Em uma relação umbilical e não questionada pelos grupos que compõem o MUDA PT, o partido deve seguir comandado pelos grupos que tem o PMDB como principal aliado no Pará. |
Não, Tempo, não zombarás de minhas mudanças!
As pirâmides que novamente construíste
Não me parecem novas, nem estranhas;
Apenas as mesmas com novas vestimentas.
William Shakespeare
Por Diógenes Brandão
O movimento denominado Muda PT, que agrega grupos minoritários no comando do partido, tem movimentado a militância petista através da internet e neste fim de semana realizou seu primeiro Encontro Nacional em Brasília, onde foi lançada a “Carta de Brasília – Mudar o PT é Urgente. Muda PT!”.
Considerando que "o PT é o principal instrumento político de luta da classe trabalhadora e do povo brasileiro. Mas precisa mudar!", o documento aponta para a defesa de Lula, pelo #ForaTemer e eleições diretas já!. O retorno de Dilma não é sequer cogitado. O #TchauQuerida foi assimilado de vez.
Além disso, o documento reuni uma gama de conceitos e bandeiras históricas do PT e da esquerda mundial, sobretudo a brasileira. Em muitas partes do texto, temos a convicção de que podemos ter lido em centenas de outros documentos já elaborados por grupos internos do partido. No entanto, a chamada para a ruptura com o burocratismo imperante no comando do partido, dá um ar de ousadia à elaboração utópica, sobretudo em relação à parte em que diz que "os mandatos parlamentares e os governos devem ser colocados sob controle e direção coletiva".
Como se fosse possível fazer essa revolução na mentalidade de velhos dirigentes e parlamentares, o Muda PT, tenta fazer o partido adaptar-se à realidade contemporânea que poderia permitir que a juventude e novos atores o sustentasse como referência política para a esquerda nacional e proclama: "É preciso multiplicar núcleos, setoriais, plataformas e oportunidades de participação por meios digitais, conferências livres, atividades culturais e mecanismos de diálogo permanente com filiados e militantes. Precisamos de uma estrutura de comunicação, construindo uma rede de meios de comunicação – jornais, revistas, rádios, TVs e redes sociais -, articulados através das mídias digitais, vitaminando nossa relação com uma sociedade que a mídia oligopolizada ao mesmo tempo controla e fragmenta".
Saindo do seu olhar interior, o documento indica o estreitamento com outras organizações da resistência democrática, tal como a Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo. E arrebata: "A política de alianças do PT deve ser orientada pela construção dessa frente de esquerda e resistência democrática. Portanto deve retirar de nosso arco os partidos golpistas".
Eis aí um dos pontos que é considerado o mais difícil de se mudar, principalmente em relação ao pragmatismo eleitoral que tornou o PT cada dia mais irreconhecível e vacilante perante o olhar de quem dedicou-se ao sonho de um partido socialista e de defesa da classe trabalhadora.
Tomando o PT paraense como exemplo, pois é onde este blog pode falar com mais propriedade e conhecimento de causa, a militância dificilmente verá a atual direção se desvencilhar de uma estrutura enraizada e sedimentada pelos caciques locais, coordenados pelo senador Paulo Rocha, o Führer do partido no Pará, onde em sua parceria histórica e inquebrável com Jader Barbalho (PMDB), ele escolhe e mantém seus amigos e articuladores nos cargos do governo Temer, como na SUDAM, por exemplo, instituição que coordena as maiores verbas federais para programas de desenvolvimento regional e já conhecida por ser um campo fértil de esquemas de corrupção, tendo inclusive o próprio Jader, sido por isso preso e algemado pela PF, em 2002.
É lá que os amigos do "rei petista" estão até hoje compondo o governo, que ironicamente apelidam de golpista. Tudo isso com a vista grossa dos grupos minoritários do PT, que localmente alinham-se às ideias do movimento MUDA PT nacional. Um silêncio e omissão em troca de um pouco de migalhas, que de vez em quando caem das mesas dos banquetes servidos para poucos.
É lá que os amigos do "rei petista" estão até hoje compondo o governo, que ironicamente apelidam de golpista. Tudo isso com a vista grossa dos grupos minoritários do PT, que localmente alinham-se às ideias do movimento MUDA PT nacional. Um silêncio e omissão em troca de um pouco de migalhas, que de vez em quando caem das mesas dos banquetes servidos para poucos.
Mudar como, com esse jeito vacilante de ser?