sexta-feira, novembro 21, 2014

PSDB, DEM e PSB receberam R$ 160 mi de empreiteiras da PETROBRAS

Aécio Neves e Marina Silva tiveram suas campanhas eleitorais financiadas por empresas investigadas pela operação "Lava Jato" Polícia Federal, que descobriu uma suposta quadrilha que há anos desviava recursos da PETROBRAS.

Valor não inclui doações efetuadas para o segundo turno, cujo prazo de prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) se encerra na próxima semana.

No PT-PR.

O “clube” formado pelas empreiteiras acusadas de integrar o esquema de corrupção denunciado à Justiça pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, no âmbito da operação Lava Jato da Polícia Federal, repassou R$ 160,7 milhões aos principais partidos de oposição ao governo federal no Congresso Nacional. Do total, R$ 129,34 milhões foram destinados ao PSDB, R$ 15,85 milhões ao DEM e R$ 15,57 milhões, ao PSB.

O “clube”, como os próprios membros se autodenominam nos grampos autorizados pela Justiça  é formado por dez empresas investigadas por  formação de cartel destinado a controlar as obras da estatal em projetos de expansão e construção de polos petroquímicos, refinarias e extração de petróleo.

Além das construtoras Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, Iesa, Engevix e Toyo Setal, o grupo reconhecia dentro do próprio esquema uma hierarquização que classificava como “VIP” as suas comparsas Camargo Correa, UTC, OAS, Odebrecht e Andrade Gutierrez, consideradas as maiores do país.

As doações contribuíram para eleger candidatos tucanos como os governadores Geraldo Alckmin (SP) e Beto Richa (PR) e os senadores  José Serra (SP), Álvaro Dias (PR), Antônio Anastasia (MG).

Também financiou candidaturas tucanas derrotadas à Presidência e governos estaduais, como as do senador mineiro Aécio Neves e Pimenta da Veiga, que concorreu e perdeu o governo de Minas para o petista Fernando Pimentel.

Os recursos financiaram, ainda, a candidatura da ex-senadora Marina Silva (PSB), sucessora dos recursos destinados ao falecido ex-governador pernambucano Eduardo Campos, candidato socialista morto em 13 de agosto na queda do avião Cessna Citation em Santos (SP), em que viajava para compromissos eleitorais no Guarujá.

Valor parcial – Para obter os dados relativos ao repasse de financiamento eleitoral, a Agência PT de Notícias fez  minucioso levantamento no sistema compulsório de prestação de contas de partidos e candidatos, disponível na página do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na internet. Os dados ainda não são definitivos e podem ser ainda maiores. As doações aos candidatos que foram ao segundo turno, como Aécio Neves, são apenas parciais. Referem-se aos valores efetivamente repassados antes de 5 de outubro, data do primeiro turno de votação.

O valor de R$ 160,7 milhões diz respeito apenas às doações aos partidos, que são apresentadas destacadamente dos valores repassados individualmente a cada candidato. Desse subtotal ainda não constam as doações do segundo turno das eleições realizadas em 26 de outubro, cujo prazo para prestação de contas à Justiça Eleitoral encerra-se na próxima terça-feira, dia 25, exatos 30 dias após o término do pleito.

Apesar disso, os dados mostram que as construtoras Odebrecht e OAS doaram R$ 2 milhões cada uma ao candidato tucano apenas na primeira etapa da eleição. Individualmente, Aécio Neves recebeu doações totais de quase R$ 40,7 milhões até o dia 2 de setembro, última prestação relatada pelo TSE na web.

O maior arrecadador do grupo oposicionista é o PSDB. Ao diretório nacional foram destinados pouco mais de R$ 165 milhões e, ao comitê presidencial, R$ 140,6 milhões. O partido foi a quem o ”clube” destinou maior volume de dinheiro para campanha: pouco mais de R$ 78 milhões, ou cerca de 55% dos recursos de financiamento ao candidato à Presidência.

O DEM aparece em segundo lugar, com pouco mais de R$ 53 milhões de arrecadação total, sendo que R$ 15,8 milhões saíram do “clube”. Como não tinha candidato próprio ao Planalto, não há registro de doações ao comitê presidencial do partido.

Já PSB recebeu quase R$ 36 milhões em doações até o primeiro turno, segundo o TSE. Cerca de 40% do total, ou seja, R$ 15,57 milhões, tiveram origem no “clube”, sendo R$ 10,6 milhões registrados em nome do diretório nacional e os demais R$ 4,95 milhões no comitê presidencial.

quinta-feira, novembro 20, 2014

Proposta aprovada no Rio inicia democratização da mídia no país

O vereador carioca Reimont aprovou emenda que, na prática, democratiza os investimentos públicos na mídia.

No Jornal Correio do Brasil.

Ao aprovar a emenda do vereador Reimont Luiz Otoni Santa Bárbara (PT), a Câmara Municipal do Rio de Janeiro inicia, na prática, a democratização da mídia no país. Aprovada na Comissão de Orçamento do município, a Emenda Aditiva 3919, de autoria do vereador Reimont, segue para publicação no Diário Oficial, nesta quarta-feira, e torna uma obrigação da Câmara Municipal do Rio de Janeiro (CMRJ) fortalecer, já a partir do ano que vem, os mecanismos de acesso à informação, transparência e publicidade dos atos da Casa.

O modelo é adequado “a todas as instâncias do Legislativo brasileiro”, afirmou a presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, Paula Máiran. A emenda aprovada destina-se à Lei Orçamentária Anual de 2015.

– Diria, ainda, que essa iniciativa dever servir de exemplo e inspirar medidas semelhantes em todas as instâncias do poder público – acrescentou Paula Máiran.

Ainda segundo a jornalista, iniciativas como esta, do vereador Reimont, reconhecem e apoiam iniciativas que geram empregos para os profissionais que, em um ritmo cada vez maior, veem o número de empregos minguar nos meios conservadores de comunicação.

– Este é um momento de transformação, no qual surgem alternativas no campo editorial capazes de neutralizar os danos causados pelas demissões em curso nas redações destes veículos de comunicação já estabelecidos há décadas. Tais alternativas devem receber apoio republicano para que o setor seja revigorado – acrescentou.

Fiscalização

Para o vereador Reimont, a democratização dos investimentos na divulgação dos atos públicos é, antes de tudo, uma forma de apoiar iniciativas editoriais que surgem com a revolução em marcha no setor.

– Sabemos que, diante das redes sociais e dos novos meios, há uma série de veículos de comunicação que chegam a um público ampliado, bem maior do que este que prestigia apenas a mídia conservadora – disse o parlamentar.

O fato de a Câmara aprovar esta medida, segundo Reimont, é uma demonstração do pioneirismo e da visão democrática do Rio de Janeiro frente a um tema que mobiliza o país. Cabe, agora, ao Parlamento, fiscalizar para que a emenda seja cumprida.

– Precisamos, a partir do ano que vem, fiscalizar a aplicação do Orçamento para que a emenda seja integralmente aplicada e, desta forma, cumpra seu objetivo social de democratizar a mídia no Rio de Janeiro – acrescentou.

Democratização

A medida tem como objetivo permitir a continuidade “do programa de modernização das atividades legislativas e administrativas e dar-lhes transparência e divulgação, fortalecendo a imagem da Câmara Municipal junto à Sociedade Carioca”, afirma o texto legal, que recomenda:

“Ampliar a democratização, difusão e publicidade das atividades legislativas e administrativas da CMRJ utilizando de jornais alternativos, com no mínimo cinco anos de publicação, quinzenais ou mensais, com triagem de no mínimo cinco mil e no máximo vinte mil exemplares, com distribuição direta em espaços culturais, museus, galerias, bares, restaurantes, ônibus, trens, metrôs, sinais de trânsito e outros.

“Contratar rádios comunitárias amparadas pela Lei nº 9.612, de 19 de fevereiro de 1998, que institui o Serviço de Radiodifusão Comunitária para a difusão das atividades legislativas em todas as áreas da cidade, estabelecendo mais um canal de comunicação com o munícipes, com diversificação do alcance.

“Contratar de TVs comunitárias amparadas pela Lei nº 12.485, de 12 de setembro de 2011, que institui o Serviço de Radiodifusão Comunitária para a difusão das atividades legislativas em todas as áreas da cidade, estabelecendo mais um canal de comunicação com o munícipes, com alcance municipal na TV a cabo.”

Justificativa

“1- Alcance das informações atingindo áreas que o periódico próprio da Câmara não alcança.

“2- Fortalecimento dos canais alternativos de comunicação, que vem colaborando para que a cidade acompanhe os processos legislativos, vide o trabalho das rádios comunitárias e dos jornais com distribuição gratuita.

“3- Processo de distribuição desses canais é mais eficiente e espontâneo, atingindo áreas historicamente desguarnecidas de outros meios midiáticos.

“4- Adesão e/ou implementação de mais uma forma de efetivação da Lei de acesso às informações públicas, sancionada em 18 de novembro de 2011, pela presidente Dilma Rousseff.

“5- Adesão às diretrizes aprovadas na 1ª Conferência Nacional sobre Transparência e Controle Social, também realizada na esfera municipal”.

Belém sedia o 9º Fórum Espírito Livre


A programação do 9º Fórum Espírito Livre é composta de palestras e minicursos durante os dias 25 e 26 em Belém-PA.

Belém sediará de 25 e 26 de novembro de 2014, o 9º Fórum Espírito Livre. Essa será a primeira vez que o evento organizado pela Rede Espírito Livre ocorre fora do Estado do Espírito Santo. O Fórum vem abrir mais um espaço de discussão técnica, política e social sobre tecnologia, software livre e tecnologias abertas.

O evento tem como objetivos reunir a comunidade estadual e nacional interessada em desenvolvimento e aplicação de software livre e de código aberto. Dessa maneira, visa compartilhar experiências e conhecimento, de modo a estimular o uso crescente dos softwares livres, tecnologias e padrões abertos, o aprimoramento de tecnologias, a difusão da filosofia de compartilhamento e criação colaborativa e coletiva. Além disso espera-se estreitar a comunicação entre colaboradores e leitores da Revista Espírito Livre.

O fórum contará com vários palestrantes renomados, entre eles está Jon "Maddog" Hall, Diretor Executivo da Linux Internacional, uma associação sem fins lucrativos de empresas de grande relevância internacional na área de TI que desejam promover sistemas operacionais baseados em Linux.

O evento irá permitir que profissionais de TI, estudantes, leitores e colaboradores do universo que abrange a comunicação e as novas tecnologias da comunicação, bem como ativistas sociais interessados em se apropriaram de recursos técnicos para criarem um espaço rico de debates e novos instrumentais. 

O software livre é um fenômeno social e tecnológico em franca expansão e irreversível. Nesse sentido,os organizadores esperam que pessoas de todo o Brasil e do mundo, criem cada vez mais espaços onde profissionais, estudantes e demais interessados possam se conhecer, trocar experiências, aprender e desenvolverem-se juntos, afinal Softwares Livres não representam somente inovações na área tecnológica, mas a sinergia entre novas formas de trabalho, filosofia, solidariedade e acima de tudo a liberdade. 

Em contraposição à indústria de softwares proprietários, a distribuição dos softwares livres é, como se intui pelo próprio nome, livre. A liberdade de copiar, melhorar, adaptar e distribuir o software é o motivo que faz dele a melhor opção para órgãos governamentais, projetos sociais e qualquer instituição que busque baixo custo, sustentabilidade e independência tecnológica.

Entre os temas que estarão sendo abordados nas palestras e oficinas, destacamos: Tecnologia e Ancestralidade: apropriação tecnológica das comunidades quilombolas, indígenas e movimentos sociais; Gerenciadores de Conteúdo Livres; Linguagem de programação Java; As vantagens econômicas e potencialidades de negócio com software livre; Casos de sucesso na implantação de Software Livre em empresas e organizações governamentais, entre outros.

Durante o evento, os participantes poderão constatar como podemo abandonar os programas de códigos proprietários, tais como o Sistema Windows, o Pacote Oficce, o Corel Draw, Photoshop e outros que podem facilmente ser substituídos por programas livres e muitos deles gratuitos, sem pirataria e o risco de multas e vírus por parte dos seus usuários.

O evento torna-se portanto uma grande oportunidade para estudantes e profissionais da área de jornalismo, designer, publicidade, tecnologias da informação, computação, etc.

Participantes que desejarem ter uma distribuição GNU/Linux instalada em seu computador, basta levar o notebook.

A prática de instalar distribuições GNU/Linux em computadores é uma prática comum em eventos relacionados a software livre. Não seria diferente no 9º Fórum Espírito Livre. Os participantes que desejarem ter uma GNU/Linux instalado em seu computador basta procurar a equipe responsável durante o evento para receber as informações sobre como fazê-lo.

Serviço:

As inscrições para o 9º Fórum Espírito Livre podem ser feitas no site http://forum.espiritolivre.org/ixforumel/ e no dia do evento, através da doação de um 1kg de alimento não-perecível e/ou um brinquedo, a serem entregues no ato do credenciamento. Haverá emissão de certificados e todos os inscritos participarão de sorteios de brindes durante a programação, a qual você acessa aqui http://forum.espiritolivre.org/ixforumel/programacao/.

quarta-feira, novembro 19, 2014

Acredite se quiser: O PT-PA está em plena atividade e comemora um ano de conquistas


Por Diógenes Brandão

Passadas as eleições e chegando as festas de fim de ano, poucos são aqueles que ainda se dedicam a exercer atividades partidárias, a não ser o que tem obrigação de fazê-lo. Assim, a direção estadual do PT-Pará se destaca pela manutenção de suas atividades, que incluem reuniões quase que diárias, plenárias semanais onde junto à militância planeja e realiza mobilizações para atividades de rua e uma série de avaliações sobre o processo eleitoral, assim como de análise de conjuntura e prospecções sobre os futuro do partido.

Mesmo não tendo tido êxito, a aliança com o PMDB trouxe ao PT uma postura mais aguerrida, principalmente no que concerne a atuação dos seus deputados, que em 2010 foram 08 eleitos e hoje apenas 03. Mesmo assim, a garra dos deputados que cumprem seu mandato até o dia 31 de Dezembro é de se admirar.

Sendo um dos que não conseguiram se reeleger, o deputado estadual Milton Zimmer é um dos mais ansiosos para o fim do seu mandato como parlamentar, para dar continuidade ao seu mandato – agora de forma mais livre e contundente - como presidente estadual do partido no Estado.

Temeroso, o governo Simão Jatene já calcula o trabalho que terá ao ter que enfrentar a oposição liderada pelo PT e o PMDB, sendo que o Partido dos Trabalhadores a partir de 2015 terá um presidente 100% voltado às ações partidárias e não mais dividido com atividades parlamentares.

O PT-Belém segue o ritmo de trabalho da direção estadual e convoca sua militância para o maior evento já organizado pela atual direção municipal: A viagem para a posse de Dilma, no dia 1º de Janeiro de 2015, em Brasília.

Para tal, cada interessado deverá investir a bagatela de R$ 280,00 que pode ser paga em 2 parcelas, até o dia do embarque, previsto para o dia 29 de dezembro.

Há quem diga que os membros do diretório estadual, assim como prefeitos e deputados, abrirão mão do conforto solitário dos vôos fatídicos, para viajarem com a militância de busão, tal como faziam outrora, mostrando assim seu vínculo direto e solidário com seus companheiros menos favorecidos financeiramente.

Assim, 2014 termina para a militância petista como um dos anos mais frutíferos e combatentes da história do partido. 

Organizado, unido, vitorioso – apesar dos pesares – sobretudo nas ruas, defendendo o governo Dilma e festejando o futuro promissor onde pretende eleger o prefeito de Belém e escolher um nome para ser candidato ao governo, já que 2018 é logo ali.

SE DILMA QUER A PAZ, QUE FAÇA A GUERRA



Ex-comunista, hoje senador do PSDB e vice de Aécio nas últimas eleições, Aloysio Nunes é um dos maiores críticos do governo Dilma e um dos principais articuladores da sabotagem ao governo do PT.

Por Breno Altman, no Opera Mundi.

A oposição mudou sua estratégia.

Das eleições findadas em 26 de outubro, extraiu a conclusão de que deveria passar imediatamente à ofensiva.

Nada de acumular progressivamente forças, como em pleitos anteriores. A nova orientação é cristalina: acuar e sabotar o governo desde o primeiro momento.

O objetivo de importantes setores conservadores está traçado: aproveitar as denúncias de corrupção na Petrobrás para levar a presidente às cordas e derrubá-la através de um golpe parlamentar, operado por uma maioria de centro-direita.

Se as condições jurídicas e políticas não permitirem esse arremate, a escalada contra o PT, nos planos oposicionistas, ao menos deverá desidratar a autoridade da chefe de Estado, limar a popularidade de Lula e construir um cenário de isolamento e derrocada da esquerda.

A direita não está agindo apenas por ódio de classe, ainda que tal sentimento mobilize seus seguidores para o combate.

Move-se fundamentalmente por cálculo político. Além das investigações sobre desvios na principal empresa nacional, o antipetismo reformula a atuação porque avalia ter, a seu favor, um quadro de dificuldades econômicas, divisão na base aliada e confusão nas hostes governistas.

O recuo oposicionista, por outro lado, poderia significar o caminho ao cadafalso em 2018, pois daria tempo para o oficialismo arrumar a casa, relançar reformas e reocupar espaços, impulsionado pela eventual candidatura do primeiro presidente petista.

Guinada oposicionista

A seu modo, o conservadorismo aprendeu as lições de 2005, somando esse aprendizado a uma leitura agressiva das circunstâncias que cercaram a última disputa presidencial, cuja síntese está no célebre axioma lacerdista: Dilma tomou posse, não pode governar.

Por isso, não há qualquer disposição para a paz. O comando da oposição está convencido que somente terá triunfos com a guerra. Não somente porque seu estado de espírito é belicoso, mas também porque está seguro sobre o potencial da estratégia de tensão máxima.

Os acenos administrativos de governadores a este respeito, como os do paulista Alckmin e o goiano Perillo, são secundários. Relevante, cheio de simbolismo, é o senador Aloysio Nunes Ferreira, vice na fórmula de Aécio, se juntar à marcha da ultradireita no último dia 15 de novembro.

A bem da verdade, não há surpresa nesta guinada oposicionista, construída palmo a palmo durante a campanha eleitoral. O que espanta é a paralisia do governo e seu bloco político. Há três semanas o conservadorismo opera sem maiores constrangimentos ou contraposição.

O petismo frequentemente age, apesar das recentes resoluções de sua direção nacional, como se fosse possível repetir a política de distensão operada após as três eleições presidenciais anteriores.

Sem maioria parlamentar de esquerda, além de atrair partidos de centro, os governos de Lula e Dilma puderam ser provisoriamente exitosos na tentativa de neutralizar frações hegemônicas da oposição de direita, do capital financeiro e até da velha mídia.

Uma das razões desse sucesso, nos primeiros anos, foi a erosão do campo conservador. Estava recortado por divisões internas e constrangido à defensiva, pagando as contas, na memória popular e até entre fatias da burguesia, pela herança maldita e neoliberal do governo Fernando Henrique Cardoso.

Este desgaste político era suficiente para facilitar o deslizamento de forças centristas e grupos periféricos da direita para fora do sistema de alianças protagonizado pelo PSDB e o DEM desde 1994, viabilizando a governabilidade.

O cenário econômico ajudava a equação

Reformas que ampliavam o mercado interno a partir da reorganização de prioridades orçamentárias, associadas ao forte incremento das exportações, fomentaram um modelo de desenvolvimento com inclusão social que não feria interesses oligárquicos. O feijão dos proletários foi servido sem afetar o uísque dos abastados.

Nem sequer Cândido, o otimista e célebre personagem de Voltaire, poderia achar que a situação se mantém.

Novas medidas para segundo mandato

O antigo padrão de crescimento parece visivelmente esgotado, depois de garantir o mais amplo processo de ascensão social em nossa história recente.

Há um conflito distributivo sobre o futuro que abala a paz transitória entre as classes na qual o petismo pode consolidar seu governo.

A retomada do crescimento, a expansão dos serviços públicos e a continuidade da inserção econômica dos mais pobres são impensáveis sem o Estado impor significativa redução da renda financeira dos mais ricos, desonerando seu próprio orçamento.

O capital usurário e sua rede de relações, por seu lado, defende a política de juros altos e corte nos gastos governamentais, para preservar o valor e a segurança de sua receita.

Este setor, cujo núcleo duro está composto por vinte mil famílias que abocanham 70% dos juros pagos pelos títulos da dívida federal, de quebra almeja a redução relativa de salários e direitos, como atrativo para um novo ciclo de acumulação capitalista.

A nova política da oposição de direita tem coerência com este pano de fundo. Mas não a do governo.

Dilma foi reeleita porque levou o choque de projetos à radicalidade. Mobilizou e unificou a esquerda e os movimentos sociais, apoiando-se sobre o empenho militante de estamentos multitudinários da intelectualidade, da juventude, do sindicalismo e das organizações populares.

A candidatura petista foi capaz de derrotar a poderosa aliança entre a direita e os meios de comunicação porque soube estabelecer a contraposição de identidades, deixando claro o significado de cada fórmula eleitoral.

Desde o discurso da vitória, porém, a presidente emite sinais híbridos.

O governo atua, em muitas oportunidades, como se o objetivo principal fosse acalmar o lado derrotado, acenando com a possibilidade de absorver determinadas pressões do mundo rentista e mitigar as reivindicações do campo político-social que sagrou-se vitorioso nas urnas.

Não há mensagens e compromissos claros em relação aos milhões de brasileiros que travaram batalha contra a restauração e pelo aprofundamento das reformas. Falta uma agenda política e econômica mais precisa que concretize as aspirações da maioria eleitoral.

Ensinamentos de Getúlio

A presidente, por vezes, indica o risco de repetir passos de Getúlio Vargas em seu segundo governo, brilhantemente descritos pelo jornalista Lira Neto na biografia que Dilma levou para ler em suas curtas férias.

Vitorioso em uma campanha popular e com um programa nacionalista, Getúlio reassume o governo, em 1951, sem maioria parlamentar e encurralado pela imprensa.

Nomeia um ministério conservador e esfria as ruas.

Aceita a política econômica ditada por banqueiros e latifundiários, ainda que tenha sido capaz de criar a Petrobrás e elevar o salário mínimo, entre outras conquistas.

Indisposto a convocar para o teatro político as forças sociais que o haviam eleito, o presidente trata de apaziguar seus inimigos com sucessivas concessões.

Nada feito. Isola-se e desgasta-se. Vira refém de instituições controladas pela direita golpista.

Sem o povo, chega a 1954 entre a queda e a renúncia. Deprimido, recorre ao suicídio para chamar as massas novamente à cena e deter a escalada reacionária.

O sacrifício, que adiou por dez anos a intentona fascista, foi resgate épico que pagou por ter demorado a reagir diante do sequestro de seu governo.

Nada de tão sinistro está à vista para a segunda administração da presidente Dilma Rousseff. Mas há ensinamentos importantes que eventualmente poderiam ser tirados da tragédia getulista.

O primeiro deles é que consiste grave erro desmobilizar e desanimar multidões, fonte de uma vitória eleitoral, especialmente quando não se é hegemônico no Estado e na sociedade.

O segundo registra-se na insuficiência da mera habilidade política como instrumento para acantonar o golpismo, neutralizar a direita republicana e reconquistar o centro para um pacto programático. Não se avança nessa direção sem demonstração inconteste de força na sociedade, por parte da esquerda e seu governo, que torne caro e arriscado demais, para correntes centristas, o alinhamento ao pólo mais conservador.

O terceiro vem de uma velha frase latina, que bem poderia ser adaptada à conjuntura brasileira, na qual os ramos mais truculentos detêm, por ora, a iniciativa e a direção da oposição: quem quer paz, prepara-se para a guerra.

terça-feira, novembro 18, 2014

Mesmo com vários partidos envolvidos em esquemas de corrupção, o PT é alvo preferencial da mídia

Mais uma vez, dirigentes do PT são o alvo preferencial da mídia, ao noticiar denúncias de esquemas ilícitos.

Mesmo com nomes do PSDB, PMDB, PSB e outros partidos envolvidos no escândalo da Petrobras, assistimos novamente os dirigentes do PT como alvo preferencial da mídia brasileira. 

Os criminosos que foram presos, denunciam os demais acusados de participar dos esquemas que envolvem cartel e desvios de recursos em obras da petroleira brasileira, mas a imprensa dá destaque o que estiver envolvendo nomes do PT, numa clara demostração de parcialidade. 

Até agora não há qualquer sinal de que os atuais dirigentes do PSDB serão investigados, e deveriam, haja vista que segundo o principal delator do esquema, o ex-presidente tucano recebeu recursos oriundos da máfia da Petrobras e ainda revelou que ela iniciou no governo FHC.


Rui Falcão, presidente nacional do PT já declarou que todos os envolvidos em qualquer ato ilícito, será expulso do partido, tal como já aconteceu com Delúbio Soares, envolvido com o "Mensalão" e o então vice-presidente da Câmara dos Deputados, André Vargas, envolvido com o doleiro Youssef.

Fiquem com a matéria da Folha.

CPI quebra sigilos bancário e telefônicos de tesoureiro do PT


A CPI mista da Petrobras aprovou nesta terça-feira a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.

Na mesma reunião, o colegiado decidiu convocar o ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque, preso pela Polícia Federal na sexta-feira (14), suspeito de receber propina de empresários.

Também terão de comparecer ao colegiado o presidente licenciado da Transpetro, Sérgio Machado; e dois ex-diretores da Petrobras: Ildo Sauer (Gás e Energia) e Nestor Cerveró (Internacional), que já esteve na comissão.

Cerveró, acusado pelo ex-diretor de Abastecimento da companhia Paulo Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Yousseff de participar do esquema de corrupção na estatal, terá dois compromissos com a CPI.

Além de um novo depoimento, ele precisará participar de uma acareação com Paulo Roberto Costa, como determina outro requerimento aprovado pelos parlamentares.

O senador Wellington Dias (PT-PI) trabalhou para tentar convencer os colegas a não expor as informações referentes a Vaccari, argumentando que o tesoureiro do seu partido não havia sido preso nem indiciado. Sem sucesso.

Parte da base aliada presente à reunião, como o deputado Lucio Vieira Lima (PMDB-BA) e Enio Bacci (PDT-RS), votou pela quebra dos sigilos do dirigente petista. 

segunda-feira, novembro 17, 2014

Será o fim do caixa 2 e do lobby no Brasil?

A faxina da Polícia Federal chega finalmente aos empresários corruptores e pode revelar muitos outros.

A recente prisão de vários empresários brasileiros, após as investigações da operação Lava Jato da Polícia Federal, pode abrir a “Caixa de Pandora” do financiamento de campanhas eleitorais no Brasil. 

Acredita-se que o resultado das investigações pode deslanchar um novo grande escândalo midiático e este ajudar a acelerar o debate da Reforma Política, levando a sociedade brasileira a exigir o Financiamento Público e o fim lobby, do “caixa 2” e do Financiamento Privado para os partidos brasileiros. 

Será?

A mídia já começa a especular a existência de contratos fraudulentos em outras Estatais e Programas como o PAC - que envolve o Minha Casa Minha Vida a Usina de Belo Monte, a Transposição do Rio São Francisco e de outras grandes obras de infraestrutura urbana e mais de 40 mil empreendimentos em praticamente todos os Estados brasileiros - pode deslanchar uma onda de denuncismo e atingir o ápice com a revelação do envolvimento de governadores e prefeitos, pois eles também se relacionam com os recursos públicos da União, sem falar de parlamentares que operam emendas e se utilizam delas para negociar com gestores, nas mais variadas esferas públicas.

Se a faxina for completa, o Brasil poderá despertar para a realidade e constatar que a corrupção não é privilégio de um partido, um só governo ou algumas pessoas. Diante desta possibilidade, o papel da imprensa pode ser colocado em xeque, caso mantenha a parcialidade de proteger partidos da oposição, como faz com o PSDB que teve seu ex-presidente envolvido no esquema da Petrobras, mas não deu o mínimo destaque, priorizando suas críticas ao PT.

Não há como negar que Dilma mesmo sendo o alvo principal do efeito midiático destas investigações é a principal responsável pela autorização para que tudo seja investigado, afinal é a chefe maior do Estado brasileiro e cumpre sua promessa de que tudo que for possível será investigado e seus responsáveis serão punidos, como já começamos a ver com a demissão de todos que estão sendo denunciados.

Mesmo assim, a formação da opinião pública é disputada pelos meios de comunicação tradicionais e novos atores como blogueiros e ativistas digitais que utilizam a internet como ferramentas de informações e contra-informação.

domingo, novembro 16, 2014

Petrobras muda Brasil para sempre, diz Dilma


Por Clóvis Rossi, na Folha de São Paulo.

A presidente Dilma Rousseff disse neste domingo, 16, que o escândalo da Petrobras "mudará para sempre a relação entre a sociedade brasileira, o Estado brasileiro e a empresa privada".

Mudará "o Brasil para sempre", completou a presidente, porque "vai acabar com a impunidade".

As declarações foram feitas pouco antes do almoço de trabalho que encerrou a cúpula do G20, na cidade australiana de Brisbane.

Dilma tratou, durante todo o tempo em que falou do escândalo da Petrobras, de tirar de seu colo os efeitos do caso.

Voltou a usar um bordão repetido à exaustão durante a campanha eleitoral: não se trata do primeiro escândalo da história do Brasil, mas "do primeiro escândalo da nossa história que é investigado".

Por isso mesmo, jogará a "luz do sol sobre todos os processos de corrupção".

Mas a presidente tomou o cuidado de evitar condenar seja a empresa estatal sejam as empresas privadas cujos presidentes foram presos.

"Não se pode condenar as empresas. Temos que condenar as pessoas, dos dois lados, dos corruptos e dos corruptores", afirmou.

Acrescentou: "Não significa que todos os atos da Petrobras sejam corrupção".

Depois de alertar que a investigação está em curso e, portanto, não se pode falar ainda em culpados, mas em investigados, Dilma afirmou que é preciso "tipificar a culpa" de cada um, sob pena de permitir a impunidade: "Não há culpa genérica".

Completou: "Não se pode sair por aí já condenando A, B, C ou D".

A presidente insistiu em diferenciar a empresa Petrobras dos eventuais delitos cometidos por seus diretores e fez questão de lembrar que também no setor privado ocorrem casos de corrupção.

Citou, como exemplo, a Enron norte-americana, envolvida em um grande escândalo há alguns anos.

Mesmo assim, não deixou de admitir que "a questão da Petrobras é uma questão simbólica para o Brasil. É a primeira investigação efetiva sobre corrupção no Brasil que envolve segmentos privados e públicos. A primeira. E que vai a fundo".

Voltou, então, à tese usada na campanha de que é possível "listar uma quantidade imensa de escândalos no Brasil que não foram investigados".

Para ela, "talvez esses escândalos que não foram investigados sejam responsáveis pelo que aconteceu na Petrobras".

Mas não elaborou o porquê dessa sua suposição.

A presidente fugiu de uma pergunta sobre se aceita que tem responsabilidade política pelos fatos que estão vindo a público.

Também recusou a hipótese de investigar outros delitos em outras áreas do governo.

"Não vou sair por aí procurando delitos".

Acrescentou: "Não dá para demonizar todas as empreiteiras desse país. São grandes empresas e, se A, B, C ou D praticaram malfeitos, pagarão por isso. Agora, isso não significa que a gente vai colocar um carimbo na empresa".

Insistiu em que serão indivíduos a serem julgados, "não a empresa X ou Z, a não ser que ela seja 100% indiciada, o que não é o caso".

Por fim, Dilma respondeu com um duplo não a uma pergunta sobre a possível influência da investigação na escolha de ministros, na hipótese de que algum cogitado pudesse estar envolvido e sobre a possibilidade de perder apoio no Congresso por causa do escândalo.

Explicou, então, que a "questão da Petrobras tem um certo tempo, nada disso é estranho para nós".

Só não se sabia, disse, "as pessoas concretas" [envolvidas no escândalo]. "Mas a investigação, nós sabíamos dela", completou.

Por isso, é razoável supor que as cogitações presidenciais para compor o futuro ministério já levaram em conta os desdobramentos do episódio Petrobras.

A propósito, Dilma informou que não foram 15 apenas os ministros que pediram demissão. Foram todos.

"É um gesto elegante dos ministros", porque os cargos estão sempre à disposição do presidente de turno, no caso da presidente.

Dilma também tratou com naturalidade as manifestações a favor de seu impeachment e até as que pedem a volta dos militares.

"O Brasil tem uma situação democrática consolidada e, por isso, faz parte da nossa história tolerar as manifestações, mesmo as mais extremadas".

Para ela, o país processa normalmente "mesmo as propostas mais intolerantes".

É óbvio, no entanto, que ela não concorda nem com uma nem com outra proposta. 

Mãos limpas; e depois, Berlusconi?



Na Itália, em 1992, cerca de 1.300 réus foram condenados. Cinco grandes partidos desapareceram. O que emergiu, porém, não foi uma república virtuosa.

Por Saul Leblon, no editorial da Carta Maior.

Aplausos: o combate à corrupção no Brasil finalmente alcançou a esfera dos corruptores.

A operação da PF desfechada nesta sexta-feira para desbaratar o esquema de propinas na Petrobrás incluiu 25 prisões de graúdos personagens do mundo empresarial.

Entre eles, presidentes, diretores e altos funcionários de grupos como a Camargo Corrêa, OAS, Queiroz Galvão, ademais de um ex-diretor da Petrobras, demitido pela presidenta Dilma Rousseff juntamente com Paulo Roberto Costa, em 2012.

O que se assiste com certo ar de incredulidade ainda, é um primeiro passo daquilo que qualquer país disposto a atacar de frente a corrupção tem que transformar em rotina.

Ou seja, atravessar a porta que separa o sabido do nunca escancarado.

Lá dentro guardada a sete chaves está a contabilidade paralela do capital privado, origem e destino dos malfeitos em torno dos quais orbitam personagens de um sistema eleitoral degenerado, e burocracias públicas carcomidas.

Que tenha vindo para ficar, são os votos.

Sem ilusões, porém.

O combate policial embora seja um passo importante é insuficiente.

Corrupção não é uma singularidade capitalista.

Ou esquerdista.

Ela é endêmica em sociedades dissociadas da transparência que só um salto na democracia participativa   –que atinja organicamente os centros de decisão do Estado, da vida das empresas e da mecânica eleitoral— pode realmente propiciar.

Caso contrário, a história se repete.

Não raro, como tragédia, na forma de um desencanto político que frequentemente  instala no poder versões extremadas  daquilo que se pretendia extinguir

É oportuno lembrar.

A ‘Operação Mãos Limpas’ realizada na Itália, em 1992, figura como uma das  principais referências no combate à endogamia entre o dinheiro privado e a política.

Lá como cá o núcleo dos ilícitos começava nas distorções de financiamento do sistema eleitoral.

E terminava sabe-se onde.

A devassa ocupou dois anos e expediu 2.993 mandados de prisão; 6.059 figurões tiveram as contas e patrimônios dissecados  --entre eles, 872 empresários  e 438 parlamentares, incluindo-se  quatro  ex- primeiros-ministros.

Não terminou em pizza.

Cerca de  1.300  réus foram condenados; apenas 150 absolvidos.

Não faltaram suicídios, assassinatos, fugas e humilhações.

O furacão jurídico destruiu a Primeira República Italiana.

Cinco grandes partidos, incluindo-se a Democracia Cristã, o Partido Socialista e o Partido Comunista, o maior e mais estruturado do ocidente, viraram poeira da história.

Desapareceram.

O espaço que se abriu, porém,   não encontrou forças mobilizadas, tampouco projetos organizados e nem propostas críveis  para catalisar a revolta e a desilusão da sociedade.

O passo seguinte não foi o surgimento de uma república emancipadora e revigorada.

As causas do anticlímax   remetem a décadas antes.

O sistema partidário italiano, condenado na tomografia da corrupção, na verdade já se descolara da representação da sociedade há muito tempo.

No campo da esquerda, o caso do PCI é o mais dramático pela importância e a influência que exerceu em toda a luta progressista mundial.

As raízes da deriva remetiam a uma discutível interpretação de Gramsci.

Não um erro teórico.

Não uma questão acadêmica.  Uma leitura política seletiva, conveniente à orientação caudatária da Rússia aos PCs da Europa então.

Qual seja?  Não afrontar o poder de classe no território da economia e da luta política de massa.

Optou o PCI, então, com raro talento, diga-se, pela construção de uma hegemonia fortemente vincada em pilares intelectuais e culturais provedores de prestígio e influência.

Uma hegemonia, mas pela metade: 50% de Gramsci; 50% de rendição histórica ao capital.

Uma hegemonia invertebrada do ponto de vista da organização para o exercício efetivo do poder.

Aos poucos, abriu-se um fosso.

De um lado, reinava a indiscutível qualidade intelectual e artística da esquerda comunista italiana, respeitada em todo o mundo.

De outro, transformações objetivas em curso.

Uma classe trabalhadora muito distinta daquela iluminada nos filmes do neo realismo de Rosselini e De Sica era modelada nos rigores de um capitalismo em transformação, para pior.

Quando a ‘Mãos Limpas’ atingiu os partidos, Tatcher  já atingira letalmente os pisos salariais  e os direitos sociais na Europa, a social democracia já flertava com os albores neoliberais  e o Muro de Berlim caíra três anos antes. 

Esmagada pela compressão salarial interna e externa, a classe trabalhadora italiana tornara-se, ao mesmo tempo, refém da massificação do consumo e da dissolução das referências históricas.

O distanciamento intelectual entre a hegemonia cultural do PCI e aquilo que as redes de comunicação, sobretudo a andrajosa qualidade da televisão italiana, expeliam diuturnamente cavou um fosso regressivo.

Deu-se então o que se sabe.

 O que emergiu no rastro do Mãos Limpas não foi uma república virtuoso e sim o horror na forma de uma liderança bufa, que substituiu a hegemonia de Gramsci pela indigência de sua rede de televisão.

Tragicamente, o que se pretendia combater, ganhou impulso avassalador.

A independência entre o poder político e o poder econômico   desapareceu.

Um país desprovido de partidos fortes, desiludido de suas lideranças virou refém de Il Cavaliere, um capo despudoramente representativo do vazio chocado em uma sociedade atomizada, feita de estilhaços humanos fatiados pelo consumo e por um sistema de comunicação excretor de valores afins.

Não foi um espasmo ou um ponto fora da curva.

Silvio Berlusconi e sua fortuna de US$ 6 bilhões ficaram nove anos no poder, em três mandatos subsequentes, entre 1994 e 2011.

Foi o primeiro ministro  que mais tempo ficou no poder da Itália no pós-guerra.

Sua rede de televisão substituiu o PCI, o PSI, a DC e construiu a hegemonia sobre as massas italianas da qual os comunistas se descuidaram.

A tragédia encerra lições à esquerda mundial.

Mas de forma dilacerante a do Brasil.

A toda a esquerda; ao PT em especial.

A ação policial contra a corrupção é importante; deve ser ininterrupta; não pode ser seletiva.

Menos ainda míope a ponto de excluir de seu foco –  reiteradamente— certos episódios exclamativos.

Tão exclamativos que chamaram a atenção da justiça  na Suíça, mas nunca aguçaram a perspicácia da PF brasileira ou dos combativos ‘moros’ de plantão.

Caso do propinoduto no metrô do PSDB em São Paulo, por exemplo.

Para citar apenas um caso, em uma dúzia.

Investigue-se.

Tudo.

Mas o passar a limpo não vai  criar um sistema político regenerado, nem impedir que ele continue a regredir em direção a coisa pior.

Sem partidos fortes, com  desassombro programático para catalisar a sociedade e resgatar a luta pelo desenvolvimento,  a anomia que favorece as excrescências aguarda o país na  esquina.

Berlusconis, bolsonaros, lobões, terceiras vias diversas, oportunistas de bico longo e outras versões de morbidez histórica estão à espreita.

Formam padrões recorrentes na borra da dissolução, quando o velho ainda não morreu e o novo não tem força para emergir.

A história, de qualquer forma, aperta o passo no Brasil.

E não por aceleração da iniciativa progressista.

Tampouco porque o novo está prestes a emergir.   

Mas há uma certeza, cada dia mais evidente: a esquerda não tem mais o direito de perguntar que horas são.

A pergunta não é quanto falta, mas quanto tempo ainda resta.

Quanto tempo resta para as lideranças progressistas tomarem consciência de que precisam sentar, conversar, limar sectarismos e  firmar uma agenda de rua, para sustentar e influenciar o governo eleito democraticamente no longínquo 26 de outubro de 2014.

Antes que seja tarde.

sábado, novembro 15, 2014

A matança continua

Jornal Diário do Pará dá destaque em mais um assassinato envolvendo a #ChacinaemBelém e a matança continua.

10 dias após a morte de um policial suspeito de fazer parte de uma milícia que age nos bairros da periferia de Belém e a morte logo em seguida de 09 pessoas, a matança segue com o assassinato de várias pessoas, supostamente envolvidas com o crime, tanto por parte de policiais, como de traficantes de drogas.

Um das vítimas se chama Layane Gomes Soares de apenas 20 anos, morta na tarde de ontem, (14) por dois homens identificados pela polícia como “Chandão” e “Madruga” em um bairro de Ananindeua, Região Metropolitana de Belém.

Com apenas 20 anos, Layane é mais uma vítima da falta de uma reação enérgica contra o crime.

Segundo a Polícia Militar, ela tinha envolvimento com o cabo Pet, o policial que foi morto e que provocou a #ChacinaemBelém. O detento Ramon Gomes dos Santos, 26 anos é seu ex-namorado e está sendo acusado de ser o mandante da morte de Pet e segundo investigações da polícia passa a ser apontado como mandante da morte da moça, já que no celular dela foram encontrados fortes indícios de que ele havia premeditado sua morte.

Outro que morreu ontem e que também estava sendo investigo pela morte do policial militar da Rotam, foi Henrique Cardoso Souza, de 20 anos, conhecido como “Pezão”, assassinado a tiros meia hora após ser preso por policiais militares para averiguação e liberado. A vítima, que seria integrante da equipe “Rex” da Terra Firme, teria sido alvejado com vários tiros por uma pessoa em carro preto que sempre é visto quando ocorre esse tipo de assassinato.

Cada dia que se passa, aumenta o número de mortes sem soluções e a suspeita da existência de uma forte e influente milícia formada por policiais e ex-policiais se reforça, assim como o sentimento de impunidade.

Comenta-se redes sociais e corredores da ALEPA, a existência do envolvimento de parlamentares e pessoas ligadas à imprensa e ao governo do Estado, no que pode ser uma grande rede de corrupção, que age inclusive com o financiamento de campanhas eleitorais. Talvez por isso, a instalação da CPI da Chacina em Belém, não seja assinada pela maioria dos deputados estaduais.

Enquanto isso, o governo do Estado diz que o Sistema de Segurança Pública está investigando todos os crimes cometidos, mas é difícil encontrar um paraense que creia que os verdadeiros mandantes de tantas mortes sejam revelados.

10 dias se passaram e quase nada foi feito.

Enquanto isso, mesmo com a visita do ouvidor nacional dos Direitos Humanos, Bruno Renato Teixeira, enviado ao Pará pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República para acompanhar a apuração dos assassinatos, quase nada foi feito para solucionar o caso que ficou conhecido nas redes sociais como #ChacinaemBelém.

O representante do governo federal chegou a dizer em Belém, que seria montado um grupo especial, formado por representantes da sociedade civil, do governo do Pará e do Ministério Público (MP) do estado, para monitorar as investigações das mortes da #ChacinaemBelém. O que fato não se tem notícias de ter se concretizado.

O ouvidor disse ainda que haveria um reforço na segurança da cidade. “Houve o compromisso assumindo de reforço da segurança, principalmente nos bairros onde houve homicídios, para devolver à população a sensação de tranquilidade e que possa retomar sua rotina de forma segura”.

A Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Câmara dos Deputados também também ficou de fazer diligências em Belém e verificar a apuração dos assassinatos. Em nota, a comissão cobrou “punição com rigor dos envolvidos e autores dos bárbaros assassinatos” e solicitou “assistência para as famílias das vítimas e informações detalhadas a respeito do caso”.

Mesmo assim, a matança continua e parece que seguirá agindo ao seu bel prazer.

Eram Os Deuses Astronautas ?

Pela primeira vez, o homem conseguiu pousar um robô em um cometa, em uma missão que durou mais de dez anos. Dados enviados pelo módulo Philae e rebatidos à Terra pela sonda Rosetta, responsável por levar o equipamento ao cometa, confirmaram no início da tarde desta quarta-feira (12) o feito inédito na ciência.

Igualmente formidável, o Papa afirmou recentemente que teorias do Big Bang e da evolução estão corretas.

Mesmo assim, muita gente ainda não assistiu o clássico "Eram os Deuses Astronautas?", produzido originalmente em 1969, ano da SUPOSTA "chegada do homem à Lua".

Este documentário dirigido por HARALD REINL foi rodado em 40 diferentes locais, incluindo México, Egito, Peru e Bolívia. As pesquisas duraram 13 anos e mais de 100.000 km em viagens.
Baseado no best-seller escrito em 1968 pelo suíço Erich Anton Paul von Däniken, que passou a ser considerado um dos escritores mais reconhecidos mundialmente, chegando a lançar 28 livros, traduzidos para 32 línguas e vendido mais de 62 milhões de exemplares.

Däniken defende a teoria na qual a humanidade não evoluiu em isolamento, mas com ajuda de viajantes de outros mundos. Ele é o principal responsável por popularizar a crença de que os deuses, descritos na literatura e escrituras das principais religiões e civilizações, eram na realidade extraterrestres. Daí vem a explicação do título do livro.

É um documentário clássico e precursor da série "Alienígenas do Passado" que chama o espectador ao raciocínio, oferecendo, para isso, argumentos sólidos, para que cada um forme sua própria opinião.

Providencie a pipoca com guaraná e depois comente o que achou do filme.


sexta-feira, novembro 14, 2014

Lula/Dilma: 12 anos sem comunicação

O go­verno pratica uma política de sustentação financeira da mídia conservadora, especialmente para a Rede Globo que, em 10 anos, recebeu R$ 5 bilhões em publicidade ofi­cial.

Por Beto Almeida, no Brasil de Fato.

Nas eleições recentes, viu-se como o governo pos­sui enorme dificuldade para informar adequadamente so­bre todas as suas próprias realizações. Até militantes do PT, muitas vezes, registram desconhecimento sobre obras e programas de governo, consequentemente, têm dificul­dade de defendê-los. As forças conservadoras, sim, pos­suem uma comunicação destrutiva organizada e conse­guiu confundir boa parte do eleitorado que, mesmo be­neficiado pela distribuição de renda, pelo crescimento do trabalho formal e pelos programas sociais, aceitava a te­se marota da alternância de poder, porque argumentava: “um partido não pode ficar muito tempo no poder, tem que mudar”.

Mas, transformar uma sociedade com monstruosas in­justiças sociais acumuladas, que ainda tem marcas do es­cravagismo, não é tarefa para um curto período, espe­cialmente em se tratando de governo que não conta com maioria de esquerda no Congresso. Mais difícil ainda se este governo não tem comunicação. É óbvio que o PT não organizou uma política de comunicação para defender as conquistas de Lula e Dilma dos ataques conservadores. TVs e Rádios públicas, comunitárias e universitárias con­tinuam fragilizadas, sem sustentação. No entanto, o go­verno pratica uma política de sustentação financeira da mídia conservadora, especialmente para a Rede Globo que, em 10 anos, recebeu R$ 5 bilhões em publicidade ofi­cial. Desperdício de recursos públicos, mau uso, altíssimo custo social e político negativo.

Ao contrário, na Argentina, Venezuela, Equador e Bo­lívia, além do fortalecimento, expansão e qualificação da rádio e TVs públicas, investiu-se pesado em jornais po­pulares impressos, com distribuição militante e comer­cial massiva, a preços módicos ou gratuitamente, que fazem a disputa ideológica com a direita. Há vigorosa ex­pansão do parque gráfico e da leitura de jornal e livros. Aqui, mesmo alertado, o prefeito Haddad não usou, até a agora, a prerrogativa que lhe dá a lei para ter um canal de TV a cabo na maior cidade do país, sem precisar mu­dar a Constituição. Organizar um poderoso jornal coo­perativo popular, impresso e digital, também não exige mudanças na Constituição, para o que não há maioria. Medidas que exigem apenas decisão política, como hou­ve ao fundar a CUT, ao PT. Como tiveram as forças de es­querda nos países vizinhos.

quinta-feira, novembro 13, 2014

A música da noite

Maldito bolivariano!

Detalhe do retrato de Símon Bolívar pintado por Arturo Michelena.

A tendência de chamar desafetos de 'bolivariano' conta com a ignorância alheia. 

O termo precisa ser mais bem definido antes de ser berrado a plenos pulmões

Por Gilberto Maringoni na Carta Capital.


Pronto, inventaram um novo xingamento.

Depois de comunista e terrorista de um lado e de coxinha de outro, epítetos que já entediavam a todos, a tendência do verão é chamar os desafetos de “bolivariano”.

- O que quer dizer?

- Não sei muito bem, mas tá bombando.

- Estão querendo transformar o Brasil num País bolivariano.

- Bolivariano? Transformar o Brasil na Bolívia?

- Não. Bolivariano, aquele troço do Chávez.

Aquele troço do Chávez precisa ser mais bem definido, antes que se encha a boca para berrar “bolivariano!” a plenos pulmões.

O que é ser “bolivariano”, termo que tanta repulsa causa a Gilmar Mendes, ao infatigável deputado Eduardo Cunha e aos soberbos editoriais do Estadão, que dia sim, dia não, botam o qualificativo para ralar?

O presidente venezuelano Hugo Chávez não se cansava de repetir: o ideário que movia seu governo era o legado político e histórico de Simón Bolívar (1783-1830). O próprio nome do país foi alterado, a partir da Constituição de 1999, para República Bolivariana da Venezuela.

Chávez não foi o único a reivindicar o personagem. O nome de Bolívar foi apropriado por um sem número de lideranças e movimentos políticos na América Latina nos quase 200 anos que nos separam de sua morte. Seus seguidores estão espalhados pelas mais diversas vertentes do espectro ideológico.

Até que ponto as apropriações de tal legado são fiéis ao pensamento original do chamado Libertador?

É difícil dizer. A “ideologia bolivariana” tem contornos vagos e imprecisos. Bolívar é possivelmente o personagem histórico mais complexo e de maior influência no imaginário político continental. Sua obra é colossal. Além de liderar guerras de independência e de exercer influência direta em pelo menos cinco dos atuais países da região – Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia -, ele deixou vastíssima obra escrita, constituída por artigos, cartas e discursos.

Culto, refinado e viajado, Bolívar era sobretudo um intelectual de ação. Estava longe de ser um líder oriundo das classes populares. Era destacado membro da elite criolla, brancos e mestiços de posses que, entre os séculos XVI e XIX, se opunham ao domínio espanhol em diversos países do continente.

Bolívar teve sua vida política marcada pela luta contra o colonialismo, pela república, pelo fim da escravidão e pela defesa de um sistema de educação pública, entre diversas outras iniciativas. Tendo visitado a França por três vezes na primeira década do século XIX, foi fortemente influenciado por correntes iluministas e antiabsolutistas.

O culto a Bolívar

O historiador venezuelano Germán Carrera Damas escreveu um livro fundamental para se entender não apenas o personagem histórico, mas o Bolívar simbólico, que segue existindo. O título é preciso: El culto a Bolívar, nunca lançado no Brasil. Carrera Damas destaca que a admiração despertada por Bolívar em seu tempo e após sua morte não é fruto apenas de laboriosa pregação. Os feitos que liderou repercutiram concretamente na vida de milhões de pessoas. Não sem razão, Bolívar tornou-se objeto de culto, realizado, ao longo dos anos, com os mais diversos propósitos políticos.

Segundo outro historiador, Domingo Felipe Maza Zavala, já no governo de Eleazar López Contreras (1936-1941), na Venezuela, “o culto a Bolívar foi elevado à significação de um fundamento político”.

Através de variadas interpretações, a figura do Libertador foi reivindicada por todas as classes sociais do país como uma espécie de fator de unidade nacional ou até como símbolo da manutenção de determinada ordem. Assim, existe um bolivarianismo conservador, traduzido na profusão das estátuas equestres disseminadas nas praças de praticamente todos os municípios venezuelanos, bem como na sacralização estática de lugares e feitos do pai da Pátria. Essa vertente tenta esvaziar a figura de Bolívar de seu conteúdo transformador e anticolonialista, destinando-a à veneração estéril.

E há um bolivarianismo  de esquerda, que busca nas lutas contra o domínio espanhol a inspiração para ações tidas como antiimperialistas. As duas visões envolvem um sem-número de nuances. O ideário bolivariano sempre foi elástico e flexível o bastante para permitir leituras de um lado e de outro.

O culto a Bolívar não é uma criação ficcional, fruto de um patriotismo exacerbado em alguns países. É mais do que isso. Ele se constitui em uma necessidade histórica e em um recurso destinado a compensar o desalento causado pela frustração de uma emancipação nacional que não se completaria. Bolívar seria o elo histórico com um ideal de soberania, liberdade e justiça. Daí sua força, tanto política, quanto como veneração quase religiosa.

A ignorância alheia

A acusação de bolivariano feita por Gilmar Mendes e outras figuras do mesmo nível parte de quem conta com a ignorância alheia. E é bradado especialmente por aqueles que omitem um pequeno detalhe dessa história: na Venezuela, o contrário de bolivariano é uma oposição que não vacilou em patrocinar um destrambelhado golpe de Estado, em 2002, que retirou Chávez do poder por três dias e, de quebra, todas as referências a Simón Bolívar dos símbolos nacionais. A intentona foi um fracasso e, como se sabe, desmoralizou a oposição por vários anos.

A omissão é mais do que interessada.

*Gilberto Maringoni é professor de Relações Internacionais da UFABC autor de A Venezuela que se inventapoder, petróleo e intriga nos tempos de Chávez (Editora Fundação Perseu Abramo) e ex-candidato a governador de SP pelo PSOL.

A polícia política do PSDB, este é o ensaio de ditadura que temos


No Tijolaço.

Nos Estados Unidos, modelo de liberdade da direita brasileira, a esta hora, haveria um escândalo de dimensões incalculáveis.

Imaginem o The New York Times publicando que delegados do FBI envolvidos numa investigação sobre corrupção envolvendo ex-servidores públicos e parlamentares tornaram-se ativistas, nas redes sociais, de um partido político e de um candidato à Presidência?

Pois foi exatamente isso que aconteceu hoje, com a publicação do excelente trabalho da repórter Júlia Duailibi, no Estadão, que é claro, não agiu como faria o NYT e nem chamada de capa deu, colocando apenas em página interna.

“Delegados federais da Operação Lava Jato, força-tarefa que investiga o esquema de corrupção na Petrobrás envolvendo empreiteiras e partidos, entre os quais o PT, usaram as redes sociais durante a campanha eleitoral deste ano para elogiar o senador Aécio Neves, candidato do PSDB ao Planalto, e atacar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua sucessora, Dilma Rousseff, que disputava a reeleição.”

Vários, inclusive aquele que é o responsável pela apuração dos vazamentos, Maurício Grillo, de supostos grampos colocados na cela do doleiro Alberto Yousseff.

Formam, com outras pessoas, grupos de conspiração – aliás, sem muitos cuidados, tamanha a certeza de impunidade que lhes deu uma direção pusilânime na Polícia Federal e no Ministério da Justiça – alimentados por noticiário do qual são eles próprios as fontes criminosas, vazando verdades ou mentiras de um inquérito presidido por um juiz que não se importa com a divulgação seletiva de verdades.

Não poderia dar em outra coisa uma temporada de desgoverno no Ministério da Justiça, com dândi que, vaidoso, só cuida de “ficar bem na fita” para alcançar uma cadeira no Supremo Tribunal Federal.

Meses atrás, um agente da PF surgiu nas redes sociais praticando tiro ao alvo com uma caricatura da Presidenta da República. Um rapaz que, do governo, do governo, ganhou licença para fazer cursos na Europa, ao lado de sua namorada, também agente da PF, viajou pelo Velho Mundo e lá se casou, com direito a lua de mel na paradisíaca Ilha de Santorini, tudo com fotos publicadas no Facebook, banhando-se em piscinas térmicas debruçadas sobre as montanhas e o Mar  Egeu.

Temos o pior dos horrores à democracia no Brasil: uma polícia política, é essa a inevitável conclusão.

Paga pelo Estado para atuar preferencial e inescrupulosamente contra os governantes eleitos.

Não estamos falando do compadrio de um delegado de política do interior com um prefeito de alguma cidadezinha.

Estamos falando da República e das instituições de um país de 204 milhões de habitantes.

Como é que um juiz digno iria proceder diante de “investigações” que se desenvolvem sob a direção de militantes virtuais do PSDB?

Como é que um Ministro do Supremo vai decidir sobre “delação premiada” a partir de um chamado “conjunto de provas”  com estas impressões digitais tucanas?

Já nem falo das providências que a direção da Polícia Federal e do Ministério da Justiça irão tomar.
Porque não irão tomar.

Talvez fosse melhor entregar logo a Polícia Federal ao delegado-deputado Marcelo Itagiba.
E transformar a Polícia Federal em departamento de serviços policiais do PSDB.

Leia aqui a matéria Delegados da Lava Jato exaltam Aécio e atacam PT na rede. 

Alberto Cantalice: O destempero dos recalcitrantes


Alberto Cantalice é vice-presidente nacional do PT e coordenador de Redes Sociais do Partido.

Em artigo, dirigente critica o radicalismo de setores que questionam a legitimidade da vitória da candidata do PT.

O vice-presidente nacional do PT e coordenador de mídias sociais da legenda, Alberto Cantalice, critica, em artigo, o comportamento de setores que insistem em questionar a legitimidade da vitória democrática da presidenta Dilma Rousseff nas eleições.

Para o dirigente, queixas sobre a derrota eleitoral são comuns e justas numa democracia como a nossa, desde que não invadam as raias do radicalismo. “Pregar a volta da ditadura militar em flagrante desrespeito ao estado democrático de direito, é um pouco demais”, afirma.

Leia a íntegra o artigo publicado no site do PT:

“Inconformados com a derrota de seu candidato no último pleito presidencial, setores arcaicos e conservadores ensandecidos e com nítido comportamento fascistoide, resolveram “questionar” a legítima vitória nas urnas da candidata Dilma Rousseff.

Cavalgando uma aliança de segundo turno jamais vista nas disputas anteriores, mesmo assim foram derrotados.

A desilusão da derrota, fez despertar nesses setores instintos xenófobos e preconceituosos que se disseminaram pelas redes sociais tal qual rastilho de pólvora seca.

Comportamentos de viés elitista combinado com a falta de clareza e lucidez sobre a grandeza e as diferenças regionais brasileiras, criaram o caldo de cultura que envergonhou a grande maioria dos brasileiros.

A rua é pública - Purgar, deplorar, chorar e reclamar a derrota eleitoral nas ruas em uma nação democrática como a brasileira é justo e salutar. Pregar a volta da ditadura militar em flagrante desrespeito ao estado democrático de direito, é um pouco demais.

As forças democráticas e populares defendem o aprofundamento da democracia, e como tal devem repudiar toda e qualquer tentativa de retorno ao arbítrio que por duros 21 anos vivemos.

A sociedade brasileira vem avançando democraticamente, mesmo que em passos lentos. Sabemos que todo avanço causa um certo temor no conservadorismo pátrio.

Não à toa, fomos o último País do mundo a abolir a chaga da escravidão.

Não à toa a política de cotas nas universidades e no serviço público são tão combatidas.

Sem falar nas políticas de combate à miséria extrema, chamada por esses setores de “bolsa esmola”.

Resgatar e aprofundar os compromissos com os movimentos sociais. Avançar na luta contra a homofobia, o machismo e na pauta das mulheres. Apoiar as demandas indígenas, quilombolas e afins, será o antídoto justo e necessário para isolar os recalcitrantes.”

MP pede quebra de sigilo bancário e fiscal do prefeito de Ananindeua

O blog recebeu o processo de número  0810605-68.2024.8.14.0000,  que tramita no Tribunal de Justiça do Esado do Pará e se encontra em sigilo...