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segunda-feira, novembro 14, 2016

O dia nacional de greve e o 'silêncio militante' da mídia

A ocultação deliberada do real, de fatos sobre os quais tem conhecimento, dizia Perseu Abramo, é um dos padrões de manipulação dos meios de comunicação.

Por Pedro Rafael Vilela, via Rede Brasil Atual

Não é a primeira vez, nem será a última, mas não deixa de ser simbólica a (não) cobertura da mídia brasileira sobre os protestos e paralisações de diversas categorias profissionais ocorridos em mais de 21 estados e no Distrito Federal, na última sexta-feira (11), no Dia Nacional de Greve. Os atos, organizados por movimentos sociais e pelas principais centrais sindicais do país, contou com a participação de dezenas de milhares de trabalhadores e trabalhadoras, além de estudantes, que interromperam suas atividades em setores como transporte público, limpeza urbana, bancos, escolas e indústria, e foram às ruas das maiores cidades brasileiras para protestar contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 55, em tramitação no Senado. Se aprovada, essa PEC vai impor um congelamento nos gastos públicos, como saúde, educação, cultura e saneamento básico pelos próximos 20 anos, uma tragédia em termos de direitos sociais sem precedentes na história do Brasil.

Uma mudança constitucional tão drástica, num país que tivesse um sistema de comunicação plural e diverso, deveria gerar, para dizer o mínimo, um intenso debate na sociedade, com participação maciça da própria mídia na visibilidade e no esclarecimento das reais implicações da medida. Não é o que ocorre no Brasil.

A irrealidade da mídia

Em um de seus ensaios mais célebres, o jornalista e sociólogo Perseu Abramo descreveu com acuidade as múltiplas formas de manipulação da informação por parte da imprensa. Ao distinguir os quatro padrões básicos de distorção da realidade praticados pela mídia, Abramo chama a atenção para o padrão de ocultação, um dos mais recorrentes. Em suas próprias palavras, “é o padrão que se refere à ausência e à presença dos fatos reais na produção da imprensa. Não se trata, evidentemente, de fruto do desconhecimento, e nem mesmo de mera omissão diante do real. É, ao contrário, um deliberado silêncio militante sobre os fatos da realidade”.

Um outro padrão concebido por Perseu Abramo, o da fragmentação, tem a ver com a forma como a mídia, ao noticiar um fato, decompõe a totalidade desse fato, operando um processo de seleção de alguns aspectos, em detrimento de outros. É o que ocorre, por exemplo, quando a ênfase das matérias trata apenas das consequências dos bloqueios no trânsito e fechamento de rodovias, como que opondo os objetivos dos manifestantes ao do conjunto da população. Ao mesmo tempo que ressalta esse aspecto, silencia sobre as motivações das paralisações e se recusa até mesmo a dar voz aos envolvidos nas mobilizações para dialogue com a sociedade. Trata-se de uma inversão rasteira dos fatos e da própria realidade, mas que é absolutamente corriqueira na cobertura da mídia. Basicamente, esses dois padrões de manipulação, facilmente verificáveis, deram a tônica do noticiário na (não) repercussão das manifestações e paralisações no Dia Nacional de Greve. O Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) acompanhou com atenção a cobertura das principais redes de televisão, jornais e portais de notícias ao longo da sexta-feira e no dia seguinte. O resultado? Um tapa na cara da democracia e um descompromisso brutal com o direito à comunicação e informação da população brasileira.

Televisão: a gente não se vê por aqui

As principais emissoras de televisão aberta parecem ter disputado entre si o título de quem mais ignorou as expressivas mobilizações do Dia Nacional de Greve. O Jornal Nacional, da Globo, noticiário de maior audiência na tevê brasileira, decidiu simplesmente não exibir um segundo sequer dos atos que paralisaram algumas das maiores cidades do país, apostando forte na estratégia da ocultação. Na opinião de Perseu Abramo, em seu ensaio sobre manipulação da grande imprensa, a mídia é mais perversa por aquilo que ela não veicula do que por aquilo que leva ao ar. É como se ela definisse os fatos sociais que merecem ser considerados fatos jornalísticos ou não. “Todos os fatos, toda realidade pode ser jornalística, e o que vai tornar jornalístico um fato independe de suas características reais intrínsecas, mas depende, sim, das características do órgão de imprensa, de sua visão de mundo, de sua linha editorial”.

A Globo News, canal de notícias das Organizações Globo na televisão por assinatura, que, durante as manifestações pró-impeachment de Dilma Rousseff dedicava praticamente a totalidade de sua programação aos protestos, dessa vez apenas cumpriu um lamentável protocolo de cobrir com distanciamento e até desprezo os atos do Dia Nacional de Greve. Exibindo notas curtas e panorâmicas ao longo de sua programação, sem sequer ouvir os porta-vozes dos atos, a emissora deu ênfase justamente às interrupções no trânsito e paralisação dos transportes públicos em cidades como São Paulo e Brasília. No programa Estúdio I, que se define pela característica de noticiário com análise, e vai ao ar de segunda à sexta, às 14h, a cobertura dos protestos seguiu a lógica de relatar superficialmente os acontecimentos. No momento de analisar a notícia, os participantes do programa praticamente ignoraram as causas do protesto e logo mudaram de assunto. Para se ter uma ideia, o programa dedicou mais tempo à matéria sobre o site de dicas econômicas de moda da filha do Donald Trump do que à repercussão da greve nacional, incluindo aí os comentários de estúdio.

No Jornal da Record, uma nota de 37 segundos, lida pelo apresentador, apenas mencionou protestos de estudantes e servidores do Rio de Janeiro contra atrasos nos salários por parte do governo estadual, com ênfase na repressão da Polícia Militar. O Jornal da Band, levado ao ar na noite da sexta-feira (11), como que reconhecendo a dificuldade em ignorar as manifestações, optou por um caminho misto, entre a ocultação e a distorção com doses generosas de criminalização da manifestação política e do próprio direito de greve. Na matéria de um minuto e 10 segundos, o telejornal enfocou imagens das manifestações pela ótica da paralisação do transporte público e bloqueio de ruas e rodovias, ressaltando a ideia de que os protestos “atrapalharam muita gente”. Os dois únicos entrevistados foram pessoas que criticaram as interrupções no trânsito, e não houve qualquer menção mais clara sobre os motivos do protesto.

Já o SBT Brasil, dentre os principais telejornais, foi o que exibiu a matéria mais equilibrada. Com 4min27 de duração, a reportagem seguiu a ênfase de relatar criticamente os bloqueios e paralisações de rodovias na primeira parte da matéria, mas foi a única a dar voz para lideranças dos movimentos (Raimundo Bonfim, da Central de Movimentos Populares, e Rodrigo Rodrigues, secretário-geral da CUT Brasília). Destacou passeatas e protestos de estudantes e professores no Rio Grande Sul, que resultaram em forte repressão da Brigada Militar. Bom lembrar que diversas categorias de servidores estaduais do RS sofrem com salários atrasados há meses. A própria Brigada Militar, que reprimiu os protestos, corre o risco de nem sequer receber o 13º salário em decorrência da política de austeridade do governo Ivo Sartori (PMDB-RS), que tem penalizado principalmente os serviços públicos no estado.

Ocultação nos jornais

Os três maiores jornais impressos do país, em suas edições publicadas no sábado (12), decidiram deliberadamente ignorar os atos ocorridos no dia anterior. Até mesmo a Folha de S. Paulo, que se vende como veículo aberto ao debate e que busca exibir diversos pontos de vista políticos diferentes, não dedicou uma linha sequer ao assunto. No jornal O Globo, da família Marinho, idem. O Estadão, tido como o mais conservador entre os três, publicou uma nota pequena, na página interna B3, de economia, com cerca de 10 linhas, praticamente um registro dos protestos, e não uma cobertura. Nos portais de notícias UOL e G1, foram publicadas matérias sobre os protestos, repetindo a fórmula panorâmica de descrição dos atos a partir do ângulo das interrupções no transporte e paralisação das rodovias. Nenhuma dessas matérias ganhou destaque na página principal desses portais. Para encontra-las, os interessados teriam que buscar principalmente na página de últimas notícias ou no buscador do próprio site, o que diminui muito o potencial de audiência dessas notícias.

Censura privada na TV pública

Se o comportamento dos veículos privados de comunicação não chega a surpreender, foi lamentável constatar que as mesmas fórmulas de ocultação e cobertura superficial se aplicaram também à matéria exibida pela TV Brasil, emissora da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), no seu principal telejornal, o Repórter Brasil, na noite de sexta-feira. Em menos de dois minutos, a “reportagem” exibiu trechos dos protestos e paralisações em diversos estados. Novamente, destaque para os bloqueios de rodovias e paralisações no transporte público e nas escolas. Nenhum porta-voz dos trabalhadores foi ouvido para contextualizar o significado daqueles atos. Oferecer mecanismos para debate público acerca de temas de relevância nacional, como preconiza a lei de criação da EBC, mandou lembranças dessa vez. Esse episódio não parece estar desconectado da grave intervenção promovida por Michel Temer sobre a EBC, que praticamente eliminou as garantias de autonomia e independência de sua programação frente ao governo, ao extinguir principalmente o Conselho Curador e os mandatos do diretor-presidente e do diretor-geral.

O contraponto

Coube aos meios de comunicação alternativos oferecer uma cobertura decente e proporcional ao tamanho das paralisações e mobilizações da última sexta-feira. Apenas para ficar em um dos exemplos mais expressivos, a Mídia Ninja utilizou seus canais nas redes sociais para distribuir, ao longo de toda a sexta-feira, um rico conteúdo das manifestações, que incluía, principalmente, vídeos e fotos, com registro de paralisações em mais de 20 cidades, incluindo diferentes categorias: metroviários, rodoviários, professores, estudantes, trabalhadores da limpeza urbana, e muito mais. Vale destacar que, ao contrário da cobertura televisiva, onde as filmagens se deram com distanciamento, partir do topo de edifícios ou do alto dos helicópteros, a cobertura da Mídia Ninja se dá diretamente das manifestações, abrindo espaço para falas dos trabalhadores e capturando uma dimensão mais orgânica do significado desses atos. O portal Brasil de Fato também publicou dezenas de matérias e postagens destacando a abrangência das paralisações em todo o país.

Esse contraponto só reforça uma conclusão inevitável: a grande imprensa só não cobriu o Dia Nacional de Greve porque não quis. Ou melhor, porque tratou-se de uma deliberada decisão editorial de ignorá-lo e, com isso, alienar ainda mais o conjunto da sociedade sobre o debate do presente e do futuro do país. Não há democracia sem mídia democrática. E, sem democracia, não se constrói um país justo. Re-existir sempre, calar jamais!

*Pedro Rafael é jornalista, mestre em comunicação pela Universidade de Brasília (UnB) e secretário-executivo do FNDC, onde o site publicou originalmente o artigo. Colaboraram Bia Barbosa e Renata Mielli.

sexta-feira, fevereiro 26, 2016

Quantas redes sociais são necessárias para preencher o nosso vazio existencial?


Por Leandro Karnal, no portal Raízes

Eu acredito que nós estamos gritando desesperadamente para sermos observados. Eu acredito que nós estamos nos sentindo muito solitários. Eu acredito que nós potencializamos o eu, mas atomizamos, se preferirmos a metáfora física. Ou capilarizamos, se preferirmos a metáfora biológica.

Nós temos, desde a invenção da imprensa, no século 15, na Alemanha, a invenção da grande imprensa, nos século 19 e 20; a televisão, no século 20, o rádio no século 20. Nós temos um crescimento gigantesco na capacidade de comunicação com o grande público. Ainda estamos lidando com estes fatos, mas sem sombra de dúvida as pessoas estão dando opinião de tudo e isso é um bom exercício.

A pergunta é se alguém está ouvindo a opinião alheia, se alguém está lendo a dos outros? Se eu tiver 35 grupos de WatsApp: família, amigos, emprego, festas, etc.; se eu tiver três contas no Instagram; se tiver quatro contas no Face, inclusive um fake para sacanagem. Se tiver tudo isso, quem eu estou lendo de fato, se o meu tempo é consumido pela atualização destas questões?

Eu, como pessoa mais velha, assisti ao nascimento do celular, assisti ao nascimento do computador pessoal, ouvi tocar o primeiro celular em sala de aula. Os jovens não sabem disso, mas não havia celular antes. Eu sei que essa ideia é… é uma ideia muito extraordinária. E como dizem algumas alunas:

– Eu não posso desligar, professor, eu tenho filho.

Como será que nossas mães nos criaram sem o celular? Minha preocupação não é com a tecnologia. Uso o celular e gosto muito, ele é útil, e ele resolve muitas coisas para mim. A minha preocupação não é tirar ou reforçar o celular, é secundário… A minha preocupação é quem sou eu que preciso estar presente em tantos personagens, em tantos lugares, para que tanta gente me veja?

Quando eu falo, às vezes, na televisão, e essa televisão tem interação via redes sociais, eu tenho a sensação que ninguém me escuta, eu tenho a sensação que muitos telespectadores estão casados comigo; não me escutam e não temos sexo. Ou seja, é um casamento absoluto. Eu tenho a sensação que cada um emite a sua opinião imediatamente quando identificam que eu disse alguma coisa. E graças a isso vão mandando mensagens. Mandando mensagens… A participação é muito boa e quando eu escuto, interajo, ela é fundamental.

Nós temos a chance de uma virada. Vou usar uma palavra mais difícil: epistemologia do século 21 em que o conhecimento atingiu um novo patamar de validação. Temos a chance, mas isso ainda não ocorreu. Nós não estamos brilhantes ou mais produtivos do que há trinta anos. Apenas estamos incrivelmente mais ocupados com o mundo virtual. Eu saí com uma profissional de arquitetura que fazia um trabalho pra mim e ela sentou comigo para jantar e discutir um problema de reforma; ela atendeu o celular. Eu fiquei esperando. Certamente era algo grave. Começamos a conversar, ela atendeu novamente. Eu esperei. Certamente era algo gravíssimo que impedia a nossa reunião. Na terceira vez, tocou o celular. Era eu ligando para ela. E dizendo para ela: já que você prefere pelo celular, vamos ter a reunião assim. E tivemos. E foi uma reunião produtiva. E o celular dela não tocou mais. Porque nós tivemos (a reunião).

É uma questão de escolha. Me preocupa que a realidade virtual se sobreponha à realidade real. Me preocupa isso. Mas é provável uma preocupação de idade. Não que seja uma preocupação de criança ou jovem. Isso vai passar. Me preocupa que realmente a fala reflexiva que é o tom da fala de Hamlet tenha desaparecido. E a fala informativa esteja dominando. Como diz um filme sobre a dificuldade de Shakspeare. O problema de Shakspeare é que ele nunca diz: vai daqui prá lá. Shakspeare diz: “Toma das asas de mercúrio e passa deste ponto àquele outro onde o sol se põe”.

As metáforas, as interpolações, os adjuntos, os apostos, os vocativos shakspearianos tornam complicadas as frases reflexivas. Porque a frase reflexiva pressupõe pensar no que estou dizendo. E quando eu penso no que estou dizendo, curiosamente, eu digo menos, que é mais significativo. Quando eu não penso no que estou dizendo eu digo mais coisas porque elas perderam o sabor.

E se tornam num quilo. Apesar do restaurante por quilo ser uma maravilha ele reduziu todos os alimentos a um mesmo sabor. O chuchu, a vitela, o purê, o milho, a alface, todos têm o mesmo gosto. E se não são os onze quando são colocadas, três, pelos menos, certamente têm o mesmo sabor. As pessoas põem um pouco de cada como se fizesse qualquer diferença o frango, o peixe ou a carne. E escolhem a ervilha como quem escolhe pérolas, uma por uma e colocam, delicadamente, no seu prato. Eu fico pensando, é tão sem graça essa comida. Eu tenho que ter muito cuidado ao comer pra me sentir comendo alguma coisa. Ou seja, quando eu não tenho sabor nas coisas que eu vivo e faço eu multiplico as coisas que eu vivo e faço. E falo mais e saio mais e faço mais festas e tenho mais amigos, viajo e não paro de viajar, porque como eu não consigo estar comigo, quero estar em todos os lugares do mundo.

Eu não tolero estar na minha casa. Sou pensativo, então eu tenho que estar no estresse do aeroporto. E visitando. Você foi à Argentina, foi à Buenos Aires, foi à Córdoba? Você conhece Salta? Ah, Salta eu não conheço. Então vamos à Salta neste momento. Agora eu fui a Salta. E a Patagônia? E Mal Del Plata? Ou seja, é uma vida. Uma vida para rodar, rodar, até que fique tão longe que eu perca a consciência de mim mesmo. Por isso que nós viajamos mais do que jamais viajamos no passado. Porque nós não vemos mais nada. E batemos fotos que vão para o computador e não vão ser vistas por ninguém ou você envia cópias para dez mil pessoas que não vão ver ou vão ter inveja de eu estar viajando e vão responder apenas: kakakaka.

Ou seja, este é o vazio que o Hamlet estranharia, já que o Hamlet faz toda a peça dele, a mais reduzida de todas, num único espaço da corte. Num único espaço de Elsinore, em salas do palácio e dali apenas, eles falam de uma viagem à Inglaterra, de navio e de uma ida a Paris. Mas toda peça se passa ali, porque a casca de noz de Hamlet é suficiente reinado; é suficiente para ele.

*Leandro Karnal é um historiador brasileiro, atualmente professor da UNICAMP na área de História da América.

quinta-feira, fevereiro 11, 2016

Jornalista afirma que Lula é um mito que seus inimigos querem matar




Por Tereza Cruvinel, sob o título "Lula: matar o mito para encerrar o ciclo", no Brasil 247

Quando Juscelino Kubitscheck morreu, em 1976, viu-se que deixou uma fazendinha em Luziânia e um apartamento no Rio de Janeiro. E, no entanto, nos anos que se seguiram ao golpe de 1964, a ditadura forjou a lenda de que fora cassado porque era corrupto e roubara muito durante a construção de Brasília. JK foi cassado porque era o mito eleitoral e político daquele tempo, o candidato mais forte às eleições presidenciais que estavam marcadas para 1965. O triunfo da nova ordem política erigida pelos militares exigia a destruição do mito JK, o presidente que mudara a face do Brasil acelerando a industrialização e interiorizando a capital. Mataram o mito. Depois, o pleito de 1965 foi desmarcado e os brasileiros só votaram novamente para presidente em 1989. Para visitar a cidade que criara, ele vinha a jantares clandestinos organizados pela amiga Vera Brant.

Na segunda morte de JK, a morte física em 1976, estudantes, candangos e centenas de brasilienses acompanharam o féretro da Catedral até o cemitério Campo da Esperança cantando o "peixe vivo" e gritando "abaixo a ditadura". Foi a primeira grande manifestação política de que participei.

Antes de JK, a caçada a outro mito também relacionado a mudanças sociais e econômicas de viés popular, havia terminado com o suicídio de Getúlio Vargas, que com o tiro no peito adiou em dez anos o golpe de 1964.

Há uma clara semelhança entre o assassinato político de JK pela ditadura e a caçada Lula para abrir caminho a uma troca de guarda no poder. Para colocar um fim à ordem política instaurada pelo PT com a chegada de Lula à presidência em 2002 é preciso acabar não apenas com a ideia de que os governos petistas promoveram os mais pobres à cidadania, reduziram a desigualdade, resgataram milhões da miséria e mitigaram, com políticas afirmativas a nossa dívida histórica para com os negros e afrodescendentes. É preciso apagar a ideia de que a Era Lula produziu um invejável ciclo de crescimento e instaurou, com Celso Amorim, uma política externa altiva que garantiu ao Brasil uma projeção internacional sem precedentes. Não basta também apenas a desqualificação eleitoral do próprio PT, por erros cometidos e por erros que são do sistema político. É preciso destruir o mito projetado por estas mudanças, o mito Lula.

Em janeiro, afastada das lides diárias do jornalismo, acompanhei de longe a abertura da temporada de caça a Lula. O que se prenunciava desde o início do ano ficou claro em 27 de janeiro com a Operação Triplo X, que a pretexto de investigar lavagem de dinheiro pela OAS através da venda de apartamentos no Edifício Solaris, mirou Lula e o tríplex que ele cogitou comprar mas nunca adquiriu. De lá para cá os caçadores se espalharam e se armaram, obtendo agora do juiz Sergio Moro a autorização para abrir um inquérito específico destinado a investigar se as empreiteiras beneficiaram Lula ilegalmente através de obras num sítio de amigos de sua família.

Se Lula não tem um tríplex, o crime estará em ter pensando em possuí-lo? Há muitos meses eu o ouvi contar a amigos o que dissera a sua mulher Marisa para que desistissem do apartamento e resgatassem o valor da cota já pago. "Marisa, eles nunca vão nos aceitar como vizinhos num prédio como aquele. Não vão querer andar de elevador com a gente. Vamos desistir disso antes que comecem os aborrecimentos". Era tarde, vieram mais que aborrecimentos. Vieram acusações difusas, sem forma clara, sem fundamentos sólidos mas corrosivas para o mito. O "tríplex do Lula" passou a existir no imaginário popular, embora não exista na escritura.

Agora, com o novo inquérito, querem provar que o sítio de Atibaia não é de seus donos, mas de Lula. E que empreiteiras investigadas pela Lava Jato investiram nele numa forma indireta de pagar propina ao ex-presidente. É isso que querem provar, embora não digam. Mas no imaginário popular a narrativa já colou. Outra ferida no mito.

Feri-lo porém não basta. A destruição de um mito exige mais, exige sua completa humilhação, exige a retirada de toda e qualquer aura de veneração e respeito. Para isso será preciso processar, condenar, trucidar. Será preciso prender Lula. É a este ponto que desejam chegar os caçadores de Lula, para que nada reste da admiração pelo presidente que saiu da miséria extrema do Nordeste, tornou-se operário, liderou greves, fundou um partido, aceitou as derrotas e um dia venceu a eleição presidencial, tornando-se o presidente brasileiro mais popular internamente e o mais conhecido e respeitado lá fora. "O cara", como disse Obama, precisa ser reduzido a pó.

Lula talvez tenha subestimado a sanha dos caçadores e se atrasado na defesa. Certamente cometeu alguns erros na estratégia de defesa. Do PT combalido, pouco pode esperar. Mas certamente algo ainda espera dos que ainda acreditam nele. Se planeja em algum momento denunciar à sua base política e social a natureza política da caçada que enfrenta, o momento chegou. A hora é de crise para todos e isso não favorece reações populares. Mas ainda que seja como prestação de contas aos que o levaram à glória e assistem à sua destruição sem ouvir um chamado, Lula precisa fazê-lo.

sexta-feira, janeiro 01, 2016

"Aécio da Argentina" altera leis para pagar "Globo Argentina"



No blog do Miro, sob o título "Macri presenteia a Globo da Argentina".

O presidente argentino Mauricio Macri, que governa por decretos como um velho ditador, retribuiu o enorme apoio dado à sua eleição pelo Grupo Clarín – um império midiático similar ao da Globo no Brasil. Na véspera da virada do ano, ele extinguiu os dois órgãos responsáveis pela democratização da mídia no país vizinho: a Autoridade Federal de Serviços de Comunicação Audiovisual (AFSCA) e a Autoridade Federal de Tecnologias de Informação e Comunicação (AFTIC). Em êxtase, O Globo desta quinta-feira (31) festejou: “Dando sequência à revisão e extinção de uma série de políticas e condutas adotadas durante os 12 anos de kirchnerismo na Argentina, o presidente Mauricio Macri eliminou, por decreto, os dois órgãos que regulavam os monopólios nos meios de comunicação”. 

As duas entidades reguladoras foram criadas em decorrência da “Ley de Medios”, aprovada pela Assembleia Nacional e sacramentada pela Corte Suprema após longos anos de debates no país e de confrontos com os conglomerados, em especial com o Grupo Clarín. Em seu lugar, o presidente mafioso criou a “Entidade Nacional de Comunicação” (Enacom), que eliminará a participação da sociedade civil e será hegemonizada pelos barões da mídia. Marcos Peña, chefe do gabinete presidencial, também já anunciou que “o governo impulsionará uma nova lei conjunta dos meios de comunicação para pôr fim à Lei de Meios, que limita as licenças no país” – aplaude, novamente, o jornal da famiglia Marinho, que goza de tantas concessões ilegais de rádio e tevê no Brasil.

No maior cinismo, o aspone do ditador justificou as medidas truculentas que servem ao Grupo Clarín. “Há mais ou menos sete anos, iniciou-se uma guerra contra o jornalismo, sempre motivada por uma visão fechada e autoritária da democracia. Aquele que não se submetesse às vontades do Estado deveria ser combatido, marginalizado e perseguido de várias maneiras. Começa agora uma política do século XXI. Hoje, por decisão de Macri, termina a guerra contra o jornalismo na Argentina. Acreditamos que o jornalismo deve ser crítico. Não haverá, agora, veículos amigos e inimigos. Não acreditamos nos monopólios da economia”, esbravejou Marcos Peña, chefe de gabinete de um governo controlado pelos rentistas e monopólios argentinos. Pausa para as gargalhadas!

Na semana passada, Mauricio Macri já havia determinado, também por decreto, a remoção dos diretores das duas agências. Como eles se recusaram a deixar seus postos, forças policiais executaram a ordem de despejo. Mas o novo presidente argentino – também batizado de “presidente do Clarín” – deve enfrentar resistências na sua ação em favor dos monopólios midiáticos. Na semana retrasada, mais de 15 mil pessoas realizaram um primeiro ato em defesa da “Ley de Medios” em Buenos Aires. Como denunciou Martín Sabbatella, da extinta AFSCA, “Macri odeia a democracia e as instituições. Por isso ignora o Congresso e governa com DNU (decreto de necessidade e urgência), decisões judiciais cúmplices e blindagem midiática... A Casa Rosada é o bunker das corporações”. 

Os argentinos, mesmo os que votaram iludidos no presidente mafioso, não aceitarão passivamente as suas investidas contra a democracia. A temperatura da luta de classes no país deverá esquentar nos próximos meses. Nem a blindagem do Clarín garantirá paz e tranquilidade a Mauricio Macri. O jornal O Globo e o restante da mídia nativa, que vibraram com o revés do kirchnerismo – como se ele fosse, inclusive, uma prévia da derrota do chamado lulopetismo –, também terão muitas dificuldades para defender o novo ditador da Argentina. A conferir!

sexta-feira, julho 10, 2015

Papa critica concentração na mídia



A visita do papa Francisco à Bolívia nesta semana deve ter desagradado os barões da mídia. Não é para menos que vários veículos tentaram desviar a atenção destacando o factoide do "crucifixo comunista" dado de presente ao pontífice pelo presidente Evo Morales. Num dos discursos mais incisivos do seu papado, ele disse: "A concentração monopolista dos meios de comunicação social que pretende impor padrões alienantes de consumo e certa uniformidade cultural é outra das formas que adota o novo colonialismo. É o colonialismo ideológico. Como dizem os bispos da África, muitas vezes pretende-se converter os países pobres em ‘peças de um mecanismo, partes de uma engrenagem gigante".

No seu conjunto, o discurso do papa foi bastante enfático. Ele tratou da mídia ao abordar as variadas formas do colonialismo na atualidade. "Às vezes, é o poder anônimo do ídolo dinheiro: corporações, credores, alguns tratados denominados 'de livre comércio' e a imposição de medidas de 'austeridade' que sempre apertam o cinto dos trabalhadores e dos pobres... Noutras ocasiões, sob o nobre disfarce da luta contra a corrupção, o narcotráfico ou o terrorismo – graves males dos nossos tempos que requerem uma ação internacional coordenada – vemos que se impõem aos Estados medidas que pouco têm a ver com a resolução de tais problemáticas e muitas vezes tornam as coisas piores".

Esta não é a primeira vez que o papa Francisco crítica a mídia monopolista. Em março de 2014, ele já havia apontados alguns "pecados" da imprensa. Numa audiência para as emissoras católicas da rede Corallo, o pontífice afirmou: "Hoje o clima midiático tem suas formas de envenenamento. As pessoas sabem, percebem, mas infelizmente se acostumam a respirar da rádio e da televisão um ar sujo, que não faz bem. É preciso fazer circular um ar mais limpo. Para mim, os maiores pecados são aqueles que vão na estrada da mentira, e são três: a desinformação, a calúnia e a difamação”. 

Naquela ocasião, a mídia internacional e nativa também abafou as críticas do papa. Como ele mesmo havia realçado, um dos maiores "pecados" da imprensa é a desinformação. "A desinformação é dizer as coisas pela metade, aquilo que é mais conveniente. Assim, aquele que vê televisão ou ouve rádio não pode ter uma opinião porque não possui os elementos necessários". Agora, novamente, jornais, revistas e emissoras de rádio e tevê ofuscam suas reflexões mais profundas e destacam apenas alguns factoides. Se existir inferno, os barões da mídia já terão o seu lugar reservado ao lado do capeta!

domingo, julho 05, 2015

Golpe: Todo mundo sabe ou deveria saber o que está acontecendo no Brasil

Eles já estiveram no poder e há 4 eleições são rejeitados pelo voto dos brasileiros. Por isso, juntaram-se às 7 ricas e poderosas famílias, que controlam a mídia no Brasil e decretaram: O PT tem que cair, de qualquer jeito, para voltarmos.

Todo mundo sabe que o esquema de corrupção nas Estatais brasileiras, como a PETROBRAS, não começou com o governo Lula e só está sendo investigado com Dilma, por seu governo ser o que mais permitiu a polícia federal e todos os demais órgãos de fiscalização e controle irem à fundo, investigar e indiciar, todos que estiverem envolvidos em processos criminosos, doa a quem doer, como ela mesmo disse. Mas é ela e seu partido que levam a fama de corruptos.

Todo mundo sabe que os partidos com mais ficha sujas no Brasil não é o PT, mas é ele que leva a fama de ser o mais corrupto.


Todo mundo sabe que a Globo e várias empresas de mídia esportiva, envolvidas em negociações com a FIFA e a CBF, estão até o pescoço comprometidas com as maracutaias que as investigações internacionais começam a descobrir, mas é o PT e o governo federal que estão na mira dos meios de comunicação.

Todo mundo sabe que a inflação, o desemprego, a desigualdade e a crise econômica dos governos do PMDB e PSDB eram muito maiores do que nos governos do PT, mas a insistência em negar o passado e demonizar o presente, faz com que muitos brasileiros esqueçam ou deixem-se levar pela mentira e omissão do jornalismo partidário, que com patifaria, parcialidade e seus interesses escusos, tem sido praticado na cara dura, no Brasil.

Todo mundo sabe que a PETROBRAS não está falida, pelo contrário, nunca esteve tão produtiva e batendo recorde atrás de recordes de produção e por isso mesmo, se torna cobiçada pelos grandes capitalistas, que usam compram senadores, deputados e os donos da mídia, para destruírem a imagem da empresa, para assim como foi feito com a VALE, ser entregue a preço de banana para a iniciativa privada, levando o lucro certo e líquido do PRÉ-SAL, para as contas da iniciativa privada.



Todo mundo sabe que o PSDB não aceita a quarta derrota consecutiva e os demais partidos da direita, estão sendo extintos no Brasil. Por isso, sua sobrevivência agora é tida como: matar ou morrer. 

Por causa disso, vemos bandeiras racistas, homofóbicas, xenófobas, violentas e fascistas estimulando o ódio, a vingança, o medo e o banimento social e cultural de segmentos historicamente excluídos, que só na última década é que começaram a ser respeitados pelo Estado brasileiro. Ainda falta muito e por isso, não dá para ariscar retroceder com o tal revessamento, imposto sem que seja pela vontade popular, ou seja, pelo voto.

Todo mundo sabe e ninguém precisa se alongar para explicar que a direita não liga para os desempregados, quanto mais, melhor, pois a mão de obra fica ainda mais barata. A mesma coisa acontece com os falsos pastores que usam emissoras de televisão para vender a salvação, sendo que em nenhuma religião, ela está à venda.



Todo mundo sabe e ninguém quer mais saber, que o Brasil pode até não ser um país perfeito (qual que é?), mas também nunca esteve tão bem, com tantas pessoas podendo estudar, criticar, protestar e até mesmo discordar, de qualquer coisa que conheça ou não. 

Só não dá para dizer que, seja pelo Congresso ou pela Justiça, se a presidente eleita pela maioria do povo brasileiro, sofrer um golpe, as coisas irão melhorar. Isso podes ter certeza que não!

Quem sempre lutou contra a exploração, pelos direitos e melhorias sociais e econômicas, que só a democracia pode permitir, não deixará com que isso tudo seja perdido.

Todo mundo sabe que quem perde uma eleição, tem que aceitar a derrotar e agir como oposição e não virar situação, pelas vias da confusão. O PSDB e o setores fisiológicos do PMDB precisam aceitar as regras eleitorais, forjadas pela Constituição de 1988.


Aos brasileiros cabe a reflexão séria, a leitura cuidadosa do que é dito e mostrado pela imprensa e o raciocínio do que realmente está em jogo, quais são os interesses dos jogadores e quem assumirá o comando, caso a vontade dos eleitores seja transgredida.

Todo mundo sabe ou deveria pensar e saber, o que está acontecendo no Brasil e fundamentalmente, o que está em jogo e por de trás de cada notícia divulgada através dos jornais, revistas ou programas de rádios e TVs: É daí que vem o controle ideológico e a tentativa de fazer o povo comprar tudo que eles vendem, principalmente, o que querem que a gente pense que é verdade e todos nós sabemos, que nem tudo é.

Que tal continuarmos nos falando no twitter?

segunda-feira, junho 22, 2015

PT está velho e perdeu utopia, diz Lula, que prega 'revolução' na sigla

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (à esq.) e o ex-primeiro-ministro da Espanha, Felipe González
Na Folha.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pregou, nesta segunda-feira (22), uma "revolução" no PT e afirmou que a sigla tem os vícios de todo partido que cresce e chega ao poder.

"Não sei se o defeito é nosso, se é do governo. O PT perdeu a utopia", afirmou.

Lula disse ainda que os correligionários "só pensam em cargo, em emprego, em ser eleito", em referência a cargos no governo federal e disputas eleitorais.

"Nós temos que definir se queremos salvar nossa pele, nossos cargos, ou nosso projeto", discursou ele, durante seminário "Novos desafios da democracia" promovido pelo Instituto Lula com a presença do ex-primeiro-ministro espanhol Felipe González.

Filiado ao PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), ele foi convidado a falar sobre a experiência de seu partido ao se reerguer após denúncias de corrupção. A sigla ficou nove anos fora do poder na Espanha até conseguir voltar ao governo, quando José Luis Zapatero foi alçado ao cargo de primeiro-ministro (2004-2011).

'AFLIÇÃO POLÍTICA'

González disse acreditar na possibilidade de o Brasil implementar medidas anticíclicas. Segundo ele, o ajuste fiscal praticado pelo governo Dilma Rousseff vai durar cerca de um ano. Avalia, porém, que o Brasil tem "muita capacidade de investimento que pode ser concretizado neste momento".

"Eu entendo a aflição que existe [no Brasil]. Acredito que seja mais por motivo político do que pela situação econômica."

O evento foi aberto pelo presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, convocado a prestar depoimento à CPI da Petrobras na Câmara para explicar as doações de R$ 3 milhões feitas ao instituto pela empreiteira Camargo Corrêa, investigada no esquema de corrupção da Petrobras.

Em sua fala, Okamotto questionou a democracia no Brasil e disse que as redes sociais a "complicam". Ele definiu democracia como "exercício solitário de pensar o que é bom para as pessoas" e disse que fica "com uma grande pulga atrás da orelha" sobre como consolidá-la no país.

"Estamos muito distantes do mundo desenvolvido, do mundo rico", afirmou.

Segundo ele, a "democracia está ainda mais complicada" com o advento das redes sociais. Okamotto apontou o apoio popular à redução da maioridade penal e o fracasso da reforma política como ameaças.

"Todo mundo quer uma classe política melhor. Mas essa reforma política, para mim, é uma decepção", discursou.

INTERNACIONAL

Participante do encontro, o ministro da Educação, Renato Janine, afirmou que governos eleitos estão "sofrendo fortes ataques" na América Latina. E perguntou a González sua opinião a respeito.

O espanhol –um dos críticos do governo Maduro– respondeu que um governo que não respeita as forças políticas de seu país perde a legitimidade, as eleições e a natureza.

Questionado especificamente sobre sua viagem a Venezuela, González disse que está "preocupado" com a crise enfrentada pela Venezuela porque acha improvável que o governo esteja aberto ao diálogo. "Não acredito em conspiração internacional golpista para derrubar os governos", disse.

Ele disse ainda que está preocupado com ondas de intolerância no Brasil. "Vejo sinais de intolerância. Fico preocupado porque o Brasil é um país de tolerância, de convivência."

Ao lado de González, Lula também criticou o assassinato do ditador Sadam Hussein. "Alguma vez ele te causou problema?", perguntou a González.

A programação original não previa um discurso de Lula –o petista pediu a vez quando o tema foi imprensa. Ao ouvir o debate sobre Venezuela, Lula mandou um bilhete para a assessora Clara Ant, que presidia a mesa, avisando a intenção de falar.

"Nem tem muita oposição aqui. A oposição [no Brasil] é pela imprensa", disse ele, defendendo a regulamentação da mídia e afirmando que "nove famílias controlam" o setor no país.

terça-feira, junho 02, 2015

Belém convida o ativismo digital brasileiro para o II AmazonWeb

Por do Sol na orla da Baia do Guajará, em Belém do Pará. 

Belém é uma megalópole fincada no seio direito da amazônia brasileira, que traz a contradição no corpo e n'alma de seu povo, tanto os herdeiros dos nativos, quanto dos que fizeram deste solo, frutífero e de clima tropical que queima e umidifica, seu habitat surreal. 

Se o asfalto encobriu as pedras portuguesas trazidas pelos invasores que colonizaram a cidade e ergueram estranhas catedrais, sob os escombros das ocas tribais que aqui vivam em paz, com a mãe natureza, o mangue sucumbiu primeiro.

As centenárias mangueiras que adornam e fazem a sobra que alivia o calor do centro da pólis, com suas peças trazidas da Europa, quando o ciclo da borracha era pulsante e ostentava riquezas e caprichos dos burgueses, ainda que velhas, trazem o charme para os poucos quilômetros por onde a berlinda desliza no mar de gente que toma suas principais avenidas, todos os meses de Outubro, onde milhões de rezadores em busca de seus milagres e rendendo agradecimentos em forma de promessas, inundam a cidade que exala maniva, tucupi e outros ingredientes indígenas, que hoje encantam os chefs da alta culinária internacional.   

Em meio ao espetáculo da natureza (física e humana) e do caos urbano, Belém será novamente palco do II AmazonWeb, o Fórum do Ativismo Digital da Amazônia.

Saiba o que foi e conheça A Carta da Amazônia, aprovada no I AmazonWeb.




Para quase metade dos brasileiros, imprensa é pessimista

Florestan: Minha dúvida é saber quem vai acabar primeiro: a indústria da comunicação ou o partido que eles tanto odeiam.

Confira o artigo "Ibope confirma terrorismo da mídia" no blog do Altamiro Borges.

O Ibope Inteligência publicou na semana passada os resultados de uma pesquisa que comprovam o poder destrutivo da mídia nativa. O instituto sondou a percepção dos brasileiros sobre a realidade do país. Quase a metade dos entrevistados afirmou estar pessimista com o futuro. O interessante é que a maioria demonstrou profundo desconhecimento sobre a economia, o que levou o insuspeito Ibope a concluir: “Os veículos de comunicação podem ter culpa no sentimento de pessimismo dos brasileiros: 41% acham que a imprensa mostra uma situação econômica mais negativa do que o próprio entrevistado percebe no seu dia a dia, contra 28% que discordam dessa posição”.

Segundo matéria postada no site do instituto na sexta-feira (29), 48% dos sondados “dizem que estão pessimistas com o futuro do Brasil. Os otimistas somam 21%, enquanto 28% não estão nem otimistas nem pessimistas e 2% não sabem ou preferem não responder. Os entrevistados também foram questionados quanto às áreas nas quais o país tem os maiores problemas. A saúde aparece em primeiro lugar, quando somadas às três principais menções dos entrevistados, com 61% das citações. Na sequência estão segurança/violência (37%), drogas (35%), educação (34%) e combate à corrupção (27%)”. Até ai nada de anormal. Afinal, o Brasil não é mesmo um paraíso e padece de inúmeros e crônicos problemas.

O interessante é quando o Ibope pergunta sobre desemprego ou inflação. Demonstrando total desinformação, “boa parte dos brasileiros (43%) acha que a inflação atual é maior do que era no governo de Fernando Henrique Cardoso, contra apenas 22% que pensam o contrário. No fim de 2002, último ano de FHC na presidência, o IPCA foi de 12,5% [bem superior ao do governo Dilma]. A maioria dos brasileiros também desconhece a atual taxa de desemprego do país, que foi de 6,4% em abril”. No triste reinado dos tucanos, o desemprego bateu recordes, beirando os 20% da População Economicamente Ativa. Daí a conclusão do Ibope de que a mídia “pode ter culpa no sentimento de pessimismo dos brasileiros”. Pode?

No governo neoliberal de FHC, jornalões, revistonas e emissoras de rádio e tevê bajularam a política econômica rentista e justificaram os altos índices de desemprego, a regressão trabalhista e o congelamento dos salários. Já nos governos Lula e Dilma, as manchetes sempre são terroristas. Os urubólogos de plantão – alguns deles com notórias ligações com os abutres do capital financeiro – só realçam os aspectos negativos e escondem os avanços na geração de emprego e renda e nas políticas sociais nos últimos 12 anos. Esta onda terrorista amplia o pessimismo na sociedade e afeta o próprio crescimento da economia. Ela atinge inclusive as empresas de comunicação, que perdem anunciantes e demitem jornalistas.

A opção pelo terrorismo econômico é política – em detrimento dos próprios negócios empresariais. Como observou o jornalista Florestan Fernandes Júnior, em postagem em sua página no Facebook nesta segunda-feira (1), esta linha editorial chega a ser suicida. Vale conferir seu texto:

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Segundo o Ibope: 41% dos brasileiros acham que imprensa mostra uma situação econômica mais negativa do que a realidade. Pra não entrar na TPN (tensão pré-noticia) agora sou seletivo no que vejo, leio e escuto. Revistas e jornais, dou uma folhada rápida, rádios só de música, telejornais o Repórter Brasil, o do Heródoto Barbeiro na Record News e às vezes o Jornal da Record. Passeio o dia inteiro pelos portais rindo das manipulações grotescas de alguns deles. 

Nossa imprensa faz tempo abriu mão do bom jornalismo, de maneira geral virou panfletária e presta um desserviço para a Nação. A boa informação é um direito do cidadão em qualquer país civilizado do planeta, menos aqui. Os senhores da comunicação estão atirando no próprio pé, o pessimismo alardeado por eles levou a um corte nas campanhas publicitarias. Resultado: demissões em massa nas redações, empresas de comunicação fechando ou sendo vendida para igrejas evangélicas. Minha dúvida é saber quem vai acabar primeiro: a indústria da comunicação ou o partido que eles tanto odeiam.

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quarta-feira, maio 27, 2015

Líder da juventude pró-impeachment 'ensina' como ser um ativista liberal



Ele é um dos expoentes do movimento que pede o 'fechamento' do PT, o impeachment de Dilma e vive criando polêmicas, mas o texto publicado na internet, me chamou a atenção e resolvi trazê-lo pela primeira vez aqui neste espaço democrático e plural. 

Com vocês, um artigo que eu até duvido que seja dele, mas vamos lá!

Radicalismo na teoria = pouco resultado prático, por Kim Kataguiri*, no site do Movimento Brasil Livre

Se há uma lição que aprendi tentando propagar o liberalismo, é a de que o meio é muito mais importante que a mensagem. Não interessa o quão boas sejam suas ideias, se o meio escolhido para transmiti-las não for eficiente, elas não irão prosperar. Se as pessoas dessem grande importância para dados concretos e bons argumentos, a esquerda teria, no máximo, alcançado o poder apenas uma vez em toda a História.

A quantidade de pessoas que se interessa por complexas teorias político-econômicas não chega a 0,001% da população mundial. Tente parar num ponto de ônibus e explicar a teoria austríaca do ciclo econômico. Vão rir da sua cara e achar que você é louco. Não importa se aquilo é verdade ou se interfere diretamente na vida daquelas pessoas. Elas não estão interessadas. Primeiro porque o meio deve ser muito bem pensado, atender a uma série de critérios, segundo porque a mensagem deve ser simples.

E é por isso que se envolver em discussões intermináveis sobre hipóteses que os debatedores jamais verão na realidade é uma completa perda de tempo. Ainda mais no momento em que se encontra o nosso país atualmente. “O quão pequeno o Estado deve ser?”, “Quem defende um Estado de tal tamanho é socialista!”, blah, blah, blah... qualquer pessoa comum já estaria no sétimo sono em menos de dois minutos de discussão. Concorda que nossa situação é preocupante e que o Estado deve ser diminuído? Ótimo! Vamos discutir como diminuí-lo na prática e em meios atrativos de atrair pessoas para a nossa causa.

É claro que deve haver debate e que a mensagem a ser transmitida é importante. A questão é que se alcança muito mais se pensando no meio do que na mensagem. Só há duas regras para se escolher uma mensagem: a primeira é que ela deve ser simples, porque, como já disse, a grande maioria das pessoas não se interessa por teorias complexas. A segunda é que os que forem transmiti-la devem concordar com ela. Isso significa que se você for trabalhar com um grande número de pessoas e houver uma quantidade significativa de divergências ideológicas entre elas, deve-se alcançar um common ground. Sendo assim, a mensagem deve ser algo razoável, caso contrário não conseguirá o apoio de diferentes setores da sociedade.

Por outro lado, na hora de se escolher o meio, uma série de fatores devem ser levados em consideração. Quanto ele custa? Quantas pessoas vai alcançar? Qual a probabilidade de que ele popularize a mensagem? Quantas pessoas são necessárias para utilizá-lo? Quanto trabalho ele dará? Esses e muitos outros questionamentos são essenciais. Defender a diminuição de impostos numa palestra de estrutura gigantesca é muito menos eficiente do que defender o aumento de impostos através de um pequeno show de rock. As pessoas dão mais importância para o que passa uma imagem mais cool, mais simples de entender. É claro que um debatedor liberal bem preparado humilharia qualquer defensor do aumento de impostos. Muitas vezes aquele que defende ideias estatizantes até sabe disso. E é exatamente por isso que ele pensa muito bem no meio. Duzentas pessoas defendendo o fim do Banco Central numa manifestação causam muito menos impacto que uma feminista mostrando os seios pelo fim do sexo masculino. E muito mais pessoas lerão as baboseiras que a feminista tem a dizer em matérias que cobrirão seu protesto solitário.

Não me entendam mal, não estou pedindo que mostrem os seios em prol do liberalismo. Só defendo que haja mais esforço no pensamento da prática, do meio. Mais trabalho, menos masturbação intelectual.

*Kim Kataguiri é coordenador nacional do Movimento Brasil Livre. 

segunda-feira, maio 25, 2015

Marcha dos riquinhos para em shopping, antes de chegar em Brasília para protestar

Um punhado de afortunados, que pelo jeito não precisam trabalhar, protestam contra o governo e pedem a saída de Dilma.

Vejam só como são as coisas!

Começou sendo chamada de marcha pelo Impeachment da presidenta Dilma e mudou de nome. Agora é a marcha anti-PT. 

Qualquer cidadão sério, não consegue entender como a mídia brasileira esconde marchas simbólicas e volumosas, como as que acontecem pela Reforma Agrária e pelo direito à moradia e exalta um grupelho de jovens - que pelo que tudo indica nunca precisaram trabalhar - em sua busca por notoriedade.

O jornal espanhou "El Pais", já havia traçado o perfil dos playboys, com a matéria "Não é uma banda de indie-rock, é a vanguarda anti-Dilma" e agora vemos a clara demostração do escárnio que ganha rapidamente espaço nos principais veículos de comunicação de nosso país.

Fique com a matéria "Após 1.000 km e acidente, marcha anti-PT chega ao Distrito Federal" de Aguirre Talento e Pedro Ladeira, na Folha.

Após quase 1.000 km a pé, de carro e de ônibus, a maior parte sob sol quente, cerca de 30 manifestantes da marcha contra a presidente Dilma chegaram ao Distrito Federal no domingo (24) para protesto na quarta (27) em Brasília.

O último trecho foi o mais tenso: um acidente entre dois carros na BR-060 atingiu dois manifestantes na noite de sábado (23) –sem gravidade.

Com roupas, relógios, tênis e acessórios de grifes caras e famosas, o grupo que pede o impeachment não esconde que é rico.

O grupo saiu de São Paulo em 24/4 com 23 pessoas, mas o número flutuou ao longo da marcha, concebida pelo Movimento Brasil Livre (MBL).

A Folha acompanhou o percurso entre as cidades de Abadiânia (a 97 km de Goiânia) e Alexânia (a 120 km de Goiânia), já perto do DF.

O grupo teve ajuda de carros de apoio e tem sido acompanhado por dois ônibus nas cidades. Usam camisetas verdes e amarelas, com frases pelo impeachment da presidente e criticando o PT, e levam bandeiras do Brasil.

Na estimativa do coordenador nacional do MBL, Kim Kataguiri, 19, o custo da marcha é de cerca de R$ 40 mil –segundo ele, bancados com contribuições voluntárias. Os integrantes dizem que não pagaram hospedagem, alojando-se gratuitamente com moradores, com a ajuda de membros locais do MBL.

ADESÃO

Em Goiás, ganharam o reforço de cerca de 15 pessoas, entre elas a médica Claudina Caiado, 36, prima do senador Ronaldo Caiado (DEM). Na opinião dela, Dilma "está acabando com o país" e cita o petrolão e o mensalão.

No sábado (23), saíram de Abadiânia sob o boato de um enfrentamento com um grupo de sem-terra que acampa às margens da estrada para Alexânia, mas nada ocorreu.

A poucos quilômetros de Alexânia, veio o acidente. Uma caminhonete bateu em um carro, cuja lateral atingiu o braço de Kim e arremessou a jovem Amanda contra um carro de apoio, com pancada na cabeça e sangramento.

Em um shopping, antes de chegar em Brasília, o grupo resolveu fazer o que mais gosta: Consumir o que podem.

O grupo caminhou alguns quilômetros de Alexânia para almoçar num shopping na beira da estrada. Na pausa, que durou três horas, alguns aproveitaram para comprar em lojas de marcas famosas. 


O blog pergunta: Alguma dúvida sobre quem financia os meninos do golpe? 

domingo, maio 24, 2015

Rômulo Maiorana: Mais um barão da mídia 'ficha suja' no senado?

Coluna do Totó do Orly, financiada pelo governo do Estado do Pará e seu "test drive" com nome de mais um ficha suja.


A constituição federal prega que políticos não podem ser donos de empresas de comunicação, mas o que vemos em nossa república é justamente o contrário. Para piorar, os barões da mídia tentam ingressar na política, através do uso dos seus veículos de imprensa, para aferir mais poder e lucro. 

É o caso do anúncio feito no jornal O Liberal, sobre a ambição de um dos herdeiros do sistema que controla rádios, jornais, portal e a TV afiliada da rede Globo no Pará. 

Não é a primeira vez que o empresário Rômulo Maiorana se lança pré-candidato, talvez interessado na imunidade parlamentar, o que poderia paralisar os inúmeros processos que se defende, por sua extensa ficha suja na Polícia Federal, Receita Federal e Ministério Público Federal, por inúmeros crimes contra o erário. 

Tudo isso sem nunca ter tido um único mandato político, imagina sendo senador! 

A malandragem está lançada!

quinta-feira, maio 21, 2015

Belém debate a democratização da comunicação



Um dos temas mais importantes da atualidade é o papel dos meios de comunicação de massas e a sua relação com os espaços de poder político.

Cada vez mais a sociedade vai se apropriando da consciência de que a comunicação tem que corresponder aos interesses coletivos e não servir aos interesses dos grandes grupos econômicos.

Isso fica ainda mais urgente por conta dos acontecimentos recentes, incluindo-se aí a movimentação pelo impeachment da Presidenta Dilma, nos quais ficou nítido o papel manipulador dos maiores meios de comunicação do Brasil, que atuam como um partido conservador, de orientação única, uma grande ameaça à democracia.

O Seminário acontecerá nesta quinta (21), às 17H na Câmara Municipal de Belém (Trav. Curuzu, 1755).

Entre os convidados, teremos o jornalista Altamiro Afonso Borges, blogueiro e presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé.

O evento é aberto, gratuito e terá certificado para todos os participantes. 

Vamos lá!

quarta-feira, maio 13, 2015

Radialista prega demissão de professores em greve



No dia em que a greve dos educadores do Estado do Pará completa 50 dias, o Centro de Integrado de Governo - CGI foi ocupado e um grupo de professores que pernoitaram no órgão. A iniciativa ganhou repercussão na mídia nacional e o local se transformou no novo“ringue” para um possível conflito entre o governo e manifestantes. Diante deste quadro, há quem suponha que a ocupação termine com a desocupação do prédio, através da força policial, tal como aconteceu em Curitiba-PR, enquanto que outros torcem para que o cansaço leve os professores para casa e a greve chegue ao fim de forma favorável ao governo.

Mesmo com os ânimos mais exaltados com as provocações, que tanto o governo, quanto o sindicato recebem de certos setores da mídia local, pude notar que hoje pela manhã, por exemplo, o radialista Nonato Pereira, do Sistema Marajoara de Comunicação, de propriedade do ex-governador Carlos Santos, entrevistou a secretária-adjunta da SEDUC, Ana Cláudia Hage que foi atiçada para que “radicalizasse” e “demitisse” os manifestantes grevistas, que segundo ele, estão “radicalizando” ao resistirem em voltar às salas de aula e ocupam prédios do governo.

Em certo trecho da entrevista o radialista alfineta: “O governo está demorando muito para tomar uma medida mais radical e até onde vai aguentar essa radicalização”. Por sua vez, a secretária chega a dizer que não pode radicalizar com eles (sindicato) e Nonato Pereira provoca: “Mas demitir não é radicalizar. É um medida enérgica. Não é como eles”. 

Com isso, Nonato Pereira demostra sua total ignorância sobre o fato legal de que servidores públicos que aderem às greves e faltam ao trabalho, não podem ser demitidos.

Por sua vez, a secretária-adjunta tenta justificar que há reação por parte do governo, que já está descontando os dias parados e ironiza: “Como é que eles vão conviver com o desconto que agora está judicializado"

Ao falar de judicialização, a representante do governo do Estado do Pará se referiu ao resultado da decisão da desembargadora Célia Regina Pinheiro, do Tribunal de Justiça do Estado, que indeferiu em decisão publicada nesta segunda-feira, 11, o pedido de liminar solicitado pelo Sindicato dos Trabalhadores da Educação Pública do Estado do Pará (Sintepp), sobre os descontos de dias parados de servidores em greve e a contratação de professores temporários pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc)

Com isso, a Justiça dá ganho de causa para a SEDUC e a SEAD, que descontou os dias parados dos grevistas e vem contratando profissionais de uma empresa terceirizada, alegando que precisa garantir as aulas aos alunos da rede pública de ensino.

Segundo a assessoria de imprensa do TJE, o mérito do pedido de abusividade da greve será apreciado posteriormente. A decisão das Câmaras Cíveis Reunidas manteve a ordem de retorno dos professores ao trabalho e a aplicação de multas, em caso de descumprimento da medida judicial em vigor desde o dia 14 deste mês, data em que a desembargadora Gleide Moura concedeu a liminar em favor do governo do Estado. No entanto, o SINTEPP recorreu e manteve a greve.

Sobre isso, o site da SEDUC traz a seguinte informação:

“A Procuradoria Geral do Estado entrou com ação de abusividade de greve alegando que o movimento havia sido deflagrado em meio ao processo de negociação entre o Estado e a categoria. Na sustentação, o procurador geral do Estado afirma que "a greve seria ilegal e abusiva à medida em que o Sintepp, além de aumentar as reivindicações a cada rodada de negociação e ter deflagrado a paralização em meio ao processo de negociação, ainda ocuparia ilegalmente prédios públicos e impediria os demais servidores estaduais de exercerem normalmente as atividades laborais, impossibilitando a sociedade paraense de fazer regular uso dos serviços públicos estaduais.

Os professores da educação pública estadual estão em greve desde o dia 25 de março deste ano. Eles reivindicam as lotações dos profissionais da educação na forma da legislação vigente, a retomada das discussões sobre o Plano de Cargos, Carreiras e Remunerações, além de publicação de cronograma das obras das 29 escolas que estão em reforma”.

Já o site do SINTEPP afirma que a categoria manterá a ocupação do prédio e que pretendem permanecer no local, até que o governo Jatene volte a negociar e dessa forma os 26 mil trabalhadores que permanecem em greve, nos mais de 100 municípios paralisados, voltem à normalidade. 

O sindicato realizará ainda na manhã desta quarta-feira (13), uma assembleia no local, onde pretende manter a ocupação do órgão.

Consultas feitas pelo blog à sindicalistas experientes, fazem-nos concluir que o SINTEPP perdeu o "timer" e está próximo de mais uma amarga derrota para o 3º governo de Simão Jatene.

sábado, maio 02, 2015

Dilma e Lula alimentam o "lixo" e depois reclamam dele

As capas de Veja e Época, revistas que se mantiveram com verbas publicitárias dos governos de Lula e Dilma.

Por isso, segundo o jornalista Paulo Nogueira, do badalado blog Diário do Centro do Mundo, Lula colhe os frutos daquilo que não criou, mas alimentou por longos anos e que Dilma continua nutrindo. 


Para: Lula

De: Lixo

Caro senhor Lula: que mal fiz ao senhor para ser comparado às revistas Veja e Época?

Menti? Caluniei? Manipulei? Fui canalha? Desonesto?

Sou subestimado, e lembrado apenas em horas de raiva, como aconteceu com o senhor.

Eu existo para que o planeta fique limpo, ou razoavelmente limpo. Proporciono emprego honesto para uma categoria humilde e simpática: os lixeiros.

Por que, então, me comparar à Veja e à Época?

Quantas árvores são derrubadas para que estas duas revistas publiquem suas infâmias?

Quanto dinheiro público é torrado para que os donos delas enriqueçam estupidamente?

O governo de São Paulo compra, como o senhor sabe, um lote de milhares de Vejas para estudantes que sequer as abrem. (Graças a Deus, se me entende.)

Ora, a garotada só lê na internet, e mesmo assim tentam enfiar nelas revistas de papel que eles simplesmente desprezam.

Me desculpe a franqueza: o senhor mesmo, em seus anos de governo, encheu as duas revistas de publicidade oficial.

Sem contar dinheiro do BNDES.

Vi que em 2008 a Editora Abril mordeu 27 milhões de reais do BNDES para fazer ajustes em sua TI.

Senhor Lula: os Civitas por acaso não tinham dinheiro próprio para fazer aquele tipo de coisa?

E seu antecessor, FHC: por que ele patrocinou com dinheiro público a gráfica da Globo?

Como, diante de tantas coisas absurdas, o senhor me compara à Veja e à Época?

A Época deu a primeira pesquisa do segundo turno. Um certo Instituto Paraná mostrou que Aécio já estava eleito presidente, tamanha a diferença.

Deu no que deu.

Agora, a Época voltou a dar o mesmo Paraná de novo. Se as eleições presidenciais fossem hoje, Aécio Aeroporto Neves ganharia do senhor.

Pensei comigo: se as eleições de 1960 fossem hoje, Jânio perderia. Batata.

E a Veja é aquela que, pouco depois, deu aquela capa-propaganda com a Dilma e o Lula sendo acusados de comandar o Petrolão.

(Aliás: se o senhor puder perguntar para a Dilma por que ela desistiu de processar a Veja, depois de ter anunciado a decisão em rede pública, agradeço. Mesmo que não dê em nada, há um caráter simbólico em processar uma canalhice daquelas.)

Tudo isso posto, o senhor há de concordar comigo que não mereço, definitivamente não mereço ser posto ao lado da Veja e da Época.

Espero que o senhor se retrate, ou vou fazer o que Dilma prometeu e não realizou. Acionar a Justiça.

Mesmo para um modesto lixo como eu, há um limite nas ofensas que dá para digerir.

Sinceramente.

Lixo.

Crise: Edmilson Rodrigues perde seu braço esquerdo no PSOL

Luiz Araújo deixou o PT para fundar o PSOL, onde viveu até então organizando a corrente interna "Primavera Socialista" e supostame...