Para Sérgio Amadeu, PSDB adota 'estratégia do cinismo'. Ele considera inaceitável que a bandeira de combate à corrupção seja conduzida por 'forças da corrupção' |
Na Rede Brasil Atual.
Para Sérgio Amadeu, PSDB adota 'estratégia do cinismo'. Ele considera inaceitável que a bandeira de combate à corrupção seja conduzida por 'forças da corrupção' |
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Alberto Cantalice, vice-presidente Nacional do PT. (Foto: Richard Casas/PT) |
O 1º turno e o poder pedagógico do erro
Por Mauro Carrara no NOVAE
Em Abril, vários canais da chamada blogosfera publicaram texto de minha autoria denominado "E Dilma vai virando outra Marta".
Naquela ocasião, tratei da fábrica de "hoaxes" graeffista. Contei que a dona da quitanda, aqui perto de casa, já havia recebido e-mail que apontava Dilma Rousseff como "assaltante de bancos" e "prostituta de guerrilheiros".
Na época, a oposição já trabalhava para colar tudo que há de ruim à imagem da candidata petista.
Repetia-se o rito difamatório que havia arranhado gravemente a reputação de Marta Suplicy, e que lhe tirara a oportunidade de recuperar a prefeitura paulistana.
Em abril, percebia-se um padrão de erro nas ações estratégicas de comunicação do PT e de seus aliados.
Citei a ausência de canais de informação multitemáticos de esquerda, o alcance limitado e a dinâmica circular da "blogosfera lulista", o receio petista da mídia centralizadora e a ausência de uma ação estratégica de combate aos canais virtuais de difusão de calúnias.
Quando a campanha engatou, Dilma foi catapultada ao primeiro lugar por conta da popularidade de Lula e dos feitos espetaculares de seu governo.
A candidata parecia caminhar para uma vitória fácil no primeiro turno. E logo os comunicadores vermelhos calçaram sapatos femininos de salto agulha, altíssimos e envernizados.
Chegou, então, o Setembro de Fogo, e a artilharia oposicionista passou a assestar outros canhões contra a candidata.
Durante quatro semanas, milhões e milhões de e-mails foram enviados para os brasileiros conectados à Internet.
Outras peças caluniosas acabaram incorporadas ao Youtube, a blogs, listas de discussão e tópicos de comunidades de relacionamento.
Dilma foi pintada como "assaltante de bancos", "terrorista", "assassina", "incompetente", "autoritária" e "inimiga da fé".
Semanas atrás, tentei, sem sucesso, disseminar um artigo com informações detalhadas sobre a campanha difamatória promovida por padres, pastores e obreiros de linha conservadora.
Naquela data, a frase "nem Cristo me tira essa vitória", atribuída falsamente a Dilma, aparecia em nada menos que 120 mil documentos localizados pelo Google.
Até mesmo sessões de "cinema político-religioso" foram realizadas para instigar nos fiéis o ódio pela candidata governista.
Esse trabalho de envenenamento de corações e mentes foi intensificado após o Caso Erenice, exposto com estardalhaço pela mídia monopolista.
Esperava-se, portanto, que o tempo de propaganda na TV e no Rádio fosse utilizado, pelo menos em parte, para esclarecer os eleitores sobre essas questões.
O que se indagava na ruas era: "será verdade?"
Os comunicadores do PT, no entanto, preferiram apostar no silêncio, crentes em uma inevitável vitória na primeira rodada.
Por soberba ou por conta de avaliações técnicas equivocadas do jogo eleitoral, esses profissionais desperdiçaram os últimos programas do horário gratuito.
Na TV e no rádio, pareceram pasteurizados, indistintos, produzidos em outro planeta, descolados da realidade da eleição.
Ao perceber (tardiamente) o estrago promovido nas igrejas, o PT promoveu às pressas um encontro entre Dilma e líderes religiosos progressistas.
No entanto, deu mínima visibilidade ao evento (fiando-se talvez no poder difusor da mídia monopolista) e não foi capaz de esclarecer e acalmar os fiéis.
No 3 de Outubro, muitos foram às urnas convencidos de que Dilma era o próprio "anticristo", sedenta por perseguir sacerdotes, proibir símbolos religiosos e impor restrições aos programas evangélicos.
No comando da campanha, confunde-se com frequência a chamada "agenda positiva" com "autismo". Em muitos momentos, as inquietações do eleitor foram solenemente ignoradas.
Alertado por amigos, naveguei pela comunidade "Apoiamos Lula, agora é Dilma" (120 mil membros), na rede de relacionamentos Orkut.
Ali, um certo moderador X3 criou, em 22 de Setembro, um tópico no mínimo curioso. Ao título "Atenção Militantes! É guerra!" agregou a ordem "mas é guerra de silêncio".
Assegurando ter recebido "orientações", instruiu os membros a não responder a ataques nas outras comunidades orkutianas. "Pratique solenemente o menosprezo", ensinou X3.
Já se sabe qual foi o resultado dessa estratégia. Dilma perdeu inúmeros votos entre os cristãos, sobretudo os evangélicos, e teve sua imagem gravemente corroída entre milhões de jovens que atuam nas redes sociais.
O primeiro turno terminou assim, de forma rápida, bruta e dolorosa. E só tem algum valor se constituir um exemplo pedagógico.
Agora, cabe comparar, sim, um governo contra o outro. E beliscar quem não se lembra dos anos finais da gestão FHC, marcados por apagão, desemprego, centralização econômica e desesperança.
Urge igualmente ao PT e seus aliados combater vigorosamente os boateiros profissionais e amadores.
Diante de ataques dessa natureza, é preciso oferecer imediatamente a outra versão dos fatos.
Um partido de massas não pode ser furtar à tarefa de esclarecer, sempre com a redundância e o didatismo exigidos na lida com as multidões.
E esta ação deve mobilizar a candidata, os responsáveis pela propaganda oficial e aqueles ainda concebidos como "militantes".
Começa agora. Não começou? Já é tempo perdido.
As novas tecnologias digitais são responsáveis por uma verdadeira revolução na sociedade brasileira e, por que não dizer, no mundo inteiro. O acesso à tecnologia é cada dia mais fácil, devido a fatores como preço dos equipamentos, facilidade de uso e sua portabilidade (os equipamentos são cada vez menores).
Hoje, é comum que jovens e crianças manipulem aparelhos celulares, ipod, MP4, MP5 e outros correlatos. Tais equipamentos permitem ao usuário fotografar, criar vídeos, gravar conversas, armazenar músicas, dados etc.
De posse dessas tecnologias, crianças e adolescentes - não só eles, mas principalmente eles - estão modificando seu relacionamento com a mídia tradicional. Deixaram de ser meros consumidores ou receptores de imagens e notícias e assumem o perfil de produtores de imagens e de editores de notícias, enfim, são emissores.
Sem dúvida que o cenário descrito acima enseja certo otimismo e aponta caminhos interessantes para o uso consciente e qualitativo das mídias e, em particular, para seu uso no campo da educação.
As escolas podem e devem se apropriar das tecnologias digitais para desenvolverem projetos pedagógicos, filmar e editar seus vídeos, fazer registros fotográficos das atividades, gravar digitalmente os conteúdos mais significativos, etc. Aliás, isto já está acontecendo em muitas escolas.
No Estado do Pará, podemos citar alguns exemplos em que as escolas, alunos e professores estão envolvidos em projetos relacionados às Tecnologias de Informação e Comunicação –TIC, entre os quais destacamos: o I Concurso Estadual de Blogs Educativos, no qual já ocorreram as etapas de Castanhal, Bragança, Santarém, Marabá, e ainda faltam as de Tucuruí e Belém. Após essas etapas regionais, ocorrerá a etapa estadual.
Os blogs das escolas ilustram perfeitamente como deve ser o uso inteligente e criativo das tecnologias digitais. Nos blogs podemos analisar muitos vídeos, fotografias, textos de autoria de alunos e professores; conteúdos relevantes para a formação integral do cidadão. Para conhecer vários desses blogs, basta acessar o blog da CTAE http://ctaeseducpa.wordpress.com/
Outro bom exemplo é o projeto Educarede promovido pela empresa Telefônica. No portal Educarede está em desenvolvimento o projeto Minha Terra: Aprender a Inovar. Nele, as escolas são instigadas a produzirem vídeos, fotografias, textos... sobre sua realidade local e depois postar os conteúdos produzidos na internet no próprio Portal Educarede, nos blogs das escolas e até no YouTube. Em Belém e Ananindeua, temos cerca de 22 escolas participantes da iniciativa do Educarede; essas escolas estão sendo orientadas e acompanhadas pela equipe de professores formadores do Núcleo de Tecnologia Educacional Profº. Washington Luis B. Lopes – NTE Belém. Alguns destes trabalhos já produzidos estão disponíveis no blog do NTE Belém http://ntebelempa.blogspot.com/2009/10/resultados-educarede.html
Outro exemplo é o Projeto Aluno Repórter (http://alunoreporter.com.br/) desenvolvido por professores e alunos de Bragança, coordenado pelo NTE Bragantino (http://ntebragantino.wordpress.com/). Com o projeto os alunos aprendem técnicas da radiodifusão e participam de programas ao vivo na rádio educadora de Bragança.
Ainda temos as oficinas de inclusão digital do Projeto Escola de Portas Abertas, o projeto Aluno Argonauta (http://alunosargonautas.jimdo.com/), Aluno Integrado e os cursos de Formação de Professores dos NTEs etc.
São exemplos de iniciativas com uso das tecnologias, embasadas em propostas pedagógicas sólidas, com objetivos claros a serem atingidos e que promovem o diálogo entre educadores e alunos, ação conjunta de ambas as partes envolvidas em projetos de construção de conhecimentos e experimentação de cidadania.
Entretanto, nenhuma das iniciativas, reveladas até aqui, ocupou o tempo dos grandes noticiários da imprensa local, ao contrário, o olhar da grande mídia prefere sempre expor as mazelas da escola pública. O último grande exemplo foi o episódio protagonizado por três jovens de uma escola pública de Belém. É preciso questionar, por que o uso inteligente e produtivo das tecnologias não é notícia e o uso inadequado ou ingênuo vira um espetáculo midiático?
É preciso que nós educadores, continuemos nos apropriando cada vez mais de conhecimentos para a ampla utilização das ferramentas tecnológicas disponíveis nos dias atuais, criando possibilidades de uso dessas tecnologias que aguce no aluno o interesse pela pesquisa dentro e fora da escola, desenvolvendo no educando, as capacidades de interpretação, síntese e criticidade, uma vez que, a escola é o espaço apropriado para ensinar como as pessoas devem se portar diante das tecnologias que fazem parte de seu cotidiano. Perguntamos: “será que esses estudantes envolvidos sabem, por exemplo, que a pessoa que tiver armazenado o vídeo em seu celular, pendrive ou computador poderá ser preso em flagrante acusado de pedofilia. Veja o que determina o ECA – Estatuto da Criança e Adolescente:
Segundo o ECA quem produz, dirige, fotografa, filma, contracena com crianças ou adolescentes – menores de 18 anos – em cena de nudez ou sexo explicito está sujeito às sanções referentes à pornografia infantil. E ainda, quem publica e armazena o conteúdo pornográfico também é enquadrado na Lei 11.829. A pessoa pode ser presa em flagrante delito se for pega com o celular ou qualquer meio eletrônico em que a imagem esteja armazenada. A pena varia de um a quatro anos de detenção e multa.
Sustentamos a seguinte opinião: não é por causa do recente episódio ocorrido em uma de nossas escolas que se deve proibir o uso do celular ou de qualquer outra tecnologia na escola. Concordamoos com Sérgio Amadeu, pesquisador brasileiro de comunicação mediada por computador e autor dos livros “Exclusão digital” e “A miséria na era da informação”, quando diz que não faz sentido proibir que estudantes tenham acesso a um meio de comunicação na escola que cada vez mais vai adquirir importância na sociedade. Ao contrário “se agente tem problemas do uso inadequado nas escolas, esse é um bom lugar para ensinar como as pessoas devem se portar com o celular”. Amadeu ressalta ainda que nenhuma tecnologia substitui a ética e nem a reflexão consciente do uso dessa tecnologia.
E assim, finalizamos com um apelo a todos os professores e escolas, que juntos pensemos em projetos de aplicação das TIC que apontem não só para encurtar espaços físicos, bem como integrar as pessoas em seu espaço urbano, e refletirmos no que diz Dr.Rogério da Costa em entrevista ao Educarede, realizada em março de 2009, que o importante não é apenas o tipo de projeto realizado, mas o esforço em estabelecer um novo paradigma para as tecnologias da comunicação: elas podem servir para que as pessoas façam um uso inteligente do espaço onde vivem que possam integrar seus hábitos e atitudes num coletivo inteligente, que pensa a favor do lugar em que vive. Quem sabe, um dia possamos ser alvo da mídia em um processo inverso ao que vemos hoje, em que muitas vezes, muitas de nossas escolas são alvos de uma mídia produzida de forma aligeirada, pouco convidativa à reflexão, que mais contribui para diminuir a auto-estima de alunos e professores e que decididamente não nos serve.
Texto: Jamille Galvão
Maria do Carmo Acácio
Marcelo Carvalho
Tânia Sanches
Luiz Araújo deixou o PT para fundar o PSOL, onde viveu até então organizando a corrente interna "Primavera Socialista" e supostame...