No 
blog do Tarso. 
O ex-prefeito de Curitiba Luciano Ducci (PSB), que conseguiu no 
TRE/PR uma multa de R$ 106 mil reais contra o autor do Blog do Tarso, 
Tarso Cabral Violin, por duas simples enquetes, está lutando para que as
 multas sejam mantidas no TSE. Se isso ocorrer, o 
Blog do Tarso será exterminado, por motivos óbvios.
Agora foi a Rede Globo que está processando o jornalista Luiz Carlos 
Azenha, do Viomundo, que participará do 2º Encontro de Blogueiros do 
Paraná. Azenha já vai ter que arcar com o próprio bolso de R$ 30 mil 
apenas em honorários advocatícios. Enquanto isso a Globo tem “muita 
lenha” para gastar, pois recebe milhões dos Poderes Públicos municipais,
 estaduais e União. Veja o texto de despedida de Azenha:
Meu advogado, Cesar Kloury, me proíbe de discutir especificidades 
sobre a sentença da Justiça carioca que me condenou a pagar 30 mil reais
 ao diretor de Central Globo de Jornalismo, Ali Kamel, supostamente por 
mover contra ele uma “campanha difamatória” em 28 posts do Viomundo, 
todos ligados a críticas políticas que fiz a Kamel em circunstâncias 
diretamente relacionadas à campanha presidencial de 2006, quando eu era 
repórter da Globo.
Lembro: eu não era um qualquer, na Globo, então. Era recém-chegado de
 ser correspondente da emissora em Nova York. Fui o repórter destacado 
para cobrir o candidato tucano Geraldo Alckmin durante a campanha de 
2006. Ouvi, na redação de São Paulo, diretamente do então editor de 
economia do Jornal Nacional, Marco Aurélio Mello, que tinha sido 
determinado desde o Rio que as reportagens de economia deveriam ser 
“esquecidas”– tirar o pé, foi a frase — porque supostamente poderiam 
beneficiar a reeleição de Lula.
Vi colegas, como Mariana Kotscho e Cecília Negrão, reclamando que a 
cobertura da emissora nas eleições presidenciais não era imparcial.
Um importante repórter da emissora ligava para o então ministro da 
Justiça, Márcio Thomaz Bastos, dizendo que a Globo pretendia entregar a 
eleição para o tucano Geraldo Alckmin. Ouvi o telefonema. Mais tarde, 
instado pelo próprio ministro, confirmei o que era também minha 
impressão.
Pessoalmente, tive uma reportagem potencialmente danosa para o então 
candidato a governador de São Paulo, José Serra, censurada. A reportagem
 dava conta de que Serra, enquanto ministro, tinha autorizado a maior 
parte das doações irregulares de ambulâncias a prefeituras.
Quando uma produtora localizou no interior de Minas Gerais o 
ex-assessor do ministro da Saúde Serra, Platão Fischer-Puller, que 
poderia esclarecer aspectos obscuros sobre a gestão do ministro no 
governo FHC, ela foi desencorajada a perseguí-lo, enquanto todos os 
recursos da emissora foram destinados a denunciar o contador do PT 
Delúbio Soares e o ex-ministro da Saúde Humberto Costa, este 
posteriormente absolvido de todas as acusações.
Tive reportagem sobre Carlinhos Cachoeira — muito mais tarde revelado como fonte da revista Veja para escândalos do governo Lula — ‘deslocada’ de telejornal mais nobre da emissora para o Bom Dia Brasil, como pode atestar o então editor Marco Aurélio Mello.
Num episódio específico, fui perseguido na redação por um feitor 
munido de um rádio de comunicação com o qual falava diretamente com o 
Rio de Janeiro: tratava-se de obter minha assinatura para um 
abaixo-assinado em apoio a Ali Kamel sobre a cobertura das eleições de 
2006.
Considero que isso caracteriza assédio moral, já que o beneficiado 
pelo abaixo-assinado era chefe e poderia promover ou prejudicar 
subordinados de acordo com a adesão.
Argumentei, então, que o comentarista de política da Globo, Arnaldo 
Jabor, havia dito em plena campanha eleitoral que Lula era comparável ao
 ditador da Coréia do Norte, Kim Il-Sung, e que não acreditava ser essa 
postura compatível com a suposta imparcialidade da emissora. Resposta do
 editor, que hoje ocupa importante cargo na hierarquia da Globo: Jabor 
era o “palhaço” da casa, não deveria ser levado a sério.
No dia do primeiro turno das eleições, alertado por colega, ouvi uma 
gravação entre o delegado da Polícia Federal Edmilson Bruno e um grupo 
de jornalistas, na qual eles combinavam como deveria ser feito o 
vazamento das fotos do dinheiro que teria sido usado pelo PT para 
comprar um dossiê contra o candidato Serra.
Achei o assunto relevante e reproduzi uma transcrição — confesso, defeituosa pela pressa – no Viomundo.
Fui advertido por telefone pelo atual chefão da Globo, Carlos 
Henrique Schroeder, de que não deveria ter revelado em meu blog pessoal,
 hospedado na Globo.com, informações levantadas durante meu trabalho 
como repórter da emissora.
Contestei: a gravação, em minha opinião, era jornalisticamente 
relevante para o entendimento de todo o contexto do vazamento, que se 
deu exatamente na véspera do primeiro turno.
Enojado com o que havia testemunhado ao longo de 2006, inclusive com a
 represália exercida contra colegas — dentre os quais Rodrigo Vianna, 
Marco Aurélio Mello e Carlos Dornelles — e interessado especialmente em 
conhecer o mundo da blogosfera — pedi antecipadamente a rescisão de meu 
contrato com a emissora, na qual ganhava salário de alto executivo, com 
mais de um ano de antecedência, assumindo o compromisso de não trabalhar
 para outra emissora antes do vencimento do contrato pelo qual já não 
recebia salário.
Ou seja, fiz isso apesar dos grandes danos para minha carreira profissional e meu sustento pessoal.
Apesar das mentiras, ilações e tentativas de assassinato de caráter, perpretradas pelo jornal O Globo* e colunistas associados de Veja, friso: sempre vivi de meu salário. Este site sempre foi mantido graças a meu próprio salário de jornalista-trabalhador.
O objetivo do Viomundo sempre foi o de defender o 
interesse público e os movimentos sociais, sub-representados na mídia 
corporativa. Declaramos oficialmente: não recebemos patrocínio de 
governos ou empresas públicas ou estatais, ao contrário da Folha, de O Globo ou do Estadão. Nem do governo federal, nem de governos estaduais ou municipais.
Porém, para tudo existe um limite. A ação que me foi movida pela TV 
Globo (nominalmente por Ali Kamel) me custou R$ 30 mil reais em 
honorários advocatícios.
Fora o que eventualmente terei de gastar para derrotá-la. Agora, 
pensem comigo: qual é o limite das Organizações Globo para gastar com 
advogados?
O objetivo da emissora, ainda que por vias tortas, é claro: intimidar
 e calar aqueles que são capazes de desvendar o que se passa nos 
bastidores dela, justamente por terem fontes e conhecimento das 
engrenagens globais.
Sou arrimo de família: sustento mãe, irmão, ajudo irmã, filhas e 
mantenho este site graças a dinheiro de meu próprio bolso e da valiosa 
colaboração gratuita de milhares de leitores.
Cheguei ao extremo de meu limite financeiro, o que obviamente não é o
 caso das Organizações Globo, que concentram pelo menos 50% de todas as 
verbas publicitárias do Brasil, com o equivalente poder político, 
midiático e lobístico.
Durante a ditadura militar, implantada com o apoio das Organizações Globo, da Folha e do Estadão —
 entre outros que teriam se beneficiado do regime de força — houve uma 
forte tentativa de sufocar os meios alternativos de informação, dentre 
os quais destaco os jornais Movimento e Pasquim.
Hoje, através da judicialização de debate político, de um confronto 
que leva para a Justiça uma disputa entre desiguais, estamos fadados ao 
sufoco lento e gradual.
E, por mais que isso me doa profundamente no coração e na alma, devo 
admitir que perdemos. Não no campo político, mas no financeiro. Perdi. 
Ali Kamel e a Globo venceram. Calaram, pelo bolso, o Viomundo.
Estou certo de que meus queridíssimos leitores e apoiadores encontrarão alternativas à altura. O certo é que as Organizações Globo,
 uma das maiores empresas de jornalismo do mundo, nominalmente 
representadas aqui por Ali Kamel, mais uma vez impuseram seu monopólio 
informativo ao Brasil.
Eu os vejo por aí.
PS do Viomundo: Vem aí um livro escrito por mim com 
Rodrigo Vianna, Marco Aurelio Mello e outras testemunhas — identificadas
 ou não — narrando os bastidores da cobertura da eleição presidencial de
 2006 na Globo, além de retratar tudo o que vocês testemunharam 
pessoalmente em 2010 e 2012.
PS do Viomundo 2: *Descreverei detalhadamente, em breve, como O Globo e associados tentaram praticar comigo o tradicional assassinato de caráter da mídia corporativa brasileira.