sexta-feira, setembro 04, 2015

Para reflexão de todos: Pacto contra o rentismo



Por Silvio Caccia Bava.

Não há “erros” praticados na condução do ajuste. É a defesa dos interesses rentistas que define a política, em oposição a um amplo leque de atores que sofrem com essa estratégia.

A estratégia tem vários componentes: capturar o Estado e submetê-lo a seu estrito controle, apropriar-se da receita pública para proveito próprio, baixar o custo da força de trabalho, privatizar bens públicos, cortar políticas sociais, transformar a questão social numa questão de polícia.

Na crise, as grandes empresas aplicam no mercado financeiro para garantir seus lucros, mas as pessoas passam a ter menos dinheiro para consumir, o aumento do desemprego rebaixa os salários e a pobreza retoma seu espaço no lar das maiorias. Com isso, o mercado se contrai e o faturamento dos comerciantes e prestadores de serviços cai. As pequenas e médias empresas se veem em dificuldades. Evidentemente, há muita gente descontente, e o grande vilão são os juros.  

Contra a alta dos juros e em favor da manutenção do emprego, da ampliação da capacidade de consumo e da dinamização do mercado interno, podemos observar manifestações recentes de centrais sindicais, da Fiesp, da Abimaq, entre outras importantes entidades dos trabalhadores e empresariais.

É preciso superar a interdição do debate sobre as alternativas de desenvolvimento e trazer para o espaço público as análises e propostas que podem enfrentar a crise de uma perspectiva que garanta a retomada do crescimento com inclusão social e sustentabilidade ambiental.

Há questões que a conjuntura estimula a pensar. É possível estabelecer pactos sociais pontuais para enfrentar as políticas macroeconômicas do rentismo? O impacto do ajuste, que começa a ser mais intenso agora, abre uma oportunidade ímpar de negociações e articulações para organizar a resistência e a reversão dessas políticas. 

Há, no entanto, uma condição essencial: a reapropriação do espaço público. Os cidadãos, e suas representações coletivas, precisam vir a público debater suas ideias, suas posições. É o contrário do panelaço, que interdita a fala. É preciso assegurar aos cidadãos brasileiros que há estratégias alternativas para superarmos a presente crise, sem que a conta recaia unicamente nas costas dos mais pobres.

Sabemos que a democracia está em risco, violada em todos os poderes da República, violada no respeito mútuo que a igualdade de direitos deveria assegurar entre os cidadãos. Caminhamos para a radicalização, a violência, regimes autoritários.

Essa tendência, no entanto, pode ser revertida. É uma tarefa para a cidadania ativa. No mundo, e aqui mesmo, assistimos recentemente a enormes manifestações de rua. No nosso caso, desde junho de 2013, e mesmo antes, se considerarmos o número crescente de greves e manifestações dos movimentos sociais, os cidadãos estão se reapropriando do espaço público. A particularidade deste momento é a presença das classes médias nas ruas. Há uma disputa do espaço público e das narrativas que explicam a crise e apontam seus responsáveis.

Mesmo com toda a mídia contra, as forças sociais de resistência ao ajuste ainda têm espaço de expressão pública e podem conquistar espaços mais amplos. Agregando distintos setores sociais, a combinação de seus esforços pode ampliar a adesão social ao movimento de resistência. Porque é disto que se trata: disputar na sociedade as alternativas de desenvolvimento. Não sobraram instituições políticas capazes de processar os conflitos sociais.

A democracia e suas instituições serão revigoradas apenas por pressão social e por mudanças nas políticas macroeconômicas que atendam aos interesses das maiorias. Neste momento trata-se de politizar o social e socializar a política. Trata-se de realizar um enorme esforço de esclarecer a cidadania, organizar debates públicos, apresentar e debater propostas de saída para a crise, para construir um Brasil melhor para todos.     

Já há uma trajetória de acúmulos nos debates e negociações sobre a possibilidade de pactos sociais que envolvam atores interessados na promoção do desenvolvimento sustentável com inclusão social. Pouco tempo atrás, depois de um ano de debates, o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social apontou para a possibilidade efetiva de estabelecer um mínimo denominador comum, um conjunto pequeno de proposições que alinham interesses e atores diversos num compromisso de ação para superarmos a presente crise.

A construção de um pacto contra o rentismo vai se tecendo. A recente declaração conjunta de todas as centrais sindicais em defesa do emprego e da democracia é um importante passo nesse sentido. Mas o acontecimento mais importante na perspectiva de articular as forças de resistência ao ajuste é o lançamento, neste mês, da Frente Brasil Popular. Passam a agir em conjunto movimentos, entidades, associações, sindicatos e partidos, fundamentalmente para lutar contra o rentismo, ampliar o espaço público e debater com a sociedade a encruzilhada do nosso desenvolvimento.

Há uma necessidade sentida por toda parte, nos bares, nos ônibus, nas conversas, nesta particular conjuntura, de um debate nacional sobre o futuro do país. Como superar a crise? Qual desenvolvimento queremos? Como chegar lá? Criar novos espaços para abrigar essas preocupações e debatê-las pode aglutinar distintas forças sociais. Pode mesmo criar condições para que se convoque um Fórum de Desenvolvimento e se convidem entidades patronais para o diálogo.

O diálogo e o debate são o caminho para o resgate da democracia, para a negociação de novos pactos sociais, para sairmos do estrangulamento econômico que o ajuste nos impõe. Para isso a sociedade precisa se dotar de instrumentos e espaços para o diálogo. Há exemplos, como as “mesas de concertación” no Peru, de construção de mesas de diálogo nacionais e regionais com a participação de todas as classes sociais, para negociar o modelo de desenvolvimento e questões específicas. O futuro se decide agora.


*Silvio Caccia Bava é diretor e editor-chefe do Le Monde Diplomatique Brasil.

quarta-feira, setembro 02, 2015

Estudo do IPEA afirma: Pará oferece a segunda pior condição de vida da região Norte.

Na região Norte, 41,9% dos municípios estão no grupo de IVS - Índice de Vulnerabilidade Social - muito alto. O Estado que apresenta maior percentual de municípios nessa faixa do IVS é o Amazonas, com 80,6%, seguido do Pará, com 63,6%.

Por Luiza Mello, no Jornal Diário do Pará.

A região Norte concentrava, em 2010, 41% dos municípios na faixa de muito alta vulnerabilidade social. O Pará, mais uma vez, desponta como um dos Estados de mais alta exposição de sua população à má qualidade de serviços públicos. Os dados foram divulgados ontem, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O Índice de Vulnerabilidade Social (IVS) no Brasil avaliou parâmetros de infraestrutura urbana, saúde, educação, renda e trabalho entre 2000 e 2010. Quanto maior o índice, piores são as condições de vida da população.

Nenhum município da região Norte se encontra na faixa de IVS muito baixo e 29 estão na faixa do IVS baixo. O Estado que apresenta maior percentual de seus municípios na faixa do IVS baixo é Rondônia, com 25%. Em seguida, aparece o Estado do Tocantins, com 10,8% dos municípios, observados no eixo da rodovia BR-153; e Boa Vista (RR).

Na faixa do IVS médio estão 24,1% dos municípios desta macrorregião, incluindo Belém, Manaus, Porto Velho, Rio Branco e Macapá. Já as capitais Palmas e Boa Vista apresentam baixo IVS. As maiores evoluções do IVS (redução da vulnerabilidade social), entre 2000 e 2010, ocorreram nos Estados do Tocantins, de forma generalizada, e, pontualmente, em municípios da área central de Rondônia, sudeste do Pará, oeste do Amapá e nos municípios de Tefé e Codajás, no Amazonas.

No Brasil, o IVS caiu 27% entre 2000 e 2010. O indicador que mede a exclusão social da população passou de 0,446 para 0,326 em uma década. Com o resultado, o Brasil passa da faixa de alta vulnerabilidade social para a faixa média do índice.

O levantamento atualiza o índice dos 5.565 municípios brasileiros, segundo avaliação feita em 2010. A quantidade de municípios com vulnerabilidade social baixa ou muito baixa subiu de 638 para 2.326 em dez anos, segundo o documento. Os municípios com alta ou muito alta vulnerabilidade, que eram 3.610 em 2000, somaram 1.981 em 2010. A melhoria foi mais intensa nos indicadores de trabalho e renda, e menor na área de infraestrutura urbana, segundo o Ipea.

DESIGUALDADES REGIONAIS

Na região Nordeste, os estados do Maranhão, Alagoas, Pernambuco e partes da Bahia concentraram municípios com muito alta vulnerabilidade social. Mas a maior predominância na região é o índice de alta vulnerabilidade, com quase 50% das cidades nordestinas, em 2010.

O levantamento apontou ainda, que a melhora foi mais nítida em alguns estados das regiões Centro-Oeste ( faixa de fronteira de Mato Grosso do Sul), Norte (especialmente no Tocantins) e Nordeste (sobretudo no Sul da Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte e leste de Pernambuco).

“O conjunto de mapas e gráficos demonstra que a melhoria nas condições de prosperidade social não ocorreu de forma homogênea em todo o território nacional”, diz o relatório do Ipea.

Segundo o estudo, enquanto a maior parte dos municípios do centro-sul do país avança para os níveis mais altos da combinação entre alto desenvolvimento humano e baixa vulnerabilidade social, os municípios do Norte e Nordeste permanecem, em sua maioria, à margem do desenvolvimento. 
De acordo com o Ipea, isso evidencia a existência de um país polarizado, com realidades, necessidades e prioridades distintas, que “devem ser mais profundamente investigadas a fim de superar as, ainda existentes, desigualdades regionais”.


terça-feira, setembro 01, 2015

Quem te viu, quem te vê: Luciana Genro cai nas graças de FHC



Depois de Marina Silva aceitar ter sido financiada pelo Itaú, em sua campanha para presidente em 2014, chegou a vez de outra presidenciável da esquerda piscar para o outro lado.

Segundo a Folha, Luciana Genro se encontrou com FHC, isso mesmo, Fernando Henrique Cardoso, um dos caciques do PSDB, nesta segunda-feira (30) e não estava sozinha. Levou consigo a cúpula do PSOL para pedir apoio do tucano e juntos tiveram momentos de descontração e alegria, ao ser recebida pelo ex-presidente, que sempre acusou de neoliberal e representante das elites, que ela e seu partido dizem combater. 

Luciana Genro foi expulsa do PT junto com a então senadora Heloísa Helena (AL) e os deputados João Batista Babá (PA) e João Fontes (SE), em dezembro de 2003, após decisão do Diretório Nacional do partido que decidiu que não havia espaço no partido para quem queria fazer oposição ao governo (Lula) à época. 


Marina Silva foi ministra de Lula e desfiliou-se em Agosto de 2009, alegando que iria "em busca do sonho de lutar pelo desenvolvimento sustentável do meio ambiente".

Como se vê, ambas saíram do PT dizendo entre outras coisas, que o partido havia perdido seus princípios fundadores e que por isso, não lhes caberiam mais. Assim como as duas fizeram em 2014, Heloísa Helena também concorreu à cadeira de presidente do Brasil (em 2010), porém todas, como se sabe, não obtiveram êxito. 



A matéria da Folha dá o resto do informe histórico e até outro dia, inacreditável para milhares de militantes do Partido do Socialismo e Liberdade

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tentou explicar sua declaração sugerindo a renúncia da presidente Dilma Rousseff durante uma reunião com uma comitiva do PSOL nesta segunda-feira (31). Ele ainda ofereceu ajuda ao pequeno partido contra uma proposta em tramitação no Congresso.

O grupo, recebido pelo ex-presidente em seu instituto, era liderado pela ex-deputada Luciana Genro, que se notabilizou por embates com o tucano Aécio Neves na campanha eleitoral de 2014.

Há duas semanas, Fernando Henrique afirmou, em texto publicado em sua página no Facebook, que a renúncia da presidente seria um "gesto de grandeza".

Aos dirigentes do PSOL ele disse que a sua declaração foi interpretada de modo equivocado, e que o sentido da manifestação foi: "Ou renuncia ou governa."

Luciana Genro organizou a reunião com o ex-presidente buscando apoio para evitar a aprovação no Senado de um projeto que reduz o espaço de partidos menores em debates e na TV já na campanha eleitoral do ano que vem.

Em clima descontraído, os temas do encontro migraram para assuntos de afinidade entre os dirigentes do partido e o ex-presidente, como o movimento estudantil de 1968 na França e o papel das redes sociais na organização política.

O tucano provocou gargalhadas ao responder a um comentário de Luciana sobre pesquisas que a mostram em segundo lugar na disputa pela Prefeitura de Porto Alegre no próximo ano. "O povo é maluco mesmo", falou.

O ex-presidente ainda levou a cúpula do partido a uma visita por galerias de seu instituto, no centro de São Paulo. O PSOL tentou marcar um encontro também com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para debater a proposta, mas a reunião não foi realizada.

Luciana disse que já tinha conversado com o tucano há um mês e que ele vem adotando uma posição "muito corajosa" sobre a descriminalização da maconha. "É uma pessoa que preza valores democráticos e por isso está nos ouvindo", disse à reportagem.

Para a ex-candidata, o apoio do PSDB é fundamental para derrubar a proposta no Senado. Fernando Henrique disse que sua influência no partido é limitada, mas falou que contataria senadores para discutir o assunto.

Veja abaixo o que Luciana disse sobre FHC, em um debate ocorrido em Setembro do ano passado. Para coisas mais pesadas, uma rápida busca no Google fará qualquer um ficar de boca aberta com a mudança de comportamento de "revolucionária" militante do PSOL.

segunda-feira, agosto 31, 2015

Wlad ia fazer "maior onda", mas virou o deputado mais gazeteiro de Brasília

Destaque na imprensa nacional, o deputado federal mais votado do Estado do Pará é também o mais gazeteiro.

Por Diógenes Brandão´

Wladimir Costa era radialista e com seu ‘estilo’ ácido e moralista, sempre meteu o pau na classe política, chegando a dizer várias vezes que jamais seria político, por abominar a corrupção e as regalias existentes. Foi processado várias vezes por calúnia e difamação, além de ser acusado por muitos prefeitos e empresários paraenses por extorsão. 

A prática de ameaçar contar algum “podre” de alguém, para depois receber dinheiro para ficar calado foi durante muito tempo uma marca do 'Wlad', como gosta de ser chamado. Com o feito, começou a comprar bens e investir em sua carreira artística e empresarial.

Irreverente e egocêntrico, Wlad montou uma banda musical e ingressou no ramo artístico, onde aumentou o alcance de sua imagem pública e com isso, lançou-se a candidato na disputa eleitoral para uma vaga na Câmara dos Deputados, nas eleições de 2003, quando prometia chegar em Brasília e “fazer muita onda”, com os políticos “ladrões e preguiçosos”. Deu certo e de lá pra cá, Wlad é reeleito com uma das maiores votações do Estado do Pará. 

É claro que algumas rádios comerciais e comunitárias que o deputado federal coleciona, lhe ajudam bastante a propagar suas mensagens ao público eleitor, atacando seus adversários e se auto-elogiando, além de manter o ciclo lucrativo com as concessões públicas de radiodifusão, proibidas pela Constituição Federal de serem de mandatários políticos, mas que é letra morta em nosso país.

Polêmico e envolvido em diversas denúncias de peculato, desvio de recursos públicos entre outras acusações e respondendo a inúmeros processos em diversas cortes judiciais, tanto na justiça paraense, quanto no STF, Wlad que é titular da Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, ganha agora outro título, o de deputado federal mais gazeteiro de Brasília.

A informação está publicada na matérias "Os 20 deputados que mais faltaram no primeiro semestre" publicada no portal MSN e a vergonha é de todos os eleitores, deste que se proclama o “federal do povão”.


terça-feira, agosto 25, 2015

Tarso Genro: O legado de Cunha



A naturalidade com que foi recebida a resposta de Eduardo Cunha pelos “formadores de opinião” da grande mídia e a passividade de boa parte da bancada governista federal -inclusive do meu Partido- a respeito das denúncias contra ele, mostra que crise não vai recuar e que o poder do Presidente da Câmara, por razões até agora desconhecidas, é muito maior do que se pensa.

Leio que dois dignos deputados federias do Partido dos Trabalhadores, Alexandre Molon e Henrique Fontana (certamente temos outros), em conjunto com deputados de outras extrações, lideram um movimento para a retirada de Cunha da presidência da Câmara Federal, fundados na denúncia do Procurador Janot. Como Cunha respondeu a esta denúncia? Respondeu que não vai “retalhar”.

Vejam: a resposta é que não vai “retalhar!”. Esta reação, por si só, mostra que Eduardo Cunha vai jogar o jogo até o final e que, por desespero ou segurança, está convicto que pode continuar sendo -muito além da plêiade tucana- o principal líder da oposição ao Governo da Presidenta Dilma que, atado numa base parlamentar que defende a “austeridade” (para os outros), não tem vontade política nem projeto para sair da crise, diferente daquele que o neoliberalismo defende em escala mundial: um “ajuste” meramente orçamentário, sem tocar na política monetária, na orgia dos juros, e sem encaminhar um combate -a curto e médio prazo- às desigualdades de renda, num país que ainda é fundamentalmente injusto.

Quando Cunha diz que não vai “retalhar” ele está dando, na verdade, três recados, a distintas fontes de poder político e jurídico: ao Governo Federal, está dizendo que pode ”retalhar”, se quiser; à oposição demo-tucana, que continua às ordens, para sabotar qualquer iniciativa do Governo; ao Procurador Janot -que ele acusa absurdamente de estar agindo a pedido do Governo- avisa que não reconhece a sua denúncia como o cumprimento de um dever republicano, mas como mero produto de uma barganha política.

A resposta do Presidente da Câmara escancara, não a falência da Carta de 88 ou do regime de democracia política que está inscrito naquele diploma, mas sim a decadência completa de um sistema político específico, que permite que um líder da oposição seja do Partido mais forte que está Governo e que este mesmo quadro, acusado de corrupção (desta mesma oposição), seja o fiador, ao mesmo tempo, da estabilidade do Governo, e da possibilidade do seu impedimento.

Trata-se de uma situação de aparente “normalidade”, que, na verdade abre espaço para a “exceção”, já que esta sempre se apoia num certo desencanto do povo -formalmente criador e destinatário das normas de convívio político democrático- que passa a sentir a democracia como um regime falido. E o sentimento de que a democracia está falida e que os líderes das diversas facções de opinião não se entendem para preservá-la, abre espaço para tentação fascista: a autoridade substitui a política e a burocracia substitui os partidos.

Produz-se, então, uma época triste e violenta em que, como disse recentemente Boaventura Souza Santos, o “insulto tornou-se meio mais eficaz de um ignorante ser intelectualmente superior a um sábio” e a “desigualdade tornou-se mérito”. A resposta de Cunha à denúncia do Procurador Janot foi um ataque à democracia e à República, não uma peça de defesa. Este é o seu principal legado. Devem estar celebrando aqueles que, em manifestações recentes, se apresentaram como “todos somos Cunha.”

Penso que a grande maioria de todos os partidos democráticos não é representada por Cunha e não aceitam ser confundidos com ele, pelo menos até que sua inocência seja acatada pela Justiça, se o for. Por isso deveríamos aproveitar este momento, em que a crise política é levada ao seu ponto mais alto de maturação, para desbloquear a Câmara Federal, promovendo um movimento amplo e suprapartidário, para que ele, Eduardo Cunha, responda o processo fora da Presidência da daquela casa parlamentar. Este seria o único aspecto positivo do seu legado.

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

sábado, agosto 22, 2015

Oposição sela aliança espúria com Cunha pelo golpe



Principais partidos de oposição pretendem aproveitar o momento ainda mais tenso na relação entre o Planalto e o presidente da Câmara para dar seguimento ao golpe contra a presidente Dilma Rousseff; PSDB, DEM, PPS e SD se reunirão na próxima semana para unificar o discurso em torno da defesa do impeachment; acordo prevê que Eduardo Cunha (PMDB-RJ) rejeite pedido na Casa, mas que oposicionistas entrem com recurso, a fim de dar caráter coletivo à ação; desde que Cunha foi denunciado, o presidente do PSDB, Aécio Neves, não se manifestou; já o líder tucano Carlos Sampaio (SP) pediu cautela e lembrou da presunção de inocência do peemedebista.

Os líderes dos principais partidos de oposição devem selar uma aliança espúria com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para dar sequência ao golpe contra a presidente Dilma Rousseff na Casa.

A ideia é aproveitar o momento ainda mais tenso na relação entre o Planalto e Cunha, que acaba de ser denunciado pela Procuradora-Geral da República por suposto envolvimento na Lava Jato e acusa o governo de fazer um 'acordão' para atingi-lo, para avançar em um pedido de impeachment.

Desde que Cunha foi denunciado, na última quinta-feira, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), não se pronunciou. O líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), pediu cautela e lembrou que Cunha é inocente até que se prove o contrário.

Nota do colunista Ilimar Franco, do Globo, neste sábado 21, aponta "indignação na oposição com o PSDB". Segundo ele, as siglas se reuniram para ver como tratar a denúncia contra Cunha e, enquanto o presidente do DEM, Agripino Maia, e seu líder na Câmara, Mendonça Filho, foram à TV, "os tucanos sumiram". 

PSDB, DEM, PPS e SD devem se reunir na próxima terça-feira para unificar o discurso em torno da defesa do afastamento da presidente, de acordo com reportagem da Folha de S. Paulo.

O acordo prevê que Cunha rejeite inicialmente um pedido de impeachment, mas oposicionistas entrem em seguida com um recurso, para que ele seja votado em plenário. O objetivo é não deixar apenas com o peemedebista a responsabilidade da decisão, além de dar caráter coletivo à ação.

Foi a PF, o MP e a PGR que investigaram e denunciaram Eduardo Cunha e não Dilma

Eduardo Cunha diz que está sereno e que foi escolhido pela denúncia apresentada pela PGR ao STF, por recebimento de propina em esquema investigado pela Polícia Federal e o Ministério Público Federal, na operação Lava Jato.

A blogosfera progressista, a qual este blog faz parte, peca por não saber usar o seu poder de alcance e protagonismo no trato à informação diferenciada aos milhares de seus qualificados e assíduos leitores. Poderia dar as suas versões sobre os acontecimentos políticos no Brasil, de forma mais apimentada e com manchetes mais sugestivas.

Se fosse mais criativa e ao mesmo tempo, menos rígida com os manuais e a prática do bom jornalismo, notícias como a de que Eduardo Cunha encontrou-se em São Paulo, de portas fechadas com o presidente do PMDB e vice-presidente da república, Michel Temer, a nossa versão poderia ganhar uma explosiva e massiva absorvição midiática, tendo como ponto de lançamento, a internet e suas inúmeras mídias digitais, sites e blogs. Por essa conclusão, a condição humilhante em que Cunha supostamente se apresentou, teve como testemunhas, apenas as paredes e móveis do escritório de Michel Temer, localizado na zona leste de São Paulo.

Se fosse noticiada com uma certa dose de ilação, ou até mesmo com o velho macete recorrente das redações jornalísticas: "a fonte não quis se identificar, por motivos óbvios", como fazem muitos jornalistas e blogueiros ligados à grande mídia brasileira.

Se isso fosse feito, poderíamos ter feito circular a informação de que Eduardo Cunha foi se ajoelhar aos pés de Temer, para que este viabilize uma trégua junto ao planalto, para que assim, a presidenta Dilma viesse intervir junto ao procurador-geral da república, Rodrigo Janot, para este aliviar a barra do presidente da Câmara dos Deputados, denunciado ao STF por prática de corrupção e lavagem de dinheiro, conforme apurado pela operação lava jato, comandada pelo juiz Sérgio Moro, o condutor da "operação mãos limpas" no Brasil, festejado pelas manifestações verde e amarelo, como o mais novo 'salvador da pátria'.

A denúncia de Rodrigo Janot foi protocolada nesta quarta-feira (19) no Supremo Tribunal Federal (STF), contra o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Caso o STF aceite a denúncia, Cunha se torna réu e será julgado pelos ministros da mais alta corte da justiça brasileira.

Cunha foi delatado de ter recebido propina no valor de 5 milhões de dólares, num esquema montado para viabilizar a construção de dois navios-sondas da Petrobras, no período entre junho de 2006 e outubro de 2012. Junto com ele, foi denunciada por corrupção passiva a ex-deputada Solange Almeida, aliada do presidente da Câmara e atual prefeita de Rio Bonito, no Rio de Janeiro.

Fernando Collor de Melo, ex-presidente deposto em 1992 através do primeiro e único caso de impeachment no Brasil, também foi denunciado e reclamou de Janot, mas não acusou o governo de absolutamente nada, do que Eduardo Cunha acusa.

Além da condenação criminal, que prega a prisão de Cunha por 184 anos, o procurador-geral pede a "restituição do produto e proveito dos crimes", no valor de 40 milhões, e a reparação dos danos causados à Petrobras e à Administração Pública, no mesmo valor, de 40 milhões de dólares, o que soma uma multa de 80 milhões de dólares.

Diante destes fatos concretos, digamos que outras versões dos fatos surgissem, já que a blogosfera é ampla, diversificada e quase sempre não se tem consenso sobre nada, principalmente sobre política.

Dito isso, suponhamos que a informação fosse de que o encontro com Temer, serviu para Cunha ameaçar chutar o balde, estourar a boca do balão e contar todos os podres que sabe, tanto dos ministros e chefes das estatais ligados ao PMDB, quanto dos demais caciques do seu partido, já que na mesma quinta-feira não poupou nem o presidente do Senado, lembrando a opinião pública e que seu companheiro de partido, Renan Calheiros, também foi denunciado, mas nem por isso renunciou ao cargo que até hoje é mantido. A alfinetada foi direta, sem interlocutores.

O que acontecerá, caso Temer e o resto da direção do seu partido, não o protejam de virar réu no STF, onde a cassação do seu mandato poderia ser sugerida, após as investigações que podem ser realizadas pelos ministros da mais alta corte da justiça brasileira? Ele levaria mais alguém consigo para a fogueira santa da justiça brasileira?

A pedido de Eduardo Cunha, o encontro com Michel Temer foi de portas fechadas e sem testemunhas. Clima fúnebre no PMDB.

Não seria difícil imaginar que outra coisa possa ter acontecido no encontro entre Eduardo Cunha e Michel Temer. Entre as hipóteses que podemos levantar, esta é mais aceitável: Cunha teria dito que está prestes a se tornar novamente aliado do governo, caso seja inocentado pelo STF, ou melhor, que este nem aceite a denúncia de Janot e seu caso seja arquivo por falta de provas.

Notem agora, que todas essas suposições só tinham um interesse: Levar nossos leitores à refletirem de como a imprensa e a formação de opinião funcionam em nosso país.

Em todos os casos hipotéticos desta postagem, a manipulação ainda sim estaria sendo exercida, afinal quem investigou e denunciou o envolvimento de Eduardo Cunha, no desvio de verbas e recebimento de propinas na Petrobras, não foi nem o Procurador-Geral da República (acusado de servir aos interesses do planalto para se manter no cargo) e muito menos Dilma, que por mais que seja a chefa da União, não interfere no Ministério Público e na Polícia Federal, órgãos propagados como autônomo pela grande imprensa.

Logo, cabe perguntar: Porque antes das investigações chegarem em Eduardo Cunha, Dilma não tinha responsabilidade pelo transcorrer das investigações, que finalmente estão realizas contra a corrupção nas grandes empresas estatais e obras da União e agora tem? Porque ela é acusada de perseguir apenas um dos acusados de desvios na Petrobras?

Após longas investigações, delações de réus e a contribuição de testemunhas, o Ministério Público Federal e Polícia Federal puderam denunciar e prender altos empresários e políticos ligados e partidos, mas agora a grande mídia brasileira finge esquecer disso, provavelmente para que pareça que Eduardo Cunha é vítima do PT e do governo Dilma e não mais um corrupto e político que usou seu poder para se dar bem, no mar de lama que a imprensa tem dito dia e noite, que se transformou a política brasileira.

Haja paciência com tamanha hipocrisia, manipulação da informação e falta de honestidade por parte dos profissionais da imprensa, que interpretam as informações ao seu bel prazer ou sob orientação de seus patrões e assim apontam para os demais, como sendo eles que fizessem isso, entre eles, os chamados "blogueiros sujos", acusados pelo jornalismo limpinho da Veja, Folha, Estadão, O Globo, entre outros, como recebedores de verbas públicas, para defender o PT e o governo federal.

Ainda que fosse verdade, já que não é, não seria ilegal. O que os barões da mídia querem é manter seus monopólios e fazer com que as verbas publicitárias fiquem apenas reservadas aos veículos de comunicação oriundos do acúmulo de riquezas do período da escravidão, dos grandes industrias e do capital estrangeiro, hoje concentrado nas mãos de apenas sete (07) famílias de "bens", que controlam as principais empresas de mídia no Brasil.

Para estes, só eles podem receber verbas para propaganda em seus veículos de comunicação de massa e opinar sobre política, economia e qualquer outro assunto, com legitimidade e mais ninguém.



Enquanto isso, os líderes do PSDB e aliados, assim como Aécio Neves, o candidato derrotado nas últimas eleições, sempre ávido em aparecerem na imprensa, criticando a corrupção e pregando as boas práticas na política, parece que comeram abil, dado o silêncio que fizeram após a decisão da PGR. Só mesmo o patético Paulinho da Força, que convidou Eduardo Cunha para ser aplaudido por sindicalistas anti-petistas, os quais dirige como bem entende e foi isso que acabou ganhando notoriedade na grande mídia. Detalhe: A Força Sindical é a única central sindical festejada pela Globo, as demais não prestam.

No evento planejado por Paulinho, o ex-sindicalista e atual deputado federal montou uma platéia de sindicalistas liberados para saudar Eduardo Cunha, com as palavras de ordem que a CUT historicamente usa para Lula: "Cunha guerreiro do povo brasileiro".

Além disso, Paulinho disse para Cunha, diante dos microfones e câmeras da imprensa: “Você é a pessoa mais correta que eu já encontrei na vida”.

Tirando as três hipóteses do que possa ter acontecido no encontro entre Cunha e Temer, tudo isso que você leu nos parágrafos acima está noticiado em diferentes jornais, sites e portais de notícias, bem como nos blogs 'sujos' e 'limpinhos' da vida, principalmente, os mais lidos, aqueles que são escritos por pessoas que moram na região mais 'rica' do país, ou seja, no eixo Rio-São Paulo e talvez por isso, muita gente não dará muita importância ao que um blogueiro com traços indígenas, morador de uma "oca", conectada via fibra ótica de 30mb/s, escreveu de Belém do Pará.

No entanto, o mais importante é que fique tudo bem registrado.

sexta-feira, agosto 21, 2015

Dilma: 150 anos depois, integração do São Francisco sai do papel



Via portal Vermelho.

“Um momento histórico”. Assim definiu a presidenta Dilma Rousseff em seu discurso durante inauguração da primeira Estação de Bombeamento (EBI-1) do Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco (PISF), em Cabrobó, Pernambuco, que contou com a participação de dezenas de lideranças políticas e sociais, entre as quais, a presidenta nacional do PCdoB, a deputada federal Luciana Santos.

“Vivemos um momento histórico porque essa obra foi concebida pela primeira vez quando Dom Pedro era imperador. Tem 150 anos que essa obra não saia do papel. E hoje estamos comemorando, pois ela é uma realidade”, enfatizou Dilma.

A presidenta fez questão de salientar que a obra se tornou realidade graças ao empenho e compromisso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

“Há nessa obra uma questão de vontade política. Eu me refiro ao presidente Lula. É uma obra que esteve em pauta durante 150 anos. Precisou que um nordestino fosse eleito presidente. Que esse nordestino tivesse sido praticamente expulso de sua casa aqui em Pernambuco, que tivesse vindo para São Paulo e soubesse o preço, o custo em termos de vidas, de perspectiva de futuro e esperança que a seca impunha para a população do Nordeste. E aí, a vontade de fazer foi muito importante, por isso eu me refiro a ele porque teve um papel decisivo para que essa obra ocorresse”, salientou Dilma.

Vontade política e Lula

A presidenta recordou que há exatamente um ano, ela e o ex-presidente Lula estiveram em Cabrobó, para acompanhar o andamento das obras. “Naquele dia já ficamos impressionados. Mas a gente achou que era pouca. Ficamos mais admirados com essa estação de bombeamento e a de energia, que ainda estava em construção. Ficamos admirados com a grandiosidade dessa obra’, lembrou.


“O presidente Lula quer muito inaugurar essa obra e eu assumi com ele o compromisso de que nós vamos, juntos, inaugurar porque ficará pronta em 2016”, garantiu a presidenta.

Seca

Dilma também disse que não é possível evitar a seca, mas que o governo age para amenizar os impactos que tem sobre a população.

“Conviver com a seca é saber que mais cedo ou mais tarde ela chega, mas quando chegar, não nos pega sem proteção. É isso que queremos com esse canal", disse.

Dilma afirmou que tudo na obra é grandioso e complexo. “Agora é bom que a gente conte pra todo mundo o tamanho dessa obra porque muita gente falava 'isso não sai do papel'. Pois saiu do papel”.

São cerca de 500 quilômetros de canais, nove estações de bombeamento, 27 reservatórios, 4 túneis e 14 aquedutos, e junto de cada uma das nove estações de bombeamento terá uma subestação de energia para elevar a água a 35 metros de altura.



“Tudo nela é grande, mas tem uma coisa mais importante: é que essa obra vai beneficiar 12 milhões de pessoas. A gente mede uma obra não pela quantidade de concreto que ela tem ou pelo tamanho dos andares, mas a quem ela beneficia. E ela beneficia 12 milhões de brasileiros e brasileiras de 390 municípios do Nordeste”, frisou a presidenta.

Capacidade de abastecer o Uruguai e Paraguai juntos

Para se ter uma ideia da relevância da obra, 12 milhões de pessoas é mais do que a soma da população do Uruguai e Paraguai. “É como se tivéssemos um Uruguai e Paraguai dentro do Brasil e esses países fossem beneficiados com essa obra de integração do Rio São Francisco”, declarou a presidenta, salientando que uma das principais preocupações foi garantir que as comunidades que vivem no entorno do canal fossem atendidas, como pequenos agricultores rurais, assentados da reforma agrária, população quilombolas e indígenas.

“Seria um horror que as pessoas que moram aqui vissem a água passar e não tivessem acesso a ela”, ressaltou Dilma.

Obra

Como destacou a presidenta, a primeira estação de bombeamento inaugurada levará a água por 45,9 quilômetros. O investimento nesse trecho é de R$ 625 milhões e a execução do empreendimento gerou 9.980 empregos.

De acordo com a Agência Nacional das Águas (ANA), a obra vai ter capacidade de captar 26,4 m³/segundo, mesmo em períodos de seca. Isso representa 1,4% da vazão média do rio, ou seja, duas colheres de sopa para cada litro d'água despejado no mar. Na cheia, a captação pode chegar a 127 m³/segundo sem prejudicar o rio.

Além disso, o Ministério da Integração Nacional já investiu cerca de R$1,7 bilhão em ações de revitalização no rio. O total aprovado pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para esse fim é de R$ 2,5 bilhões. 

Fórum Belém 400 Danos: Protagonistas da ideia de que uma outra cidade é possível.

Manifestantes abraçaram o PSM da 14 com uma grande faixa vermelha, exigindo a imediata conclusão da reforma do prédio que foi parcialmente interditado após um incêndio em uma das enfermarias.

O ato em frente ao PSM, seguida da manifestação que percorreu as ruas do centro de Belém do Pará, na manhã desta quinta-feira (20), foi um pouco diferente das que aconteceram nos demais estados do país. Além de ter uma pauta de reivindicação com assuntos locais, como a agilidade na reforma do Pronto Socorro Municipal e duras críticas às gestões do PSDB, tanto na prefeitura, quanto no governo do estado, os manifestantes mantém vivo um processo de organização iniciado há menos de dois meses e que inclui desde a participação de indivíduos pró e contra Dilma, até pessoas filiadas em partidos e ligadas aos movimentos sociais da esquerda paraense. O consenso fica na defesa por políticas públicas locais e a tentativa de reerguer a força do ativismo social na metrópole da Amazônia.

Belém está para completar 400 anos, desde que foi ocupada pelos Portugueses, que aqui ergueram igrejas para "educar" os índios e fortalezas militares para proteger a cidade de novos invasores, durante o período do imperialismo mercantilista europeu. Alguns séculos depois, foi palco de uma das mais brilhantes, corajosas e legítimas revoltas populares já acontecidas no Brasil, a Cabanagem.

Agora é hora de cobrar por tanto descaso dos governos que prometeram resolver os problemas históricos que a cidade mantém. A falta de saneamento ambiental é um dos mais graves e sérios problemas, mas a violência urbana desenfreada, a falta de atendimento humanizado nos hospitais públicos e o desordenamento urbano, fazem de Belém uma cidade atrasada e sem muitas coisas boas a se falar, a não ser as suas belezas naturais e sua arquitetura, erguida no clico da Belle Époque, trazida com a venda da extração da seringa, a matéria prima da borracha, que abasteceu a indústria automobilística mundial. 

Apesar das críticas ao governo federal, a defesa da democracia foi enfatizada por todos os manifestantes que criticaram as manifestações e ações pró-golpe e o impeachment de Dilma e a criminalização do PT e dos partidos de esquerda.

Movidos pelo espírito de luta e fazendo um contraponto às bandeiras fascistas que pedem intervenção militar e a interrupção democrática através de um golpe, diversos ativistas moradores da região metropolitana de Belém, organizam atos de protestos e pautas de reivindicações, neste ano em que a prefeitura e o governo do estado pensam em festejar os 400 anos da cidade. Por isso, o Fórum Belém 400 Danos - Uma outra cidade é possível, visa mostrar as mazelas que existem e buscar soluções para resolvê-las. 

A manifestação de ontem, foi mobilizada por um coletivo que debate ações e medidas para melhoria das condições de vida da população, bem como sugerir ao poder público a utilização dos espaços públicos com mais participação popular e controle social. Nestes debates, há grupos de representantes de diversos movimentos sindicais, populares, religiosos, culturais, esportivos e até quem não tenha vinculo com nenhuma organização ou partido.  

Representantes do Movimento Marajó Forte e Ação da Cidadania estiveram com seus cartazes em defesa da democracia.

Apesar de protestar contra a prefeitura e o governo do Estado, houveram manifestantes que não deixaram de criticar o governo Dilma, assim como seu ajuste fiscal e a "Agenda Brasil", medidas que o governo federal defende para frear a crise econômica. Além de várias faixas e cartazes trazerem outras pautas, tais como a reivindicação pela democratização da mídia, mais verbas para a educação pública, entre outras bandeiras dos movimentos sociais.

O mais novo sindicato dos professores das instituições federais de ensino superior, esteve presente no ato com dezenas de professores e estudantes da UFPA e IFPA.

Segundo matéria publicada no portal G1 da rede globo, "durante a caminhada, os manifestantes levaram um boneco vestido de presidiário com o número 171 estampado no peito. Segundo eles, a figura representa o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que foi denunciado ao STF por corrupção pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot na tarde desta quinta-feira".

As reuniões acontecem geralmente nas quarta-feiras, a partir das 17h, no Sindicato dos Urbanitários, em Belém do Pará e começaram após uma interrupção do fornecimento d'água, provocado por um incêndio no sistema elétrico da principal estação de tratamento da Companhia de Saneamento do Pará, no fim do mês de Junho deste ano. A faltá d'água provocou grandes transtornos na vida de mais de um milhão de pessoas, em cerca de 28 bairros.

Acesse a página www.facebook.com/ForumBelem400Anos e conheça melhor o que está sendo pensado e feito em busca de uma cidade melhor e participe.

Derrotado em 2014, ex-senador Mário Couto deixará o PSDB

Couto gritava aos quatro ventos que Dilma cairia e como todos sabem, a presidente se mantém no cargo e no seu partido, enquanto Mário Couto perdeu o cargo e agora sai do seu partido, depois de perder a disputa interna que travava com o governador Simão Jatene.
O senador tucano que já foi preso por porte de armas de grosso calibre  e por comandar bancas do jogo do bicho no Pará, Mário Couto anunciou que se desfiará do PSDB, depois de 25 anos na legenda. O rumo do mesmo ainda é incerto, podendo até ir para o PMDB, partido que ele já foi filiado.
Em Brasília, Mário Couto sempre foi um dos senadores do PSDB que mais atacavam o PT e os governo de Lula e Dilma. Em 2014, ano em que tentou a reeleição, chegou a protocolar dois pedidos de impeachment contra Dilma, o primeiro em Abril e o outro em Novembro, já depois de derrotado, pois ficou em terceiro lugar, com apenas 18,46% dos votos válidos, enquanto Paulo Rocha (PT) obteve 46,23% e ocupou a única vaga existe naquele disputa ao senado. 
Bravatas e corrupção
Embora não muito explicada, sua saída do PSDB é tida como resultado de conflitos com seus colegas de partido no Estado do Pará e já havia sido anunciada em junho do ano passado, quando chamou o governador Simão Jatene de mentiroso e safado.

Sempre com discursos recheados de uma falsa moralidade e chamando seus adversários de corruptos, em novembro de 2012, o senador teve seus bens bloqueados por determinação da Justiça do Pará, a pedido do Ministério Público. Mário Couto foi acusado por improbidade administrativa em licitações na Assembleia Legislativa do estado, quando como deputado estadual presidiu aquela casa entre 2003 e 2007. 

Os promotores paraenses alegaram ter encontrado contratações suspeitas em sua gestão, como uma fábrica de tapioca que foi contratada para prestar serviços de engenharia, e solicitaram a devolução de R$13.000.000,00 (treze milhões de reais) desviados do erário. 
Já como senador, Mário Couto foi acusado de financiar o Cuiarana com dinheiro público do DETRAN, órgão que esteve sob o comando de apadrinhados por ele. Segundo matéria do jornal Diário do Pará, "o senador operou a mágica de transformar um clube inexpressivo do interior paraense numa agremiação com ares de Primeiro Mundo, com estrutura de deixar no chinelo até mesmo clubes tradicionais como Remo e Paysandu. Especula-se que, por baixo, a folha salarial do clube alcance R$ 400 mil por mês".
Antes disso, os cofres do DETRAN já haviam sido arrombados por outro esquema coordenado por Sérgio Duboc, amigo de confiança e indicado pelo senador Tucano para operar a gatunagem. Após ser tido como foragido da polícia, pegou o beco e até hoje seu paradeiro é desconhecido. 
Com todos esses indícios e escândalos, Couto agora teme ter que responder pelos crimes e esquemas de corrupção que sempre foi acusado, mas que a imunidade parlamentar lhe aliviada a barra. Por isso, pensa em continuar na política, vindo a "escolher" outro partido e manter-se impune. Especula-se que ele possa engrossar as fileiras do PMDB ou do PSD, mas ele ainda não confirma, só diz em alto e bom som que tem a certeza de que será amigo por toda a vida do presidente nacional do PSDB, o senador Aécio Neves.
Que tal me acompanhar no twitter?!

sábado, agosto 15, 2015

Preso pela PF e condenado pela justiça, advogado paraense convoca para manifestação anti-corrupção



Preso pela Polícia Federal em 2006, na operação "Galilélia", o advogado Nelson Marzullo foi acusado de formação de quadrilha, desvio de dinheiro público e outros crimes cometidos na CDP (Companhia das Docas do Pará). Galiléia é o nome de um mar em Israel, e a escolha pela PF se deu em referência ao "mar de lama" que assolava a estatal.

Segundo a Justiça, houve fraudes em licitações, pagamentos em valores superiores aos pagos pelo mercado, vantagens indevidas a empresários e agentes públicos, uso indevido de bens e valores do patrimônio da companhia e uma série de outras irregularidades que violaram os deveres de honestidade, imparcialidade e legalidade.

Segundo o Ministério Público Federal, Nelson Marzullo Maia, assessor jurídico na CDP na época das irregularidades foi condenado ao ressarcimento de R$ 1 milhão aos cofres públicos, juntamente com outros condenados. Teve os direitos políticos suspensos por cinco anos e ficou proibido de contratar com o poder público ou de receber incentivos fiscais ou creditícios por cinco anos. Multado em R$ 10 mil.

Como pode agora estar convocando para manifestação contra a corrupção?

Fonte: Site do MPF-PA - Caso Galiléia: Justiça Federal já condenou 22 fraudadores da Companhia Docas do Pará.


Retaliação policial é principal linha de investigação de chacina de 18 pessoas na Grande SP


Na Folha.

A principal linha de investigação da polícia neste momento envolve a participação de policiais militares na chacina que deixou 18 mortos e seis feridos na última noite nas cidades de Osasco e Barueri, na Grande SP.

Segundo essa linha de apuração, a onda de crimes teria sido uma retaliação ao assassinato de um PM, na semana passada, em Osasco. O policial foi baleado ao reagir a um assalto, em um posto de combustíveis da cidade.

A suposta participação de policiais nos assassinatos colocou o comando das corporações sob alerta. Os efetivos foram colocados de prontidão e reforçados na região metropolitana, para reagir a eventuais retaliações de criminosos a carros ou bases policiais nas próximas noites e madrugadas.

A participação de policiais em chacinas desse tipo não é incomum. Nas cinco principais chacinas registradas na capital paulista desde 2013, onde morreram 42 pessoas, existe a suspeita de participação da polícia. Em abril, polícias militares são suspeitos de participar da execução sumária de oito pessoas que participavam de uma festa na sede da torcida Pavilhão 9, do Corinthians.

A Corregedoria da Polícia Militar também já está atuando no caso, para que a chacina seja esclarecida o mais rápido possível, como cobrou o governador Geraldo Alckmin (PSDB) nesta sexta-feira (14). O governo, porém, nega a entrada da corregedoria, já que essa participação configura uma suspeita mais forte da atuação de policiais no crime.

O secretário estadual da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, está acompanhando diretamente o caso. Segundo ele, a atuação de policiais é apenas uma das linhas de investigação.

Cápsulas de três diferentes calibres de armas foram encontradas próximas aos corpos das vítimas: 9 mm (de uso das Forças Armadas) e 38 e 380, de uso de guardas civis metropolitanos.

As ações foram semelhantes. Homens encapuzados estacionaram um carro, desembarcaram e dispararam vários tiros contra as vítimas. Em alguns locais dos crimes, testemunhas disseram que os assassinos perguntaram por antecedentes criminais, o que definia vida ou morte das pessoas.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, após apurar as características dos carros usados pelos criminosos, ao menos dois grupos participaram dos assassinatos –homens em uma moto e em um Peugeot prata em Osasco e em um Renault Sandero prata em Barueri.

O governo, porém, ainda não afirma se as 15 mortes em Osasco têm relação com as três de Barueri. Os horários dos crimes e o modus operandi indicam atuação em conjunto.

Dos 18 mortos, seis deles, segundo o governo, tinham antecedentes criminais, com passagens por roubo, furto, receptação, tráfico de drogas e tentativa de homicídio.

quinta-feira, agosto 13, 2015

Decreto presidencial de Aécio Neves pelo dia do Impeachment





PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO TUCANISTÃO*

Decreto Presidencial de Aécio Neves, sobre a manifestação pró-impeachment do dia 16 de Agosto de 2015.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista a realização da terceira marcha #VemPraRua convocada pela Globo, Veja, Folha de São Paulo e todos os derrotados nas últimas eleições, em vários estados brasileiros, decreta:

Art. 1o - Todo coxinha deverá tirar seu uniforme da CBF da gaveta e junto com seus tênis e assessórios de grife, caminharem alguns metros nas cidades onde temos velhos políticos envolvidos em atos de corrupção, que estarão com trio-elétricos, camisas, cartazes, faixas e bandeiras, pedindo o impeachment, junto com todos aqueles que perderam as eleições e os que votaram nestes e não se conformam com o resultado das urnas.

Art. 2o  - Para efeito deste Decreto, considera-se:

I - Ninguém poderá vestir vermelho neste dia;

II - É obrigatório tirar 'selfies' com PMs que estarão presentes para proteger todos os participantes, mas convém não lembrar que não é o governo federal que lhes nega o direito de terem melhores salários;

III - Podem levar bebidas e outras drogas, só não maconha que é droga de pobre e vagabundo;

IV - Podem hostilizar qualquer pessoa que vista vermelho ou ouse não querer participar da caminhada;

V - Nos estados e municípios governados pelo PSDB e partidos da oposição, os DAS´s deverão obrigatoriamente participar da marcha, sob pena de serem demitidos e não terem direito de reclamar. Para tal, os amigos promotores e desembargadores do Ministério Público de todas os estados da nação fingirão que essa prática não é ilegal e um ato grave de uso da máquina pública para fins partidários;

VI - Neste dia, fica proibido bater panelas ou mandar as nossas empregadas baterem, tanto nas janelas, quanto nas sacadas dos nossos condomínios. O almoço deste dia, deve ser realizado em restaurantes gourmet e depois retornamos pacificamente para o descanso merecido. O resto é com o Eduardo Cunha, nossos amigos no Congresso, TCU, STF, TSE, MPF, Polícia Federal e claro, nos meios de comunicação de massa, dos nossos amigos da grande mídia.

Brasília, 13 de Agosto de 2015.


AÉCIO NEVES.
Presidente da República do Tucanistão.


* Este decreto é uma sátira sobre a situação em que se encontra a política brasileira.

quarta-feira, agosto 12, 2015

Governador e prefeitos do PSDB usam DAS´s e investem no impeachment

Na coluna Repórter Diário, do jornal Diário do Pará, desta quarta-feira (12).

A notícia de que o governador do Estado do Pará, Simão Jatene (PSDB) e os prefeitos de Belém, Zenaldo Coutinho (PSDB) e de Ananindeua, Manoel Pioneiro (PSDB) pressionam DAS´s do governo do Estado destas duas prefeituras, que são as maiores do Pará, para engrossar o ato contra Dilma, previsto para esta semana, confirma a suspeita de que os tucanos estão por de trás destas manifestações em apologia ao impeachment.

Ontem, uma reunião em um hotel de luxo em Belém, reuniu diversas lideranças do PSDB para traçar o plano de investir pesado no ato e tentar induzir o povo paraense ir às ruas pedir o impeachment da presidenta Dilma, que está cumprindo o 8º mês de seu mandato, conforme foi decidido nas eleições presidenciais do ano passado.

Prefeito Tucano coordenou reunião do ato pró-impeachment. Imagem: Twitter do Deputado Estadual Carlos Bordalo (PT).

Em diversos bairros da capital paraense é possível ver outdoors com a convocação para o ato, que os organizadores dizem que não conta com a ajuda de partidos políticos. No entanto, a mega estrutura que envolve vários trios elétricos, milhões de camisas, bonés, faixas, folders, adesivos, gasolina para carros e motos, entre outras coisas que requerem de uma fortuna é nitidamente patrocinada, ao invés de fruto de 'doações do povo', como alegam os arautos da 'moralidade' e da 'ética'.

Vários outdoors, como esse no bairro do Guamá, estão espalhados pelo centro e periferia de Belém, mostrando a força financeira do ato pró-impeachment. Foto: Silva Macedo.

De onde será que vem tanto dinheiro? Não seria da corrupção dos governos e empresários ligados ao PSDB e demais partidos interessados em tirar Dilma do governo, antes de 2018?

Será que o Ministério Público do Estado do Pará não vê isso, ou sabe, mas deixa passar em branco, por ser cúmplice dessa farra com o dinheiro público, por ter parentes de promotores empregados no governo?

quarta-feira, julho 22, 2015

A música da noite: Nina Simone - Mississippi Goddam





Mississippi Goddam

O nome desta música é Mississippi Goddam
E eu quero dizer cada palavra

Alabama é chegado me tão chateado
Tennessee me fez perder meu descanso
E todo mundo sabe sobre Mississippi Goddam

Alabama é chegado me tão chateado
Tennessee me fez perder meu descanso
E todo mundo sabe sobre Mississippi Goddam

Você não pode vê-lo
Você não pode senti-lo
É tudo no ar
Eu não posso suportar a pressão por muito mais tempo
Alguém diz uma oração

Alabama é chegado me tão chateado
Tennessee me fez perder meu descanso
E todo mundo sabe sobre Mississippi Goddam

Esta é uma sintonia mostra
Mas o show não foi escrito para ele, ainda

Cães de caça em meu rastro
Crianças em idade escolar sentam-se na prisão
O gato preto cruzar o meu caminho
Eu acho que a cada dia vai ser o meu último

Senhor, tem piedade nesta terra de meu
Nós todos vamos buscá-la no devido tempo
Eu não pertenço aqui
Eu não pertenço lá
Eu mesmo acreditando que parou na oração

Não me diga
Eu digo a você
Eu e meu povo apenas cerca de devido
Eu estive lá assim que eu sei
Eles continuam dizendo: "Vá com calma!"

Mas isso é só o problema
"Faça isso devagar"
Lavar as janelas
"Faça isso devagar"
Escolher o algodão
"Faça isso devagar"
Você é podre apenas simples
"Faça isso devagar"
Você é muito preguiçoso maldito
"Faça isso devagar"
O pensamento do louco
"Faça isso devagar"
Onde é que eu vou
O que estou fazendo
Eu não sei
Eu não sei

MP pede quebra de sigilo bancário e fiscal do prefeito de Ananindeua

O blog recebeu o processo de número  0810605-68.2024.8.14.0000,  que tramita no Tribunal de Justiça do Esado do Pará e se encontra em sigilo...