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terça-feira, novembro 19, 2019

ALEPA: Carlos Bordalo e Jarbas Vasconcelos frustram concursados

Bordalo alega ter regras dicionare leis que limitam o governador de nomear os concursados da SUSIPE.


Por Diógenes Brandão, com informações do portal da ALEPA e replicado no Amazon Live

Um grupo de concursados da SUSIPE, recentemente transformada em Secretaria de Estado, procurou o blog AS FALAS DA PÓLIS para relatar completa frustração com o deputado estadual Carlos Bordalo (PT), quanto com Jarbas Vasconcelos, ex-presidente da OAB-PA e hoje odiado por parte da atual direção da entidade, por ter proibido o exercício legal e o direito dos advogados em visitar seus clientes, os custodiados no sistema penal.

Sob ordens de dois decretos estaduais assinado por Jarbas e politicamente por Helder Barbalho, as prerrogativas dos operadores do direito que tentavam acessar as cadeias públicas foram sumariamente suspensas por um longo período, logo após a Chacina de Altamira e a chegada da Força Tarefa de Intervenção Penitenciária, que foi denunciada por práticas de tortura neonazistas contra os presos paraenses.

"O que eu me comprometo com vocês é de procurar o governador para uma saída diante desse cenário, mas é preciso entender também que nenhum gestor tem o poder absoluto de só tomar decisão, há regras, leis. Vocês têm o melhor acompanhamento jurídico que é a Defensoria Pública, mantenham a motivação", disse o Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor da Alepa, o deputado Carlos Bordalo, ao discutir soluções para a ausência de convocação por parte do governo do estado, dos aprovados no concurso da Susipe, que foram à ALEPA pedir ajuda dos deputados para tentarem sensibilizar o governador Helder Barbalho.

Um dos concursados que pediu para não ter seu nome divulgado, disse que está ansioso por sua nomeação, já que pediu dispensa do emprego em que estava, para poder estudar e se preparar para o cargo de Agente Penitenciário e que se fosse para ouvir a recomendação do deputado petista, para que procurem a Defensoria Pública, pra que teriam ido até à ALEPA pedir ajuda dos parlamentares?

Os concursados pediram a audiência para obterem apoio para que fossem nomeados. A Susipe enviou representante, mas as nomeações dependem de decisões que passam pela SEAD e a Procuradoria Geral do Estado, que não apareceram, como bem frisou e cobrou as suas presença, o deputado Eliel Faustino (DEM).

quarta-feira, setembro 11, 2019

PT racha por apoio de Beto, Dilvanda e Bordalo a Helder Barbalho

Os deputados Beto Faro, Dilvanda Faro e Carlos Bordalo são acusados de apoiar fascistas e golpistas em troca de cargos no governo Helder.

Por Diógenes Brandão

Após o resultado das eleições internas do PT-PA, as tendências começam a manifestar suas posições em relação ao segundo turno, onde o deputado federal Beto Faro disputa com Zé Geraldo, a presidência estadual do partido. 

Antes de cumprir as etapas do processo eleitoral e já se autoproclamar eleito presidente do PT-PA, Beto Faro irritou boa parte dos dirigentes de outros grupos internos do partido, pois pelas regras estabelecidas no Estatuto e no Regimento Eleitoral do PED e do Congresso do PT, só a partir dele é que se consagram eleitos os presidentes estaduais e nacionais do partido.

A nota abaixo revela o clima de tensão e pressão existente no PT paraense, rachado e em pé de guerra com os governos de Helder Barbalho e Jair Bolsonaro.

NOTA DE ESCLARECIMENTO DA CHAPA ESTADUAL "ESQUERDA PETISTA - LULA LIVRE JÁ" (420)

A coordenação da chapa a “Esquerda Petista – Lula Livre Já” denuncia a manipulação das tendências Movimento PT, Militância Socialista e Resistência Socialista que assinaram a “Nota Tendências da Esquerda Petista” com o objetivo de confundir às pessoas que apoiaram as nossas candidaturas e chapas.

Diferentemente das lideranças dessas tendências, todas elas com cargos nas assessorias de Beto, Dilvanda Faro e Bordalo e empregos no governo Helder Barbalho, que já tinham fechado seu apoio a Beto Faro para presidente do PT-PA e não lançaram a candidato a presidente estadual, os militantes da “Esquerda Petista” não participam do governo Barbalho e nunca serão linha auxiliar dos interesses políticos e acordos eleitorais entre os barbalhos e parlamentares do PT.

Como apresentamos no nosso Manifesto, continuaremos lutando pela saída do nosso partido do governo Helder Barbalho. Pois, o que fazemos nesse governo do MDB quando Helder e todos seus familiares no Senado e Câmara Federal apoiaram o golpe contra Dilma, participaram do governo Temer, apoiaram a reforma trabalhista e apoiam a reforma da Previdência e pretendem implementar a mesma também no Pará; apoiam a maioria das privatizações do governo Bolsonaro; não combatem os preços abusivos do monopólio energético da CELPA.

O que fazem alguns petistas em um governo do qual participam fascistas; que não paga o piso salarial aos professores; que apoia a implementação da Escola sem Partido; que não apoia à agricultura familiar, nem, portanto, a reforma agrária e não combate o incremento das queimadas e desmatamento. 

Nenhuma aliança com os partidos e lideranças golpistas!

Lula Livre!! 

Viva o Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras!!!

quinta-feira, agosto 08, 2019

Aliado de Helder Barbalho quer Escola sem Partido no Pará


Por Diógenes Brandão

Projeto de Lei proposto pelo Deputado Estadual Delegado Caveira (PP) é enviado para sanção do governador Helder Barbalho (MDB) e gera indignação por parte de professores, que reagem dizendo que a iniciativa  é uma tentativa de calar os educadores, para que eles não despertem o senso crítico dos seus alunos.

O projeto foi apresentado pela primeira vez em 2016, pelo deputado Osório Juvenil (MDB), mas só foi aprovado na ALEPA, no dia 02 de abril de 2019.

O conteúdo desse Projeto de Lei é praticamente a aplicação do Escola sem partido, que foi rejeitado pelo Congresso Nacional, devido sua inconstitucionalidade.

Há quem duvide que o projeto seja sancionado pelo governador, já que mesmo aprovado na surdina, entre os deputados estaduais, para se transformar em lei, o chefe do executivo precisa aprová-lo.

Para quem duvida e subestima a força e influência deste tipo de projeto e seus propositores é bom lembrar que em Junho deste ano, o deputado Caveira apresentou e aprovou o projeto de Lei que deu ao presidente Jair Bolsonaro, o título de Cidadão Paraense, o que foi noticiado em primeira mão, no blog AS FALAS DA PÓLIS e confirmou-se alguns dias depois. Leia em: Bolsonaro pode receber título de "Cidadão Paraense" pela ALEPA.

Na época, embora eleitos com votos de movimentos sociais e categorias profissionais, como a dos professores do Estado, os deputados Carlos Bordalo (PT) e Marinor Brito (PSOL) chegaram a dizer que haviam barrado a tramitação do projeto, mas "o que vimos foi uma vitória da ala de apoio ao presidente, que por  22 votos sim, 05 não e 03 abstenções, impôs uma derrota acachapante aqueles que fazem oposição ao governo Bolsonaro, mas nada falam do apoio dado por Helder Barbalho à Reforma da Previdência", informou este blog na matéria Bolsonaro é eleito "cidadão paraense" e "cidadão de Belém".



A nova polêmica proposição que está na mesa de Helder Barbalho aguardando a aprovação do governador, que é aliado do deputado, parece não ter incomodado o SINTEPP, que representa os educadores do Estado, mas desde que o novo governo assumiu, em janeiro deste ano, os sindicalistas filiados ao PSOL - partido que no Pará tem o deputado federal Edmilson Rodrigues e a deputada estadual Marinor Brito - mudaram radicalmente de postura, pois se antes  estavam sempre vigilantes contra qualquer medida repressora e autoritária dos governos anteriores, na defesa intransigente dos professores, que são quem sustenta a entidade, hoje estes mesmos "defensores" dos educadores, se calam diante de tudo que o governador Helder Barbalho e seus aliados propõem.

Leia abaixo o teor do projeto, que independente do deputado que o apresente, precisa ser encaminhado ao governador pelo presidente da ALEPA, neste caso o deputado estadual Dr. Daniel (sem partido).




terça-feira, junho 11, 2019

Bolsonaro é eleito "cidadão paraense" e "cidadão de Belém"


Por Diógenes Brandão

Conforme anunciado em primeira mão pelo blog AS FALAS DA PÓLIS, uma semana atrás, o projeto 004/2019, de autoria do deputado estadual Delegado Caveira, acaba de ser aprovado por ampla maioria dos parlamentares paraenses. 

Com isso, o presidente Jair Bolsonaro é considerado "Cidadão Paraense" e deverá recebe o título nesta sexta-feira, quando estará em Belém participando das celebrações pelos 108 anos de fundação da Assembleia de Deus no Brasil, conforme já havia sido adiantado por aqui.

Embora deputados como Carlos Bordalo (PT) e Marinor Brito (PSOL) tivessem dito que haviam barrado a tramitação do projeto, o que vimos foi uma vitória da ala de apoio ao presidente, que por  22 votos sim, 05 não e 03 abstenções, impôs uma derrota acachapante aqueles que fazem oposição ao governo Bolsonaro, mas nada falam do apoio dado por Helder Barbalho à Reforma da Previdência.

Na Câmara de Vereadores de Belém, o título de "Cidadão Belenense" também foi aprovado, após diversas tentativas por parte do seu autor, o vereador Sargento Silvano.


sexta-feira, março 15, 2019

Alepa debate fiscalização das barragens no Pará

Em sessão especial, movimentos populares, prefeitos e vereadores de cinco municípios. Foto: Hanny Amoras.

Por Hanny Amoras, jornalista e correspondente do Blog do Zé Dudu em Belém

Foi em sessão especial com mais de três horas de duração e ampla participação. Apesar de convidadas, apenas uma mineradora mandou representante.

Em sessão especial, movimentos populares, prefeitos e vereadores de cinco municípios.  A Comissão Parlamentar de Barragens da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) vai ter muito trabalho pela frente. A conclusão veio depois da sessão especial realizada nesta quinta-feira, 14, no auditório João Batista, para debater o sistema de segurança e fiscalização das barragens tanto de mineração, para contenção de rejeitos minerais e industriais, quanto aquelas de usos múltiplos existentes no estado.  Teve grupo que viajou cinco dias de barco para chegar a Belém e participar dos debates de um tema que tem tirado o sono de muitas famílias que residem perto de grandes barragens e que agora temem viver as tragédias das cidades mineiras de Mariana e, principalmente, Brumadinho, responsáveis pela morte e desaparecimento de centenas de pessoas e por destruição ambiental.



Já entre as mineradoras, apenas a Mineração Rio do Norte mandou representante, no caso o diretor de Sustentabilidade da empresa, Vladimir Moreira. A ausência das empresas foi sentida pelos representantes dos movimentos sociais, da iniciativa privada, do governo do Estado e demais órgãos públicos, como Ministério Público, e ainda por prefeitos e vereadores presentes na sessão, requerida pelo deputado Carlos Bordalo (PT). Por motivos de saúde, ele não pode comparecer ao debate. 

 “Todas as mineradoras foram convidadas”, assegurou a deputada Marinor Brito (PSol), que liderou a sessão e que, na quarta-feira, 13, foi escolhida para presidir a Comissão Parlamentar das Barragens. Dos dez parlamentares que compõem o grupo, além de Marinor Brito, apenas o deputado Dirceu Ten Caten (PT) pode comparecer à sessão, que ainda teve a presença da deputada Dilvandra Faro (PT).  Até o debate desta quinta-feira, com mais de três horas de duração, o plano da Comissão de Barragens era o de visitar os municípios de Oriximiná, Paragominas, Parauapebas, Canaã dos Carajás e Barcarena. Mas a partir do que foi exposto pelos movimentos sociais e dos pedidos de fiscalização realizados, Marinor admitiu que precisará mudar os planos.



Denúncia contra Alcoa em Juruti 

Do município de Juruti, no oeste do Pará, representantes da Associação Comunitária da Região de Juruti Velho (Acorjuve), navegaram por cinco dias para participar da sessão especial, onde acusaram a mineradora Alcoa – uma das três maiores empresas de alumínio do mundo – de sonegar informações à população sobre riscos que ocorreram na barragem.  

Segundo Geordenor Santos, da Acorjuve, em 2017 a Alcoa parou suas atividades por 15 dias devido a um vazamento na barragem. “E só fomos saber disso seis meses depois”, reclamou ele, para assegurar que há nove anos a mineradora não presta qualquer informação para as 54 comunidades, com 13 mil habitantes, que fazem parte do Projeto de Assentamento Agroextrativista Juruti Velho, onde a Alcoa executa todas as atividades de lavra da bauxita no lago com 35 quilômetros de extensão.  

Geordenor Santos solicitou à comissão parlamentar para que também fiscalize as atividades da Alcoa e exija da empresa que promova treinamento da população, de prevenção e emergência, para enfrentar eventuais problemas na barragem. “A gente não tem isso”, afirmou a liderança comunitária. Presente na sessão, o prefeito de Juruti, Manoel Gomes Costa, minimizou o problema ao dizer que a barragem no município é a jusante, que garante melhor estabilidade à estrutura. “Mas sempre há riscos”, concordou o prefeito.  

Participação popular, política e empresarial 

Em meio a muitas críticas ao governo pelas concessões de benefícios às mineradoras e aos acidentes provocados pelas empresas, o presidente do Movimento dos Atingidos pelas Barragens (MAB), Robert Rodrigues, propôs ao parlamento para que formule e aprove projeto de lei a fim de que as comunidades participem das fiscalizações das barragens.  

O vice-presidente da Federação das Indústrias do Pará (Fiepa), José Maria Mendonça, concordou com a fiscalização. “Quanto maior a fiscalização, melhor para todos que desejam trabalhar de forma correta. Nossa presença aqui é de apoio à ideia”, disse ele. “Estamos abertos à vistoria em todos os nossos programas”, afirmou Vladimir Moreira, da Mineração Rio do Norte, para informar que a empresa conta com 100 pessoas dedicadas à fiscalização do sistema.  

O diretor de Infraestrutura da Prefeitura de Barcarena, José Oscar Vergolino, sugeriu a criação de estações de monitoramento diário das atividades da mineradora Hydro Alunorte, bastante criticada na sessão especial pela contaminação dos rios da região devido ao vazamento de rejeitos de bauxita, o que em 2018 resultou na criação de uma CPI pela Assembleia Legislativa. Até hoje a empresa nega o acidente. “Podemos tirar zero vírgula alguma coisa dessa empresa para fazer essas estações”, disse Vergolino.  

Índios Xicrins em perigo 

O ex-vereador Miquinha, de Parauapebas, denunciou a contaminação dos rios das aldeias Xicrins pela mineradora Vale. E também pediu a presença da comissão parlamentar na região, para ver o que está acontecendo. “Lá, ninguém mais come peixe porque está contaminado”, disse ele, que levantou dúvidas sobre um membro da comissão de barragens. “Tem deputado que, infelizmente, não estará do lado da população”.  

Também participaram da sessão especial, vereadores de Paragominas, Jacundá, Oriximiná e representantes de movimentos sociais de vários municípios. O Governo do Estado foi representado por Ronaldo Lima, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme); Bruno Pinto Freitas, da Defesa Civil; Bruno Santana Carneiro, do Instituto Evandro Chagas; Eugênia Pinon, da Casa Civil; Patrick Passos, da Secretaria de Justiça; Edvaldo Castro, do Centro de Perícia Científica Renato Chaves; e Luciano de Oliveira, da Secretaria de Segurança Pública.  

Ainda se manifestaram a promotora de Justiça Mirna Gouvêa; a engenheira ambiental Paula Paiva, do Conselho Regional de Arquitetura e Engenharia (Crea); e a defensora pública e ex-deputada Regina Barata.  

Grupo de Trabalho do Estado já em ação 

Convidada, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) justificou que já deu início ao processo de fiscalização nas barragens do Pará desde o dia 28 de janeiro, quando foi criado o Grupo de Trabalho para governador Helder Barbalho.  

“O grupo de trabalho está neste momento vistoriando municípios do sul e sudeste do Pará”, informou Ronaldo Lima, da Sedeme. O grupo foi ao Projeto Sossego, em Canaã dos Carajás, e esta semana se encontra fiscalizando o Projeto Salobo, em Marabá. “Ontem, outra equipe se encontrava em Juruti vistoriando a barragem da Alcoa”, disse ele.  

A vistoria será realizada até 4 de abril, quando as equipes irão percorrer 56 estruturas de barragens de mineração, conforme informou o representante da Sedeme.




domingo, novembro 04, 2018

Quem será da base de apoio de Helder Barbalho na ALEPA?




O blog analisou minuciosamente os nomes dos 41 eleitos que irão compor a próxima legislatura na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), para que se possa – à priori – montar um cenário preliminar de composição interna, e  quem será base ou estará na oposição ao governo Helder Barbalho. Tendo como parâmetro a coligação que o candidato do MDB concentrou na campanha: PTB, PSC, PSL, PHS, PSD, PP, PSDC, Avante, PROS, PRTB, PR, Podemos, PTC, PMB e PV; juntos somam 23 parlamentares eleitos. Portanto, sem negociação, o novo governador já possui maioria, porém com margem apertada e que ainda não lhe garante a folga para aprovação de projetos e assuntos de interesse de sua futura gestão.  

Os partidos que não coligaram com o MDB e que na teoria se posicionam na oposição somam 18 parlamentares. Nesse quantitativo há nomes que podem integrar a base governista na Alepa, bastará algumas tratativas e alguns acordos. O PSDB terá uma bancada de cinco deputados, mas pode-se afirmar que, pelo menos, dois já integram a base do novo governo: Dr. Daniel (o mais votado) e Luth Rebelo, que no segundo turno externou o seu apoio ao então candidato do MDB. O PDT conta com dois parlamentares, Junior Hage e Miro Sanova. O primeiro já declarou apoio ao Barbalho, o segundo ainda aguarda decisão de seu partido.  

O Democratas terá três cadeiras no parlamento estadual: Eliel Faustino e Dra. Heloisa, ambos serão oposição ao novo governo; mas Hilton Aguiar deverá compor a base governista. O PSB que elegeu Fábio Figueiras, ainda não definiu qual caminho seguir (mas pelo conhecimento de causa que este blogueiro possui sobre a legenda, dependendo do acordo, sem cerimônias, mudará de lado para integrar a base governista). O Solidariedade controlado pelo ainda deputado, mas não reeleito Wlad Costa, terá no parlamento Renilce Nicodemos como a única representante. Será que Wlad aceitará compor o novo governo depois de ter sido um dos mais duros críticos dos Barbalho?  

O PPS terá uma cadeira, a do deputado reeleito Thiago Araújo. O caso do filho do conselheiro Zeca Araújo é outra incógnita. Mudará de lado, depois de ter sido um dos maiores apoiadores dos tucanos? O PMN terá um assento reservado para Orlando Lobato, mais um que poderá compor a base do novo governo. O PSOL será representado pela deputada eleita Marinor Brito, e com certeza fará oposição a Helder Barbalho. E o PT? O partido terá três cadeiras no parlamento estadual. O blog entrou em contato com um dos três deputados eleitos, e foi informado que ainda haverá reunião entre as Executivas estaduais do PT e MDB para definir a questão. Só a partir da decisão partidária, e que Carlos Bordalo, Dilvandra Faro e Dirceu Ten Caten decidirão qual caminho seguir. Mas afirma-se nos bastidores  que o PT apoiará o governo Helder e que os dois parlamentares da AS (Articulação Socialista – Bordalo e Faro) deverão compor a base, porém o deputado marabaense Ten Caten, parece caminhar para o lado oposicionista.  

Em resumo, neste momento, o governador eleito Helder Barbalho conta com 23 parlamentares de sua coligação confirmados em sua base.  Três deputados que são de partidos adversários já confirmaram apoio ao novo mandatário da política paraense; quatro aguardam decisão partidária; três devem aderir ao governo e dois são incógnitas.  

Portanto, Helder Barbalho no atual momento conta como 29 deputados em sua base, e aguarda ainda quatro indefinições que dependem de acordos, o que poderá fazer a representação do Executivo no parlamento chegar a 33 deputados. Dois parlamentares ainda não se pode afirmar qual caminho seguirão. A oposição até o momento será representada por apenas seis deputados.  

Helder Barbalho terá o apoio da Alepa em um nível que há tempo não se acompanhava na política paraense. Caberá aos poucos parlamentares que estarão fora da órbita do Palácio dos Despachos a critica e a cobrança ao novo governo, que se faz necessária existir.

A possibilidade do presidente estadual do PT-PA deixar o cargo tem agitado o partido, que perdeu as eleições.

quinta-feira, outubro 11, 2018

PT decide apoiar Helder Barbalho, mas militância lembra do golpe e reage

Helder Barbalho mantém PT aliado do projeto do MDB no Pará, mas militância reage e ameaça não fazer campanha.

Por Diógenes Brandão

A decisão tomada pela executiva estadual do PT-PA, nesta quinta-feira (11), deixou a sociedade paraense sem entender os motivos que levaram o partido a declarar apoio a Helder Barbalho, neste segundo turno das eleições para o governo do Estado.

Representantes dos grupos de Paulo Rocha, Beto Faro, Dilvanda Faro e Carlos Bordalo, já chegaram com posição definida: Apoiar Helder Barbalho

Já o grupo de Zé Geraldo, Airton Faleiro e Dirceu Ten Caten confirmaram o que o blog AS FALAS DA PÓLIS anunciou na madrugada de hoje: Fecharam posição em apoio a Márcio Miranda para governador. 

Só o grupo liderado pelo ex-deputado federal Cláudio Puty defendeu que a estratégia prioritária para este segundo turno deveria ser a reunião de forças para eleger Fernando Haddad e que qualquer candidato que quisesse o apoio do PT, deveria igualmente declarar o apoio ao candidato a presidente do partido. 

Para tal, o grupo defendida a criação de uma ampla frente multi-partidária para conseguir juntar a maioria das forças políticas e barrar a ameaça fascista representada na candidatura de Jair Bolsonaro.

No entanto, por maioria simples, a reunião da executiva estadual do PT aprovou a posição de apoio a Helder Barbalho e soltou uma nota justificando a decisão. 

Nela, o PT diz que em 2003, durante o primeiro ano do segundo mandato de Lula como presidente, deu-se início a um projeto que representa uma política de destruição do ideário de nação, de liquidação dos direitos sociais e econômicos da grande maioria da população, de mutilação da soberania do Brasil, e de incentivo do ódio e da intolerância como método de disputa política. Confuso, né? Mas é isso que você pode ler abaixo, na fanpage do partido: 


Militância não foi ouvida e reagiu contrária à aliança com o MDB

O anúncio da decisão deixou a maioria da militância confusa e quem não é petista ficou sem entender o que leva o PT a manter-se aliado aos representantes de Michel Temer no Pará, já que o PT e a esquerda como um todo, desenvolveram a narrativa de que sofreram um golpe orquestrado pelo MDB, que tomou o poder após um impeachment forjado.

Através de métricas e análise de sentimento nas redes sociais é possível identificar diversas manifestações de filiados e simpatizantes do PT, se colocando contrários à decisão dos dirigentes do partido e ameaçando ignorar o acordo eleitoral feito com o MDB, o que pode fazer com que só seja cumprido pelos que participaram das negociações, enquanto a maioria dos votos entregues aos candidatos do PT, no primeiro turno, até agora tem rumo desconhecido, neste segundo turno das eleições para o governo do Estado.

E o Haddad?

Preocupados que a decisão adotada pelos membros da executiva do PT não contamine a campanha do presidenciável, um grupo de militantes e simpatizantes da candidatura de Fernando Haddad criaram um grupo no Whatsapp, com o intuito de discutir estratégias para ajudar e priorizar a campanha presidencial, ao invés de priorizar a campanha de Helder Barbalho ou de Márcio Miranda.

O mais votado do PT declara apoio a Márcio Miranda (DEM)

Dirceu Ten Caten faz parte de uma nova safra de políticos petistas, que dialogam com amplos setores da sociedade e seus mais variados partidos. Ele foi o mais votado entre os deputados estaduais que o PT elegeu no Pará.

Por Diógenes Brandão

Dirceu Ten Caten, o deputado estadual mais votado pelo PT no Pará, assumiu que apoia Márcio Miranda (DEM), que disputa o segundo turno com Helder Barbalho, do MDB. 

Para um dirigente estadual do PT, a escolha abre um debate interno caloroso e que o partido protelou até aqui. 

"Estamos diante de uma eleição em que o PT não pode dar-se ao luxo de ser egoísta e mesquinho. O DEM sempre foi um aliado do PSDB, sabidamente o nosso principal adversário em muitos anos de luta política no Brasil, mas aqui no Pará, o Márcio Miranda se revelou um dos melhores líderes políticos do Estado, se distanciando de posturas adotadas pelas velhas raposas da política paraense, conseguiu apoio para se eleger e se reeleger duas vezes como presidente da ALEPA, liderando todos os deputados, com respeito, democracia e apoio irrestrito em todas as demandas a ele confiadas. 

Precisamos deixar de olhar pelo retrovisor e entender que a sociedade não nos quer mais defendendo partidos e sim boas práticas e todos os partidos possuem bons e maus políticos, inclusive o PT. Por que no DEM não pode haver aliados e bons nomes para apoiarmos?", perguntou o petista que assim como Dirceu, faz parte de uma nova safra de dirigentes do PT paraense, os quais apostam que seja importante abrir canais de diálogo com partidos distintos, inclusive aqueles que podem ajudar o PT a eleger Fernando Haddad, ao invés de Jair Bolsonaro

O dirigente petista que nos informou sobre o clima político dentro do PT, preferiu não ter seu nome revelado, pois segundo ele, isso causaria certo desconforto dentro da direção partidária, pelo fato de que o PT Pará ainda não reuniu seu diretório para fechar posição, neste segundo turno. 

Dirceu é filho da ex-deputada Bernadete Ten Caten e Luiz Carlos, duas fortes lideranças do PT paraense e pelo apurado com a nossa fonte, eles certamente arrastarão outros petistas para a campanha que rivaliza com o candidato do partido que impulsionou o golpe contra a ex-presidente Dilma e foi um dos principais ministros do presidente Michel Temer, quem o PT sempre não esquece de ser o maior golpista e traidor do país.

Além de Dirceu, o PT reelegeu Carlos Bordalo, com 49.854 votos e elegeu pela primeira vez, Dilvanda Faro, que obteve 43.796 votos. Dilvanda é esposa de Beto Faro, deputado federal também reeleito no último domingo.

Beto, Dilvanda e Bordalo integram o mesmo grupo interno no PT, mas Bordalo tem mais afinidade com Márcio Miranda, enquanto Beto e Dilvanda sempre foram muito próximos a Helder Barbalho, no entanto, nenhum dos três se manifestou sobre qual candidato apoiarão para o governo, no segundo turno, aqui no Estado do Pará.

Nos debates internos do PT, a opção de liberar a militância para que ela vote em quem bem entender, é muito maior do que a perigosa tese de que o partido precisa fechar apoio em um dos candidatos na disputa pelo governo do Estado.

Para a maioria dos militantes que se manifestam nas redes sociais, a prioridade agora é eleger Fernando Haddad presidente, contra Bolsonaro. Mas o côro de que petista não vota em golpista, anda crescendo entre diversos grupos internos, que não engoliram o golpe que sofreram do MDB.

Leia também: 

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#FicaTemer: Petista comemora 10 anos em DAS no governo federal

terça-feira, junho 05, 2018

Comunidades enfrentam rotina de doenças e abandono em Marituba



A dona de casa Andréa Cristina tem 26 anos e está no início de sua primeira gravidez. Desde o ano passado, sua rotina tem sido uma constante busca por atendimento médico, mas não por causa da gestação. “Comecei a sentir cansaço, falta de ar e dor no peito. Ia ao médico, receitavam remédio, eu melhorava. Depois voltava para casa, piorava. Altas horas da noite, voltava para a emergência”, conta ela. “Até que fiz um raio-X do pulmão e o exame atestou uma mancha”.   

Moradora do bairro Campina Verde, em Marituba, região metropolitana de Belém, Andréa tem sido afetada diariamente pelo forte odor exalado pelo lixão, localizado a poucos metros de sua pequena casa de alvenaria. “Quando o cheiro está muito forte, vou para a frente do ventilador, mas não consigo respirar. Como a situação está se agravando e pode prejudicar o bebê, a única solução é abandonar a minha casa, que eu lutei tanto para conseguir”, diz ela, sem esconder a dor e a indignação.

O relato de Andréa foi feito durante a diligência realizada pelas comissões de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa do Pará, presidida pelo deputado estadual Carlos Bordalo (PT), e de Desenvolvimento Urbano da Câmara Federal, tendo à frente o deputado federal Edmilson Rodrigues (PSOL), nesta segunda-feira, dia 04 de junho. A diligência foi acompanhada por representantes da Defensoria Pública do Estado, Universidade Federal do Pará, Instituto Evandro Chagas, Comissão de Saúde da Alepa e Movimento Fora Lixão de Marituba, além dos vereadores Fernando Carneiro, de Belém, e Chica Estrela, de Marituba.   

Assim como Andréa, muitos moradores da pequena cidade de 130 mil habitantes estão padecendo com toda sorte de doenças: infecções respiratórias, manchas na pele, dor de cabeça, vômitos e diarreia, além da proliferação de ratos, moscas e outros insetos, prejudicando também o comércio. Eles afirmam que os problemas surgiram após a instalação do aterro sanitário, popularmente conhecido como “Lixão de Marituba”, em 2015, de propriedade das empresas Guamá Tratamentos de Resíduos LTDA (Revita), Veja Valorização de Resíduos S/A e Solvi Participações S/A. Segundo denúncias, o lixo é despejado diretamente no solo, sem qualquer separação entre recicláveis e orgânicos, e sem o sistema de tratamento de chorume, gerando um passivo gigantesco, de mais de 200 mil toneladas, que estaria sendo depositado em bacias ou enormes piscinas, algumas sem manta de impermeabilização, contaminando o lençol freático. 



Além dos moradores de Marituba, o lixão atinge diretamente a população do Quilombo do Abacatal, onde vivem cerca de 500 quilombolas há mais de 300 anos. A área é banhada pelo rio Uriboquinha que, embora pequeno e de pouca vazão, estaria sendo utilizado para o descarte de chorume. As empresas são alvo de inúmeras ações promovidas pelo Ministério Público do Estado do Pará, inclusive quatro ações criminais, que culminaram com a prisão de dois diretores e um funcionário.

sexta-feira, outubro 27, 2017

Sidney Rosa veta título de cidadão paraense a líder do MST e gera polêmica na ALEPA. Doria recebeu e ninguém se opôs

Deputados paraenses divergem sobre indicado a receber o título de Cidadão Paraense a líder do MST. 


Por Diógenes Brandão

Uma polêmica surgiu na Assembleia Legislativa do Estado do Pará e deve testar a liderança do presidente da casa, o deputado estadual Márcio Miranda (DEM), famoso por contornar crises e apagar incêndios entre seus pares.

O motivo: O deputado estadual Sidney Rosa (PSB), que é pré-candidato ao governo do Pará, teria segundo a coluna Repórter Diário - do jornal Diário do Pará, condenado a indicação de João Pedro Stédile, para que o mesmo receba o título de cidadão paraense, proposto pelo deputado  estadual Carlos Bordalo (PT-PA).

Bordalo atuou por muitos anos como educador da FASE na região do nordeste paraense. A entidade atua desde 1961, no fortalecimento de grupos sociais para a garantia de direitos, da democracia e da sustentabilidade. Entre as diversas atividades na FASE, Bordalo sempre deu apoio à entidades como a Federação dos Trabalhadores Rurais - FETAGRI, que congrega associações e sindicatos de pequenos produtores rurais, enquanto Sidney Rosa sempre foi defensor dos interesses dos grande latifundiários e associações de produtores de grande porte, o chamado agribusiness, além da indústria agropecuária e madereira.

Segundo o portal Amazônia.org.br, a família de Sidney Rosa detém uma madeireira – Rosa Indústria Madeireira -, que constantemente é alvo do Ibama em ações de combate ao desmatamento. Além disso, "quando Rosa foi prefeito de Paragominas (1996-2004), a cidade era um dos focos de devastação na Amazônia. Para complicar, quando era secretário de Desenvolvimento, Rosa estimulou pesquisas sobre o plantio de arroz na ilha de Marajó e irritou os ambientalistas", relata a matéria da revista Exame, replicada no site acima.

quinta-feira, outubro 26, 2017

Paulinho Fonteles morre aos 45 anos e recebe homenagens

Paulinho Fonteles recebe centenas de homenagens póstumas de amigos, partidos, lideranças e veículos de imprensa.

Por Diógenes Brandão

O comunista Paulo Fonteles Filho foi acometido por uma broncopneumonia e faleceu aos 45 anos, vítima de um infarto fulminante, na manhã desta quinta-feira (26). Seu pai, Paulo Fonteles, tinha a vida relembrada através de um dedicado trabalho no Instituto Paulo Fonteles de Direitos Humanos criado por ele. 

Paulinho deixa uma grande lacuna na luta pelos Direitos Humanos e no resgate da história dos movimentos sociais no Pará. 

Seu corpo será velado na Assembléia Legislativa do Estado do Pará (ALEPA) e o sepultamento no Cemitério de Santa Izabel.

Em sua última postagem nas redes sociais, Paulinho escreveu no dia 7 de outubro: 


Entre as homenagens e despedidas, o blog destaca a publicação do jornalista Antônio José Soares, no Facebook, que resgatou um pouco do legado do comunista paraense: 

"Paulo Fonteles Filho, o Paulinho Fonteles, 45 anos, ex-vereador de Belém pelo Partido Comunista do Brasil (PC do B). É filho do deputado Paulo Fonteles, assassinado no exercício do cargo, por defender posseiros, e de Hecilda Veiga, militante comunista e dos direitos humanos. Os dois foram presos pela ditadura militar e Paulinho nasceu no cárcere. 

Paulinho vinha dedicando anos de sua vida para esclarecer pontos obscuros da Guerrilha do Araguaia, sendo integrante da Comissão da Verdade. Denunciava tortura, violência contra posseiros etc. Era um verdadeiro comunistas. 

Era filho de Paulo Fonteles, professor, advogado e político do Partido Comunista do Brasil (PC do B), morto em junho de 1987. Eleito deputado estadual em 1982, ao denunciar diversas vezes na Assembleia Legislativa do Pará as listas de marcados para morrer (onde também estava presente), Fonteles atraiu cada vez mais a admiração dos setores das classes populares por sua atuação de oposição a latifundiários, em especial do sul do Pará e ligados à União Democrática Ruralista (UDR). 

Em 1986 foi candidato à Deputado Federal Constituinte, mas não foi eleito. No final da manhã de 11 de Junho de 1987, às proximidades da entrada da Alça Viária, no município de Marituba, região metropolitana de Belém, foi executado com três tiros na cabeça. O crime em 2013 completou 30 anos e o principal acusado de ser o mandante do do assassinato até hoje está em liberdade, mesmo possuindo diversos processos contra si.

Como foi vereador de Belém, a CMB também emitiu nota. Leia: 

"A Câmara Municipal de Belém lamenta a morte do ex-vereador Paulo Fonteles Filho. Paulo tinha 45 anos e era mais conhecido como Paulinho Fonteles. O defensor dos direitos humanos, blogueiro, escritor, poeta e membro da Comissão Estadual da Verdade do Pará faleceu na madrugada desta quinta feira, 26. Há 15 dias, ele estava internado com quadro de pneumonia grave. Como político iniciou a carreira aos 29 anos, participando da 14º e 15º legislatura da CMB, que corresponde aos anos 2001/2008 pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB). O ex vereador deixa esposa e quatro filhos. O velório será realizado na Assembléia Legislativa do Estado do Pará, na Praça Dom Pedro I, na cidade velha, a partir das 11h . O sepultamento será nesta sexta feira, 27, no cemitério Santa Isabel, na av. José Bonifácio, as 10h."

O jornal O LIBERAL publicou em seu portal
"O ex-vereador de Belém, Paulo Fonteles Filho, faleceu na madrugada desta quinta-feira (26), vítima de um infarto fulminante em casa. O corpo do ativista político deve ser velado na Alepa (Assembleia Legislativa do Pará) e o enterro será nesta sexta-feira (27) no Cemitério Santa Izabel. 
O presidente municipal do PC do B, Michel Sodré, lamentou a morte por meio de nota : "O PCdoB está de luto e todas as  nossas atividades suspensas. Paulinho era um dos melhores entre nós, amigo, companheiro, solidário, altaneiro, abnegado, dedicado a luta do povo pondo a sua vida constantemente em risco na defesa dos direitos humanos num Estado dominado pelo latifúndio e pela pistolagem. Sua trajetória nos deixa um legado de sonhos, esperança e luta. A toda sua família, um abraço fraterno e amoroso do PCdoB", diz o documento.
O ex-vereador era filho de Paulo Fonteles, político do PC do B, que foi assassinado à tiros em 1987, no município de Marituba, após denunciar irregularidades fundiárias no Estado. O suspeito de ser o mandante do crime permanece em liberdade."

O deputado Carlos Bordalo (PT-PA) também se pronunciou através da sua fanpage no Facebook, dizendo:

"É com profundo pesar que noticiamos o falecimento de Paulo Fonteles Filho, companheiro incansável de lutas, parceiro na construção de um país democrático e, mais do que isso, pai, marido e irmão amoroso. Nosso querido Paulinho faleceu na madrugada desta quinta-feira, vítima de um infarto fulminante, no Hospital Porto Dias, onde estava internado desde o dia 7 de outubro, após complicações decorrentes de uma broncopneumonia. O velório será realizado no hall principal da Assembleia Legislativa, a partir das 13h, e o sepultamento será amanhã, no cemitério de Santa Isabel. Filho do advogado e ex-deputado estadual Paulo Fonteles, fundador da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos, Paulinho nasceu no cárcere, onde sua mãe, a socióloga Hecilda Veiga, foi torturada. Foi vereador de Belém e levou adiante o legado do pai, como defensor dos trabalhadores do campo e presidente do Instituto Paulo Fonteles de Direitos Humanos, estando à frente de uma série de projetos, como livro e filme sobre a trajetória do pai, assassinado há 30 anos. Não temos palavras para descrever a enorme tristeza neste momento. Paulinho seguirá vivo em nossos corações e mentes, como exemplo de homem honrado, que dedicou sua vida à construção de uma sociedade mais humana. Nossos profundos sentimentos à família, em especial às queridas amigas Hecilda Veiga e Angelina Di Angelis, à minha companheira Juliana Fonteles, aos irmãos e filhos de Paulinho. Até um dia, camará!".

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domingo, julho 30, 2017

Bordalo acredita em um "banco de agiotagem" que financia políticos e diz que um assassinato pode custar até R$100

Para deputado, assassinatos de políticos no Pará podem ser fruto de acerto de contas de dívidas de campanha.

Por Diógenes Brandão

O deputado estadual Carlos Bordalo (PT-PA) foi o entrevistado no programa MAIS, da TV RBA na manhã deste domingo (30). Na oportunidade, falou sobre diversos assuntos relacionados à sua atuação como parlamentar e presidente da Comissão de Direitos Humanos e do Consumidor na ALEPA. 

Respondendo uma das perguntas do jornalista Guilherme Augusto, apresentador do programa, o deputado revelou que o assassinato de uma pessoa pode ser encomendado no Pará por até R$100, tal como registrou o relatório da CPI das Milícias, que ele comandou.

Leia também CPI das Milícias indiciará +60 pessoas pela "Chacina em Belém"

Outra importante informação levantada na entrevista, foi o parlamentar ter afirmado que acredita na existência de uma espécie de "banco da agiotagem", que empresta dinheiro a prefeitos paraenses e fica cobrando contratos de empresas pelo governo que ajudam financeiramente a serem eleitos. Bordalo desconfia que os últimos três (03) assassinatos de prefeitos no período de um ano e meio, na região sudeste do Pará, seja resultado da pressão e cobrança de dívidas de possíveis empréstimos junto a este "banco".

O autor deste blog sugeriu para o deputado que ele pegue o vídeo com a entrevista em uma mídia na emissora e publique na internet, para que aquelas pessoas que não assistiram o programa, possam assisti-lo e tomar conhecimento do que anda sendo feito para combater a criminalidade e os ataques aos defensores dos Direitos Humanos no Pará.

quarta-feira, julho 12, 2017

A chacina de Pau D'Arco e a prisão de 10 policiais

Chacina de Pau D'Arco: 10 trabalhadores rurais assassinados e 10 policiais presos.

Por Carlos Bordalo, no Facebook

O avanço das investigações no caso Pau D'Arco vai confirmando as linhas centrais do relatório emitido por mim e pelos deputados Lélio Costa e Ozório Juvenil, membros titulares da Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa do Pará. 

Nosso relatório foi atacado ferozmente, eu sofri agressões nas redes sociais e uma tentativa de agressão física por deputado federal policial, dentro do prédio da Alepa. Com as prisões de dez policiais militares e dois civis ontem (10), solicitadas pelo Ministério Público do Estado, a verdade vai jogando luzes sobre a tenebrosa operação que vitimou dez pessoas na agora comprovada Chacina de Pau D'Arco

As instituições policiais precisam ser preservadas e defendidas. As polícias Civil e Militar do Pará são inestimáveis para a garantia da ordem pública e defesa da população. 

É preciso coragem e determinação para não sucumbir diante de corporativismos cegos e efetivamente afastar desvios de conduta e a captura das corporações por interesses incompatíveis com a missão constitucional das instituições policiais. 

As delações premiadas de policiais presentes naquele teatro de horror devem trazer novas e importantes informações. E mais uma vez ressaltamos que não nos alegra - pelo contrário, nos entristece o envolvimento de agentes da lei em práticas avessas ao Estado Democrático de Direito. 

Continuamos acompanhando o caso com tranquilidade, principalmente pela zelosa e firme condução das investigações conduzidas pelo MP paraense. 

Nossa principal declaração à época do massacre foi esta: "Houve de tudo na fazenda Santa Lúcia em Pau D'Arco, menos confronto. É preciso chegar às motivações que conduziram àquela aberração e identificar possíveis financiadores da matança. Chega de impunidade e crime de mando no Pará". 


domingo, maio 28, 2017

No Pará, polícia tenta “comprovar” tese difundida pelo Jornal Nacional; família de sindicalista foi dizimada

Foto reproduzida na página do deputado estadual Carlos Bordalo (PT-PA).

Em VioMundo, em matéria de Ciro Barros na Pública, sob o título  CNDH levanta hipótese de vingança de policiais em massacre de Pau D’Arco

Para Darci Frigo, entrevistado pela Pública, mortes na Santa Lúcia podem ser retaliação à morte de segurança; é a segunda maior chacina do campo brasileiro nos últimos vinte anos

O presidente do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), Darci Frigo, contestou a versão apresentada pela Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) do Pará sobre a morte de dez posseiros na fazenda Santa Lúcia, em de Pau D’Arco (PA), na última quarta-feira (24).

“A pergunta que a gente se faz é se não foi uma ação de vingança tendo em vista a morte do segurança da fazenda há poucos dias no local”, disse Frigo em entrevista à Pública nesta quinta-feira.

Ele se refere à morte do segurança Marcos Batista Montenegro, baleado no último dia 30 de abril quando patrulhava a fazenda ocupada. Os tiros teriam sido disparados pelos posseiros.

No dia da chacina, os policiais civis e militares, liderados pela Delegacia de Conflitos Agrários (Deca) de Redenção, foram à ocupação para cumprir 16 mandados de prisão e de busca e apreensão relacionados ao assassinato do segurança.

Segundo a Segup, eles teriam sido recebidos a tiros pelos posseiros. Dos dez mortos, sete eram da mesma família: o casal Jane Julia de Oliveira e Antonio Pereira Milhomem, seus três filhos e dois sobrinhos.

Familiares de nove vítimas prestaram depoimentos ao Ministério Público do Estado do Pará até a noite de ontem. Sobreviventes do massacre também estão sendo ouvidos. Relatos ouvidos por Frigo dão conta de que cerca de 150 pessoas estavam no local no momento do crime. Um deles relatou ao MP que a polícia chegou à ocupação abrindo fogo. A Polícia Civil apresentou dez armas supostamente apreendidas com os posseiros. O CNDH também deve continuar a oitiva de testemunhas nos próximos dias.

Darci Frigo, presidente do Conselho Nacional de Direitos Humanos (Foto: Terra de Direitos)

Um velório coletivo foi feito nesta madrugada no município de Redenção. Segundo relatos, os corpos chegaram do Instituto Médico Legal (IML) em estágio avançado de putrefação, o que revoltou as famílias.

Para Frigo, houve destruição da cena do crime, obstrução das investigações e há risco de coação das testemunhas. O CNDH e a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) pediram o afastamento dos policiais envolvidos nos crimes.

Os recentes episódios de violência no campo brasileiro – como a chacina de Colniza, no Mato Grosso e o ataque aos índios Gamela, no Maranhão – levaram o CNDH a criar, na última terça-feira, véspera da chacina, as missões urgentes: forças-tarefas que podem se deslocar rapidamente aos locais dos crimes e vistoriar os trabalhos de investigação.

No dia seguinte, o Conselho foi surpreendido pelos assassinatos em Pau D’Arco. “Nós não imaginávamos que no dia seguinte haveria um crime tão bárbaro como esse”, diz Frigo. “É a segunda maior chacina no campo brasileiro nos últimos vinte anos”, relata o presidente do CNDH.

De 2007 para cá, os assassinatos motivados por disputas de terras mais que dobraram, segundo dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Eles vêm crescendo continuamente desde 2013, com alta nos últimos anos: em 2016, 58 assassinatos foram registrados pela Pastoral – crescimento de 23% em relação aos casos registrados em 2015.

Neste ano, já foram contabilizados 36 assassinatos por conflitos agrários, segundo a CPT.

Como foi a visita à fazenda Santa Luzia?

Foi muito problemática a visita. A perícia [da Polícia Civil paraense] foi até o local, não quis que houvesse um acompanhamento de todo mundo [da delegação do Conselho], há vários locais de crime e até o momento não se sabe como aconteceu, o que aconteceu… O resultado a gente sabe, mas como isso aconteceu a gente não sabe.

Imagine você entrar numa fazenda que não tem mais gado, o capim tá um, dois, três metros de altura, e você sair andando dentro desse mato. Grande parte desse acampamento está nessas áreas de mata fechada. Você só chega lá por uma estrada de chão e só encontra alguns lugares onde você pode circular até o local.

A perícia foi em alguns lugares, só que a gente acha que eles só foram parcialmente até os lugares onde aconteceram as coisas. Então foi uma coisa muito ruim do ponto de vista do que se esperava em termos de ter elementos para recolher ou pelo menos [para] entender o que aconteceu lá no local. Isso revela um pouco o que tá acontecendo aqui.

A Polícia Civil e [a Polícia] Militar montaram uma linha de investigação para simplesmente encerrar o inquérito como um auto de resistência. O Ministério Público abriu um procedimento investigatório criminal; são três promotores de justiça que estão trabalhando na investigação.

Nós estamos aqui também com a Polícia Federal, e o Conselho Nacional está fazendo esse processo de articulação e fiscalização para que as instituições funcionem fazendo uma investigação isenta. Eu e a Deborah Duprat [titular da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão] viemos para acompanhar.

Nós criamos esse grupo de ação urgente na terça-feira em Brasília em um evento do Ministério Público Federal com duzentas pessoas de todos os movimentos do campo. Nós criamos esse grupo como reflexo da chacina de Colniza e do ataque aos Gamela no Maranhão, mas nós não imaginávamos que no dia seguinte haveria um crime tão bárbaro como esse que aconteceu aqui em Pau D’Arco.

Inicialmente, houve a informação de que a polícia teria ido até lá cumprir uma reintegração de posse. Posteriormente, a Secretaria de Segurança Pública do Pará afirmou que os policiais teriam ido até lá cumprir mandados de prisão por conta do assassinato de um segurança da fazenda. O que de fato aconteceu?

Essa ação da Polícia Civil foi, sim, para cumprir mandados de prisão e busca e apreensão. Eram mais de dez mandados judiciais [16 ao todo]. O processo está em sigilo de justiça.

Agora, indo ao local, é muito difícil você imaginar como a polícia poderia cumprir aqueles mandados judiciais às sete horas da manhã, num lugar onde quem teria a capacidade de se defender em um eventual confronto seriam os trabalhadores porque eles estão no meio do mato. Eles estariam em vantagem. E isso [a reação armada dos trabalhadores] não aconteceu, não há nenhum policial ferido.

Então o que aconteceu lá é uma interrogação que o Conselho se faz até o momento. Como pode ter havido um confronto onde os trabalhadores atiraram nos policiais onde você só tem feridos e mortos de um lado?

Se você considerar que havia um obstáculo para se cumprir os mandados, o que é apenas um procedimento para se investigar um assassinato, você vai ver que tem algo aí que não fecha como um todo. O resultado é que a Polícia pode ter ido além nos procedimentos para cumprir esses mandados.

A pergunta que a gente se faz é se não foi uma ação de vingança tendo em vista a morte do segurança da fazenda há poucos dias no local [no último dia 30 de abril, o vigilante Marcos Batista Montenegro foi assassinado a tiros quando patrulhava a fazenda Santa Lúcia; a Justiça responsabilizou os posseiros pelo crime]. Como você vai explicar tanta violência, tantas mortes?

Foram apreendidas armas no local. A imprensa falou até em um fuzil apreendido. Segundo a polícia, essas teriam sido as armas com as quais os posseiros teriam reagido ao cumprimento dos mandados. Como o senhor vê essa acusação?

Nós não vimos as armas apreendidas. Curiosamente, nos disseram que eram dez armas, o que pode indicar que a polícia reuniu uma arma para cada vítima.

Pelas fotos, são armas típicas de camponeses – espingardas velhas, danificadas, pelas fotos que a gente vê. Se eles tivessem armas de grosso calibre, como se falou, eles teriam uma vantagem diferencial muito grande porque eles estavam no meio do mato.

Essa tese não se sustenta até o momento pelas informações que a gente recebeu. Tem uma informação que é muito grave: há sete pessoas de uma mesma família que foram assassinadas.

Isso indica a execução dessas pessoas por conta do conflito agrário?

O Conselho ainda não tem uma conclusão sobre o que realmente ocorreu. Nós estamos até agora tentando ouvir as testemunhas.

Até hoje [quinta-feira, 25 de maio], ao meio-dia, não havia nenhuma informação de que outras pessoas haviam sobrevivido ou pudessem falar. Agora há pouco nós encontramos uma testemunha hospitalizada, baleada na nádega. Ela já fez a cirurgia, deu depoimento agora há pouco para o promotor.

Ela falou que só lembra que ficou baleada no local da ocupação de um dia para outro até chegar uma pessoa no local procurando e aí ele foi atendido, foi levado até o hospital. Nós soubemos que a Polícia Civil entrou no meio do caminho dessa história e foi ao hospital e disse a funcionários do hospital que eles não poderiam dar informação para ninguém sobre a existência dessa testemunha.

Nós entendemos isso como uma ameaça. Como nós encontramos a ambulância no meio da estrada, soubemos por acaso que essa pessoa havia sido socorrida e aí essa primeira testemunha nós ouvimos agora há pouco. Ela falou um pouco a respeito dessa situação dos tiros, mas não conseguia dizer muito a respeito porque estava saindo da cirurgia e não tinha maiores informações.

Nós estamos em busca de [mais] testemunhas. Mas nós achamos que, sim, tudo isso que aconteceu é por conta do conflito agrário ter se arrastado por muito tempo, mas pode haver um elemento de envolvimento de outros interesses como, por exemplo, empresas de segurança, já que poucos dias atrás morreu um segurança da empresa Elmo.

A pergunta a ser respondida é: foi uma ação de agentes públicos realizando uma vingança privada? Essa é a pergunta que tem que ser respondida.

Uma vingança por causa da morte e por causa dos interesses desse grupo latifundiário [o dono da fazenda Santa Lúcia é Honorato Babinski Filho]. Aqui na oitiva de testemunhas, uma pessoa falou que o seu marido também foi assassinado em uma das fazendas desse Honorato Babinski Filho. E essa morte continua impune.

Outra questão é a morte do policial militar Edemir Souza Costa [no dia 1o de maio passado]. Ele morreu carbonizado com outras três pessoas, incluindo o filho dele. O crime foi em Santa Maria das Barreiras, longe daqui. Bem longe. Mas esse policial era ligado a um batalhão daqui.

Então, veja: esses são alguns elementos que o Conselho está levantando para poder entender o injustificável resultado da morte de dez pessoas nessa ação da Polícia Militar.

É injustificável que você vá cumprir um mandado que é pra tirar a liberdade de uma pessoa ou para realizar uma parte de uma investigação criminal e você tire a vida das pessoas. Então esse caso a gente acha que pode ter relação, mas o caso da empresa Elmo a gente acha que, com certeza, tem relação [com as mortes]. A gente não sabe.

Outra questão é que foram três delegados ao local. O delegado que estava coordenando a operação [Valdivino Miranda, da Delegacia de Conflitos Agrários], o pessoal falou aqui que ele já tem um histórico de violência. Nós estamos também vendo esse detalhe.

A Liga dos Camponeses Pobres (LCP) falou em 11 mortos e não dez como vem sendo noticiado. O senhor confirma essa informação?

São dez mesmo. Essa outra pessoa que se falou que teria morrido provavelmente era a testemunha que foi baleada e estava no hospital.

Qual seria a motivação de assassinar sete pessoas de uma mesma família? Por que essa família especificamente?

Se uma pessoa percebesse a aproximação dos policiais e se afastasse cinco a dez metros, os policiais não saberiam onde ela estaria. Então uma hipótese é que as vítimas foram pegas de surpresa dentro de suas casas. E, em uma delas, estaria esta família.

Outra hipótese que foi levantada é que alguém que conhecia muito bem o local guiou a polícia na ação, levou pelos caminhos. Era muito difícil chegar no local. Hoje foi levantada essa hipótese de que alguém pode ter guiado a polícia e usado desse elemento surpresa [para a prática de execuções sumárias].

Essa família era o casal Jane Julia de Oliveira e o seu Antonio Pereira Milhomem, dois filhos e três sobrinhos. Pode ser que eles estivessem próximos. Essa é uma dúvida que nós queremos elucidar: por que essa família foi assassinada. [Nota do Viomundo: O motivo nos parece óbvio. Jane Julia era presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pau D’Arco]

Eu tive a informação de que o Ministério Público teria sido impedido de fotografar os corpos no IML de Marabá. O senhor confirma isso?

Isso ocorreu. Houve hoje pela manhã, inclusive, uma cobrança por parte do procurador geral de Justiça do Pará sobre a Secretaria de Segurança Pública do Pará porque eles impediram que os promotores fotografassem os corpos antes da realização da perícia. Isso foi considerado uma atitude estranha, tendo em vista que, em geral, a perícia fotografa os corpos e manda para o Ministério Público para instruir as investigações.

Você tem de um lado o fato que os próprios policiais que mataram removeram os corpos do local, isso é muito grave do ponto de vista de você destruir a cena do crime. A destruição da cena do crime neste caso foi muito grave porque os corpos foram retirados do local. Hoje se falou que uma pessoa poderia não estar morta, o que justificaria o socorro, mas os outros sim estavam todos mortos.

Aí você vai somando: a destruição da cena do crime, depois você tem a dificuldade de fotografar os corpos do IML. São várias coisas estranhas que vão se somando. Levar os corpos significaria que não houve tanta crueldade assim, porque se tentou prestar socorro. Mas nesse caso não se justificaria porque as pessoas já estavam mortas quando foram trazidas para o hospital.

E qual será o aparato para prosseguir as investigações?

O Ministério Público estadual designou três promotores para a investigação, a Polícia Federal também está acompanhando. Mas a gente sabe que a produção da prova nesse momento fica principalmente a cargo da Polícia Civil. E na região aqui, os deslocamentos são muito longos, a Polícia Militar tem condição de chegar antes aos locais em todos os momentos.

E, nesse sentido, uma das coisas que a doutora Deborah vai solicitar é o afastamento dos delegados e dos policiais que estiveram envolvidos nesse episódio para que haja a possibilidade de que a investigação seja feita e não haja nenhum tipo de obstrução das provas.

Mas a informação que a gente recebeu no hospital é que a Polícia Civil pediu para os funcionários do hospital para onde foram levados os corpos para que ninguém soubesse nada a respeito da testemunha que estava lá: ou seja, eles quiseram impedir que haja uma investigação realmente isenta e por isso é necessário o afastamento daqueles que tenham interesses nos resultados da elucidação desses crimes para que esse crime não fique impune.

O segurança morto, o Marcos Batista Montenegro, era policial? A gente sabe que muitos policiais trabalham nessas empresas.

Não. A informação que eu tive era que ele era só vigilante. Mas outra coisa que costuma acontecer é que há policiais ligados à direção dessas empresas. Então outra coisa que nós pedimos à Polícia Federal foi saber sobre a situação da empresa, quem são seus donos, se ela está regular, etc. É preciso saber se ela tem relação ou não com os policiais.

No estado do Pará essa chacina só ficou atrás do Massacre de Eldorado dos Carajás, é isso mesmo?

Essa é a segunda maior chacina do Estado do Pará. É a segunda maior chacina no campo brasileiro nos últimos vinte anos.

Podem haver mais vítimas do que foi noticiado até agora?

Além da testemunha que está no hospital, podem haver outras pessoas feridas que não compareceram às oitivas ou ao hospital. Nós só vamos fazer na medida em que nós falarmos com alguma testemunha que estava no local e fugiu porque se fala de 150 trabalhadores que estavam lá. Então não é possível que não haja mais testemunhas.

A gente está pedindo para que outros órgãos, como a Polícia Federal, também façam investigações paralelas. A Polícia Federal está, por enquanto, só acompanhando e garantindo a segurança da investigação. Por ora, o que há são muitas interrogações a respeito desse caso.

Há alguma outra informação que você ache importante destacar?

É importante destacar que essas situações estão acontecendo porque o processo de reforma agrária foi paralisado na medida em que o agronegócio tomou conta do Estado brasileiro. O Executivo está na mão do agronegócio, o Congresso Nacional está na mão do agronegócio.

Eles paralisaram todas as políticas públicas que visavam garantir direitos de populações indígenas, quilombolas, trabalhadores rurais. Aí você tem o quadro de pressão social que tende a crescer com a crise. Sempre nos momentos de maior desemprego e crise financeira, você tem um aumento dos acampamentos de trabalhadores rurais porque as pessoas vão buscar então uma saída dentro do desemprego.

Esse quadro é explosivo. E o resultado que tem sido configurado é esse quadro de chacinas, assassinatos em todo o país, mas sobretudo nessa região do “arco do fogo” da Amazônia. E isso pode piorar na região com a aprovação da MP 759 já que ela amplia a possibilidade de apropriação de terras públicas, a legalização da grilagem. Muitos desses casos vem ocorrendo em ocupações ilegais em terras públicas.

PS do Viomundo: Na noite da chacina, como denunciou o Viomundo aqui, o Jornal Nacional, da Globo aquela que produziu e ganha dinheiro com a campanha do agro, deu apenas a tese oficial da polícia e tratou do latifundiário como suposta vítima de invasão — justificando ainda que indiretamente a matança ao mostrar as armas de caça dos lavradores. Coube a nós apresentar dois dos primeiros textos colocando em dúvida a tese oficial.

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