Por Diógenes Brandão
Em dezembro de 2014, este blog reproduziu a postagem A desonestidade da mídia ao falar sobre blogs e publicidade estatal, de Pedro Muxfeldt, que esclareceu como a mídia se esforça com o ilusionismo para transformar água em vinho e bandidos em mocinhos.
A matéria do jornal Folha de São Paulo que publicou um levantamento realizado no período de 13 anos (2000-2013), onde mostrou que o investimento em propaganda estatal feito pela União, teria aumentado cerca de 65%, totalizando 15,7 bilhões, sendo que só naquele ano, a soma chegou ao recorde de 1,48 bilhão.
Não é difícil perceber que as empresas estatais que mais investiram em propaganda foram a Petrobras, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, com 86% do investimento total. Os anúncios destas empresas são facilmente encontrados em TVs, rádios, jornais, revistas e internet.
Para se ter ideia de como andam as coisas, a TV Liberal, empresa pertencente à família Maiorana, que controla rádios, jornais e uma emissora de TV no Pará, recebeu a soma de R$ 655.841,68,00, enquanto a revista VEJA que é de circulação nacional, obteve no mesmo período R$ 209.007,75, segundo dados divulgados pela SECOM (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República), responsável pela comunicação do governo federal.
Antes de 2014, o governo federal, nunca havia divulgado os valores gastos com a área de propaganda, mas uma ação ganha pelo jornalista e colunista do portal UOL, Fernando Rodrigues no STJ, garantiu a socialização das informações, mantidas em sigilo por todos os governos anteriores, sob o argumento de que prejudicava a negociação de preços, entre a SECOM e seus anunciantes. Fernando e a empresa onde trabalha (UOL) é óbvio, não gostam de concorrência.
O gráfico abaixo, publicado pelo jornal da poderosa família Frias, revela os principais investidores e seus respectivos beneficiados com as verbas destinadas no período de 13 anos, sendo que os 02 primeiros, foram os últimos anos do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Um dos poucos veículos da imprensa alternativa que recebe verba publicitária de órgãos do governo, o site Brasil 247, reagindo à provocação do jornal Folha de São Paulo, revelou que a maior parte do investimento em propaganda estatal continua concentrada nos velhos barões da mídia brasileira.
Assim como a Folha, outros veículos de imprensa se mostram incomodados com a destinação de verbas publicitárias para quem não é do clã dos barões da mídia.
Voltando ao que Pedro Muxfeldt escreveu, um gráfico e um trecho de seu artigo fazem um importante esclarecimento dos fatos:
Na imagem, ele apresenta a audiência do mês de dezembro das páginas, que por causa das festas de fim de ano costuma ser um período de baixa em qualquer portal da internet, e a compara com o ganho anual em publicidade que elas tiveram. A tática seria burra se não fosse canalha.
Se dividirmos por 12 a verba obtida pelas páginas, fica mais claro o quanto elas lucraram de verdade. A revista Fórum, por exemplo, recebeu, em média, R$ 4.800 por mês, quase nada para sustentar uma redação. Dono do maior ganho, o Brasil 247, teve cerca de R$ 90 mil por mês para tocar sua estrutura.
AS FALAS DA PÓLIS, que no (fraco) mês passado teve uma audiência de cerca de quase meio milhão de visitantes (Blog e Funpage), lembra que tanto Lula, quanto o ex-ministro das comunicações, Ricardo Berzoini chegaram a defender regulamentação da mídia em entrevista a blogueiros e que neste período de 13 anos, o número de empresas e veículos de comunicação que receberam verbas de publicidade da União, pulou de 4.398 em 2000 (governo FHC) para 10.817 (governo Dilma), ou seja, mais que o dobro.
No entanto, o governo petista mantém a concentração da maior fatia deste investimento, estratégico para o governo e o desenvolvimento do país, nas mãos de poucas famílias de grandes empresários.
No entanto, o governo petista mantém a concentração da maior fatia deste investimento, estratégico para o governo e o desenvolvimento do país, nas mãos de poucas famílias de grandes empresários.
Isso precisa mudar!