam verdades sob a égide da "formação de opinião" ou "opinião pública", o que não passa do reflexo da concentração da mídia brasileira nas mãos de uma dúzia de famílias ricas e que não desistem de influenciar os destinos políticos e econômicos do país, mas nem sempre conseguem.

Foi por concordar com o blogueiro carioca Miguel do Rosário que venho reforçar aqui os professores, estudantes e pesquisadores sobretudo da Ciência Política, que independente da orientação de esquerda ou de direita, não produzem críticas a forma com que as pesquisas são realizadas no Brasil.

Poucas, porém importantes indagações foram feitas no Congresso e na sociedade em geral, sobre o motivo de nenhum instituto de pesquisar ter se interessado em fazer uma checagem da percepção do povo brasileiro logo após o golpe, travestido como Impeachment. Aquela altura, uma averiguação poderia deixar a reprovação de Michel Temer ainda mais baixa que a de Collor quando este sofreu o afastamento da presidência da República. Se agora, com toda essa influência positiva da grande mídia, Temer não passa de 14% de pesquisados que o tem como bom e ótimo, image antes, quando a cabeça do brasileira acabara de assistir o grande circo de horrores montando na Câmara dos Deputados e no Senado, para afastar a presidente eleita por 180 dias, tal como fizeram.




Um dos editores do Cafezinho gosta de acompanhar de perto o debate político norte-americano e a gente conversa sobre o assunto de vez em quando. Eu até tenho tentado lhe convencer a produzir uma coluna periódica sobre o assunto. Uma das coisas que ele me diz é que, nos Estados Unidos, há uma quantidade enorme de institutos de pesquisa respeitados. Mesmo assim, a crítica ao desempenho desses órgãos é constante, crescente, permanente.

A circulação instantânea, caótica, maravilhosa, de informações, mexeu profundamente na dinâmica da opinião pública. Os institutos de pesquisa estão tendo muito mais dificuldade de captá-la do que antes.

A imprensa norte-americana, para evitar críticas à parcialidade das pesquisas, costuma fazer uma média com um grande número de pesquisas.

Aqui no Brasil não há crítica às pesquisas. Quer dizer, há crítica política, quando os resultados nos parecem estranhos, de alguma maneira. Mas não há uma crítica à metodologia.

E aí eu faço uma crítica à academia. Ela deveria estar à frente dessas críticas. Porque a academia, inclusive, deveria participar da apuração das opiniões políticas dos brasileiros.

Há tempos que eu venho notando uma distorção no debate midiático sobre a política. A mídia não analisa o voto, única apuração realmente científica, porque mostra a opinião individual de cada brasileira, cada região, cada zona eleitoral.

Alguém já viu quais estudos foram realizados sobre os resultados das eleições de 2014? Eu não vi. Ao contrário, desde o resultado do pleito, apenas vemos as contestações da oposição, mas não vimos as necessárias análises correlacionando o resultado em cada zona eleitoral com o perfil sócio-econômico da região, raça, idade, etc.

A convicção eleitoral de 206 milhões de brasileiros é substituída pela sondagem de alguns milhares de entrevistados.

Entretanto, o que mais me choca é a distorção óbvia provocada pela cronologia política das pesquisas. É óbvio que os patrocinadores das pesquisas no Brasil tem seus interesses políticos, e me parece fora de dúvida que, na atual conjuntura, esse interesse é pelo impeachment, contra o PT e em favor do neoliberalismo.

Sabemos também que essas pesquisas tentam se apegar a um simulacro de credibilidade estatística, até porque entendem que perderiam o seu poder de influência política caso perdessem essa credibilidade.

Assim como a fingida imparcialidade da mídia é uma das suas principais armas, a suposta competência dos institutos de pesquisa também é um instrumento fundamental para o poder da mídia.

Na construção do impeachment, o papel dos institutos de pesquisa foi crucial.

A opinião pública hoje se tornou instável, dinâmica, fluida. Hoje está de um jeito. Amanhã, de outro. Escolher o dia em que se faz a pesquisa se tornou peça chave para chegar aos resultados almejados. Ou seja, não é preciso sequer alterar os dados apurados - embora seja difícil que isso também não aconteça.

Digo isso para comentar o último Datafolha.

Repare a capa do Estadão de hoje, retuitada por Michel Temer.



Então, se a atuação concertada da mídia age de maneira combinada com a cronologia dos institutos de pesquisa, então se reforça o controle da opinião pública.

E aí eu gostaria de fazer, mais uma vez, uma crítica à academia. Ora, me parece óbvio que uma democracia como a do Brasil, que sofre com problemas de concentração de mídia muito mais graves que os observados em outros países, precisa, por isso mesmo, criticar a maneira como se faz pesquisa. As pesquisas precisam ser feitas por órgãos isentos, e seguir uma cronologia regular, apartidária, sistemática.

Claro, se a pesquisa fosse feita todo dia 15, por exemplo, os grandes meios de comunicação poderiam combinar em soltar denúncias, de maneira combinada, todo dia 10, para influenciar nos resultados. Mas isso ficaria muito na cara.

O importante é tirar, da pesquisa, esse arbítrio de escolher a data da apuração, atrapalhando o jogo armado entre mídia e institutos.

A pesquisa de opinião no Brasil é mais um meio de controlar a democracia, de transferir a soberania popular para o controle da elite midiática.

Isso precisa ser denunciado.

Eu acho lamentável que a esquerda não faça a crítica correta, estrutural, a esse fato. Criticar o resultado das pesquisas não adianta nada, porque o público interpretará que é uma crítica parcial, interessada, apenas porque o resultado não agradou.

Saindo do campo da observação genérica e analisando os fatos específicos apontados na pesquisa Datafolha, a gente poderia destacar os seguintes pontos:

1) A queda de todos os principais candidatos, com exceção de Lula, que cresceu.

2) A queda acentuada, em particular, dos candidatos do PSDB.

3) A forte queda na taxa de rejeição de Lula.

Esses itens merecem algumas considerações. Por que isso acontece? Como assim, Lula continua tão forte? Lula não tem mídia, tem sido alvo de uma perseguição covarde, ilegal, arbitrária, de todos os setores golpistas incrustados nos órgãos judiciais, e mesmo assim cresce?

A força de Lula deixa claro que as medidas judiciais que o impediram de se tornar ministro foram essenciais ao golpe, e desmoralizam o argumento de setores golpistas do judiciário e da mídia de que Dilma chamou Lula apenas para protegê-lo da sanha persecutória de Sergio Moro: Dilma o chamou porque Lula, como provam mesmo as estatísticas tendenciosas do Datafolha, mantém uma força política extraordinária, e, portanto, tinha condições de ajudar a presidenta a superar a crise e vencer o impeachment.

A resistência política de Lula tem um quê de místico. E traz um dilema aos golpistas: a perseguição à Lula apenas reforça a impressão de aparelhamento dos órgãos judiciais pelas forças do golpe, e com isso, paradoxalmente, aumenta a força de Lula. Ao mesmo tempo, Lula representa o maior desafio para o golpe.

Não é difícil prever qual será a postura da mídia: ela tentará, com ajuda dos setores mais partidários da Lava Jato e do judiciário em geral, elevar o grau de sofisticação de seus ataques a Lula.

O golpe tem várias cartas na manga: as principais estão na Lava Jato e seu rol de presos políticos, expostos às torturas prisionais de Sergio Moro, juiz orgânico da mídia e da direita, que desde sempre age antes como um acusador do que como um magistrado imparcial, que deveria também defender os réus contra a sanha persecutória do Estado.

Daí a importância, por exemplo, de forçar uma delação de João Santana, por um lado, e de criminalizar o PT, por outro. Lula pode até ter força eleitoral, mas o seu partido, a sua estrutura, precisam ser destruídos, ou enfraquecidos a tal ponto que não possam oferecer ao ex-presidente a base necessária para a disputa eleitoral.

Entretanto, que fabuloso fracasso do golpe!

Eles não conseguiram matar Lula. E o próprio golpe, cada vez mais desmascarado, mina dia a dia as forças de seus patrocinadores, na medida em que a população vai percebendo que eles não tem nada de bom à oferecer à população brasileira, apenas arrocho salarial, retirada de direitos, desmantelamento do Estado, interrupção das investigações contra a corrupção, austericídio fiscal, autoritarismo, perseguição à mídia crítica, brutalidade policial, arbítrio judicial, manipulação das notícias.

Agora, há dois elementos na pesquisa Datafolha que se aproximam perigosamente da fraude estatística.

O primeiro é essa história de "50% preferirem Temer a Dilma". Ora, a própria pesquisa mostra que mais de um terço dos entrevistados não sabem nem o nome do presidente da república interino. Temer acabou de assumir, teria o privilégio de receber o benefício da dúvida. Todos os presidentes do Brasil iniciam seu mandato com popularidade alta. Temer é uma exceção. Já começa de baixo. Esse ponto da pesquisa é uma falácia golpista.

Outro ponto, ainda mais estranho, é o brutal e súbito esvaziamento do apoio às novas eleições. Antes, havia 60%, hoje apenas 7%?

Ora, está claro que o golpe está com medo do que seria a "bala de prata" da Dilma: convocar um plebiscito, e assim convencer os senadores indecisos a votarem contra o impeachment.

E para isso, o golpe, cujo centro nervoso é a mídia, apela à mais grosseira fraude estatística.

terça-feira, maio 03, 2016

Cunha e Renan são alvo de 18 pedidos de investigação



Dos dois nomes da linha sucessória em caso de eventual governo Temer, senador responde a 12 casos e, deputado, a seis, sendo já réu.

No Estadão

Com a iminente chegada do vice Michel Temer à Presidência da República, a linha sucessória do País será formada por dois políticos que, juntos, respondem a, pelo menos, 18 pedidos de investigação no Supremo Tribunal Federal.

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), já é réu em uma ação penal no Supremo, além de responder a uma denúncia e a três outros inquéritos no contexto da Operação Lava Jato. Ontem, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao STF que abrisse mais uma linha de investigação contra Cunha, com base na delação do senador Delcídio Amaral (sem partido–MS).
Já o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), responde atualmente a 12 inquéritos no Supremo, nove deles relacionados às investigações sobre o esquema de corrupção da Petrobrás, um relativo à Operação Zelotes além de dois que apuram irregularidades no pagamento da pensão de uma filha que o senador teve um relacionamento extraconjugal.

Se o impeachment da presidente Dilma Rousseff for aprovado pelo Senado, Cunha se tornará o segundo na linha sucessória e deve, eventualmente, assumir o cargo quando Temer estiver fora do País. Tanto ele quanto Renan são do mesmo partido de vice, o PMDB.
A possibilidade de uma pessoa que já responde a uma ação penal assumir a Presidência tem agitado o meio jurídico. Na semana passada, o ministro do STF Teori Zavascki reconheceu que vai levar esse debate ao plenário da Corte para ser feito com a discussão sobre o pedido de afastamento de Cunha do comando da Câmara.
A saída do peemedebista do cargo foi pedida em dezembro do ano passado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Desde então, o processo está parado no Supremo, mas começa a circular no tribunal a informação que Teori poderia liberar o caso para a pauta em breve.
Já há quem reconheça dentro do Supremo que ministros possam usar o impedimento de Cunha para assumir a Presidência como argumento para votar a favor do afastamento do peemedebista do cargo. Em março, Cunha se tornou o primeiro parlamentar réu em uma ação na Lava Jato, pelo suposto recebimento de propina em contratos de navios-sonda com a Petrobrás.
Apesar de responder a mais inquéritos que Cunha, esse debate não atinge diretamente Renan, que seria o terceiro na linha sucessória, porque ele ainda não foi transformado em réu em nenhuma das 12 ações que tramitam no Supremo.
Debate. Nas últimas semanas, o ex-ministro do Supremo Carlos Ayres Britto tem defendido a tese de que a condição de réu é incompatível com a de presidente da República. Ele argumenta que o artigo 86 da Constituição estabelece que o presidente deve ser afastado do cargo caso se torne réu em uma ação do Supremo. Por isso, questiona: “Se uma pessoa já está sob essa condição, poderia vir a assumir a Presidência?”.
“A dúvida posta tem razão de ser. Se o presidente da República, uma vez recebida a denúncia pelo Supremo, fica afastado da função, então é perfeitamente razoável que se indague se isso atingirá também o substituto eventual”, argumenta Sepúlveda Pertence, que também já ocupou uma cadeira no STF.
Já o jurista Ives Gandra Martins argumenta que, enquanto Cunha não for afastado do cargo, ele continua na linha sucessória. “Quem está no exercício do cargo, exerce em toda a sua plenitude.” Esse também é o entendimento do ex-ministro do Supremo Carlos Velloso. “Se ele está no exercício da presidência da Câmara, pela Constituição, ele pode assumir a Presidência”, disse.
Defesa. A assessoria de Renan afirmou que é “zero a chance de as investigações apontarem qualquer impropriedade do senador”. Já a assessoria de Cunha não respondeu à reportagem até a conclusão desta edição.
“Se o presidente, uma vez recebida a denúncia pelo STF, fica afastado, então é razoável que se indague se isso atingirá o substituto”

Sepúlveda Pertence
EX-MINISTRO DO STF

segunda-feira, março 14, 2016

Ministro, Lula reforça Dilma e deixa Moro com algemas na mão

Ao lado de Dilma, Lula defenderá o governo até 2018, quando poderá voltar à presidência pela 3ª vez.

Por Diógenes Brandão

Com a decisão do ex-presidente Lula de aceitar o convite da presidente Dilma Rousseff para ser ministro em seu governo, além de frustrar o plano de prendê-lo, a partir de uma simples decisão do juiz Sérgio Moro, a iniciativa joga um balde d'água fria nos esquemas da oposição, que operava nos bastidores para tirar o PMDB da base aliada do governo federal.

A informação está sendo confirmada por assessores da presidente e blogueiros informados por mensagens privadas. Lula ainda está estudando com Dilma, se assume a Casa Civil ou a Secretaria de Governo, ambos no Palácio do Planalto, onde ficarão lado a lado defendendo o mandato de quatro anos concedido através do voto popular e que está desde janeiro de 2015 ameaçado por intentos golpistas, tal como aconteceu em 1964, quando instalou-se uma ditadura militar, que durou 21 anos no Brasil.

A ideia da ida de Lula para o governo atende o pedido de vários ministros e dirigentes do PT, intelectuais e líderes de partidos aliados, que perceberam o processo de perseguição política acirrar-se com apoio de setores da mídia e do baixo clero da justiça de SP e PR. 

Após a iniciativa do juiz Sérgio Moro de sequestrá-lo em sua casa, em uma ação cinematográfica, com a desculpa de colher depoimentos à Polícia Federal, no aeroporto de Congonhas, gerando tumulto e exposição midiática, o que provocou uma reação popular que impediu sua remoção para Curitiba. 

CONVITE ACEITO, VIRADA NO JOGO

A decisão de Lula está sendo aguardada com ansiedade e positivismo por diversos setores da sociedade brasileira, diante do quadro iminente que apontava até para a prisão temporária do ex-presidente e do aceleramento da tentativa dos partidos de oposição, em assediar deputados e senadores do PMDB e demais partidos da base aliado do governo, para aprovarem a toque de caixa, o famigerado impeachment de Dilma.

Lula deve aceitar o convite depois que a juíza Maria Priscilla Veiga Oliveira, da 4ª Vara Criminal da Capital, decidiu rejeitar o pedido de sua prisão, repassando a decisão para o juiz Sérgio Moro, o que levantou a suspeita de que tudo fazia de um plano articulado entre Procuradores do MP de São Paulo e do Paraná, onde a operação Lava Jato é coordenada. 

Defensores do Impeachment de Dilma e da prisão de Lula comemoram a decisão que pode ser frustrada com a ida de Lula para um dos Ministérios do governo federal.  

Com o plano em curso, Moro teria a possibilidade de tomar medidas precipitadas, tal como prender Lula e sua família, como já fez com várias pessoas, menos do PSDB e demais políticos, tal como Aécio Neves, Eduardo Cunha, Renan Calheiros e FHC, todos deletados, ao contrário de Dilma e Lula que se quer foram denunciados e investigados e não uma única prova que justifique serem responsabilizados por algum crime.

Ministro, Lula sai das garras e do bico tucano de Sérgio Moro e agora tem foro privilegiado, o que impede que ele continue sendo investigado por procuradores em São Paulo e também na Lava Jato em Curitiba e todas as investigações sobre o ex-presidente agora devem ser apuradas pela Procuradoria-Geral da República e supervisionadas pelo STF (Supremo Tribunal Federal), as instâncias máximas da justiça brasileira.

sexta-feira, dezembro 18, 2015

Dilma exige lealdade do PMDB e termina o ano com importantes vitórias

Foto da convenção que lançou Michel Temer como candidato a vice-presidente, mostra um partido unido em torno de Dilma. Menos de um ano depois, tudo mudou, mas agora pode ser que os ajustes da aliança PT-PMDB sejam refeitos. 

Por Diógenes Brandão

Uma ala oposicionista do PMDB ganhou corpo ainda nas eleições de 2014, quando fecharam apoio ao candidato do PSDBAécio Neves e foram cruciais para levá-lo ao segundo turno, onde contribuíram com a diferença de um pouco mais de 3% dos votos válidos. 

Antes do fim do ano eleitoral, a oposição levantou diversas suspeitas sobre o resultado das urnas e  já em 2015, após a posse da presidente, manteve a campanha contra Dilma, de forma implacável. 

Um mês depois, Eduardo Cunha, o candidato do PMDB à presidência da Câmara foi eleito com 267 votos, a maioria absoluta dos votantes na casa. 

Logo depois de ter sido aceito o processo do Impeachment, a presidente Dilma avisou que o governo lutaria para defender-se e a imprensa nacional tem divulgado o esforço do planalto neste sentido. 

Além disso, governadores, prefeitos, juristas, reitores e toda uma rede de apoio institucional tem surgido ao redor e na proteção do mandato da presidente, que se reelegeu em 2014 e passou o ano inteiro sob ataque, sem tréguas e nem descanso, por parte dos partidos da oposição, contando com a ajuda da grande mídia e do chamado fogo-amigo. 

O resultado não poderia ser diferente: O índice de popularidade de Dilma despencou e o governo se viu ameaçado por uma onda de protestos nas ruas e nas redes sociais, com diversos deputados de partidos aliados votando contra o governo em diversas medidas, que foram aprovadas à toque de caixa, levando o país para um retrocesso em diversas áreas. Cada derrota de Dilma no Congresso, era comemorada pela imprensa e pelos partidos da oposição.

Depois disso, o país viu o quanto o sistema presidencialista é dependente e pode ficar refém do legislativo e como um partido aliado pode se transformar em uma oposição ainda pior do que a declarada.

No entanto, nos últimos dias do ano, o governo resolveu tirar o câncer que estava lhe levando à cova e rompeu em definitivo com Eduardo Cunha e foi pra ofensiva contra quem estava lhe sugando as energias e ao mesmo tempo atacando-lhe pelas costas.

Coluna Painel Político, do jornalista Ilimar Franco, publicada no jornal Diário do Pará alerta de como o governo federal agirá de agora em diante.

No Pará, o envio de uma foto para Brasília acendeu a chama do recente caso do deputado que 'prendeu' Lula, mas nomeava amigos no governo Dilma e que logo em seguida teve como resposta do governo, a exoneração de um de seus apadrinhados. A medida está sendo usada como sinal de que o governo não irá mais tolerar traição e muito menos deixá impune.

Com a reação, o povo foi às ruas nesta quarta-feira e em diversas cidades onde as manifestações favoráveis ao impeachment começaram a ver o jogo virando com mais pessoas se manifestando contra a saída prematura de Dilma. São Paulo e Belém foram duas capitais em que esse exemplo se mostrou bem evidente.

Agora, ficamos sabendo que a presidente chamou para si aquilo que todos reclamavam: A condução de sua defesa de forma rígida e contundente, o que tem lhe garantindo importantes vitórias. Uma delas foi a aprovação do orçamento de 2016, com o Congresso Nacional sendo favorável à redução da meta fiscal, sem corte nas políticas sociais e com a CPMF mantida para recompor as contas públicas.

Além disso, como já foi dito aqui, a semana foi dura para a direita e demais partidos da oposição brasileira. Fruto de uma ação cirúrgica do governo, o deputado federal Leonardo Picciani retomou a liderança do PMDB na Câmara e garantiu assim, a volta da maioria do partido para a base de apoio do governo. 

Segundo um colunista da revista VEJA, Dilma cobrou de um dos seus ministros, o apoio de sua base estadual.

Por isso, se Dilma era criticada por deixar as coisas contra o seu governo crescerem, sem agir para evitar ou corrigir os problemas, podemos dizer que ela agora tomou decisões certeiras e sem deixar brechas para surpresas desagradáveis.

As próximas pesquisas devem mostrar uma recuperação considerável de sua popularidade e o seu governo poderá finalmente iniciar o que não conseguiu em 2015.



segunda-feira, dezembro 07, 2015

Duvivier: Qual sentido de trocar Dilma pelo Ladrão?


Humorista indaga de forma contundente a justificativa adotada pela oposição ao governo Dilma e põe em xeque a legitimidade de quem está falando de corrupção e ética.


Via Brasil 247.

Humorista Gregório Duvivier chama o PMDB de Al Qaeda e questiona o golpe contra Dilma: ‘Um impeachment orquestrado por Eduardo Cunha que beneficia Michel Temer é como um pênalti marcado pelo Eurico Miranda a favor do Vasco. Se não é certo, certamente não é justo, e menos ainda sensato. Se o pecado de Dilma foi ser conivente com roubo, qual é o sentido de trocá-la pelo ladrão?’; “O país hoje é um avião governado por uma pilota obtusa e despreparada, mas vale lembrar que o copiloto é da Al Qaeda”, completa.


O Vice-Presidente Michel Temer é sócio do golpe

Não se esperaria solidariedade de Temer, mas apenas seu compromisso com a legalidade. Entretanto, com sua deslealdade, ele se tornou sócio do golpe. Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil.
"É nas ruas que o destino da democracia brasileira será traçado. É das ruas que devem ecoar as vozes estridentes e ensurdecedoras para pressionar o Congresso e bloquear o golpe. Em paralelo à ampla mobilização popular, deve ser travada uma guerra comunicacional de informação, de esclarecimento e de disputa narrativa dos acontecimentos como nunca antes". 

Por Jeferson Miola, nCarta Maior

Michel Temer fez questão de deixar transparecer sua absoluta falta de solidariedade institucional com Dilma, cujo cargo legítimo de Presidente da República está ameaçado pelo processo de impeachment instalado pelo psicopata corrupto que preside a Câmara dos Deputados.

Não se esperaria solidariedade política de Temer com Dilma, mas apenas o compromisso dele com a legalidade e com a democracia. Com sua deslealdade, entretanto, ele se tornou sócio e fiador do golpe.  

O afamado Constitucionalista, que é vice-chefe de Estado do Brasil, teria o dever elementar de se solidarizar com a instituição Presidência da República, mesmo que não se solidarizasse com a figura da Presidente. Ele preferiu, ao invés disso, marcar seu descolamento de Dilma. A renúncia do ministro Eliseu Padilha, um dos seus principais representantes, é uma demonstração estridente deste rumo assumido.  

Enquanto Brasília fervilha com os passos iniciais do impeachment que ameaça o governo do qual é vice-presidente, Temer viaja a São Paulo para conchavos com os setores oposicionistas e com o empresariado. Na bagagem, leva aos tucanos a promessa de não disputar a reeleição em 2018, caso assuma a Presidência uma vez consumada a deposição de Dilma.  

Ele é também portador do documento “Uma ponte para o futuro”, a bula programática para o pós-impeachment. Este texto reflete um liberalismo rudimentar, pré-constituição de 1946: profundamente retrógrado na visão de desenvolvimento nacional e sobre a ideia de nação brasileira. É o programa mínimo para coesionar o reacionarismo nacional na cruzada do retrocesso e da restauração neoliberal-conservadora.  

A traição de Temer é chocante. Qualquer análise de boa fé reconhece a total inadmissibilidade da denúncia de impeachment. Não há a menor evidência de crime de responsabilidade cometido pela Presidente da República. Um Constitucionalista como ele deveria encabeçar a reação a esta decisão absurda do seu correligionário Eduardo Cunha, mas ele optou por se associar aos golpistas.  

O governo, os partidos e as organizações do campo democrático-popular e de esquerda e os setores democráticos da sociedade, estão ante o desafio gigantesco de compensar a minoria congressual e frear a marcha golpista com uma ruidosa maioria política e social em defesa da legalidade e da democracia.  

A disputa pela sobrevivência do governo será complexa e dramática. Para conseguir maior eficiência política, o Governo e a Presidente terão de ter um desempenho muito superior ao atual, que até agora tem sido muito aquém da exigência histórica.

O governo tem de começar a executar o programa eleito em outubro de 2014, pois do contrário corre o risco de esvaziar a energia e a pulsação popular indispensável para a defesa da democracia e para a resistência ao impeachment.

O impeachment da Dilma é a versão neogolpista que atinge o Brasil em 2015, depois de ter atingido Honduras em 2009 e o Paraguai em 2012. Ocorre, contudo, que o Brasil não é Honduras e nem é o Paraguai, onde as resistências sociais foram ineficazes.

É nas ruas que o destino da democracia brasileira será traçado. É das ruas que devem ecoar as vozes estridentes e ensurdecedoras para pressionar o Congresso e bloquear o golpe. Somente o povo organizado ocupando as ruas e defendendo a democracia, a legalidade, a igualdade, os direitos, poderá deter o golpe e os golpistas e expulsar delas os intolerantes do MBL, do Vem Pra Rua e as entidades congêneres do fascismo que apregoam intervenção militar, disseminam ódio e intolerância e estimulam práticas xenófobas, racistas, sexistas, machistas.

Em paralelo à ampla mobilização popular, deve ser travada uma guerra comunicacional de informação, de esclarecimento e de disputa narrativa dos acontecimentos como nunca antes o PT e o governo conseguiram travar.

Temer é sócio do golpe; um dos seus principais fiadores e o interessado direto no desenlace do impeachment. Com esta escolha, ele assume também a condição de sócio do caos no país, porque ninguém pode prever o resultado da reação democrática de massas à violência que ele co-patrocina com Eduardo Cunha contra o legítimo mandato da presidente Dilma.

terça-feira, setembro 01, 2015

Quem te viu, quem te vê: Luciana Genro cai nas graças de FHC



Depois de Marina Silva aceitar ter sido financiada pelo Itaú, em sua campanha para presidente em 2014, chegou a vez de outra presidenciável da esquerda piscar para o outro lado.

Segundo a Folha, Luciana Genro se encontrou com FHC, isso mesmo, Fernando Henrique Cardoso, um dos caciques do PSDB, nesta segunda-feira (30) e não estava sozinha. Levou consigo a cúpula do PSOL para pedir apoio do tucano e juntos tiveram momentos de descontração e alegria, ao ser recebida pelo ex-presidente, que sempre acusou de neoliberal e representante das elites, que ela e seu partido dizem combater. 

Luciana Genro foi expulsa do PT junto com a então senadora Heloísa Helena (AL) e os deputados João Batista Babá (PA) e João Fontes (SE), em dezembro de 2003, após decisão do Diretório Nacional do partido que decidiu que não havia espaço no partido para quem queria fazer oposição ao governo (Lula) à época. 


Marina Silva foi ministra de Lula e desfiliou-se em Agosto de 2009, alegando que iria "em busca do sonho de lutar pelo desenvolvimento sustentável do meio ambiente".

Como se vê, ambas saíram do PT dizendo entre outras coisas, que o partido havia perdido seus princípios fundadores e que por isso, não lhes caberiam mais. Assim como as duas fizeram em 2014, Heloísa Helena também concorreu à cadeira de presidente do Brasil (em 2010), porém todas, como se sabe, não obtiveram êxito. 



A matéria da Folha dá o resto do informe histórico e até outro dia, inacreditável para milhares de militantes do Partido do Socialismo e Liberdade

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tentou explicar sua declaração sugerindo a renúncia da presidente Dilma Rousseff durante uma reunião com uma comitiva do PSOL nesta segunda-feira (31). Ele ainda ofereceu ajuda ao pequeno partido contra uma proposta em tramitação no Congresso.

O grupo, recebido pelo ex-presidente em seu instituto, era liderado pela ex-deputada Luciana Genro, que se notabilizou por embates com o tucano Aécio Neves na campanha eleitoral de 2014.

Há duas semanas, Fernando Henrique afirmou, em texto publicado em sua página no Facebook, que a renúncia da presidente seria um "gesto de grandeza".

Aos dirigentes do PSOL ele disse que a sua declaração foi interpretada de modo equivocado, e que o sentido da manifestação foi: "Ou renuncia ou governa."

Luciana Genro organizou a reunião com o ex-presidente buscando apoio para evitar a aprovação no Senado de um projeto que reduz o espaço de partidos menores em debates e na TV já na campanha eleitoral do ano que vem.

Em clima descontraído, os temas do encontro migraram para assuntos de afinidade entre os dirigentes do partido e o ex-presidente, como o movimento estudantil de 1968 na França e o papel das redes sociais na organização política.

O tucano provocou gargalhadas ao responder a um comentário de Luciana sobre pesquisas que a mostram em segundo lugar na disputa pela Prefeitura de Porto Alegre no próximo ano. "O povo é maluco mesmo", falou.

O ex-presidente ainda levou a cúpula do partido a uma visita por galerias de seu instituto, no centro de São Paulo. O PSOL tentou marcar um encontro também com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para debater a proposta, mas a reunião não foi realizada.

Luciana disse que já tinha conversado com o tucano há um mês e que ele vem adotando uma posição "muito corajosa" sobre a descriminalização da maconha. "É uma pessoa que preza valores democráticos e por isso está nos ouvindo", disse à reportagem.

Para a ex-candidata, o apoio do PSDB é fundamental para derrubar a proposta no Senado. Fernando Henrique disse que sua influência no partido é limitada, mas falou que contataria senadores para discutir o assunto.

Veja abaixo o que Luciana disse sobre FHC, em um debate ocorrido em Setembro do ano passado. Para coisas mais pesadas, uma rápida busca no Google fará qualquer um ficar de boca aberta com a mudança de comportamento de "revolucionária" militante do PSOL.

quinta-feira, agosto 13, 2015

Decreto presidencial de Aécio Neves pelo dia do Impeachment





PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO TUCANISTÃO*

Decreto Presidencial de Aécio Neves, sobre a manifestação pró-impeachment do dia 16 de Agosto de 2015.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista a realização da terceira marcha #VemPraRua convocada pela Globo, Veja, Folha de São Paulo e todos os derrotados nas últimas eleições, em vários estados brasileiros, decreta:

Art. 1o - Todo coxinha deverá tirar seu uniforme da CBF da gaveta e junto com seus tênis e assessórios de grife, caminharem alguns metros nas cidades onde temos velhos políticos envolvidos em atos de corrupção, que estarão com trio-elétricos, camisas, cartazes, faixas e bandeiras, pedindo o impeachment, junto com todos aqueles que perderam as eleições e os que votaram nestes e não se conformam com o resultado das urnas.

Art. 2o  - Para efeito deste Decreto, considera-se:

I - Ninguém poderá vestir vermelho neste dia;

II - É obrigatório tirar 'selfies' com PMs que estarão presentes para proteger todos os participantes, mas convém não lembrar que não é o governo federal que lhes nega o direito de terem melhores salários;

III - Podem levar bebidas e outras drogas, só não maconha que é droga de pobre e vagabundo;

IV - Podem hostilizar qualquer pessoa que vista vermelho ou ouse não querer participar da caminhada;

V - Nos estados e municípios governados pelo PSDB e partidos da oposição, os DAS´s deverão obrigatoriamente participar da marcha, sob pena de serem demitidos e não terem direito de reclamar. Para tal, os amigos promotores e desembargadores do Ministério Público de todas os estados da nação fingirão que essa prática não é ilegal e um ato grave de uso da máquina pública para fins partidários;

VI - Neste dia, fica proibido bater panelas ou mandar as nossas empregadas baterem, tanto nas janelas, quanto nas sacadas dos nossos condomínios. O almoço deste dia, deve ser realizado em restaurantes gourmet e depois retornamos pacificamente para o descanso merecido. O resto é com o Eduardo Cunha, nossos amigos no Congresso, TCU, STF, TSE, MPF, Polícia Federal e claro, nos meios de comunicação de massa, dos nossos amigos da grande mídia.

Brasília, 13 de Agosto de 2015.


AÉCIO NEVES.
Presidente da República do Tucanistão.


* Este decreto é uma sátira sobre a situação em que se encontra a política brasileira.

domingo, maio 10, 2015

A crise vai se agravar, mas a esquerda se uniu e Lula voltou

Nasceu a frente de esquerda ordenada na certeza de que o governo Dilma será aquilo que a rua conseguir que ele seja. E uma voz rouca avisou: 'Vou à luta'.

Alguma coisa de muito importante aconteceu no histórico Vale do Anhangabaú, em São Paulo, nesta sexta-feira, 1º de Maio.
Quem se limitou ao informativo da emissão conservadora perdeu o bonde.
O tanquinho de areia do conservadorismo, sugestivamente deixou escapar o principal ingrediente desta sexta-feira, que pode alterar as peças do xadrez político brasileiro.
Preferiu o glorioso jornalismo cometer pequenas peraltices.
Tipo contrastar a imagem de Lula com um cartaz contra o arrocho de Levy, como fizeram os petizes da Folha.
Blindagens ideológicas e cognitivas ilustram um traço constitutivo daquilo que os willians  –Bonner e Waack—denominam de ética da informação.
Trata-se de não informar, ou camuflar o principal em secundário. E vice versa.
Não houve sorteio de geladeira no 1º de Maio da esquerda brasileira. Mas os assalariados talvez tenham tirado ali a sorte grande – a mais valiosa de todos os últimos maios.
No gigantesco palco de mobilizações épicas, que reuniu um milhão de pessoas há 31 anos para lutar por eleições diretas, a história brasileira deu mais um passo que pode ser decisivo para impulsionar vários outros nos embates que virão.
Porque virão; com certeza virão.
Essa certeza permeava o Dia do Trabalhador na larga manhã da sexta-feira no Anhangabaú.
A engrenagem capitalista opera um conflito independente da vontade de seus protagonistas. A direção que ele toma, porém, reflete o discernimento histórico dos atores sociais de cada época.  
A chance de que o embate resulte em uma sociedade melhor depende, portanto, de quem assumir o comando do processo.
As lideranças que estavam no Anhangabaú deram um passo unificado nessa direção.
Que esse movimento tenha escapado às manchetes faceiras ilustra a degeneração de um aparato informativo que já não consegue se proteger de suas próprias mentiras.
Os que enxergam no trabalho apenas um insumo dos mercados, um entre outros, nivelaram a importância do Anhangabaú ao que acontecia no palanque do Campo de Bagatelle quase à mesma hora.
Lá se espojavam aqueles que com a mesma sem cerimônia risonha operam a redução do custo da ‘matéria-prima humana’ no Congresso brasileiro.
Sorteios de carros e maximização da mais-valia compõem a sua visão de harmonia social, que remete ao descanso da chibata na casa grande em dia de matança de porco.
Vísceras, os intestinos, eram franqueados então com alguma generosidade nos campos de Bagatelle pioneiros, em que paulinhos ‘Boca’ vigiavam a fugaz confraternização da casa grande com a tigrada ignara sob sua guarda.
A mais grave omissão  do ciclo de governos progressistas iniciado em 2003  foi não ter afrontado essa tradição de forma organizada, a ponto de hoje ser ameaçado por ela.
Porque muito se fez e não pouco se avançou em termos sociais e econômicos, mas esse flanco ficou em aberto.
O vazio era tão grande que se cultivou a ilusão de que avanços materiais seriam suficientes para impulsionar o resto por gravidade.
A primeira universidade brasileira, contou Lula no Anhangabaú, só foi construída em 1920.
Colombo descobriu a América em 1492.
Em 1507, 15 anos depois de chegar à República Dominicana,  Santo Domingo já construía sua primeira universidade.
A elite brasileira demorou quatro séculos anos para fazer o mesmo, reverberou Lula.
Tome-se o ritmo de implantação do metrô em duas décadas de poder tucano em São Paulo.
Compare com a extensão em dobro da rede mexicana, ou a dianteira argentina, chilena etc.
O padrão não mudou.
O que Lula estava querendo dizer ao povo do Anhangabaú tinha muito a ver com isso: o desenvolvimento brasileiro não pode depender de uma elite que continua a dispensar ao povo os intestinos do porco.
O recado para quem não enxerga diferença entre um governo progressista e a eterna regressão conservadora protagonizada agora pelos sinhozinhos Cunha, Aécio, Beto Richa, Paulo Skaf... foi detalhado e repisado.
Foi um metalúrgico sem diploma, espicaçou aquele que ocupa a vaga de melhor presidente do Brasil na avaliação popular, quem promoveu a mais expressiva democratização da educação brasileira.
Nos governos do PSDB a tradição colonial se manteve.
O sociólogo poliglota não construiu nenhuma universidade em notável coerência com a obra que traz a sua assinatura como autor e protagonista: a teoria do desenvolvimento dependente.
Para que serve uma universidade se já não faz sentido ter projeto de nação?
Lula criou 18 universidades.
Reescreveu na prática a concepção de soberania no século XXI. Instalou-a na fronteira expandida entre a justiça social, a integração latino-americana e o fortalecimento dos BRICs.
A nostalgia colonial-dependente, ao contrário, orientou o ciclo da República de Higienópolis na frugal atenção dispensada à formação de quadros para o desenvolvimento.
FHC não assentou um único tijolo de escola técnica em oito anos em Brasília.
Para que escola técnica se a industrialização será aquela que o livre comércio da ALCA permitir?
Juntos, Lula e Dilma fizeram 636 até agora.
Com o Prouni, o número de jovens matriculados nas universidades brasileiras passou de 500 mil para mais de 1,4 milhão.
Em vez de herdar as vísceras da sociedade, tataranetos de escravos, índios e cafuzos, cujos pais muitas vezes sequer concluíram a alfabetização, começaram a ter acesso a uma vaga no ensino superior pelas mãos do metalúrgico e da guerrilheira mandona.
Sim, tudo isso é sabido. A ‘novidade’ agora é desfazer do sabido.
Mas Lula somou ao histórico a estocada que calou fundo no silêncio atento do Anhangabaú.
O retrospecto do ex-presidente cuja cabeça é solicitada a prêmio a empreiteiros com tornozeleira prisional, tinha por objetivo desnudar o escárnio embutido no projeto de redução da maioridade penal.
As elites agora, fuzilou um Lula mordido e determinado, querem se proteger do legado criminoso de cinco séculos, criminalizando a juventude pobre do país.
Passos significativos foram dados em seu governo para minar a senzala que ainda pulsa no metabolismo da sociedade brasileira.
Mas a voz rouca machucada atesta o golpe por haver se descuidado do embate que viria contra aqueles que mostravam os caninos como se fosse sorriso.
Agora se vê, eram maxilares de feras.
À primeira turbulência do voo incerto e instável da dinâmica capitalista o sorriso virou mordida de pitbull.
A pressão coercitiva mobiliza diferentes maxilares: o do juiz  em relação aos suspeitos da Lava Jato que visa a jugular do PT e do pré-sal; o do ajuste recessivo que ameaça com o caos;  o da terceirização que coage com o desemprego maciço; o da exigência branca à renúncia de Lula a 2018 --ou arcará com a suspeição perpétua que a lixeira da Abril e da Globo despeja semanalmente no aterro mental da classe média.
Coube ao presidente da CUT, Vagner Freitas, marcar a ruptura com a omissão histórica que abriu o flanco da história brasileira ao jogral espoliador da democracia e da sociedade.
Didático, habilidoso, o líder sindical chamou um a um os representantes das centrais, movimentos e partidos presentes no 1º de Maio do Anhangabaú.
Aos olhos de milhares de pessoas, gente do povo basicamente, uns que vieram porque são organizados  -- outros, porque pressentem que um perigo ronda o Brasil nesse momento, Vagner materializou o passo seguinte há muito esperado e cobrado por todos aqueles que sabem o motivo pelo qual o governo Dilma hoje engole os sapos que rejeitava ontem.
A avalanche intimidadora que em poucos meses virou de ponta cabeça o programa vitorioso em 26 de outubro não cessará, a menos que a detenha uma frente política de abrangência e contundência maior que a resistência dispersa das partes nos dias que correm.
Foi essa mutação que o vale do Anhangabaú assistiu nesse 1º de Maio.
O presidente da CUT chamou para a frente do palco os dirigentes da Intersindical e da CBT, chamou Gilmar, do MST, chamou Boulos, do MTST, e outros tantos; e através deles convocou quase duas dezenas de organizações presentes.
Vagner apresentou ao Anhangabaú a unidade da esquerda brasileira em torno de uma linha vermelha a ser defendida com unhas e dentes: a fronteira dos direitos, contra a direita.
Fez mais que retórica, porém.
Submeteu ao voto dos ocupantes da praça e do palco uma agenda de lutas.
Devolveu ao 1º de Maio a identidade de uma assembleia popular de quem vive do seu trabalho.
Braços erguidos, o Anhangabaú aprovou uma contraofensiva ao cerco conservador.
‘Anote’, disse Vagner ao final dos escrutínios: dia nacional de protesto em 29/05, para pressionar o Senado a rejeitar o PL 4330; uma greve geral, caso o Congresso aprove a medida; e uma marcha a Brasília para levar Dilma a rejeitar o projeto, caso passe no Senado.
Engana-se quem acredita que isso saiu de graça.
Vagner Freitas uniu as forças da esquerda porque a CUT, a partir de agora, comprometeu-se a lutar lado a lado, unida aos demais movimentos e organizações, contra projetos de lei que arrochem direitos e conquistas dos trabalhadores.
Foi um realinhamento do desassombro com a responsabilidade histórica da esquerda que fez desse Dia do Trabalhador uma singularidade capaz de produzir outras mais.
Em boa hora.
A crise econômica vai se agravar nos próximos meses; esse era o consenso subjacente à união selada no palanque.
O conservadorismo saltará novos degraus em direção ao golpe –seja na forma do impeachment ou na tentativa de proscrever o PT e com ele as chances eleitorais do campo progressista em 2018.
O êxito do ajuste recessivo do ministro Joaquim Levy depende do desajuste do emprego e da expropriação dos ganhos reais de salários acumulados nos últimos anos (de 70% no caso do salário mínimo)
Estamos na primeira volta do torniquete.
Mas a renda real do trabalhador já registrou uma perda da ordem de 4% em março, em relação a igual período de 2014.  
A evolução do desemprego não é menos cortante.
Os dados reunidos em nota técnica da Fundação Perseu Abramo são claros: vive-se uma escalada.
A taxa desemprego medida pelo IBGE subiu forte nas grandes capitais em março: 6,2%.
Era de 5,9% em fevereiro; 5,3% em janeiro; 5% em março de 2014
Despejar a conta do ajuste nas costas do assalariado significa submeter o custo do trabalho à pressão de uma turquesa feita de desemprego e queda do poder de compra.
Espremidos, os assalariados serão convocados a apoiar falsas promessas de desregulação redentora de vagas, a exemplo do PL 4330.
Na semana passada o Banco Central elevou em mais meio ponto a taxa de juro, que já é a mais alta do planeta.
É a senha do choque.
Apenas essa pisada custará mais R$ 12 bilhões em 12 meses aos cofres públicos: juros adicionais sobre uma dívida pública de R$ 2,4 trilhões.
O impasse está contratado.
De um lado, a recessão derruba a receita e o emprego; de outro, o governo é intimado a carrear mais recursos escassos à ração gorda dos rentistas.
Menos receita com mais gastos.
Essa é a fórmula clássica para tanger um governo –qualquer governo que não disponha de uma hegemonia baseada em ampla organização popular-- ao precipício das privatizações saneadoras e dos cortes de programas e investimentos devastadores.
Quem acha que a ganância será saciada com a terceirização deveria informar-se sobre as novidades no mundo do trabalho inglês.
Sob o comando de engomados filhotes de Tatcher a economia britânica experimenta um novo patamar de flexibilização do mercado de trabalho.
A modalidade just-in-time já caracteriza 2,5% da mão de obra empregada, informa o jornal El País, sendo o segmento que mais cresce na economia.
A pedra filosofal desse novo assalto à regulação trabalhista é o vínculo empregatício baseado em salário zero.
Em que consiste a coisa notável?
Consiste em estocar mão de obra às custas da própria mão de obra.
Quando necessário aciona-se o almoxarifado social pagando apenas as horas efetivamente usadas do ‘insumo’.
Marx, você não entendeu nada de baixar o custo de reprodução da mão de obra.
Em vez da CLT, um taxímetro.
No futuro a metáfora poderá assumir contornos reais mais sofisticados, como um chip subcutâneo que permita monitorar o empenho muscular para seleção dos mais aptos.
Esse, o admirável  mundo novo descortinado do palanque do Campo de Bagatelle no 1º de Maio de 2005 pelos sorridentes perfis de Cunha, Aécio e Paulinho ‘Boca’, da Força.
Afrontar esse horizonte em marcha é o que ultimou a união da esquerda no extremo oposto da cidade no mesmo dia.
Tolice supor que centrais paralelas à CUT, como a Intersindical, ou o aguerrido Guilherme Boulos, prestar-se-iam a uma cenografia unionista alegórica no Dia do Trabalhador.
O que se assistiu no Anhangabaú foi o nascimento de um pacto.
Que tem agenda e eixo de luta ancorados no entendimento de que o governo Dilma será aquilo que a rua conseguir que ele seja.
Não desobriga a Presidenta de honrar compromissos de campanha, a começar pela rejeição ao vale tudo do PL 4330.
Mas divide o desafio da coerência.
Construi-la requer uma nova correlação de forças indissociável de uma frente ampla progressista.
Quem mesmo assim continua a duvidar da determinação pactuada no legendário Anhangabaú, deve ouvir (abaixo) a íntegra do pronunciamento visceral do mais aplaudido orador do dia.
Lula fechou o ato com um aviso à direita buliçosa.
Essa que ao mesmo tempo o desdenha como líder morto, mas oferece a liberdade como recompensa ao pistoleiro capaz de alvejá-lo com uma denúncia mortal.
Qual?
Qualquer denúncia. Desde que impeça a assombração das elites de reaparecer como candidato em carne e osso em 2018.
No 1º de Maio de 2015, a voz do fantasma ecoou mais rouca e forte que nunca.
Para dizer ao conservadorismo golpista, antinacional e anti-trabalhador: o ectoplasma não vai esperar até 2018.
‘Vou correr o Brasil, vou me encontrar com trabalhadores, com jovens, operários, camponeses e empresários...’
‘Eu aceito o desafio’, disparou a voz rouca, ferida, ressentida, mas convencida de que ainda tem uma tarefa incontornável a cumprir no país: terminar o que começou, tarefa que o mercado sozinho jamais o fará.
Cunha, Aécio, Skaf não se iludam com o noticiário generoso dos petizes da Folha.
Algo mudou no Brasil neste 1º de Maio de 2015.
E não foi apenas o preço do aluguel do sindicalismo de Bagatelle.
Ouçam a fala de Lula no Anhangabaú: aqui

quarta-feira, fevereiro 04, 2015

A linha levítica. Ou leviana? Ou Lula está disposto a ser o salvador da Pátria?


Para os moradores da mansão, e dos seus aspirantes, Lula é a ameaça de longe mais apavorante, com ou sem partido.

Por Mino Carta, no Editorial da Carta Capital.

Diz o Oráculo de Delfos: “À vista do que se delineia, até setembro o empresariado vai pedir a Dilma que tire Joaquim Levy do Ministério da Fazenda”. Por que setembro? Tento entender: até lá a recessão seria inevitável ao sabor da política monetarista que caracteriza a atual gestão da economia brasileira. A se considerar que a opção do País nesta atribulada situação é crescer e crescer, nada mais daninho do que a orientação levítica. Ou leviana?

O Oráculo, como se sabe, é originário da Grécia antiga, mas ao longo dos séculos deu para se encarnar em figuras distintas e devidamente influentes. Refiro-me, portanto, a alguém merecedor de respeito. Veremos o que veremos, embora o Oráculo não costume errar.

À indústria cabe protagonizar crescimento. O Conselheiro Acácio concorda. Seu êxito depende do mercado nacional e internacional, aquele que não se confunde com o Mercado, com M grande, já há décadas alçado à condição de Moloch global. Aquele é habitado por quem consome, este faz a felicidade de banqueiros e especuladores. Não há como enganar-se quanto ao fato de que Joaquim Levy está na Fazenda para agradar ao Mercado.

Falha gravíssima do primeiro mandato de Dilma Rousseff foi o descaso com que a indústria brasileira foi abandonada ao seu destino. Convém insistir no erro? Em um primeiro momento, não faltou quem se regozijasse quando a presidenta faz exatamente o que faria a turma da casa-grande caso ganhasse a eleição de outubro passado. Procuro interpretar o vaticínio oracular: com o tempo, e em meio ao recrudescer da crise, o empresariado irá render-se à voz da razão, a bem de todos. O almejado bem geral da Nação. Geral? Nem tanto, a turma do privilégio gostaria que tudo ficasse como está.

Em um país forçado à devoção do neoliberalismo, o investimento dará lugar ao rentismo no seu exercício mais desbragado. Outras as demandas recomendadas pelo momento difícil. Em primeiro lugar, esforço concentrado para renovar os objetivos do PAC em obras de infraestrutura, em um Brasil aflito por imperdoáveis crises, uma energética, outra hídrica, sem contar o desastre da administração tucana de São Paulo, a exibir o leito da Cantareira crestado como as secas das terras nordestinas de outros tempos.

Outro empenho decisivo diz respeito à recuperação do prestígio da Petrobras, quarta maior empresa petrolífera do mundo, hoje em risco insustentável vítima de escândalos que ferem a credibilidade do próprio Estado brasileiro. A ação exige, obviamente, determinação e firmeza, sem tergiversações, e muito menos leniência, na punição dos culpados e no reacerto das rotas.

O que preocupa é a mediocridade dos conselheiros da presidenta, enquanto a distância entre a própria e Lula repete neste momento as dimensões do primeiro mandato. Está certo, dirá o ex-presidente, sempre disposto a entender, desde a vitória de Dilma em 2010, a justa aspiração da criatura de afirmar independência em relação ao criador, dizer a que veio e deixar seu legado.

Lula também sublinhará jamais ter pressionado a favor da nomeação de qualquer ministro, embora seja do conhecimento até do mundo mineral não apreciar vários entre os mais chegados a Dilma. Resta ver o que acontecerá se os maus agouros vingarem. Ou seja, se a recessão chegar em um Brasil que não cresce. Qual haverá de ser, se assim for, a postura de Lula?

O Brasil carregou, por mais de um século, a tradição de votar em pessoas em lugar de partidos, aspecto de óbvia explicação em um país onde partidos, na acepção democrática, desde sempre não passaram de clubes recreativos fundados por senhores da casa-grande. Com o PT desenhou-se a possibilidade de uma mudança. Não foi mantida. No poder o PT portou-se como todos os demais, com a agravante de ter prometido para não cumprir.

Não está claro até que ponto Lula pode e quer empenhar-se para recolocar seu partido nos trilhos originais. Tampouco estão claras suas intenções na perspectiva de 2018. Nem lhe conviria, agora, uma definição. Certa é sua boa saúde, o que poderia contribuir para apresentar a candidatura na hora oportuna. Trágico para Dilma se ele surgisse como o salvador da pátria. Não menos trágico para a casa-grande. Para os moradores da mansão, e dos seus aspirantes, Lula é a ameaça de longe mais apavorante, com ou sem partido.

Crise: Edmilson Rodrigues perde seu braço esquerdo no PSOL

Luiz Araújo deixou o PT para fundar o PSOL, onde viveu até então organizando a corrente interna "Primavera Socialista" e supostame...