Franquiada da Bontempo processa empresário por estelionato.
Por Diógenes Brandão
O Ministério Público do Estado do Pará denuncia por estelionato Rosmar Stedile, franqueador da Marca Bontempo no Brasil e Odemir Fernando Scarabelot, que era funcionário das vítimas.
De acordo com a denúncia do Ministério Público, número 00231484420178140401, as vítimas foram Marcela Maria Colares Cardoso e Arismarcos Santos, sócios da empresa MAP- Comércio, Representação e Prestação de Serviços Ltda, que detinha com exclusividade a franquia da marca Bontempo no Pará, de 2002 até 2013.
A denúncia gira em torno da venda simulada do prédio localizado na Travessa Rui Barbosa 813 feita por Rosmar, imóvel que hoje encontra-se bloqueado pela justiça, pois a transação teria sido feita sem o conhecimento das vítimas. Este fato causou uma enorme crise financeira na empresa MAP, levand-a à falência.
Linha do tempo de um ardil
Desde que a franquia Bontempo se instalou na cidade de Belém, foi bem sucedida, através do bom trabalho realizado pela franqueada, a MAP, ganhando prêmios de destaque nacional. Entretanto, a partir de 2005, Marcela Colares passou a sofrer assédio sexual por parte do diretor presidente da Marca Bontempo, Rudimar Stedile, irmão do denunciado. O caso foi descoberto pela família de ambos, gerando intermináveis conflitos familiares e profissionais. Isso ocasionou uma grande crise nos negócios das vítimas, pois todo prestígio e acesso à fábrica da franquia foram cortados, colocando a gestão da MAP numa situação insustentável.
Em 16/11/2011, as vítimas se viram obrigadas a chamar os franqueadores para ajustarem a situação de crise que se alastrava na empresa MAP. Objetivando recuperar seu negócio, as vítimas procuraram Rosmar Stedile para estabelecer uma relação comercial, já que os donos da MAP haviam feito grande investimento na Marca.
Segundo relatos, em maio de 2012 o Rosmar Stedile, sob pretexto de salvar a empresa das vítimas, exigiu a contratação do senhor Odemir Fernando Scarabelot como Consultor Administrativo, para controlar a franquia Bontempo no Pará, para que as vítimas não tivessem mais contato com a franqueadora. Isso foi feito, porém o acusado exigiu como garantia do investimento que iria fazer na empresa das vítimas, esse imóvel localizado na Rui Barbosa, 813.
Ele exigiu que fossem assinadas procurações públicas, dando poderes irrevogáveis e irretratáveis, inclusive para a venda dos imóveis da MAP.
Diante da grave crise e da promessa de recuperação da empresa MAP e, ainda, na esperança de salvar mais de 10 anos de trabalho e os empregos de inúmeros funcionários, em 06 de junho de 2013, as vítimas assinaram de boa fé a procuração.
Em 2014, alugaram o aludido imóvel para o Ministério do Trabalho, direcionando todo o valor do aluguel para a empresa do Rosmar Stedile, para quitar qualquer dívida com os franqueadores.
Fato relevante foi que uma vez que a totalidade da dívida estava quitada, as vítimas foram conversar com o denunciado para revogarem a procuração, já que era apenas uma garantia. Foi então que descobriram o golpe: os acusados haviam simulado uma operação de compra e venda do imóvel das vítimas, não prestaram contas do negócio jurídico, já que foi simulado e também não pagaram qualquer valor às vítimas ou mesmo injetaram recursos na empresa MAP.
Em setembro de 2015, quando interpelado a prestar as contas dos valores recebidos e dos pagamentos das dívidas, o denunciado Rosmar Stedile rompeu o pacto de recuperação da empresa MAP e mandou as vítimas procurarem seus direitos.
Desde então, completamente sem recursos financeiros, as vítimas lutam pela recuperação dos danos e prejuízos que sofreram, perante a Justiça.
Esse blog utilizou como fonte para esses relatos a denúncia do Ministério Público, disponíveis a qualquer cidadão, pois o processo não corre em segredo de justiça.